FICHA TÉCNICA 2003

 

Carnavalesco     Agnaldo Corrêa e Jorge da Iná
Diretor de Carnaval     Raimundo Menezes
Diretor de Harmonia     Noronha
Diretor de Evolução     Noronha
Diretor de Bateria     Nilson
Puxador de Samba Enredo     Sizinho do Cavaco e Maurício Sabiá
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Robertinho e Gláucia
Segundo Casal de M.S. e P. B.    Mauro e Cátia
Resp. Comissão de Frente     Charles Nelson
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 2003

Revoluções e revoltas no Brasil Palmares

Introdução:

          "Abram-se as cortinas do passado, a história deste povo tão sofrido vou contar. Entre fugas e batalhas, o paraíso de Palmares foi criado para ser o símbolo da resistência dos negros escravizados. Chega de açoite, chega de lamento, a bravura e a resistência voam com a esperança em busca da liberdade. Vidas sacrificadas, sangue derramado, nada foi em vão. Negros escravizados, nesses versos meus cantados, encontram a liberdade tão esperada em meu coração! Salve Gangazumba, guerreiro de fé e de força, que a ferro e a fogo, defendeu com bravura esse recanto exilado. Tantas foram as lutas, revoluções e revoltas conduzidas por Zumbi! Morrer sim, pela causa negra, o direito de ser livre tão desejado, que o homem branco, com cruel tirania nos roubou, encontra hoje em meu peito o grito abafado de glória que na liberdade conquistou.
          O tempo passou, com esperança renovada, a liberdade ansiada ao nosso povo chegou.
          E hoje, Paraíso da Alvorada c o quilombo de Zumbi. É luta, é força e resistência para este povo sofrido, massacrado e aguerrido que hoje está aqui.
          A avenida se transforma em louvação. Aos nossos bravos guerreiros, um canto de adoração, que a liberdade conquistada não seja uma ilusão. Pois o negro hoje é forca, fé e libertação, que Paraíso da Alvorada trás dentro do coração."

Sinopse:

          Houve um tempo passado, muito triste e lamentado, que hoje a história registra na luta dos nossos irmãos de cor.
          Diante da resistência passiva dos índios à escravidão, os portugueses e paulistas recorreram ao servilismo do negro africano.
          Desde 1531, há notícia da escravidão negra no Brasil. Martim Afonso de Souza dera licença a Pedro de Góis para levar à Europa alguns escravos indígenas. Desde o ano de 1532, no entanto, nas antigas capitanias de São Vicente e Pernambuco, escravos negros trabalhavam nas lavouras de cana-de-açúcar.
          Na época, Portugal era uma das nações que mais exercia o tráfico de escravos africanos. Eles eram empilhados nos porões escuros e infectos dos navios às centenas e, muitos sucumbiam por causa da fome e de doenças. Os que conseguiam chegar ao Brasil eram vendidos e passavam à posse dos Senhores de Engenho ou das Cidades.
          Durante a invasão holandesa em Pernambuco, o número de escravos fugidos no interior de Alagoas foi enorme. Formaram-se então os "Quilombos" - refúgios de negros fugitivos que lutavam a preço de sangue pelo direito de liberdade. Desses grupos, o de "Palmares" foi o que mais tempo durou - de 1630 a 1695. Foi o que ocupou maior área territorial, cerca de quatrocentos quilômetros quadrados dos atuais estados de Pernambuco e Alagoas.
          Palmares foi o que deu mais trabalho para as autoridades para ser exterminado. Possuía um verdadeiro exército armado e era considerado o maior inimigo de Portugal na época, depois dos holandeses.
          Seu primeiro chefe foi "GANGAZUMBA" que como rei, governou até o ano de 1678 quando, por haver negociado a paz com os brancos, perdeu prestígio e foi assassinado. Gangazumba foi substituído por "ZUMBI", que se transformou em líder incontestável de Palmares. Várias investidas foram feitas contra o Quilombo dos Palmares com o objetivo de exterminá-lo. Duas durante o domínio holandês e quatorze já sob a tutela de Portugal.
          A destruição da República negra de Palmares só foi conseguida, porém em 1695, após três anos de luta, por força Luso brasileira, sob o comando de Domingos Jorge Velho, bandeirante paulista que já havia devastado os sertões centrais até os confins do Maranhão. Jorge Velho era aguardado em Porto Calvo por um forte contingente preparado pelo governador.
          Vão-se repetindo os assaltos e cada vez mais fortes tornam-se os Palmares. Durante três anos de luta, os negros resistiram galhardamente.
          No final, com mais reforços, artilharia e armas pesadas, com falta de munição e víveres que já sofriam os negros encurralados, a vitória começou a surgir aos atacantes. As barreiras foram destruídas e Palmares foi arrasado em 1697. Conta-se que Zumbi dos Palmares, para não cair em poder do exército vencedor, atirou-se num rochedo. Outra versão conta que ele morreu em combate, vítima da traição de um mulato, quando atacado no seu mocambo, onde só lhe restavam seis homens.
          Era o fim de mais uma batalha em busca da tão sonhada liberdade que só viria mais de 150 anos após. Mas era o início de uma grande conquista, demonstração de força, coragem, fé e determinação em busca de um ideal.
          E é com essa força aguerrida que o G.R.E.S. Paraíso da Alvorada vai pisar na avenida para mostrar sua garra e apresentar essa justa homenagem aos negros tão sofridos que hoje conquistaram seu espaço graças aos irmãos de cor. Estamos indo rumo ao carnaval de sucessos sob as benções de Oxalá! Axé Raça Negra, Axé!

Roteiro do desfile:

  • Comissão de Frente: "Os guerreiros africanos" - Representam a força dos bravos guerreiros negros na luta pela libertação que vêm apresentando a escola para o coração do seu povo.

  • 1° Setor / Alegoria (Abre Alas): "Palmares e o quilombo de Zumbi" - Representa a fortaleza do Quilombo de Palmares com máscaras e motivos africanos, exaltados através dos símbolos do berço dos negros - a África.
    Destaque Central - "Zumbi - Rei dos Reis"
    Composição: Gangazumba - 1° Rei
    Guerreiros Entrincheirados (10)
    Negras libertas (10)

  • Ala 1: Negros no Canavial - Representam os negros em trabalhos forçados nos canaviais de cana-de-açúcar.

  • Ala 2: Mascates e mucamas dançam o maracatu (Ala das Crianças) - Representam as tradições folclóricas da nação de Palmares para os negros nascidos no Brasil.

  • Ala 3: Os holandeses - São os invasores e inimigos dos portugueses que também fomentaram a escravidão.

  • Ala 4: Índios no quilombo - Demonstrará a solidariedade entre raças escravizadas.

  • Ala 5: Sacerdote nagô - Fortalecerá as crenças religiosas dos cultos africanos.

  • 2° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: O Reinado de Gangazumba e sua Rainha.

  • Ala 6: A corte de Gamgazumba - Ilustrará a corte do 1° Rei e de seus súditos.

  • Ala 7: Relicário negro (Ala das Baianas) - Representará a riqueza da cultura africana ilustrada pelas jovens senhoras da ala das baianas.

  • 1° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: O Rei Zumbi e sua Rainha apresentam-se aos seus súditos.

  • Ala 8: Passistas - São as guerreiras africanas conduzindo seus leões africanos.

  • Ala 9: Guerreiro quilombola (Bateria) - Nossos leões, guerreiros africanos vestem-se para as trincheiras da guerra.

  • Ala 10: Os bandeirantes - Representa o bandeirante Domingos Jorge Velho que deu fim ao quilombo.

  • Ala 11: Os portugueses - É a demonstração da força da coroa portuguesa.

  • Ala 12: Arte negra - Traduz a cultura da arte de pintura e vestimentas africanas.

  • Ala 13: Negro é poder - É a liberdade conquistada através dos anos depois de muitas lutas e resistências.

Fontes de Pesquisas:

  • I.P.C.N. - Instituto de Pesquisa da Cultura Negra

  • Biblioteca Nacional

 

SAMBA ENREDO                                                2003
Enredo     Revoluções e revoltas no Brasil Palmares
Compositores     Sizinha do Cavaco, Carlinhos do Sete e Maurício Sabiá

Abrindo as cortinas do passado
Lembro o negro escravizado
No Brasil, colonial
Num cenário desumano, em poder do lusitano
Era o personagem principal
O índio não se adaptou
E o negro lá em Palmares lutou

Pela dor de uma saudade, e o fim da escravidão
No fã da igualdade, por amor a liberdade
Construiu-se uma nação

Enfim raiou o sol da liberdade
E assim surge o Quilombo dos Palmares
E gangazumba sucumbiu surgiu Zumbi
Com as garras de um Leão
Com domingos Jorge velho
Lutou pra defender os seus irmãos
E a luz da esperança apagou
Quando a voz da liberdade se calou
Trado por quem tanto lutou
Vencido Rei Zumbi não se entregou

A Alvorada é o meu Quilombo
Paraíso é liberdade
Rei Zumbi é a estrela guia
E o povo cai na folia
Sob a luz da igualdade