Esta mais nova integrante
da A.E.S.C.R.J. é do morro da Alvorada, que fica localizado na favela
Nova Brasília, na região dos bairros Ramos/Inhaúma/Bonsucesso,
também conhecido como Complexo do Alemão. Com gente nova e antiga
no samba, ressurgiu, agora como escola, o velho bloco de enredo que,
com o mesmo nome, animou durante anos os carnavais do Complexo do
Alemão.
A escola
é originária de um bloco carnavalesco, fundado no final da década
de 60. A sede, muito apropriadamente, ficava na Praça do Samba, na
área chamada de Alvorada, dentro da Nova Brasília. O Alvorada cresceu,
se firmou e chegou a ser algumas vezes campeão dos blocos de enredo
do Rio. Até que, com a perda da subvenção da prefeitura, no final
da década de 80, vários blocos passaram a ter dificuldades em continuar
desfilando, entre eles, o Alvorada. O crescimento paralelo das grandes
escolas de samba, que cada vez mais atraíam o público a seus desfiles,
agravou a situação. O que levou alguns blocos de enredo, principalmente
os de maior tradição, a se transformarem em escola como forma de
sobrevivência.
Como o Paraíso
da Alvorada não tinha um número suficiente de componentes para essa
transformação, o bloco foi progressivamente desaparecendo. Seus integrantes
passaram a sair nas escolas da comunidade, como Independentes de Inhaúma,
Boêmios de Inhaúma e Imperatriz Leopoldinense. Foi assim que o bloco
deixou de desfilar por cerca de vinte anos, começando a ser esquecido.
Apesar disso, ainda havia quem cobrasse seu retorno. Mas com os fundadores
espalhados, as várias tentativas nesse sentido não tiveram o menor
êxito.
A volta parecia
praticamente impossível, até que, em 2002, um contato com Jorge Cirielo,
presidente da Unidos do Cabral - um dos blocos que se transformaram
em escola de samba -, fez surgir uma nova idéia. A saída era apresentar
documentação que provasse que o bloco já havia sido campeão. Isso
tornaria possível propor à associação sua transformação em escola
de samba. Documentação entregue, proposta aceita. A partir daí, era
cumprir a próxima exigência - fazer um primeiro desfile de avaliação,
sem concorrer. Uma vez avaliado, o que aconteceu em 2003, o antigo
bloco se torna efetivamente o Grêmio Recreativo Paraíso da Alvorada.
Nome que tão cedo não poderá ser mudado, como queriam alguns, para
Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Unida do Complexo do Alemão.
Uma das normas da Associação das Escolas de Samba é de que o bloco
candidato à escola mantenha o nome orig inal nos primeiros desfiles.
Com a volta,
a escola pretende promover uma ação de valorização do samba no Complexo
do Alemão. Empenhado em trazer de volta o Alvorada, o presidente da
associação de moradores da Nova Brasília e último presidente do antigo
bloco, Pedro Feitosa, bolou o projeto de escola de samba/empresa,
para que firmas fizessem sua contribuição, apadrinhando algumas
alas e viabilizando o desfile. E não foram somente as empresas que
ajudaram. A parceria com a Mocidade Independente de Inhaúma rendeu
pessoal, artistas plásticos e até o empréstimo do barracão. Os autores
do samba, a rainha de bateria e a organizadora da ala das baianas
são da comunidade, enquanto o mestre-sala e porta-bandeira vieram
da escolinha da agremiação de Inhaúma. Para o samba não atravessar
e a escola se apresentar em grande estilo, os ensaios ocuparam a Praça
do Terço, na Nova Brasília, nas quartas-feiras dos últimos meses,
e a quadra da rua Canitar, aos domingos.
A escola
tem como símbolo o galo e a clave de sol. A escola possui as cores
preto, amarelo e vermelho - as cores da bandeira da Alemanha, que
é para não deixar dúvidas sobre a comunidade que deu origem à escola.
A agremiação
tem na sua vizinhança uma co-irmã de peso, a Imperatriz Leopoldinense.
Em 2003 a
escola passou pela avaliação da AESCRJ e foi integrada para desfilar
em 2004 juntamente com as escolas do Grupo E.
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