FICHA TÉCNICA 1991

 

Carnavalesco     Ernesto Nascimento e Cláudio Rodrigues
Diretor de Carnaval     José Petrus
Diretor de Harmonia     Egio Laurindo da Silva (Mestre Delegado)
Diretor de Evolução     Egio Laurindo da Silva (Mestre Delegado)
Diretor de Bateria     Jorge Costa de Oliveira (Mestre Taranta)
Puxador de Samba Enredo     José Bispo Clementino dos Santos (Jamelão)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Robertinho e Tidinha
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Marquinhos e Ircléia
Resp. Comissão de Frente     Moacir Castelo Branco (Melão)
Resp. Ala das Baianas     Neuma Gonçalves da Silva (Dona Neuma)
Resp. Ala das Crianças     Neuma Gonçalves da Silva (Dona Neuma)

 

SINOPSE 1991

As três rendeiras do universo

            Numa homenagem à criação do Universo, através do artesanato brasileiro e da cultura popular, Mangueira pisará o asfalto como grande artesã do samba, com suas alas e alegorias bordadas em suntuosas rendas. Rendas de Luz, Rendas da Terra e Rendas D’Água.
E os carnavalescos foram buscar na população ribeirinha da costa brasileira uma lenda que reconta a criação do mundo, a criação do homem e sua sobrevivência após a expulsão do Paraíso, através de uma atividade: a fabricação das rendas.
            Expulso do Paraíso, o homem viu-se diante de um mundo desordenado. Então, para que a espécie humana pudesse crescer e se multiplicar sobre a face da Terra, Deus enviou ao homem três feiticeiras astrais. Eram rendeiras destinadas a organizar a Renda de Luz, a Renda da Terra e a Renda D’Água.
            A primeira rendeira, a mais velha, era uma profetisa e presidia o futuro, pois tinha o fio da luz. Grande sábia, era detentora da roca, onde tecia o fio da vida. Ficou encarregada de ordenar o firmamento dos céus, tecendo uma renda que uniria, ponto a ponto, todos os astros, estrelas e planetas. E fez então com que todos os planetas tivessem rotação regular sobre o seu próprio eixo, promovendo a alternância entre o dia e a noite e a mudança das estações.
            Filha de uma ninfa fiandeira e de um pai imortal, era a segunda rendeira. A ela coube fazer matas e florestas, enriquecendo o solo para a cultura de alimentos. Com cuidado trabalhou tudo em rede e renda de várias espécies. Organizou as cores do arco-íris, deu direção aos ventos, criou formas mais suaves e cantos mais lindos para as aves, além de dar-lhes plumagens de raro esplendor. Ordenou que os animais também adquirissem uma imagem menos selvagem e que até alguns aprendessem a tecer fios de seda, redes de mel e teias de luz.
            A Terra ficou rica em beleza natural, dona de uma vegetação luxuriante, pastos ricos, terras férteis, flores e plantas que brotaram por toda a parte. E regada por águas de frescos riachos. Até que a rendeira encontrou uma bela índia sentada à entrada de uma caverna, chorando com saudade do amado. Ela então ensinou a índia a tecer uma renda que a fez ficar ainda mais bela para o seu amor.
            Já a terceira rendeira era a mais jovem e bela de todas. Dizia-se filha das águas rendadas do mar. E deu destino aos mares, bordando-lhes belas espumas com fios de seus próprios cabelos. Foi ela quem ensinou as rendeiras das populações costeiras a tecer, imitando os corais, os arrecifes, as algas marinhas e as ondas do mar. E também teceu a luz da lua cheia. E, ao ver a Floresta Amazônica, a Lua chorou. Uma de suas lágrimas caiu e transformou-se no Rio Amazonas.
            Assim, entre rendas e lendas a Mangueira irá falar de muitas coisas, mostrando outras histórias, pontos, bilros, aranhas, botos que se transformam em encantadores homens para atrair as mulheres dos pescadores. Estas, para não serem possuídas por seus encantos, fazem suas rendas, cantando benditos e ladainhas, enquanto esperam seus maridos.
            Mas as três rendeiras estarão no asfalto, vestidas de verde e rosa.

Ernesto Nascimento e Cláudio Rodrigues

 

SAMBA ENREDO                                                1991
Enredo     As três rendeiras do universo
Compositores     Hélio Turco, Jurandir e Alvinho
Quando... o mundo era uma criança
O Divino um dia enviou
A luz de uma esperança
Então surgiram
As três rendeiras do universo
Que vêm brilhar
Ma sutileza dos meus versos
Um romance entre o sol e a lua nasceu
Um romance que o homem jamais entendeu
No céu a estrela guia apareceu

Renda de luz
Que faz sonhar
Uniu a terra, o sol e o mar
Tão bonito é minha escola desfilar

Vem um novo alvorecer
Vem amor
Quanta alegria de viver
Uma roda enfeita o jardim
A maldade já chegou ao fim
E nas rendas de prata do mar
Surge uma sereia a cantar

Ó rendeira
A jangada não voltou
Passa o tempo, passa a vida
Só não passa o seu amor