FICHA TÉCNICA 2012

 

Carnavalesco     André Marins e Luiz Dipaulanis
Diretor de Carnaval     Ronaldo Abrahão
Diretor de Harmonia     Jorge Marambaia e Comissão
Diretor de Evolução     Jorge Marambaia e Comissão
Diretor de Bateria     Mestre Márcio
Puxador de Samba Enredo     Carlos Junior
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Douglas Salgueiro e Klenia Freitas
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Yuri Pires e Mirian Jalles
Terceiro Casal de M.S. e P. B.     Thuan Matheus e Júlia
Resp. Comissão de Frente     Fausto Lobo
Resp. Ala das Baianas     Tia Márcia
Resp. Ala das Crianças     Tia Lúcia Frigols
Resp. Galeria de Velha Guarda     Tia Rita e Luizinho

 

SINOPSE 2012

Somos parte da Terra... Assim como ela faz parte de nós

Justificativa:

          “Os olhos e as mentes intelectuais da humanidade começaram no século XX a reconhecer os povos nativos como culturas diferentes das civilizações oficiais e vislumbraram contribuições sociais e ambientais deixadas pelos guerreiros que tiveram o sonho como professor. Mas a maior contribuição que os povos da floresta podem deixar ao homem branco é a prática de ser uno com a natureza interna de si. A Tradição do Sol, da Lua e da Grande Mãe ensinam que tudo se desdobra de uma fonte única, formando uma trama sagrada de relações e inter-relações, de modo que tudo se conecta a tudo. O pulsar de uma estrela na noite é o mesmo do coração. Homens, árvores, serras, rios e mares são um corpo, com ações interdependentes. Esse conceito só pode ser compreendido através do coração, ou seja, da natureza interna de cada um. Quando o humano das cidades petrificadas largarem as armas do intelecto, essa contribuição será compreendida. Nesse momento entraremos no Ciclo da Unicidade, e a Terra sem Males se manifestará no reino humano.”

Por Kaka Werá Jacupé índio de origem tapuia, escritor, ambientalista, conferencista

          A S.R.E.S Lins Imperial traz para avenida a força dessa cultura milenar, e conta através da arte, a riqueza cultural desses povos nativos..
          A arte é um dos bens mais preciosos de um povo. Nela se pode avaliar os costumes, os hábitos e as maneiras de como viviam determinadas comunidades.
          E ciente de poder exaltar um dos povos mais antigos, é poder mostrar essa vasta qualidade de expressão artística.
          Quando dizemos que um objeto indígena tem qualidades artísticas, podemos estar lidando com conceitos que são próprios da nossa filosofia, mas estranhos para esses povos tão criativos. Para eles, o objeto precisa ser mais perfeito na sua execução do que sua utilidade exigiria. Nessa perfeição para além da finalidade é que se encontra a noção indígena de beleza.
          Outro aspecto importante a ressaltar, a arte indígena é mais representativa das tradições da comunidade em que está inserida do que da personalidade do indivíduo que a faz.
          É por isso que os estilos da pintura corporal, do trançado e da cerâmica variam significativamente de uma tribo para outra. É preciso não esquecer que tanto um grupo quanto outro conta com uma ampla variedade de elementos naturais para realizar seus objetos: madeiras, caroços, fibras, palmas, palhas, cipós, sementes, cocos, resinas, ouros, ossos, dentes, conchas, garras e belíssimas plumas das mais diversas aves. Evidentemente, com um material tão variado, as possibilidades de criação são muito amplas.

André Marins

Introdução:

          Com isso a S.R.E.S. Lins Imperial, volta as suas características mais forte, que é de apresentar enredos culturais com grande influencia na natureza, e lança mais um alerta de preservação a vida e a cultura desses povos, trazendo para o carnaval de 2012 o tema:
          “Somos parte da terra... Assim como ela faz parte de nós”, que demonstra o grande respeito dos povos nativos para com a natureza, e a grande harmonia entre ser vivo e a terra , evidenciados no enredo pelas histórias da criação, na concepção indígena, o respeito e o tratamento, dado a cada elemento natural, a arte extraída da terra, seus fascinantes mitos, lendas e rituais.

Ronaldo Abrahão (Dir. Carnaval)

Sinopse:

          No início o Criador, com seu coração de sol, soprou seu cachimbo sagrado e de sua fumaça, fez a Mãe Terra... Chamando sete anciães disse: "Quero que criem a humanidade...". E com isso os anciões navegaram em uma canoa que era uma cobra de fogo pelo céu... E a cobra-canoa levou-os até a terra... Logo criaram o primeiro ser humano e disseram: "Você é o guardião da roça...". Estava criado o homem... O primeiro homem desceu do céu em um arco-íris em que os anciões transformaram. Seu nome era "NHANDERRUBUÇU" o nosso Pai Antepassado. E logo depois criaram as Águas do Rio Grande, "NHADERYKEÍ-CY", a nossa Mãe Antepassada...
          Depois disso então a humanidade foi criada, e "NHANDERRUBUÇU" se transformou no sol e "NHADERYKEÍ-CY" na lua...  Os índios foram os primeiros habitantes do território brasileiro, formado por povos com seus hábitos, costumes e línguas diferenciados. Sua rica cultura em detalhes nos fascina com tanta criatividade.
          A música e a dança são freqüentemente associadas na sua cultura variando de tribos. Na comunidade indígena a importância que essas artes exercem tem a sua representação em ritos e mitos. Uma das grandes manifestações é o "KUARUP". Em uma cerimônia de mais profundo sentimento humano realizam os "KUÍKURO", sempre em noites de lua cheia, em um cenário fantástico a tribo convida outra para poderem juntos evocar as almas dos mortos mais ilustres. Entre várias tribos é possível observar algumas representações nas partes dos ritos que poderiam facilmente evoluir no sentido do teatro. Muitas são representadas apenas pelos gestos e outras como uma grande "Ópera" com cânticos e expressões que substituem os diálogos. Suas expressões ficam marcadas em suas pinturas corporais. Nem sempre em beleza estética, mas pelos valores que são considerados e transmitindo através dessa arte. Entre muitas tribos a pintura corporal é utilizada como uma forma de distinguir a divisão interna dentro de uma determinada sociedade, como indicar os grupos segundo suas preferências.
          Suas vestimentas adornadas em plumas são geralmente utilizadas em ocasiões especiais como os ritos. O uso da arte plumária se dá de dois modos, uma para colagem de penas no corpo e outra para confecção e decoração de artefatos como máscaras, colares e muitos adornos. A madeira, a pedra, o trançado, a cerâmica, seus desenhos e pinturas, são formas de expressão, onde indicam seus costumes, crenças e hábitos do dia-a-dia, revelando uma grande habilidade artística. E dentro dessa cultura tão fascinante, as histórias de grandes lendas que são passadas por várias gerações. Diz uma lenda indígena que, mesmo sendo adorada pela sua tribo, que vivia no meio da Floresta Amazônica, a mais bela índia da tribo dos SATERÉ-MAÉS, CEREÇAPORANGA, um dia se apaixonou por um índio de uma tribo inimiga: Os MUNDURUCUS, que guerreavam ferozmente com o povo SATERÉ-MAWÉ. Assustada e ao mesmo tempo encantada com a beleza do índio, ela cedeu aos seus encantos e resolveram ficar juntos. Mas, cientes de que seu amor jamais seria aceito pelos líderes de suas tribos e enfrentando os irmãos da linda moça, que se opuseram a união, os amantes fugiram para longe. O casal, sendo perseguido pelas duas tribos rivais, se abraçou aos pés de uma SAPUREMA, pedindo a TUPÃ um auxílio para aquele problema.
          O Deus TUPÃ, que tudo via, lançou um raio sobre os dois e, no lugar onde o raio tocou o solo, TUPÃ fez brotar um par de olhos negros, que lembram os lindos olhos cheios de paixão e energia da índia CEREÇAPORANGA: A fruta do guaraná. Todos pensaram que eles tinham morrido, mas TUPÃ havia levado os amantes para permanecerem abraçados no céu. Essas sementes, tomadas em chás e infusões ou trituradas, deram à tribo de CEREÇAPORANGA uma grande vitalidade.

André Marins

Bibliografia:

  • Crônicas de Gabriel Dread

  • Livro : JECUPÉ, Kaka Werá. A Terra dos Mil Povos: história indígena do Brasil contada por um índio. São Paulo: Peirópolis, 1998.

  • Carta do Chefe Seattle ao Presidente dos Estados Unidos da América em 1854.

  • Livro : Terra dos mil povos - História indígena do Brasil contada por um índio, A Fabulosas fábulas de Iauaretê, As

 

SAMBA ENREDO                                                2012
Enredo     Somos parte da Terra... Assim como ela faz parte de nós
Compositores     Carlos Junior, Clayde Datena, Tuil Pontes e Lima da Lins
O nosso criador
Com um sopro sagrado
Fez surgir a Mãe Terra
E ordenou os anciães
Pra criar a humanidade
Navegaram pelo céu
Na Cobra-Canoa...
Criaram o homem
Em um arco-íris, num show multicores
Refletiram em sua luz a nova era

O índio dançava, saudando a lua
Em seu ritual, adornos e plumas
Evocando os deuses por toda a parte
É o sentimento expressado com arte

A lenda diz
Que o inesperado assim aconteceu
Entre as tribos inimigas
Sataré-Mawés, Mundurucus
A mais bela índia se apaixonou
Se entregou ao doce encanto de um índio
Amor proibido, então perseguido
Resolveu pedir auxílio ao deus Tupã
Um raio fez brotar...
O guaraná... Com energia
O fruto faz lembrar, os olhos da paixão
Falou mais alto a voz do coração

(É agora)

É agora que vai começar a festa
Ao brilho do sol e da lua amor
Acende o cachimbo ó Pai Celestial
Ilumina a minha Lins Imperial