FICHA TÉCNICA 2004

 

Carnavalesco     Max Lopes
Diretor de Carnaval     Elmo Jose dos Santos e Percival Pires
Diretor de Harmonia     Olivério Ferreira (Xangô da Mangueira), Edson Goes e Dilmo Emidio Ferreira
Diretor de Evolução     Olivério Ferreira (Xangô da Mangueira)
Diretor de Bateria     Alexandre Vieira da Silva (Mestre Marron)
Puxador de Samba Enredo     José Bispo Clementino dos Santos (Jamelão)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Marco Antônio Rodrigues (Marquinhos) e Giovana da Silva Justo
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Ubiraci Lima de Oliveira (Birinha) e Elaine Fernanda Bispo
Resp. Comissão de Frente     Avelino Pacheco, Moacyr Barreto e Carlinhos de Jesus
Resp. Ala das Baianas     Neuci da Silva Gomes e Apalais Miranda
Resp. Ala das Crianças     Helcy da Silva Gomes (Cici) e Dayse da Volta Loureiro Dias

 

SINOPSE 2004

Mangueira redescobre a Estrada Real... E deste Eldorado faz seu carnaval

Introdução:

          O brilho do ouro um dia acabou. O tempo se foi , o caminho ficou. Pra testemunhar, sem medo de errar, que a fibra mineira é também imortal, a vida renasce, do sonho acordada, na paisagem encantada da Estrada Real. Mangueira percorre essa rota da historia e traz pra avenida seu canto de glória. Em cada curva do caminho, uma lembrança do passado. Mineiramente, de mansinho, eu vou dando meu recado. Sem alarde, sapatinho, o que o barroco e rebuscado - e o patrimônio está tombado. Bendito tombamento, que guardou o tesouro pra quem queira visitar o ciclo está tombado. Bendito tombamento, que guardou o tesouro pra quem queira visitar o ciclo do ouro. A ficha caiu: quem não conhece Minas desconhece Brasil estrada do sonho, da ambição e do poder, ate hoje é real, em tudo igual ao que o Brasil queria ser Jóia rara da coroa, vai beijando a terra onde foi a pioneira. Sobe lenta, desce ligeira, serpenteia as montanhas e invade as entranhas da alma brasileira. Se engana quem pensa que o fausto acabou e a vida presente virou conformismo. A estrada que um dia o ouro escoou é a mesma que hoje está cheia de gente trazendo riqueza fazendo, turismo. É o ouro que volta e visita o passado naquele rincão.
          É como se o tempo, por ter-se ausentado, pedisse perdão. Não falta personagem nessa longa viagem Índio, escravo e garimpeiro, mais poeta inconfidente e tropeiro. Gente que não acaba mais, escrevendo a história das minas gerais. Cada qual com sua crença, seu desejo ou seu pecado - num vai e vem de doido, pela estrada do eldorado. E quanto lugar bonito brotou do chão nas Alterosas com os grandes veios de ouro e de pedras preciosas! Vila Rica, poderosa, era o centro da agitação. Hoje chama Ouro Preto e mantém a tradição. Que dizer de outras tantas, como a velha Sabará, ou a da bela Diamantina do famoso JK! São tantas, e bonitas, que eu não quero ir embora. Só se for pra ir morar em São João e Juiz de Fora. São Lourenço, Cambuquira, Caxambu, água pura que os males cura, essa nunca vai se acabar. Deste solo sai a riqueza que não para de jorrar
          Que trem bão essa viagem, essa estrada não é pouca! Se não pega pela vista, me amarra pela boca. Haja fome, meu irmão; o cardápio é de primeira - e nem falo do feijão que vem com couve mineira. Nem do queijo e da cocada, muito menos ambrosia - que ai é jogo baixo, se provar é covardia. Duvido que alguém resista é da prima mel aça que sai; do mesmo alambique com o nome da cachaça. Marvada pinga tem na estrada ate o fim do roteiro quando acaba em Parati, que é do Rio de Janeiro.
          Feliz Mangueira, que da beleza da gente mineira o seu carnaval. Feliz é meu samba, que sai pela vida na alegria incontida da estrada real
          Quem nunca foi, quem nunca viu... não sabe tudo, das belezas do Brasil.
          O que corta essa estrada é mais que a vista pode alcançar. É a alma de um país inteiro pulsando em solo mineiro e que parece não acabar. Do Brasil tem tudo um pouco, nem que pulsando em solo mineiro e que parece não acabar. Do Brasil tem tudo um pouco, nem que seja um bocadinho.           Esta na torre de cada igreja, está do Aleijadinho.
          Por isso Mangueira se encanta com a beleza das gerais. Sambando seus males espanta e evoca seus ancestrais. Mas olha em frente, pro presente, e vê no rosto que agente não quer só olhar pra trás.
          Canta, Minas, a riqueza do Brasil colonial!
          Canta, Rio de Janeiro o seu mineiro Carnaval!

Max Lopes

O que é a Estrada Real ?

          História, cultura, arte e natureza são as riquezas que a exploração das "minas gerais"deixou para trás. Foram muitos anos de idas e vindas, das minas ao litoral, desde o século XVII quando se construiu o que, hoje, chamamos de caminho por onde passaram, ouro, os diamantes, os homens e a história, mas de tudo aquilo que foi construído em seu entorno.
          São vias de acesso, trilhas calçadas pelos escravos, os descaminhos do contrabando, os pontos de parada, as cidades e vilas históricas. Todo um patrimônio que se forjou durante um longo tempo. Tempo que começou a ser contado com a primeira via, ligando a antiga Vila Rica, hoje Ouro Preto, ao porto de Paraty. E que continuou deixando suas marcas em uma nova rota que viria a ligar o Rio de Janeiro á antiga capital das minas gerais, já no século XVIII. Daí os registros histórico dos dois caminhos, o velho e o novo .
          Com a descoberta das pedras preciosas na região do Serro, a estrada foi estendida ate o então Arraial dói Tejuco hoje Diamantina, um patrimônio histórico da humanidade. O caminho velho nasceu das andanças dos bandeirantes a procura de riquezas. O caminho da necessidade de uma via de escoamento mais rápida, segura e eficiente das minas para o porto e dali patrimônio histórico-cultural naturais.
          Pela Estrada real e seus descaminhos o suor, o sangue escorreu e o ouro escoou a caminho da Europa. Os súditos do rei sonharam ouro, os poetas confabularan a independência, as partes de Tiradentes foram expostas, a Corte consagradas as igrejas, estimulada a arte, sobretudo barroca
          Pela estrada real foi construída a história de Minas e do Brasil.

 

SAMBA ENREDO                                                2004
Enredo     Mangueira redescobre a Estrada Real... E deste Eldorado faz seu carnaval
Compositores     Cadu, Gabriel, Almyr e Guilherme

Mangueira,
Um brilho seduziu o meu olhar
E me fez encontrar
A Estrada do Sonho
Real desejo de poder e ambição
As trilhas bordadas em ouro
Levaram um tesouro à caminho do mar
Teu chão é um retrato da história
E o tempo não pode apagar
Hoje, eu descubro a beleza
Que faz a riqueza voltar

Por belos recantos passei
Das suas águas, provei,
De mansinho eu peço passagem
A Mangueira vai seguir  viagem

Tempero bom!
Pode avisar que a comida está na mesa
Se a pinga não "pegar"
Eu chego ao Rio com certeza
Na Arte, eu vi obras que o gênio esculpiu
Igrejas, o Barroco emoldura o Brasil
Ó Minas!
És um berço de cultura, és raiz
Que brilha forte em verde e rosa
Herança e patrimônio de um país

Eu vou embarcar
Na Estação Primeira
Tesouro do Samba, minha paixão
"Ê Trem Bão!"