Somos parte da Terra... Assim como ela faz parte de nós
Justificativa:
“Os olhos e as
mentes intelectuais da humanidade começaram no século XX a
reconhecer os povos nativos como culturas diferentes das
civilizações oficiais e vislumbraram contribuições sociais e
ambientais deixadas pelos guerreiros que tiveram o sonho como
professor. Mas a maior contribuição que os povos da floresta podem
deixar ao homem branco é a prática de ser uno com a natureza interna
de si. A Tradição do Sol, da Lua e da Grande Mãe ensinam que tudo se
desdobra de uma fonte única, formando uma trama sagrada de relações
e inter-relações, de modo que tudo se conecta a tudo. O pulsar de
uma estrela na noite é o mesmo do coração. Homens, árvores, serras,
rios e mares são um corpo, com ações interdependentes. Esse conceito
só pode ser compreendido através do coração, ou seja, da natureza
interna de cada um. Quando o humano das cidades petrificadas
largarem as armas do intelecto, essa contribuição será compreendida.
Nesse momento entraremos no Ciclo da Unicidade, e a Terra sem Males
se manifestará no reino humano.”
Por Kaka Werá Jacupé
índio de origem tapuia, escritor, ambientalista, conferencista
A S.R.E.S Lins Imperial
traz para avenida a força dessa cultura milenar, e conta através da
arte, a riqueza cultural desses povos nativos..
A
arte é um dos bens mais preciosos de um povo. Nela se pode avaliar os
costumes, os hábitos e as maneiras de como viviam determinadas
comunidades.
E
ciente de poder exaltar um dos povos mais antigos, é poder mostrar essa
vasta qualidade de expressão artística.
Quando
dizemos que um objeto indígena tem qualidades artísticas, podemos estar
lidando com conceitos que são próprios da nossa filosofia, mas estranhos
para esses povos tão criativos. Para eles, o objeto precisa ser mais
perfeito na sua execução do que sua utilidade exigiria. Nessa perfeição
para além da finalidade é que se encontra a noção indígena de beleza.
Outro
aspecto importante a ressaltar, a arte indígena é mais representativa
das tradições da comunidade em que está inserida do que da personalidade
do indivíduo que a faz.
É
por isso que os estilos da pintura corporal, do trançado e da cerâmica
variam significativamente de uma tribo para outra. É preciso não
esquecer que tanto um grupo quanto outro conta com uma ampla variedade
de elementos naturais para realizar seus objetos: madeiras, caroços,
fibras, palmas, palhas, cipós, sementes, cocos, resinas, ouros, ossos,
dentes, conchas, garras e belíssimas plumas das mais diversas aves.
Evidentemente, com um material tão variado, as possibilidades de criação
são muito amplas.
André Marins
Introdução:
Com isso a S.R.E.S. Lins
Imperial, volta as suas características mais forte, que é de apresentar
enredos culturais com grande influencia na natureza, e lança mais um
alerta de preservação a vida e a cultura desses povos, trazendo para o
carnaval de 2012 o tema:
“Somos
parte da terra... Assim como ela faz parte de nós”, que demonstra o
grande respeito dos povos nativos para com a natureza, e a grande
harmonia entre ser vivo e a terra , evidenciados no enredo pelas
histórias da criação, na concepção indígena, o respeito e o tratamento,
dado a cada elemento natural, a arte extraída da terra, seus fascinantes
mitos, lendas e rituais.
Ronaldo Abrahão (Dir.
Carnaval)
Sinopse:
No início o Criador, com seu coração de sol, soprou seu cachimbo sagrado e de sua fumaça, fez a Mãe Terra... Chamando sete anciães disse: "Quero que criem a humanidade...". E com isso os anciões navegaram em uma canoa que era uma cobra de fogo pelo céu... E a cobra-canoa levou-os até a terra... Logo criaram o primeiro ser humano e disseram: "Você é o guardião da roça...". Estava criado o homem... O primeiro homem desceu do céu em um arco-íris em que os anciões transformaram. Seu nome era "NHANDERRUBUÇU" o nosso Pai Antepassado. E logo depois criaram as Águas do Rio Grande, "NHADERYKEÍ-CY", a nossa Mãe Antepassada...
Depois disso então a humanidade foi criada, e "NHANDERRUBUÇU" se transformou no sol e "NHADERYKEÍ-CY" na lua... Os índios foram os primeiros habitantes do território brasileiro, formado por povos com seus hábitos, costumes e línguas diferenciados. Sua rica cultura em detalhes nos fascina com tanta criatividade.
A música e a dança são freqüentemente associadas na sua cultura variando de tribos. Na comunidade indígena a importância que essas artes exercem tem a sua representação em ritos e mitos. Uma das grandes manifestações é o "KUARUP". Em uma cerimônia de mais profundo sentimento humano realizam os "KUÍKURO", sempre em noites de lua cheia, em um cenário fantástico a tribo convida outra para poderem juntos evocar as almas dos mortos mais ilustres. Entre várias tribos é possível observar algumas representações nas partes dos ritos que poderiam facilmente evoluir no sentido do teatro. Muitas são representadas apenas pelos gestos e outras como uma grande "Ópera" com cânticos e expressões que substituem os diálogos. Suas expressões ficam marcadas em suas pinturas corporais. Nem sempre em beleza estética, mas pelos valores que são considerados e transmitindo através dessa arte. Entre muitas tribos a pintura corporal é utilizada como uma forma de distinguir a divisão interna dentro de uma determinada sociedade, como indicar os grupos segundo suas preferências.
Suas vestimentas adornadas em plumas são geralmente utilizadas em ocasiões especiais como os ritos. O uso da arte plumária se dá de dois modos, uma para colagem de penas no corpo e outra para confecção e decoração de artefatos como máscaras, colares e muitos adornos. A madeira, a pedra, o trançado, a cerâmica, seus desenhos e pinturas, são formas de expressão, onde indicam seus costumes, crenças e hábitos do dia-a-dia, revelando uma grande habilidade artística. E dentro dessa cultura tão fascinante, as histórias de grandes lendas que são passadas por várias gerações. Diz uma lenda indígena que, mesmo sendo adorada pela sua tribo, que vivia no meio da Floresta Amazônica, a mais bela índia da tribo dos SATERÉ-MAÉS, CEREÇAPORANGA, um dia se apaixonou por um índio de uma tribo inimiga: Os MUNDURUCUS, que guerreavam ferozmente com o povo SATERÉ-MAWÉ. Assustada e ao mesmo tempo encantada com a beleza do índio, ela cedeu aos seus encantos e resolveram ficar juntos. Mas, cientes de que seu amor jamais seria aceito pelos líderes de suas tribos e enfrentando os irmãos da linda moça, que se opuseram a união, os amantes fugiram para longe. O casal, sendo perseguido pelas duas tribos rivais, se abraçou aos pés de uma SAPUREMA, pedindo a TUPÃ um auxílio para aquele problema.
O Deus TUPÃ, que tudo via, lançou um raio sobre os dois e, no lugar onde o raio tocou o solo, TUPÃ fez brotar um par de olhos negros, que lembram os lindos olhos cheios de paixão e energia da índia CEREÇAPORANGA: A fruta do guaraná. Todos pensaram que eles tinham morrido, mas TUPÃ havia levado os amantes para permanecerem abraçados no céu. Essas sementes, tomadas em chás e infusões ou trituradas, deram à tribo de CEREÇAPORANGA uma grande vitalidade.
André Marins
Bibliografia:
-
Crônicas de Gabriel
Dread
-
Livro : JECUPÉ, Kaka
Werá. A Terra dos Mil Povos: história indígena do Brasil contada por
um índio. São Paulo: Peirópolis, 1998.
-
Carta do Chefe Seattle
ao Presidente dos Estados Unidos da América em 1854.
-
Livro : Terra dos mil
povos - História indígena do Brasil contada por um índio, A
Fabulosas fábulas de Iauaretê, As
|