FICHA TÉCNICA 1994

 

Carnavalesco     Ilvamar Magalhães
Diretor de Carnaval     ...............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     ................................................................
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................
Resp. Galeria de Velha Guarda     ................................................................

 

SINOPSE 1994

Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu

Sinopse:

          Caetano Veloso e Gilberto Gil são, sem dúvidas, dois dos maiores compositores desse País.
          Maria Bethânia e Gal Costa são, sem dúvidas, duas das maiores cantoras desse País.
          Cada um deles, individualmente, seria um belo tema enredo para qualquer escola de samba do Rio de Janeiro. Suas composições ou interpretações já se tornaram imortalizadas no mercado fonográfico brasileiro.
          Gil e Caetano já formaram parcerias com o mais alto escalão dos compositores nacionais – Chico Buarque, Djavan, Milton Nascimento, Tom Jobim, Jorge Benjor entre outros.
          Bethânia e Gal já gravaram os maiores nomes da nossa música. Além dos compositores aqui citados, elas já cantaram Noel Rosa, Lupicínio Rodrigues, Cartola, Ary Barroso, Dorival Caymmi, Pixinguinha e outros tantos não menos famosos.
          O interessante é que esse quarteto elétrico e fantástico sempre teve elo de ligação muito forte, na música e na vida. Não dá prá falar de um sem citar os outros. Todos adoradores de João Gilberto (considerado o Papa da Bossa Nova) de onde colheram as primeiras influências, para depois seguirem em estilo próprio e inigualável.
          Seria o óbvio falar dessas quatro figuras, monstros sagrados da nossa música, mas Gil e Caetano são compositores tão criativos que caminham juntos com a modernidade dos tempos. Em cada uma de suas composições encontramos o sabor daquilo que gostaríamos de ouvir e falar. Eles têm uma linguagem verdadeira com o toque mágico da poesia nos mais simples temas que abordam. Intérpretes fabulosos, cantam na mais clara forma. Às vezes doce e ternos, às vezes com charme e suingue mas sempre de uma maneira toda especial. Como descrever tamanhas personalidades musicais? Como falar de Bethânia, aquela mulher esguia e iluminada que rouba a cena quando diante de seu público entoa com voz quente e marcante, aquilo que só ela poderia cantar? Sua performance vocal e interpretativa faz das músicas que canta definitivas. E Gal? A que estirpe  angelical pertence? Seu canto é suave e doce. Sua voz é única e absoluta! Deus te deu o dom do canto, a doçura no teu timbre, e assim, tua voz inebria a todos que a ouvem cantar. Damos graças ao bom Deus por ter nos dado não só um, dois, três mas sim quatro anjos cuja missão nessa terá é espalhar sobre este Brasil, coisas belas à nossa música.
          Em 1965, Bethânia iniciaria a sua decolagem para o estrelato. Deixaria Salvador rumo ao eixo Rio – São Paulo para substituir Nara Leão no show “Opinião”. Era o sucesso!
A década de 60 fervilhava com os grandes festivais da canção. Gil e Caetano já “tropicalizavam” geral. Gil, acompanhado também pelos Mutantes (grupo que tinha Rita Lee), emplacava com "Domingo no Parque” e Caetano, sem lenço e sem documento, mexia com a cabeça da ditadura com “Alegria, Alegria”.
          Gal, ou melhor, Gracinha (como era carinhosamente chamada) já dava o ar da sua graça. Ao se apresentada a João Gilberto, quis mostrar que sabia cantar. Ainda tímida, cantou “Mangueira” a pedido do mestre que ao final foi taxativo: - Você é a maior cantora do Brasil. Nessa mesma época, Gracinha conheceu Caetano que, assim como João Gilberto, profetizou que ela seria a maior cantora do Brasil. E hoje ela é GAL COSTA.
          Em 1968 nasce um dos principais movimentos da Música Popular Brasileira. A tropicália mudaria de vez o cenário da MPB. Tinha discurso, inteligência, energia e rebeldia. E tinha também o calor e a sedução da voz de Gal.
          A Tropicália durou pouco (terminou no mesmo ano com a prisão e o exílio de Gil e Caetano) mas, mesmo assim, escreveu de vez o seu nome na história da Musica Popular Brasileira.
          Antes de partir, Gil compôs e gravou um verdadeiro hino de amor e saudades: “Aquele abraço” explodiu nas rádios do País.
          Exilados em Londres, recebiam a visita dos amigos do Brasil e numa dessas visitas Gal ouviu uma canção de Caetano – “London, London”. Gal gravou e a música foi um delírio nas rádios também.
          Anos mais tarde (precisamente em 1976) quando Gil e Caetano já estavam de volta ao Brasil os quatros e juntaram de novo e formaram um grupo chamado “Os Doces Bárbaros”. O Sucesso do grupo foi estrondoso. Os Doces Bárbaros lotaram o Canecão que batera todos os recordes de bilheteria e público na época. E foram dois meses de sucesso!
          A Mangueira mostrará um carnaval leve, solto, descontraído, assim como é o carnaval da terra dos baianos.
          Dividido em quatro partes, a primeira mostrará o Carnaval da Bahia com o povo saltitante pelas ruas, grupos afros que fazem parte desse carnaval. Será uma alusão aos nossos homenageados, que ali nasceram, vivendo quando crianças e adolescentes, até o início de seus estrelatos. Mostrando também a religiosidade que está tão presente na vida destes baianos.
          A segunda parte mostrará um compacto de cada um deles. Composições e interpretações desses quatro monstros sagrados da MPB. Será realmente um compacto, pois são tantas as coisas magníficas que compõem suas vidas musicais que precisaríamos de outros carnavais para se falar de todas.
          A quarta e última parte falará da grandiosidade da maior festa popular do mundo – o nosso carnaval. E por ser tão grandiosa não temos espaços para mal entendidos entre duas cidades tão importantes e esplendorosas como Salvador e Rio de Janeiro, que possuem carnavais diferentes mais incríveis. E com essa homenagem, a Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro, mostrará para o mundo o perfil de quatro grandes artistas que sempre souberam honrar e dignificar essa grande Bahia que é de todos nós.
          E é por tudo isso, por tudo que Gil, Caetano, Bethânia e Gal representam para a MPB, pelas interpretações históricas que emocionaram, enamoraram e embalaram diversas pessoas e carnavais por esse País afora, que nós não temos dúvidas em afirmar que, durante os desfile das escolas de samba do grupo especial na passarela dos sonhos, no carnaval de 1994, mais precisamente durante o desfile da Estação Primeira de Mangueira, que a avenida se transformará numa magnífica e apoteótica festa. E...
          Atrás da verde-e-rosa só não vai quem já morreu

Ilvamar Magalhães

Roteiro do Desfile:

  • Carro 1: Explode Mangueira - Elementos como surdos, coqueiros, pandeiros, berimbaus e mulatas, se juntam numa composição alegórica para a abertura do carnaval de 1994 da Estação Primeira de Mangueira, numa homenagem honrosa a esses quatro baianos magnânimos: Caetano, Gal Bethânia e Gil.
    Destaque Central: Explode Mangueira – Janaína.

  • Carro 2: Bahia de todos os santos - Num cenário de religiosidade peculiar à cidade de Salvador, onde a crença e os cultos se misturam numa só linguagem. Anjos barrocos e vitrais servem de cenário e uma das maiores festas religiosas  desta cidade, a lavagem do Bonfim.
    Destaque Central: Relíquia  Barroca – Marlene Arruda
    Composições Laterais: Angelicais e Lavagem do Bonfim

  • Carro 3: Saudação aos Orixás - Numa etérea aparição, surgem do infinito formas eqüinas, que se transformam em elementos dos Orixás “Deuses Afros”. Surge então, no cume da alegoria, de forma sublime e grandiosa a Divina Inspiração, a dádiva do Senhor supremo do universo.
    Destaque Central: Divina Inspiração – Laerte Raphael
    Composições Laterais:  Guardiões Etéreos

  • Carro 4: Tropicália - Numa importante fase a música popular brasileira, que numa irreverência total, surge  A Tropicália.
    E a composição musical de Caetano Veloso serve de elementos a essa também irreverente alegoria. Sobre a cabeça os aviões, Viva a Banda, Viva Carmem Miranda.
    Destaques Centrais: O Planalto Central – José Luiz; Carmem Miranda –Erik Barreto
    Destaques Laterais: Sorridentes Girassóis – Carlos Maia; E que tudo mais vá pro inferno – Vanda; Viva  Mulata – Maria Rosa; Viva a Banda.

  • Carro 5: A grande estrela Bethânia - Um imenso palco para uma grande cantora. Num cenário clássico onde se misturam elementos como A Hora da Estrela, Roda dos Ventos. Carcará; não se podia deixar de saborear o doce mel da colméia de uma abelha rainha, que sem dúvida adoça a ribalta que ilumina uma grande estrela.
    Destaque Central: A Hora da Estrela – Maria Helena

  • Carro 6: Simplesmente Caetano - “Luz do Sol”, “Sampa”, “Leãozinho”, “Rapte-me Camaleoa”, entre outras, emoldurarão a alegoria que servirão de cenário a esse grande compositor e cantor Caetano Veloso.
    Destaques: Narciso de Sampa – Marcelo; Luz do Sol – Rita Clemente; Odara – D'Estephano; Eclipse Oculto – Celeste Muller.

  • Carro 7: Doce Gal - Chove as gotas prateadas da chuva que molha a Torre de Londres, mas, o verde, amarelo, azul e branco dessa Aquarela tão brasileira, resplandece. E, uma tigresa de unhas negras, arranha o ar por onde passa. Mas, o contágio maior fica por conta da Festa do Interior que fecha o cenário emoldurando assim o quadro que homenageia esse incrível cantora Gal Costa.
    Destaques: Vaca Profana – Lola Batalhão; Chuva de Prata – Sandoval; Guardas Reais – Nabil e Eduardo
    As cores: Verde, Amarelo, Azul e Branco.

  • Carro 8: Aquele abraço Gil - Alô, Alô, seu Chacrinha velho palhaço. O Expresso 2222 já está circulando prá depois do ao 2000 e, enquanto isso, tudo é captado pela enorme antena Parabolicamará e a procissão se rasteja eu nem cobra pelo chão.
    Destaques: Realce – Tânia Índio do Brasil; O Luar –Osaías; Lamento Sertanejo – Wanderley.
    Composições Laterais: Parabólicos; Expressos.

  • Carro 9: Rio e Salvador - Dois Pontos marcantes e conhecidos de duas grandes cidades. Os Arcos da Lapa e o Farol da Barra. É como se tivessem se confraternizando. O Rio de Janeiro, através da Estação Primeira de Mangueira, abre seus braços e homenageia a esses quatro maravilhosos baianos que também são filhos dessa cidade, que temos a certeza que amam e, por isso Viva Salvador, Viva o Rio, Viva o Carnaval.
    Destaques: Exaltação à Bahia – Cotinha; Cidade Maravilhosa – Carlos Victor; Axé Bahia – Ba Messias; Pierrôs, Rosa, Verde.

  • Carro 10: Atrás da Verde e Rosa só não vai quem já morreu - É evidente que sim. Ninguém resiste ao ritmo quente de um Trio Elétrico. Imagine então, qual o resultado do Trio Elétrico mais a Estação Primeira de Mangueira juntos!
    - Loucura total.
    E por isso insistimos a dizer que... Atrás da Verde e Rosa, só não vai quem já morreu!
    Destaques Centrais: Eu Sou o Samba – Serginho do Pandeiro; Atrás da Verde e Rosa – Djalma Oliveira.
    Destaques Laterais: Verdes e Rosas.

 

SAMBA ENREDO                                                1994
Enredo     Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu
Compositores     David Corrêa. Paulinho, Carlos César e Bira do Ponto
Bahia é luz de poeta ao luar
Misticismo de um povo
Salve todos os orixás
Quem me mandou estrelas de lá
Foi São Salvador
Pra noite brilhar
Mangueira....
Jogando flores pelo mar
Se encantou com a musa que a Bahia dá

Obá berimbau ganzá
Ô capoeira joga um verso prá iaiá

Caetano e Gil ô
Com a tropicália no olhar
Doces Bárbaros ensinando a brisa a bailar
A meiguice de uma voz
Uma canção
No teatro opinião
Bethânia explode coração
Domingo no parque, amor
Alegria, alegria... eu vou
A flor na festa do interior
Seu nome é Gal
Aplausos ao cancioneiro
É carnaval, é carnaval
É Rio de janeiro
Me leva que eu vou

Sonho meu
Atrás da verde e rosa
Só não vai quem já morreu