FICHA TÉCNICA 2003

 

Carnavalesco     Ricardo Costa e Wagner Gonçalves
Diretor de Carnaval     Jairo Vitor
Diretor de Harmonia     Nelson Floriano (Nelsinho)
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     Mestre Ricardo
Puxador de Samba Enredo     Antônio Carlos
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Paulo César (PC) e Verônica Menezes e Silva
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ??? e Keli Cristina
Resp. Comissão de Frente     Alice Arja
Resp. Ala das Baianas     Wilma
Resp. Ala das Crianças     Lúcia

 

SINOPSE 2003
Arre égua! Hoje nós vamos pras comédias!

          Muitas e muitas vezes se falou sobre o Ceará, sobre Fortaleza, sua cultura, histórias e estórias. Agora o  G.R.E.S. Renascer de Jacarepaguá se propõem a levar para a  Av. Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2003 as estórias do  povo cearense, as estórias vistas pelos aspectos culturais de  uma terra rica em cores e costumes.  
          Vamos abrir as cortinas do Teatro de Humor Cearense.  
          Vamos gritar para todos: ARRE ÉGUA! HOJE NOS VAMOS PRAS  COMÉDIAS!
          É chegada a hora de homenagearmos a cultura popular, a  cultura do humor das ruas, bares e teatros do Ceará, e  principalmente de sua capital a Cidade de Fortaleza, a  Capital do Humor do Brasil.
          Grandes nomes (como Tom Cavalcanti), expoentes da  nossa cultura na arte de fazer humor são filhos dessa terra,  são gênios com criações caricatas que nos fazem rir, são  espelhos estereotipados da nossa gente e cultura; uma gente  descontraída e alegre que sabe que rir é o melhor remédio, e  a esses nomes, pra essa gente alegre, é que dedicamos esse  nosso carnaval.
          A alegria proposta ao nosso carnaval está desde o  tema de enredo: “ARRE ÉGUA! HOJE NOS VAMOS PRAS COMÉDIAS!”,  já que segundo o Dicionário Popular Cearense ARRE ÉGUA  significa ALEGRIA, e HOJE NOS VAMOS PRAS COMÉDIAS, significa  UM PROGRAMA ALEGRE.
          Vamos levar junto com o Teatro de Humor Cearense e os  humoristas de rua, a cultura artesanal e folclórica do povo,  o Teatro de Bonecos (de Maranguape – terra natal de Chico  Anysio), os Bonequinhos de Cariri, os Santeiros de Canindé, o  Boi - do – Ceará, o Maracatu, o Reisado, as Festas Juninas, a  Literatura de Cordel...
          Uma grande festa mambembe é o que nos propomos a mostrar; é a  cultura popular do Brasil.
          O Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura, é  considerado o maior complexo turístico/cultural do Brasil,  onde todas as formas de arte encontram seu espaço e, é neste  espaço que se realiza um dos maiores festivais de cinema do  país (O Festival de Cinema de Fortaleza), daí termos também o  humor cearense exposto no cinema, no cinema de Renato Aragão – o Didi Mocó, cearense de Sobral.
          Renato Aragão como um os maiores humoristas do país, fez de  seu humor e de sua alegria o sonho cinematográfico de muita  gente, entre seus filmes de sucesso estão “Os Saltimbancos  Trapalhões”, “Os Trapalhões na Terra dos Monstros” e “O  Trapalhão e o Mágico de Oroz”.
          A alegria que se iniciou no Teatro do Humor Cearense, se  encerra na aventura retirante dos humoristas do Ceará pelo  Brasil afora, levando nas bagagens a esperança de conquistar  o país com a alegria e o bom humor; e suas lembranças com o  artesanato - suas rendas, garrafinhas de areia... - e o  colorido, sabor e cheiro de sua terra para matar a saudade.
          O humor cearense não se pode guardar em um único estado e têm  sim é que se espalhar para uma nação.  
          É patrimônio da nossa cultura!

Desenvolvimento:

1º Setor: O teatro de bonecos

          A manipulação de bonecos aliada ao humorismo tem no Ceará o seu representante numero um na pessoa de Augusto Bonequinho, que deu vida ao “Seu Enkenka”. “Boneco Fulerage” conhecidos em todo o estado.

2º Setor: As festas populares

          O folclore é outra grande atração do Ceará através das danças e folguedos populares, o povo cearense expressa tradições e costumes, seja do litoral ou sertão. São manifestações espontâneas, que tiveram origem da fusão cultural do branco, do negro e do índio que lá habitaram.
Dentre as manifestações culturais e populares do Ceará se destacam:

  • Torèm: Dança indígena originária dos descendentes dos Índios Tremenbé. O Torém surgiu por volta do século XVIII no Ceará. É simples e imita a fauna local. O espetáculo é de grande plasticidade.

  • Festa Junina: Tão popular que há um Festival de Quadrilhas no Pólo do Alagadiço com apresentações de 140 apresentações de quadrilhas. Representa o casamento caipira sempre com musicas regionais, como o baião e o xote e outras que lembram os Santos (Antônio, João e Pedro).

A batalha do profano

          A religiosidade no Ceará é outro elemento de força na cultura loca. Não são poucas as manifestações de humor que brincam com o elemento profano. Nas brigas entre céu e inferno, o cearense constrói suas personagens e piadas. Acho que a resposta pode vir da religiosidade de um povo que ri das suas próprias características e costumes.
          Beatas, padres e santos são ‘as vezes, alvos das “mangações” – Vemos a presença do que chamamos opostos bipolares – bem, mal – sagrado e profano – céu e inferno – lixo e luxo – riqueza e pobreza.
          Povo religioso que invoca o “baixo corporal” e o apelo ao sexo para construir suas piadas e xistos. Também temos diversas manifestações folclóricas de fundo religioso presentes nas festas.
          
Para os séqüitos de que festas populares não se devem misturar com religião, o estado lhes apresentam ricas manifestações populares, cheias de alegrias e com conteúdo histórico e religioso. Em destaque temos:

  • O boi-do-Ceará: Auto em drama pastoril, que por tradição é representado durante o período natalino, como sobrevivência das festividades cristãs medievais, em que o culto ao boi se fazia em homenagem ao nascimento de Cristo. No Cariri é acompanhado por banda cabaçal (*).

  • Reisado: De origem ibérica, é caracterizada por um grupo de pessoas que se reúnem para cantar e louvar o nascimento de Cristo. Os praticantes personificam a historia dos gladiadores romanos, dos três Reis Magos e a perseguição aos cristãos. O enredo mais autentico é registrado em Juazeiro do Norte.

  • Pastoril: Festa de origem portuguesa, onde “pastores” vestidos de azul e encarnado, se apresentam diante do presépio em atitude de louvor ao Menino Jesus.

(*) – Banda Cabaçal também chamada Banda de Couro é o conjunto musical mais típico no interior cearense, especialmente na região do Cariri. Originou-se no meio dos escravos africano mais se desenvolveu e adquiriu peculiaridades próprias entre o povo do Cariri. Também com influências indígenas no uso de alguns instrumentos, a banda é composta por quatro elementos tocando zabumba, pífaros e uma caixa.

3º Setor: Centro Dragão do Mar de arte e cultura - Cine Ceará

          O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, localizado na cidade de Fortaleza é considerado um dos maiores centros de cultura do país, local da concentração de todas as formas de arte com teatros, cinemas, livrarias, planetário, etc. ..
          No final do mês de junho e inicio de julho ocorre no Cine Ceará, um dos maiores festivais de cinema do pais, com projeção internacional. Durante o festival em que a maioria dos filmes é exibido nos cinemas do Dragão do Mar, vemos suas salas e a cidade de Fortaleza (pólo do festival) lotada por turista, moradores locais e principalmente por admiradores da sétima arte que aportam em Fortaleza com câmeras nas mãos e muitas idéias na cabeça. O Ceará aliás, serviu de locação para filmes como “Bela Donna” de Bruno Barreto, além de produção de cineastas locais.

Centro Dragão do Mar de arte e cultura - O humor cearense no cinema nacional

          Renato Aragão, um dos maiores humoristas do país, cearense de Sobral é, também um dos maiores cineastas brasileiros, seus filmes fizeram a história de gerações por décadas, inclusive nas mais difíceis para a sétima arte nacional.
          Na memória de homens, mulheres, jovens e adolescentes e até da nova geração de crianças, as estórias contadas e ou recriadas por Renato Aragão nos levaram a fantasias e sonhos que acalentamos até hoje
          Entre seus filmes de maior sucesso estão:

  • Os saltimbancos trapalhões: Funcionários humildes, os amigos Didi, Dedé, Mussum e Zacarias transformam-se na principal atração do Circo Bartholo graças à capacidade que possuem de fazer o publico rir. Por isso enfrentam a oposição do mágico Assis Satã e a ganância de Barão, dono do Circo.

  • Os trapalhões no auto da compadecida: Na pequena cidade de Taperoá, João Grilo (Renato Aragão) e Chicó (Dedé) vivem armando confusões, afrontando o poder religioso. Mussum é um sacristão humilde e Zacarias, o padeiro da cidade, sempre traído pela mulher. Todos vivem sob os demando do bispo, do padre e do major. Quando o cangaceiro Severino mato todos, um julgamento no céu coloca-os diante de Deus e Virgem Maria. João Grilo aproveita e negocia uma maneira de voltar à vida.

4º Setor: O humorista retirante - Lembranças do Ceará

          Terminamos nossa viagem cultural pelo Ceará com a viagem do retirante que leva consigo a saudade de sua terra em artesanato e lembranças.

“... Oindo pra terra,
Seu berço, seu lar,
Aquele nortista partido de pena,
De longe inda acena,
Adeus, Ceará!...”

Trecho do poema “A triste Partida"
Patativa do Assaré (**)

          Entre as lembranças que carrega consigo o humorista retirante em sua conquista do país está uma mostra do artesanato local.
          Fruto da mais genuína manifestação popular, o artesanato ainda guarda características de seus primeiros artesões, os índios que habitavam o território cearense no período pré-colonial. De lá para cá as técnicas foram passadas de pai para filho.
          Entre as técnicas artesanais usadas no estado destacam-se: as rendas, as cestarias e o trançado, a cerâmica (utilitária e lúdica), as redes (tecelagem), utensílios de couro (sandálias, alpargatas, ...) e os imaginários (imagens de santos e ex-votos).
          Ainda em suas lembranças estão a literatura de cordel, típica do Ceará, os jangadeiros e as garrafinhas de areia.
          Algumas clássicas da literatura de cordel:

A chegada de Lampião ao inferno

“ Um cabra de Lampião
Por nome Pilão Deitado
Que morreu numa trincheira
Em certo tempo passado
Agora pelo sertão
Anda correndo visão
Fazendo mal-assombrado

E foi quem trouxe a noticia
Que viu Lampião chegar
O inferno nesse dia
Faltou pouco pra virar
Incendiou-se o mercado
Morreu tanto cão queimado
Que faz pena até contar ...”

Autor José Pacheco da Rocha

Assim era São Francisco

"Tendo por base a história
Leitores vos narrarei
A VIDA DE SÃO FRANCISCO
Tal como eu pesquisei
São cristalinas passagens
Que a forma de versos dei

São Francisco era pobre
Mas vivia bem feliz
Um “nada” no seu surrão
Sempre desejou e quis
Não fique a amealhar cobre
Pois isso a torna infeliz ...”

Autor: Gonzaga Vieira

A gangao de rabo e seu defloramento

“ Leitor se não se enfadar
Desta minha narração
Leia a vida desse ente
Nascido lá no sertão
Foi o cabra mais sem sorte
Dessa nossa geração

Pois ele desde pequeno
Sempre teve muito azar
Já na escola apanhava
Quase deixou de estudar
E só conheceu mulher
Porque foi ao lupanar ...”

Autor Anevaldo Viana Lima

          As peculiaridades dessa terra são a formula para nosso carnaval, retratar a saga do humor saído do nordeste brasileiro e conquistando todo o país.
          Vamos então brindar o publico que estará nos brindando na Marquês de Sapucaí, com um espetáculo de cor alegria e culturalmente falando rico, de estórias e histórias.

(**) Patativa do Assaré poeta e compositor cearense, nasceu em 1909 perdeu a visão do olho direito ainda na fase da dentição, desde os oito anos, praticamente em todos os dias (com exceção do período de cinco meses em  que esteve no Pará), sempre trabalhou na roça para ajudar a sustentar a família – sua mãe e mais quatro irmãos, órfão de pai. Com treze pra quatorze anos começou a escrever versinhos, aos dezesseis comprou uma viola e começou a cantar de improviso. Nunca fez de sua amada (a poesia) profissão, sempre tendo cantado, glosado e recitado quando alguém lhe convidava.

Ricardo Costa e Wagner Gonçalves

 

SAMBA ENREDO                                                2003
Enredo     Arre égua! Hoje nós vamos pras comédias!
Compositores     Leo Nunes, Silas Nascimento e Ailton

Alegria!!!! !A gargalhada corre solta pelo ar
Hoje nós vamos pras comédias,
Abram as cortinas, o show vai começar!
Meu " Ceará moleque" amanheceu sorrindo
Cabeça chata quer rodar de bar em bar,
Contar piada, sorrir, ver no teatro bonequinhos de cariri!!!!
Folclore em festas popular, reisado, boi-do-ceará
Pastoril, torém reflete a fauna do lugar
Brincadeira nas religiões,
O oposto em suas manifestações
Sagrado, luxo e pobreza.

Arre égua! Anariê no arraiá!
Cearense tá melado
A galera vai mangar!!!

O grande Dragão do Mar,
Acende a chama de talentos geniais
O cine mostra em festival, comédia tema principal
Partindo assim o retirante
Com artesanato e as lembranças
"Oiando a terra e o berço seu
saudades na bagagem leva fé"
Assina a obra Patativa do Assaré

Jangadeiro, cabra macho pra danar
Renascer conta piada em homenagem ao Ceará
Humor! Risadas em cordel
Sou cearense, a minha cultura sou fiel !!!