Da seiva materna ao
equilíbrio da vida
Sinopse:
Abertura: Os mamíferos
Como
inspiração; tomamos o cuidado materno como fonte de vida e
desenvolvimento. Do período Neolítico aos dias atuais a evolução dos
mamíferos e a importância do leite para a preservação das espécies dando
todas as condições nutricionais aos novos rebentos para um crescimento
saudável e pleno.
Setor 1: O leite a
"força da vida"
Recheados de
simbolismos pontuarão a presença do leite como agregador de força, Fé e
Esperança em varias civilizações. Exemplificaremos ao mencionar algumas
como; A Loba de Rômulo e Remo na fundação de Roma. Nas palavras de
Moises ao descrever a nova Israel dos Judeus onde menciona rios de leite
e mel.
Na mitologia greco-romana, o leite é fator de união entre o
divino e o humano, entre o mortal e o eterno e, além disso, o gerador de
vida no céu e na Terra. Conta-se que Zeus, em um de seus envolvimentos
com mortais, no caso Alcmene, gerou Hércules – herói famoso
principalmente por sua força. Tendo se afeiçoado a seu filho, quis que
ele fosse imortal. Para isso, levou-o sorrateiramente para ser
amamentado por sua esposa, Hera, enquanto ela dormia. O pequeno Hércules
sugou o seio com tamanho ímpeto que este continuou jorrando, mesmo
depois do fim da amamentação. Do leite derramado no céu, surgiu a Via
Láctea e, daquele vertido sobre a terra, surgiu a flor-de-lis.
Na mitologia hindu, existem muitas histórias ligadas ao leite.
Entre elas conta-se que Manu, o pai de todos os homens, ganhou devido à
sua inteligência o respeito do deus Vischnu e, por isso, foi salvo do
dilúvio universal. Em retribuição, Manu ofereceu um bolo de leite
coalhado, manteiga e creme de leite. Do bolo, nasceu Ida, mulher de
extraordinária beleza que despertou a atenção de Manu. Esta, para evitar
o assédio que se aproximava, transformou-se em uma vaca. Manu,
percebendo a manobra, transmutou-se em touro e a possuiu. Em seguida, em
uma versão hindu da arca de Noé, iniciou-se uma perseguição com diversas
transmutações para outros animais, sempre fêmeas e machos que,
repovoaram a Terra após o grande dilúvio.
Dos Egípcios vêm a Deusa Thueris representada por uma fêmea de
hipopótamo que através dos seus mamilos nutria de força seus seguidores.
Para o povo da Mesopotâmia Ninharsa era uma divindade dedicada ao leite,
seu poder concedia uma bênção especial aos seus seguidores.
Para os Nórdicos uma vaca era venerada sob o nome de Audumla,
cujo leite alimentou o gigante Imir pai de todos os deuses Escandinavos.
Coincidentemente na China temos também uma vaca sagrada chamada Zing-Po
que alimenta os signos do Zodíaco estelar, o que mostra a importância do
leite como alimento tido como sagrado tanto no Ocidente como para os
Orientais.
Setor 2: A origem dos
derivados
Abrindo
cronologicamente a História buscaremos as origens dos derivados do leite
através das varias regiões do planeta e mostrando o inicio e a
consolidação destes produtos na gastronomia mundial. Líquidos lácteos
fermentados, batidos e naturais, queijos com as suas propriedades de
textura e sabor, manteigas e cremes, todos muito apreciados em suas
culturas. A maioria das pesquisas históricas atribui a criação do
iogurte aos povos do período Neolítico da Ásia Central por volta de 6000
AC.
Diversas histórias mencionam a origem do queijo, mas a versão
mais aceita pelos historiadores é a do mercador árabe que, cansado e
faminto após atravessar um deserto asiático, tentou beber o leite de
cabra que levava em seu cantil feito de estômago seco de carneiro. Mas o
que saiu do cantil foi apenas um líquido aguado e fino. Curioso com o
fato abriu o cantil e encontrou uma massa branca que hoje sabemos que é
a coagulação do leite causado pelo coalho existente no estômago do
carneiro. O viajante faminto experimentou e, claro, gostou.
Os egípcios tiveram no leite e no queijo um importante
alimento muito difundido, podendo ser encontrado, inclusive, nas tumbas
de seus reis.
Na Europa, eles foram introduzidos pelos gregos e os romanos
tiveram papel fundamental na distribuição desta iguaria, que servia para
alimentar seus atletas e soldados. Ainda na Europa, com as ordens
religiosas, os queijos ganharam em qualidade e padrões específicos.
A coalhada produzida mundialmente, com os diferentes tipos de
leite de mamíferos domesticados, principalmente de cabra, ovelha, búfala
e vaca, ainda conserva as mais diversas tradições culinárias na sua
elaboração, difundidas através de migrações continentais e
intercontinentais das populações, desde milênios passados ate os atuais
dias. Sua origem se confunde com a do queijo que se dá junto à
pré-história, sendo estimada desde aproximadamente 8.000 anos a.C,
quando as ovelhas foram, pela primeira vez, domesticadas, até por volta
de 3.000 anos a.C. Então, através da combinação leite, calor e
bactérias, chegou-se à coalhada, tendo provavelmente sido originada a
partir dessa combinação “acidental”, onde na Ásia Central, as tribos
nômades tinham o costume de carregar leite em suas viagens.
Em suma estes três produtos, coalhada, queijo e iogurte em
combinação culinária, geram uma incontável quantidade de iguarias como
pães, bolos, molhos entre outros alicerçando culturas e costumes.
Setor 3: A EXPANSÃO DE
UM PRODUTO.
Do surgimento
nos Bálcãs, a disseminação por volta do terceiro milênio antes de cristo
para o Egito, Assíria, Oriente, Pérsia, Índia e Mediterrâneo se dá
através de guerras, comercio ou expansão cultural e migratória.
É geralmente aceito entre os historiadores que o iogurte e
outros produtos fermentados lácteos foram descobertos acidentalmente
como resultado de leite sendo armazenados por métodos primitivos em
climas quentes. Os descendentes dos povos que originam os turcos,
búlgaros, sírios, gregos, romenos e árabes, desde épocas remotas já
conheciam a preparação de alimentos fermentados, tais como iogurtes e
coalhadas, reconhecendo a boa digestibilidade e aroma desses alimentos.
Pastores começaram a prática da ordenha seus animais, e as
enzimas naturais nos recipientes de transporte (estômagos de animais) o
leite coalhado, essencialmente, faz o iogurte. Ao contrario do leite a
conservação do iogurte dura por mais tempo, pensa-se que na prática as
pessoas preferiam o gosto mais suave deste diferentemente da coalhada e
consumido de modo continuado evoluí ao longo dos séculos ainda antes de
Cristo.
Setor 4: UMA BEBIDA
LÁCTEA.
A evolução do
“Iogurte” e suas variações nas antigas civilizações, seu uso como
alimento doce ou salgado, temperado ou acompanhante de pratos típicos e
sua aplicação também na medicina.
Depois das conquistas Alexandrinas e do Império Romano a
combinação de culturas forja uma derivação do “Modus Vivendi” de varias
sociedades dando assim prosseguimento à evolução e o aprimoramento da
gastronomia com essa miscigenação. Por fim está gravado na história que
Genghis Khan, o fundador do Império Mongol, e seus exércitos viviam se
alimentando de iogurte e com o expansionismo deste Império mais uma leva
de mudanças ocorre em grande parte do mundo civilizado entre os séculos
XII e XIII estendendo-se das Muralhas da China até o Mediterrâneo
passando por toda a Ásia até a Hungria.
Setor 5: Epopéia
européia
Com as
conquistas Otomanas as praticas alimentares destes se expandem pela
Europa. A assimilação de hábitos e costumes soma ao cotidiano europeu,
novas possibilidades de subsistência. Novamente a historia se repete
porem agora com novos atores. Desde a queda de Constantinopla que dá fim
ao Império Romano a cultura muçulmana ganha espaço desde o Mar
Mediterrâneo ate as penínsulas Itálica e Hispânica varrendo a Europa
Ocidental inteira, mais com ares de aglutinamento cultural em
contraponto da conquista armada.
Paradoxalmente a igreja Cristã reprimida também ajuda na
disseminação dos conhecimentos eclesiásticos e filantrópicos, claro, com
os seus interesses, se manteve viva na missão de proteger os pobres e
oprimidos da barbárie do período feudal e dos invasores. Mecanicamente
usam as técnicas de subsistência a seu favor, assim conquistando mesmo
que de forma velada, mais cabeças para o seu rebanho mantendo a
hegemonia do poder da igreja principalmente nas soluções sobre a
alimentação, já que, para os desabonados os laticínios como o iogurte,
alguns grãos e a carne de animais de pequeno porte constituía a base da
alimentação e as criações de animais de grande porte eram direcionadas
em boa parte para as cortes dos grandes castelos europeus.
Seguindo os conhecimentos herdados da Antiguidade o Iogurte
mesmo que de forma tímida ganha espaço na manipulação alimentar das
mesas como também evolui como terapia medicinal incorporando-se e
evoluindo como a própria civilização.
O desenvolvimento europeu nos séculos que seguiram as Grandes
Navegações difunde o prazer gastronômico e começam a traçar novos
comportamentos no preparo de iguarias cada vez mais sofisticadas.
Os molhos de iogurtes combinados às especiarias que vem da
Índia e do Oriente, as sobremesas quentes e geladas resgatam do antigo
Império Romano a combinação de açúcar, frutas e mel em suas composições
cuja base é o iogurte, sem contar a divulgação cada vez maior das
crenças do seu poder curativo, que ao longo dos tempos tem se
consolidado e estudado fazem com que este produto caseiro se torne mais
divulgado e apreciado no continente.
Setor 6: O envasamento
para conservação e transporte
A manipulação e
a industrialização será a tônica deste segmento. Serão mostradas as
fases da evolução das embalagens e também das fábricas de Iogurte
criadas na década de 20 na Espanha, na França, onde daremos uma atenção
especial, sua migração para as Américas, na década de 30, principalmente
nos Estados Unidos e por fim o alimento conhecido no mundo inteiro.
O Iogurte mesmo que bastante difundido e apreciado era um
produto produzido artesanalmente, de forma domestica para o consumo das
próprias famílias até o surgimento da primeira fabrica de iogurte que se
deu na Espanha na década de 20 no século XX. Estes iogurtes inicialmente
eram embalados em garrafinhas de vidro e com o passar do tempo foi
substituído por recipientes de cerâmica, que agregava valor ao produto
envasado.
A chegada na América do Norte se dá no período da Segunda
Guerra Mundial e continua com a mesma filosofia que criou a primeira
fabrica: Uma empresa familiar cuidando de famílias.
Não poderia deixar de ser uma família mineira na década de 70,
cujo Estado é tradicionalmente produtor de laticínios, a primeira a
buscar na Europa a forma de fabricar e embalar o tradicional iogurte
cremoso acrescido de polpa de morangos no Brasil. Esta família também
importa o pensamento original da empresa, assim promovendo saúde e bem
estar com dedicação de uma família para a família brasileira. Logo o
produto caiu no gosto popular pelo seu aroma, textura, paladar,
embalagem prática e atrativa principalmente para o consumidor infantil.
Exponencialmente consolidou-se nos lares e mercados brasileiros dando
assim o começo de uma história de sucesso no universo alimentício
nacional.
Setor 7: O alimento
funcional
Dividido em
Cosmética e Alimentícia este setor irá descortinar a vasta gama de
produtos voltados ao Bem Estar e potencializadores de Saúde.
Alimentos baseados em Iogurte com propriedades especificas,
são criados para a maior performance e manutenção do corpo. Uma troca de
cepa (bactéria) muda as propriedades destes produtos lácteos. A criação
destes só faz consolidar as propriedades já conhecidas há milênios e
hoje com a ajuda de novas tecnologias aliadas a talentosos pesquisadores
fornecem ao mercado produtos mais eficientes na promoção de saúde
ajudando o homem moderno a se cuidar mais. Podemos afirmar que o
sentimento de proteção e cuidado nos remete mesmo que de forma muito
sutil aos cuidados da época da amamentação quando recebíamos carinho,
proteção física e biológica quando do ato de mamar. Essa é a missão de
muitos abnegados que ao longo dos anos dedicam suas vidas para um bem
maior, levar de forma inteligente e criativa as funcionalidades destes
laticínios para os lares promovendo equilíbrio físico em um mundo que
exige de forma extrema a capacidade humana. Muito ainda se pode criar
nesse nicho para alcançar a excelência do melhor viver e este novo
horizonte se descortina trazendo esperança e confiança nessa forma de
nutrição. As aplicações destes compostos láticos transcendem a
alimentação e também é aplicado na indústria cosmética com produtos
diferenciados para a pele, cabelos e hidratação facial e o que mais
vier.
O mais importante e não nos esquecermos é que mesmo para o
simples deleite do paladar agrega valor nutricional a nossa vida corrida
tornando-a mais prazerosa e saudável.
Roberto Szaniecki |