FICHA TÉCNICA 1991

 

Carnavalesco     Rosa Magalhães
Diretor de Carnaval     Waldemir Paes Garcia (Maninho)
Diretor de Harmonia     Renato Fernandez de Assis (Renatão)
Diretor de Evolução     Renato Fernandez de Assis (Renatão)
Diretor de Bateria     Lourival de Souza Serra (Mestre Louro)
Puxador de Samba Enredo     Melquisedeque Marins Marques (Quinho)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Reinaldo Teixeira (Ronaldinho) e Rita Therezinha Freitas (Rita)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Vanderli Silvares Rodrigues e Tânia A. Accioly (Taninha)
Resp. Comissão de Frente     Jorge Calça-Larga e Suzana Braga
Resp. Ala das Baianas     Ivone Bonifácio Lima e Lecy Souza de Oliveira (Tia Ciça)
Resp. Ala das Crianças     Georgete de Souza Serra

 

SINOPSE 1991

Me masso se não passo pela Rua do Ouvidor

           E veio tudo da Rua do Ouvidor. Foi o que escreveu Afrânio Peixoto. Ela começou a ser conhecida por este nome em 1750. E, pouco a pouco, foi crescendo o interesse que despertou na cidade. Também abrigou lendas, segundo Joaquim Manoel de Macedo, como a de Perpétua Mineira, uma mulher moça e bonita que teria vivido alguns anos por lá, onde abriu uma saleta de pastos e ceias de cozinha à mineira. Namoradeira, tinha entre seus apaixonados, Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes. Mas ao certo, não se sabe.
           Por ela passou a pomposa comitiva de Dom João, em 1815, que foi recebida com as janelas decoradas com sedas diferentes. E com a abertura dos portos do Brasil ao comércio internacional, ingleses e franceses, mais que outros estrangeiros, logo se estabeleceram entre nós. Com os comerciantes vieram modistas, cabeleireiros, sorveteiros, doceiros. E, desde então, começou uma nova vida na Rua do Ouvidor.
           No ano da Independência, uma dúzia de francesas armadas com tesouras e agulhas marcaram a cidade. Mlle. Joséphine foi inclusive a modista da primeira imperatriz do Brasil, D. Leopoldina, bem como das damas da corte e senhoras de posse. E tudo isso acontecia na Rua do Ouvidor. E houve até uma francesa que teve um caso amoroso com D. Pedro I.
           As lojas da Rua do Ouvidor tornam-se conhecidas. E entre as lojas de moda uma ficou conhecida como a de Madame Gorda. E jornal de respeito tinha a sua redação na Rua do Ouvidor, onde tudo acontecia, se ouvia, se via, se comentava a rua do fato e de boato. Nela ressoaram todos os grandes movimentos da vida política e social do Rio, desde os tempos coloniais.
           Mas inundava quando chovia. Dada a sua importância, recebeu mais atenção do que as outras ruas da época. Foi a primeira rua de pedestres, já.que em 1881 ficava o trânsito impedido a cavaleiros e veículos de qualquer espécie.
           Machado de Assis expressaria bem o estado de espírito da população carioca: A razão de estar a Rua do Ouvidor sempre cheia é poder cada um ir-se embora; ficam todos. O Chalaça, homem da corte imperial, dedicado a D. Pedro I, freqüentava a Confeitaria Carceler. Já Raul Pompéia, Olavo Bilac, José do Patrocínio, Aluízio e Artur Azevedo reuniam-se na Confeitaria Cailtrau. A Rua do Ouvidor era uma verdadeira Torre de Babel. E nela já existia o camelô.
           E não podia faltar o carnaval. Lá passaram os carros das grandes sociedades. Mas, na virada do século, com a abertura da Avenida Central, a rua vai começar a declinar. Mas ainda mantinha o seu prestígio e nela desfilavam almofadinhas e melindrosas.
           Veio tudo da Rua do Ouvidor.

Rosa Magalhães

 

SAMBA ENREDO                                                1991
Enredo     Me masso se não passo pela Rua do Ouvidor
Compositores     Sereno, Luiz Fernando e Diogo
Eu vou
Vou daqui pra lá
E de lá pra cá
Vou sorrindo
Essa rua do ouvidor
Virou caso de amor
Do meu Rio
A moda do francês
Ganhou freguês
Na fidalguia

Jornais
Contavam fatos e boatos do lugar
Para alegria popular

Rua do Ouvidor
Agora entende seu papel
Desviou do mar
E virou torre de babel
Romances divinais
Os carnavais
E a poesia
Ficou,
Da carne seca à Notre Dame de paris,
A nostalgia
Do Rio que era mais feliz
E hoje, eu sei,
Da velha rua que não me esqueci
Meu Salgueiro faz
Enredo na Sapucaí

Da Primeiro de Março
Falta um passo
Pra Ouvidor
E no samba faltava
Esse traço de amor