FICHA TÉCNICA 2008

 

Carnavalesco     Max Lopes
Diretor de Carnaval     Celso Rodrigues
Diretor de Harmonia     Olivério Ferreira (Xangô da Mangueira)
Diretor de Evolução     Olivério Ferreira (Xangô da Mangueira)
Diretor de Bateria     Jorge Costa de Oliveira (Mestre Taranta)
Puxador de Samba Enredo     José Luiz Couto Pereira da Silva (Luizito)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Marco Antônio Rodrigues (Marquinhos) e Giovana da Silva Justo (Giovana)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Mateus Olivério da Silva Rego e Débora dos Santos Almeida
Resp. Comissão de Frente     Carlinhos de Jesus e Avelino Pacheco
Resp. Ala das Baianas     Nelci da Silva Gomes
Resp. Ala das Crianças     Helcy da Silva Gomes (Cici) e Deia Maria Ferreira
Resp. Galeria de Velha Guarda     Ed Miranda Rosa e Ermenegilda Dias Moreira (Gilda)

 

SINOPSE 2008

100 anos do frevo, é de perder o sapato.
Recife mandou me chamar...

Introdução:

          De onde veio ninguém sabe. Só sabemos que é pernambucano da gema, nasceu em Recife. Não se sabe em que Beco, Rua ou Avenida ele apareceu, simplesmente apareceu. Sempre anunciado tal como uma Majestade, por clarins.
          Sua certidão de nascimento...ninguém sabe, ninguém viu. Não foi registrado em nenhum cartório, "nasceu em recife", nome não tem, simplesmente um apelido: "Frevo". Quem deu?
          Foi o povo. Frevo que vinha da frevura, lembrava a fervura do tacho de mel do Engenho de açúcar.
          Precisamente no Bairro São José se criou, no meio do povo.
          Em 09 de fevereiro de 1907, o maior Jornal da época começou a fazer referência a ele.

Frevo (origem):

          Esta dança teve origem nos movimentos da Capoeira. A estilização dos passos foi resultado da perseguição infringida pela Polícia aos capoeiras, que, aos poucos, sumiram das ruas, dando lugar aos passistas. Em meados do século XIX, em Pernambuco, surgiram as primeiras bandas de músicas marciais, executando dobrados, marchas e polcas. Estes agrupamentos musicais militares eram acompanhados por grupos de capoeiristas.
          Por esta mesma época, surgiram os primeiros clubes de carnaval de Pernambuco, entre eles o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas (1889) e o C.C.M.Lenhadores, quando capoeiristas necessitavam de um disfarce para acompanhar as bandas, agora dos clubes, já que eram perseguidos pela polícia. Assim, modificaram seus golpes acompanhando a música, originando tempos depois o "Passo" (a dança do Frevo) e trocando suas antigas armas pelos símbolos dos clubes que, no caso dos Vassourinhas e Lenhadores, eram constituídos por pedaços de madeira encimados por uma pequena vassoura ou um pequeno machado, usados como enfeites.
          A sombrinha teria sido utilizada como arma dos capoeiristas, à semelhança dos símbolos dos clubes e de outros objetos como a bengala. De início, era o guarda-chuvas comum, geralmente velho e esfarrapado, hoje estilizado, pequeno para facilitar a dança, e colorido para embelezar a coreografia. Atualmente a sombrinha é o ornamento que mais caracteriza o passista e é um dos principais símbolos do carnaval de Pernambuco.
          O frevo é uma dança inspirada em um misto de Marcha e Polca, em compasso binário ou quaternário, dependendo da composição, de ritmo sincopado. É uma das danças mais vivas e mais brejeiras do folclore brasileiro. A comunicabilidade da música é tão contagiante que, quando executada, atrai os que passam e, empolgados, tomam parte nos folguedos. E é por isso mesmo, uma dança de multidão, onde se confundem todas as classes sociais em promiscuidade democrática. O frevo tanto é dançado na rua, como no salão. O berço do frevo é o estado de Pernambuco, onde é mais dançado do que em outra qualquer parte. Há inúmeros clubes que se comprazem em disputar a palmo nesta dança tipicamente popular, oferecendo exibições de rico efeito coreográfico. Alguém disse que o frevo vem da expressão errônea do negro querendo dizer: "Eu fervo todo", diz: "Quando eu ouço essa música, eu frevo todo".
          O frevo é rico em espontaneidade e em improvisação, permitindo ao dançarino criar, com seu espírito inventivo, a par com a maestria, os passos mais variados, desde os simples aos mais malabarísticos, possíveis e imagináveis. E, assim, executam, às vezes, verdadeiras acrobacias que chegam a desafiar as leis do equilíbrio.

Histórico:

          Em Boa Viagem e no Pátio de São Pedro, no coração de Recife, nas ladeiras centenárias e ruelas estreitas de Olinda, em São José, Santo Antônio, Boa Vista e Praça 12 de Março, ouvem-se os acordes dos clarins anunciando a chegada do carnaval. É o "Carnaval Mulato de recife, o melhor carnaval do mundo".
          Vamos ver o que ele tem para nos mostrar:
          Antigamente, aspectos fascinantes marcavam os antigos carnavais pernambucanos. Surgiam correndo pelas ruas os Palhaços do Velho Recife, rindo em alto "falsetto", fazendo piadas e inventando emboscadas de grande imaginação. Eram os elogios à beleza dos carnavais passados e, juntamente com outros grupos de foliões, faziam a festa popular de rua, espontânea e original.

  • Os Blocos da Saudade - de muita originalidade e beleza, constituíram, também, uma das mais belas e poéticas tradições, hoje não mais existentes, que foram cantados em versos e prosa por poetas e compositores: Rancho das Flores, Andaluzas, Pirilampos, Pavão Dourado, Lira da Noite, Flor da Lira, Apôis-Fum, Flor de Magnólia.

  • O Encanto do Bal Masque Pernambucano, criatividade e fantasias que deram à imaginação e criaram um mundo de magia e originalidade; momento máximo de delírio, onde revivia-se a mais antiga festa do carnaval de Clubes do País, com suas belíssimas e suntuosas máscaras, que representavam um verdadeiro show de luxo e elegância;

  • Os Caboclinhos, ou mais carinhosamente Caboclinhos, bailado de sabor indígena - como o próprio nome, famosos e luxuosos, cheios de riqueza folclórica e tão bem dotados de imaginação; representam uma pedra fundamental para o carnaval pernambucano. Dançam e pulam, passando tão rápidos, que é difícil captar toda a beleza de sua coreografia. Constituem, sem dúvida alguma, o traje folclórico mais original do nosso hemisfério;

  • O Maracatu, que continua a ser uma das maiores tradições, é um sentimento, um motivo de vibração. Os intelectuais, os jornalistas, a classe média, o povo em geral, todos sentem o Maracatu peculiarmente seu: "ser pernambucano é sentir o Maracatu!". É originário da África, é um cortejo simples que, do sagrado passou para o profano, para o carnavalesco. O Maracatu marca a sua passagem lembrando a Coroação do rei e da Rainha do Congo, vestidos à moda européia, mostrando suas alas, com luxuosos estandartes rebordados de fios e franjas douradas sobre veludos e cetins. Os soberanos passam dignos e respeitados, saudando a multidão;

  • "Eu frevo, tu freves, ele freve" - É o frevo a expressão máxima desse carnaval. Vem com sua música ensurdecedora, hipnotizante, com alegria transbordante e com um calor físico somente superado pelo calor humano. Sua comunicabilidade é tão contagiante que atrai quantos o esteja apreciando, arrastando multidões em delirantes passos acrobáticos, que chegam a desafiar as leis do equilíbrio. O frevo é a grande alucinação. A multidão ondulando, nos meneiros da dança, fica a frever. É tão frenético que cada um, por si, egocentricamente, freve ao seu modo, até a exaustão. Mas quando os clubes de frevo aparecem nas avenidas e ladeiras é uma consagração. Continuam ocupando o lugar de destaque no carnaval e no coração do povo, sempre arrastando um maior número de foliões em delirantes ondas de frevo;

  • As Tradicionais Alegorias ou Clubes de Alegorias, são bonecos gigantes que vêm para fazer sua apresentação, enchendo as ruas da mais pura fantasia. São: O Homem da Meia-Noite, levando a chave da cidade, acompanhado da Mulher do Meio-Dia, do Menino da Tarde, do Barbapapa, de Seu Malaquias e outros. Eles estão nas ruas, agitando as massas e enaltecendo a folia, arrastando a multidão, fazendo uma festa ao ar livre, com a fanfarra tocando o intoxicante frevo e, todo mundo dançando, bebendo, comendo, rindo, relaxando e se divertindo;

          E assim, para quem conseguir chegar inteiro na quarta-feira de cinzas, brincará ainda, ao som de muito frevo, é claro, no que os pernambucanos apontam como o melhor carnaval de todos os tempos. Surge o Bloco carnavalesco Bacalhau do Batata, criado por Isaias Pereira da Silva, que por ser garçom e trabalhar durante todos os dias do Rei Momo, fica impossibilitado de brincar, só podendo fazer na 4ª feira de cinzas. Fechando, assim, com seu desfile, o Carnaval Mulato do Recife.
          A Festa do Frevo empolga multidões, numa incrível FREVANÇA, desenhando um mosaico de cores, luzes e malícia, transformando-se numa passarela, onde só importa a alegria, encerrando oficialmente o exuberante carnaval pernambucano.

Max Lopes, Celso Barbosa e Sônia Correia

 

SAMBA ENREDO                                                2008
Enredo

    100 anos do frevo, é de perder o sapato. Recife mandou me chamar...

Compositores     Lequinho, Jr. Fionda, Francisco do Pagode, Silvão e Aníbal
Ao som de clarins
Descendo a ladeira
Sou Mangueira
Tem frevo no samba
Deu nó na madeira
Orgulho da cultura brasileira
A majestade é o povo,
Sem o povo história não há
Estende o brasão, reflete o leão
Símbolo de garra e união

Capoeira invade os salões
Mascarados despertam Dragões
E pelas ruas, vem Zé Pereira
Arrastando a multidão

Nascia o frevo contagiando toda a massa
E até hoje tem colombina e seus amores
Passo no bloco das flores
O profano é sagrado no maracatu
Nos cem anos de história, desperto a alvorada
Brincando no Galo da Madrugada
Invade a cabeça, o corpo, embala os pés
Delírio da massa, um "fervo"!
É a Mangueira no passo do frevo
Voltei de sombrinha na mão
Sonhando em gritar é campeão

Mandou me chamar, eu vou
Prá Recife festejar
Alegria no olhar, eu vejo
É frevo, é frevo, é frevo