FICHA TÉCNICA 2003

 

Carnavalesco     Max Lopes
Diretor de Carnaval     Percival Pires e Edson Marcos Gaspar de Andrade
Diretor de Harmonia     Olivério Ferreira (Xangô da Mangueira)
Diretor de Evolução     Olivério Ferreira (Xangô da Mangueira)
Diretor de Bateria     José Luis Custódio (Mestre Russo)
Puxador de Samba Enredo     José Bispo Clementino dos Santos (Jamelão)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Marco Antônio Rodrigues (Marquinhos) e Giovana da Silva Justo
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Ubiraci Lima de Oliveira (Birinha) e Elaine Fernanda Bispo
Resp. Comissão de Frente     Avelino Pacheco, Moacyr Barreto e Carlinhos de Jesus
Resp. Ala das Baianas     Neuci da Silva Gomes
Resp. Ala das Crianças     Helcy da Silva Gomes e Dayse da Volta

 

SINOPSE 2003

Os dez mandamentos! O Samba da paz canta a liberdade

                         Para o bem vencer o mal, trago fé no coração.
                        
Pra acabar com a tirania uno o povo num cordão.
                        Faço paz com alegria abraçando meu irmão.

          Mangueira exalta os valores universais. E busca na História, assim mesmo de memória, no tempo que vai longe, uma bela trajetória. Conta a saga de uma luta contra um ódio de dar dó: o de um rei sem piedade, caricata majestade, e que era faraó.

Ramsés! Ó grande Ramsés!
O Egito e o mundo se curvam a teus pés!
Teu poder, temido faraó, se espalha por toda parte. As fontes da vida e as causas da morte estão na divisa do teu estandarte.

          Sem que ordenes, nada se move - nem o mar, nem o vento ou tempestade. A lua e o sol só brilham no céu por tua vontade.
          A força de teus exércitos subjuga qualquer resistência. Nada se opõe aos ditames da tua prepotência.
          Nunca se viu tamanha riqueza nem tanta fartura. Mas fora da corte, na aldeia vizinha, a lida do povo é vida sem norte, realidade dura.
          Escravos hebreus que vivem na lama com barro e com trigo preparam o tijolo que ergue a cidade. Na alma e no peito, na mente de todos, um só sentimento - sonhar liberdade.
          Cada dia que passa o povo lamenta a própria desgraça. São muitos, são tantos, que um dito ecoa em tom promissor: ali vai nascer, crescer e viver, o libertador. Ramsés não perdoa tamanha insolência! Precisa com urgência deter o perigo de tal previsão; manda matar os recém nascidos para assim impedir sua consumação.
          Um deles escapa, a mãe o salvou. Num cesto flutua, nas águas do Nilo, até ser recolhido num nobre solar: ironia do destino, o lar do menino é o palácio de quem o mandara matar.
          Criado na pompa de um mundo rico que nunca foi seu, o menino Moisés cresce ao revés da própria origem, o berço plebeu. Mais tarde, homem feito, traz dentro do peito o carisma dos bons. E provoca a ira do irmão por acaso - Ramsés, ao contrário, desprovido de dons.
          Um dia porém a verdade se mostra. E o Moisés poderoso, que no luxo morava, decide voltar para junto dos seus na aldeia escrava. E escravo se torna, na lida da vida da gente da lama que sofre calada e nem mesmo reclama.
          Que vida é aquela? - e Moisés se rebela, afronta Ramsés. Organiza seu povo e ensina que a fonte da vida, o amor, só pode cumprir sua sina se o homem for livre, sem amo ou senhor. Detido e banido, nas mãos um cajado, é jogado ao deserto. À frente apenas um futuro incerto. Ele vaga sem rumo, perdido no mundo, só ele e sua fé. Procura justiça... uma força divina, não sabe o que é.
          Só muito mais tarde enfim se abriga na tenda amiga de quem lhe quer bem. E forma família, renasce pra vida não mais tão sofrida, é tudo o que tem. Pastor de ovelhas, não esquece porém do passado um instante; nem da vida sofrida na aldeia perdida no Egito distante.
          Em busca de alívio ele sobe a montanha e clama aos céus. E sua prece contrita ganha a graça divina de ouvir de um clarão: tu és o eleito pra guiar teu povo na luta bendita da libertação.
          De volta à aldeia, Moisés desafia a força do algoz. Adverte Ramsés de mil desventuras e um martírio atroz. E exige, de novo, a libertação do seu povo. O faraó acha graça, desdenha a ameaça - É meu o poder! - e paga pra ver. A desgraça desaba e espalha na corte um gosto de fel: dez pragas se abatem, é a ira divina que o chão contamina e turva o céu.
          Acuado e vencido, o faraó se curva à vontade de Deus - e ordena enfim a libertação dos judeus. O povo da lama está livre do jugo do algoz Ramsés. E começa a partida rumo à terra prometida, tendo à frente Moisés.
          Ramsés se arrepende e manda o exército matar toda gente à beira do mar. Mas Deus é presente e, onipotente, separa as águas pra caravana passar. Libertos, enfim, Moisés e seu povo retomam de novo a rota traçada do seu Canaã - a terra sagrada, por Deus destinada a ser o abrigo, o seguro amanhã.
          O tempo que passa não muda a desgraça da ausência da sorte e um povo sem norte se cansa de ouvir. Moisés foi em busca da voz que conforte, que mostre aos judeus que a graça de Deus vai nos redimir. Subindo a montanha, sua fé é tamanha que nada o desvia da crença que tem em um novo porvir.
          Mas o povo sofrido, sem leis e sem líder, se perde na sanha da degradação. A orgia se instala, sinistra façanha das trevas que levam à total perdição. Não falta quem leve, em tal situação, um povo à blasfêmia ou qualquer maldição.
          À falta de um guia que conduza ao bem, o mal se espalha e a todos conquista. O deus da cobiça é agora quem fala pregando a descrença, que é mais "realista". E surge, então, um símbolo novo pro povo adorar: um bezerro de ouro, de porte imponente, pra que toda a gente se sinta contente a beber e cantar.
          Mas, que desatino, se o próprio destino começa a mudar! A força da fé, que Moisés ensinou, está prestes a pôr tudo em ordem outra vez e no mesmo lugar. Um clarão rasga o céu e no monte sagrado a palavra de Deus começa a ditar: são os Dez Mandamentos e os seus fundamentos hão de a todos salvar.
          Nas tábuas gravada, é a vontade de Deus afinal revelada. A razão prevalece e salva o povo da insânia malsã. Os Dez Mandamentos, erguidos em prece, são um sol a brilhar no frescor da manhã.
Lei das leis, voz serena da verdade, um código de ética para toda a humanidade. Desde então, em cada religião, os homens de bem se inspiram nas tábuas em sua pregação. E fazem da essência do seu conteúdo o marco supremo da libertação.
          No Brasil, desde sempre, os povos se irmanam sem ódio ou rancor. Exemplo pro mundo de raro esplendor, tens saber profundo - és a pátria do amor.
          Sabem todos agora as lições da verdade: o homem nasceu para ter liberdade; diferença de crença em cada cabeça não deve impedir que o amor prevaleça; e a paz, meu irmão, se faz como aqui - no convívio fraterno e na alma sem mágoa que cada pessoa traz dentro de si.

Max Lopes
Idéia original e texto: Oswaldo Martins

 

SAMBA ENREDO                                                2003
Enredo
    Os dez mandamentos! O Samba da paz canta a liberdade
Compositores
    Marcelo D'Aguiã, Bizuca, Gilson Bernini e Clovis Pê

Um clarão no céu 
Iluminou...  Mangueira!
Surge um caminho de luz
Pra mergulhar na história
No Egito, um faraó
Poder e riqueza, cruel tirania
E um povo sonhava na lama
Que o "libertador" ali nasceria
Flutua nas águas do Nilo
A esperança guiando o menino
Criado no luxo da corte
Enfrenta o deserto, sagrado destino

É  o vento que sopra, poeira!
Segue o homem em busca da fé
Do alto uma voz anuncia
A certeza de um novo dia

Moisés desafia o Rei
A ira divina desaba na terra
Libertação! E num gesto encantado
O mar virou passarela
No ouro a falsa adoração 
A vontade de Deus é a lei da verdade
Foi revelada pra humanidade
Mostra pro mundo Brasil (meu Brasil)
O caminho da felicidade

Quem plantar a paz, vai colher amor
Um grito forte de liberdade
Na Estação Primeira ecoou!