FICHA TÉCNICA 2009

 

Carnavalesco     Flávio Mello, Ronaldo Abrahão, Rogério Rodrigues e Mariana Cardeal
Diretor de Carnaval     Flávio Mello
Diretor de Harmonia     Maquias Valadares
Diretor de Evolução     Maquias Valadares
Diretor de Bateria     Mestre Adílio e Mestre Lolo
Puxador de Samba Enredo     Marcelo de Souza Mello (Marcelinho)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Cristiano e Manoela Cardoso
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Alex e Shaiane
Casal de M.S. e P. B. Mirim 1     Juan e Michele
Casal de M.S. e P. B. Mirim 2     Washington e Juliana
Resp. Comissão de Frente     Adilson Lourenço
Resp. Ala das Baianas     Tia Márcia
Resp. Ala das Crianças     Lúcia Frigols
Resp. Galeria de Velha Guarda     Sr. Otacílio Acácio

 

SINOPSE 2009

Lapa: estrela da vida inteira

Justificativa:

          Contam que faz pouco mais de uma década que a Lapa ressurgiu. Se, antes disso, suas ruas e ladeiras estavam escuras e quase desertas; decadentes nas fachadas, maltrapilhas e desfiguradas, borradas, hoje, pulsam vivas, vibrantes, intensas e brilhantes. É cosmopolita. Carioquíssima.
          A Sociedade Recreativa Escola de Samba Lins Imperial vem celebrar esse ressurgir das cinzas de horas que pareciam sem fim deste bairro que resume a alma desta cidade e de sua gente, e vem exaltar sua história, suas personagens e sua cultura.
          Pretende contar, neste enredo, a metáfora de uma estrela que desponta na manhã, atravessa o dia e reluz intensa ao cair da noite e no esplendor da madrugada, todos os dias, como que através dos tempos: sua arquitetura, cenário de uma paixão avassaladora, pintada com seus personagens por Debret; barulhento mercado exótico; berço dos desocupados, viajantes, solitários, sobreviventes; palco e alcova dos artistas, intelectuais, poetas, sambistas e de gente comum. Passarela de blocos e cordões onde se misturam os dramas comuns e ridículos das paixões com suas invejas, ciúmes e traições.
          Para isso, a Águia Imperial também quer vê-la sob o olhar de um de seus mais ilustres moradores: o poeta Manuel Bandeira (1886-1968), que residiu anos na rua Moraes e Vale, o Beco do Rato, e que, assim como os primeiros artistas pintaram a Lapa em óleo e aquarela, desenhou-lhe com palavras. A Lins inspira-se na sua obra para emoldurar os quadros, na verdade, cenas dinâmicas. Sim, a Lins também quer fazer poesia. Um poema-visual.
          E “põe pra jogo” sua linguagem, sua diversidade musical, sua juventude, que também é empreendedora na diversão, na cultura, nas ações sociais e nos negócios, com seus bares, teatros e restaurantes, alma viva desta Lapa sempre contemporânea. Malandríssima, esta Lapa! Eternamente. A vida inteira.

Sinopse:

          A Lapa é a estrela do carnaval da S.R.E.S. Lins Imperial.  E toda estrela nasce, cresce, amadurece.  Conta a Ciência que morre também, mas, seu brilho permanece anos-luz.  Porém, na sua poesia, a Lapa é estrela diferente, ainda que tenham espalhado por aí que ela já não era mais a mesma: só existia nostálgica na lembrança dos antigos.  Todavia, ainda cintila na paisagem desta Muy Leal Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro com brilho próprio porque surgiu para encantar pintores, cronistas, poetas, cantores e seresteiros.
          Nasceu e cresceu em torno da Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro (24 de outubro de 1750).  Desterro é lugar onde vivem os desterrados, os banidos. Lapa, nos informa o dicionário, é “grande pedra ou laje que forma um abrigo.”[1] Portanto, desde sempre é a “pátria” dos forasteiros, dos “exilados”.
          Em sua aurora, já brindava a província com as águas cariocas, encantava artistas e foi moldura de uma lenda amorosa.  Adornaram-lhe as feições: foi lagoa, ganhou Arcos, esculpiram-lhe fontes e geometrizaram-na em suas formas.  A luz da manhã intensificou-lhe a vocação para o burburinho das gentes e suas multicoloridas origens, desejos e necessidades.  Sua oferta sempre foi generosa e diversificada.
          Suas pontas vão da Glória, pela rua Conde Lage (e mais as ruas Taylor e Joaquim Silva, consagradas ao miché), percorre e atravessa os Arcos (que desemboca no Largo da Carioca, antigo Tabuleiro da Baiana), segue a Riachuelo (a imortal rua de Mata-cavalos de Machado de Assis), paralela à rua Mem de Sá, chegando até a Praça Tiradentes.  Por este quase corredor, a cidade foi crescendo, penetrando o sertão.
          A Lapa é mulher que se entrega (sem pudor) ao olhar devasso dos amantes. Bordada e em enfeites, abriu-se aos aventureiros de outras terras.  Lapa de Debret.
          Enfeitiçou, com seu jeito faceiro e dengoso, quem se permitiu ousar. Estrela vésper. Lapa das baianas.
          Entregou-se Mulher aos andarilhos como a lua ao poeta e fez da noite o seu retrato definitivo. Lupanares.
          Se o Estado era novo e a ordem era trabalhar – como? -, sobreviver, sim, sempre foi o mister.  Malandro é um Ás que encaçapa a vida na sorte.
          E o poeta de sua janela, cronista de tudo, admirando-a, mistura-se à turba sonora, aos loucos, aos bêbados, às prostitutas bonitas e nem tão bonitas, aos clowns e enjeitados, comungando da mesma solidão que passa imperceptível e secreta sob sua inevitável alegria noturna, juvenil, contemporânea.  Como escreveu o poetinha Vinícius de Moraes, “A Lapa de Bandeira ”[2] era um Beco e, como uma escarpa, em cujo cimo brilhava o farol da poesia, era um aceno de um porto seguro às almas sem norte, sem leme, sem rumo.  Rosa dos Ventos.
          Este Beco é a rua Moraes e Vale, uma das primeiras ruas do Rio, criada em 1773, quando se fez famosa por sua Folia de Reis e sua festa anual do Divino.  É o que restou de seu outrora deslumbrante casario: viu passar o féretro da Rainha Maria I e serviu de cenário a autores como Joaquim Manoel de Macedo e Machado de Assis.
          Foi rota e “parada” de Mestre Valentim, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazaré, Sinhô, Villa-Lobos, Portinari, João do Rio, João Gilberto, Vinícius de Moraes, Noel Rosa, Aracy de Almeida.  Centro da boêmia carioca, coração da Lapa de Di Cavalcanti e Jayme Ovalle, desde 1916. Rua de Eneida, Madame Satã e Manuel Bandeira que a imortalizou com os Poemas do Beco.  Reduto do samba e berço do carnaval (nela nasceu o entrudo) e do modernismo brasileiro (iniciado por Di Cavalcanti, com desenhos da mesma rua). Área 1 do Corredor Cultural, hoje reduzida a um único e importante quarteirão.
          O Beco: dos exilados morais e amorosos; dos expatriados nacionais, das polacas e francesas – a Montmartre carioca.
          Mas, onde está a malandragem?  O que foi feito da “Montmartre” tropical?
          “Foram os dois últimos anos da Lapa que marcaram época. Vieram logo depois o fechamento dos prostíbulos e a decretação da ilegalidade do jogo. Os malandros iriam ficar por ali, esperando o quê? Dispersaram-se, empobreceram, arribaram nos subúrbios, em casas de parentes humildes que os esperavam, cheios de fé, com uma cama por forrar e um prato a mais a pôr na mesa”, lembra queixoso e entristecido um de seus ex-moradores mais ilustres.[3]
          Já não havia mais o Beco, o Grande Hotel, os bordéis, nem Madame Satã.  Não há mais aquele Poeta.  “Homenagem ao malandro”[4], apenas um “Passado de Glória”[5].
          Porém, dos subúrbios voltam os “filhos” dos bambas e malandros e começam as primeiras rodas de samba sob os Arcos e no Beco do Rato.  Da Zona Sul, aporta um “Circo sem lona”. Na companhia do Cabaré Casanova, da Sala Cecília Meirelles, da Escola de Música da UFRJ, da Escola de Balé Maria Olenewa, da Gafieira, do Museu da Imagem e do Som, a cidade então chamada “Partida” reata-se.  A Fundição é progresso, é futuro.  São esses jovens sonhadores e empreendedores que pintam as novas “Cores da Lapa”.  É caleidoscópio, é universal, é jovem, contemporânea.  Ainda eternamente OFF, livre, deliciosamente transgressora e “marginal”.
          Novos tempos, novas palavras.  Mas, sempre Malandra, boêmia, “abrigo” das mesmas gentes nada comuns.

Enredo de Rogério Rodrigues, Eduardo Gonçalves e Flávio Melo
Pesquisa e textos: Rogério Rodrigues
Roteiro de Desfile: Comissão de Carnaval

Desenvolvimento:

Notas:

[1] FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.  Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário da língua portuguesa. 4ª. edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

[2] Existia, e ainda existe Um certo beco na Lapa Onde assistia, não assiste Um poeta no fundo triste No alto de um apartamento Como no alto de uma escarpa.   Em dias de minha vida Em que me levava o vento Como uma nave ferida No cimo da escarpa erguida Eu via uma luz discreta Acender serenamente.   Era a ilha da amizade Era o espírito do poeta A buscar pela cidade Minha louca mocidade. Como uma nave ferida Perambulando patética.   E eu ia e ascensionava A grande espiral erguida Onde o poeta me aguardava E onde tudo me guardava Contra a angústia do vazio Que embaixo me consumia.   Um simples apartamento Num pobre beco sombrio Na Lapa, junto ao convento... Porém, no meu pensamento Era o farol da poesia Brilhando serenamente. (Rio de Janeiro, 1952. Para viver um grande amor)

[3] Antônio Maria. In: LUSTOSA, Isabel.  Lapa do desterro e do desvario – uma antologia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2001.

[4] Eu fui fazer um samba em homenagem à nata da malandragem
Que conheço de outros carnavais
Eu fui à Lapa e perdi a viagem
Que aquela tal malandragem
Não existe mais
Agora já não é normal
O que dá de malandro regular, profissional
Malandro com aparato de malandro oficial
Malandro candidato a malandro federal
Malandro com retrato na coluna social
Malandro com contrato, com gravata e capital
Que nunca se dá mal
Mas o malandro pra valer
Não espalha
Aposentou a navalha
Tem mulher e filho e tralha e tal
Dizem as más línguas que ele até trabalha
Mora lá longe e chacoalha
Num trem da Central

(Chico Buarque de Holanda)

[5] “Passado de glória”, samba de Monarco.  Selo Eldorado, 1980. “Um dia tu foste à Lapa ver a malandragem Perdeste o tempo e a viagem Como teu samba diz. Eu fui à Portela ver os meus sambistas Mas, consultando a minha lista, Também não fui feliz...   Lá, falaram-me sobre um terreiro Onde eles passam o dia inteiro Num lugar qualquer de Oswaldo Cruz Fica lá perto de Bento Ribeiro Aonde Paulo e seus companheiros Faziam sambas que até hoje ‘seduz'”

Roteiro do desfile:

Nome da Fantasia

Nome da ala

Descrição

Responsável pela ala

    Comissão de Frente    

1ª Alegoria: A Lapa do tempos dos monarcas: os primórdios do sagrado e do profano

Representação Artística:
          As igrejas do Rio de Janeiro no tempo dos Vice-Reis eram muito simples na fachada, porém, possuíam interiores ricos e adornados com diversas peças em ouro e prata.

Representação Específica:
          A alegoria traz elementos sacros que remetem ao interior da Igreja de Nossa Senhora da Lapa do Desterro, como castiçais, a pia batismal, os resplendores e a pomba do Divino Espírito Santo, complementados por composições que representam as festas do Imperador do Divino, Folias de Reis. Quatro figuras de carregadores ao fundo do carro, aqueduto, a pomba do Divino Espírito Santo, quatros castiçais, fonte e frontispício em alusão ao Passeio Público. Dois anjos laterais superiores e dois anjos na parte no meio do carro compõem a alegoria.

Principais destaques: Ricardo Ferrador

1° Setor: Estrela da manhã

          A Lapa remonta aos tempos dos Vice-Reis e tem na sua origem a construção de três monumentos que a caracterizam até hoje: a Igreja de Nossa Senhora da Lapa, o Aqueduto da Carioca e o Passeio Público.
          “Lapa” significa gruta e esta palavra está associada a uma santa cuja história remonta à Idade Média, época em que os mouros invadiram Portugal.
          Contam que, quando um convento beneditino foi atacado, algumas religiosas conseguiram escapar e esconderam uma imagem de Maria em uma pequena gruta. Cinco séculos mais tarde, uma menina muda encontrou a escultura esquecida e a levou para casa, pensando ser uma boneca. A menina recuperou a fala milagrosamente e a gruta virou um local de culto. Esta milenar invocação rendeu à cidade do Rio de Janeiro a construção da igreja mais antiga do bairro nomeado a partir da Santa.
          Fundada originalmente com o nome de Igreja de Nossa Senhora da Lapa, a igreja teve sua construção iniciada em 1751, um ano após o Capitão Antônio Rabelo Pereira ter doado o terreno para um seminário de padres. A igreja funcionava normalmente, até que, em 1810, Dom João VI decidiu ocupar a Praça XV, onde moravam os padres carmelitas da cidade. Em troca, D. João cedeu a Igreja Na. Sra. da Lapa como nova moradia para os padres. No mesmo ano, os carmelitas rebatizaram a igreja, que passou a se chamar Igreja de Na. Sra. do Carmo da Lapa do Desterro, agora com a imagem das duas santas.
          Em 1824, após um grande incêndio, a igreja inicia uma longa reforma, ganhando (entre outras coisas) azulejos raros para suas duas torres.
          Em 1827, ergueu-se o arco cruzeiro na construção, e, em julho de 1849, quando a reforma foi, finalizada, a Igreja ganhou status de templo abençoado. Entre o que restou depois do incêndio, foram resgatadas peças de valor histórico, como telas atribuídas a João de Souza, imagens de apóstolos chapeadas em prata, atribuídas a Mestre Valentim – também responsável pela construção do altar-mór de Nª Sra do Carmo –, um órgão francês do séc. XIX, e também os restos mortais de Frei Pedro de Souza de Santa Mariana, preceptor do infante D. Pedro II – um freqüentador assíduo das festas do Império do Divino do Espírito Santo.
          Em 1673, foi iniciada a construção do Aqueduto da Carioca com o objetivo de levar as águas do rio Carioca à cidade, as primeiras a serem canalizadas. A idéia de aproveitá-las surgiu durante o governo de Martim Correia de Sá (1602-1608), quando se pretendeu levar suas águas até o local de Nossa Senhora da Ajuda, atual Cinelândia. As águas seguiam por toscos canais que desembocavam próximos ao Convento de Santo Antônio. Esse sistema só foi aperfeiçoado no século seguinte. O aqueduto foi construído em estilo romano, de dupla fileira, com 42 arcadas. Em 1896, vira viaduto e passa a ser usado pelos bondes elétricos que fazem a ligação da Lapa à Santa Teresa.
          Mas a Lapa, também, surgiu quando havia a lagoa do Boqueirão... Nesta época, já se contava a história do 4º. Vice-Rei do Brasil, D. Luiz de Vasconcelos, que teria uma namorada, Susana, que morava às margens dessa lagoa. Conta a lenda que, como prova de seu amor, o Vice-Rei mandou construir no local um belo jardim, o Passeio Público, com a fonte dos amores – primeira praça da cidade. Para aterrar a lagoa, foi feito o desmonte do Morro das Mangueiras, que fazia parte do maciço de Santa Teresa. Para executar o jardim foi contratado Valentim da Fonseca e Silva, o famoso Mestre Valentim. Embora tenha nascido nas Minas Gerais, foi um dos principais arquitetos do Rio de Janeiro, tendo deixado sua marca em importantes obras no Período Colonial.
          Mestre Valentim construiu um jardim geométrico, em estilo francês – como o jardim das Tulherias e do Palácio de Versalhes. Dele são também o Chafariz dos Jacarés, em estilo Barroco (a estátua de uma criança foi roubada e substituída, anos mais tarde, por uma reprodução); as duas pirâmides ainda existentes; e os dois mirantes, de onde as pessoas podiam apreciar a paisagem da Baía de Guanabara, porque o mar chegava até o Passeio.

1 Negras e negros aguadeiros   Os negros e suas cuias e seus potes e as escravas formosas, com seus torsos coloridos, seus jarros de barro, carregavam da fonte do aqueduto água fresca para as casas dos senhores. Julio
2 Folias na Lapa no tempo dos vice-reis Águia Imperial São famosas as festas do Divino Espírito Santo na cidade. E, não poderia ser diferente no entorno da Igreja de Nossa Senhora da Lapa do Desterro. Marcelo Rocha
3 Lampadeiros   Quando cai a noite, o forte cheiro de óleo usado para a iluminar as ruas invade a cidade. Ronaldo Abrahão
4 Fonte dos amores   Representa a fonte esculpida por Mestre Valentim, por encomenda do Vice-Rei para sua amada. S.R.E.S. Lins Imperial

2° Setor: Estrela da tarde

          Com a chegada da Família Real, em 1808, e a conseqüente transformação no cotidiano da acanhada província que era o Rio, este recanto, que já tinha vocação para acolher pessoas de diversas origens, começou a ser palco e personagem de artistas que nela buscaram abrigo e inspiração: Jean-Baptiste Debret, que chegou com a Missão Artística Francesa, retratou, sob a luz intensa do sol tropical, usos, costumes e gentes no percurso que fazia entre o Paço Imperial e seu ateliê, no Catumbi. A Lapa já era musa inspiradora. Eram negros escravos, negros forros, damas da corte, funcionários do governo...

5 Figuras de Debret: pregoeiros, damas e pajens Ala Imperial O cotidiano da provinciana cidade nas gravuras e quadros do famoso pintor francês. Graça
6 As vendedoras de flores e ervas Baianas Vendedoras de flores e ervas. Tia Márcia

Tripé: Tabuleiro da baiana

          Quase sempre abandonadas pelos companheiros e com muitos filhos para serem criados, as baianas ofereceriam nas ruas, praças e largos seus quitutes de todos os tipos. A grande escultura da baiana traz o famoso tabuleiro, que, no enredo, também representa o nome como ficou famoso o Largo da Carioca, na extremidade do antigo Aqueduto da Carioca e agora Arcos da Lapa, ponto final dos bondes que descem de Santa Teresa.

Representação Artística:
          Embora os negros já fossem representativos em número, no Rio de Janeiro, sobretudo os provenientes da região de Angola, foi a partir da chegada dos negros baianos, de cultura iorubá, em meados do século XIX, que começou a forte presença dos negros capoeiras e a tradição das baianas quituteiras, que faziam de sua habilidade culinária nos doces e salgados meio de subsistência.

Representação Específica:
          A escultura representa uma dessas personagens tão comuns na vida carioca de então. Notadamente, Ialorixás (matriarcas de terreiros de candomblé) e Iaôs (filhas de santo), tornaram-se parte da paisagem carioca, com suas roupas, turbantes e colares coloridos e seu tabuleiros de guloseimas, tão comuns nas aquarelas e gravuras do pintor francês Jean-Baptiste Debret, que passava pela Lapa, no trajeto do Paço Imperial até seu ateliê, no Catumbi.

7 Malandro capoeira   Os primeiros tipos da malandragem: negros forros, sem ocupação definida e que faziam da ginga e das pernadas meio de defesa e ataque. Mas, também, um passatempo lúdico. Vitória e Solange

3° Setor: Libertinagem

          Os malandros que viveram nas primeiras décadas do século XX e “protegeram” a Lapa, pode-se dizer, são a ligação no século XIX, dos grupos que eram denominados desocupados com as “academias” de capoeiras que irão começar a se alastrar no Rio.
          Essa malandragem foi surgindo nos morros e no Centro, mais precisamente, na Lapa, durante a década de 20. E, ao mesmo tempo, ia surgindo também a primeira geração de sambistas do morro, também malandros.
          Na década de 30, o termo malandro era visto como nome de rei. Já nos anos 40, o malandro usa um disfarce: o terno de linho limpo e bem cortado, imagem que permanece até hoje no imaginário que cerca a Lapa da época. Ficaram famosos nomes como Meia-noite, Beto Batuqueiro, Edgar, Sete Coroas, Miguelzinho e muitos outros.
          Além dos malandros tradicionais, muitos travestis que chegavam da Europa também ficaram famosos na época. O travesti mais comentado nas crônicas lapianas foi Leonor Cammarão. Dizem que morreu enquanto tomava um banho de champanhe e era a boneca por quem mais de um homem se matou.
          Mas, nenhum outro malandro ficou mais famoso do que Madame Satã (João Francisco dos Santos, 1900-1976) e, talvez, jamais existiu alguém mais maldito do que ele, considerado o perfeito malandro carioca. Ele imperou na Lapa entre 1920 e 1950. Também ficou conhecido como “Caranguejo da Praia das Virtudes”, onde nadava diariamente, e, mais tarde, como “Mulata do balacochê”. Foi pivete de rua, garçon e transformista nos cabarés da área. Era forte e ficou conhecido pela habilidade na capoeira e pelas inúmeras brigas com policiais e com qualquer outro que atravessasse seu caminho.
          “Malandro, naquele tempo, não queria dizer exatamente o que quer dizer hoje. Malandro era quem acompanhava as serenatas e freqüentava os botequins e cabarés e não corria de briga, mesmo quando era contra a polícia! Cada malandro usava a sua navalha, cuja melhor era a sueca (sic)... que tinha o apelido de pastorinha.”, dizia.
          Com a proibição do jogo no Governo Gaspar Dutra e o Estado Novo de Getúlio Vargas, a vida do malandro fica pior, pois, com a ideologia do culto ao trabalho e à produção, é iniciada uma severa repressão aos “ociosos”, ou seja, aos malandros da boêmia carioca. Fecham-se os cassinos, bordéis, demolem-se hotéis...

8 Malandro rei   Muitos foram malandros, porém, em determinados lugares e épocas, só havia espaço para um. E este era o rei do pedaço S.R.E.S. Lins Imperial
9 Jogos de malandro   Carteado e jogos de azar são lazer e “ocupação” dos malandros da Lapa. S.R.E.S. Lins Imperial
10 Madame Satã   Representa a exuberância feminina e a valentia do malandro mais famoso da Lapa. S.R.E.S. Lins Imperial
11 Perseguição à malandragem   De bar em bar As forças de repressão do Estado perseguiam os desocupados, os travestis, todos aqueles à margem da ordem moral e social vigente. Graça
2ª Alegoria: Cabarés e lupanares

Representação Artística:
          A Lapa caracteriza-se, definitivamente, como a região da permissividade e da luxúria. Tornam-se famosos os bares, hotéis e cabarés. Famosas também são francesas e polacas que chegam ao local. Mas, também, os programas atendem aos fregueses que procuram “bonecas” e rapazes.

Representação Específica:
          A escultura central da alegoria tem uma grande roleta representando o carteado praticado nos estabelecimentos da região, mesmo depois da proibição do jogo no Brasil. Ao fundo, duas grandes esculturas representam a repressão policial sobre os malandros, travestis e “desocupados” do local. O grande chapéu panamá com asas representa o famoso Madame Satã. Nas sacadas do carro, polacas e francesas. Na escadaria, mulheres com sombrinhas. Composições representando rapazes que fazem “michês”. Quatro semidestaques: dois frontais e dois laterais representando as donas de cabarés.

Principais destaques: Nedilson, como Madame Satã

12 Bloco Caçadores de Veado   Bloco carnavalesco fundado por Madame Satã e seus amigos para ridicularizar os policiais. Cláudio

4° Setor: Carnaval

          A Lapa Boêmia atingiu seu período de ouro nas décadas de 30 e 40. Em suas ruas e becos e em seus famosos hotéis, cafés, restaurantes, bares, boates e leiterias, passaram músicos, sambistas, artistas, diplomatas, políticos e intelectuais. Marcaram época o bar Siri, o Café Colosso, o Capela, o Café Bahia, o Café Imperial, os cabarés Apolo, Royal Pigalle, Vienna-Budapeste, Novo México, Casanova, o incrível “Cu da mãe!” e o Cassino High Life, onde parisienses, polacas e brasileiras se apresentavam quase nuas.
          Por tudo isso, foi um dos principais pontos de referência da vida noturna da cidade e passou a ser chamada “Montmartre Carioca”, em comparação ao famoso bairro boêmio de Paris.
          O grande poeta Manuel Bandeira (1896-1968) morou entre 1933 e 1953 no local que era considerado o epicentro da Montmartre Carioca – rua Moraes e Vale, o famoso Beco.
          A Rua Moraes e Vale foi uma das primeiras do Rio (1773), quando se fez famosa por sua Folia de Reis e sua festa anual do Império do Divino. Seu deslumbrante casario viu passar o féretro da Rainha Maria I e serviu de cenário a autores como Joaquim Manoel de Macedo e Machado de Assis, entre outros e freqüentada Mestre Valentim, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazaré, Sinhô, Villa-Lobos, Portinari, João do Rio, João Gilberto, Vinícius de Moraes, Noel Rosa, Aracy de Almeida.
          Mas, foi especialmente Bandeira, do alto de sua janela que dava para este famoso beco, quem mais bem observou e viveu toda a agitação desta pequena rua que não dormia, centro que foi da boêmia carioca, coração da Lapa de Di Cavalcanti e Jayme Ovalle, rua de Eneida, de Madame Satã. Mas, para sempre, o Beco de Manuel Bandeira. O verdadeiro berço do carnaval, pois, nela teria nascido o entrudo, mas, já foliona, desde os tempos das festas nascidas religiosas e transformadas pelo povo em alegria pagã. E inspirou, também, o Modernismo Brasileiro, antes da Semana de 1922: Di Cavalcanti, com seus traços nada figurativos, a desenhou em sua torta inspiração.
          "Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte? - O que eu vejo é o beco”, escreveu Manuel Bandeira.

13 Clowns   A alma do palhaço, que faz rir sendo ridículo. Gera
14 Melindrosas e almofadinhas   Fantasias das mais famosas no carnaval, representam o que existe de mais jovem e coquete nos tipos da Lapa de todos os tempos. Erô e Oliveira

1º Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: O baile de máscaras

15 Seresteiros Bateria Prostituta ou não, muitos poetas e amantes ficaram sob as janelas da Lapa para cantarem seus amores e desejos às eleitas. Mestre Adílio
16 Ases do gingado Passistas Nas gafieiras mais famosas do bairro, todos os pés-de-valsa exibiam suas habilidades na dança. A ginga e o requebrado e os passos maneirosos riscavam o chão. Ciro do Agogô
17 Carnaval: pierrôs, colombinas e arlequins   Os personagens da Commedia Dell”Arte italiana representam, à moda carioca, o triângulo amoroso, as brigas, as disputas de dois amantes pelo amor de uma mulher. É carnaval. Jorge Torresmo, Paulo Marrocos e Glória
18 Evoé, Momo!   Tudo o que representa desmedida, excesso, embriaguês e alegria está simbolizado nesta fantasia. O sonho de que a terça-feira seja gorda existe. S.R.E.S. Lins Imperial
3ª Alegoria: Boêmia e “Sonhos de uma terça-feira gorda” na Montmartre Carioca

Representação Artística:
          Manuel Bandeira, um dos mais ilustres moradores do bairro, escreveu o livro Carnaval, em que as figuras carnavalescas do Pierrô, da Colombina e do Arlequim representam os dramas e a solidão dos apaixonados. A Lapa acolhe todos aqueles que procuram amor e é cenário das paixões arrebatadoras. Destaques laterais representam os Bailes de Carnaval e dentro do bonde os mascarados.

Representação Específica:
          A Montmartre Carioca, como ficou conhecida a Lapa por abrigar artistas e intelectuais também, é palco das batalhas de carnaval e dos seresteiros.

Principais destaques: Grupo Raízes do Lins, Marquinhos de Oswaldo Cruz, Ivan Milanez

5° Setor: Ritmo dissoluto

          A história da Lapa é marcada pela constante transformação do seu espaço físico. A despeito de ora reerguer-se ora cair no esquecimento, parece manter viva a energia e a capacidade de sempre renovar-se.
          Mesmo com a demolição, no século XX, de parte considerável de seu casario e o alargamento de algumas ruas, foram mantidas as principais características de espaço da cultura, como a Sala Cecília Meirelles, a Escola de Música da UFRJ e a Escola de Danças Maria Olenewa. A estes prédios/instituições somam-se bares e restaurantes tradicionais como o Bar Brasil e o Nova Capela.
          Em 1980, instala-se o Circo Voador e, posteriormente, a Fundição Progresso . Na segunda administração do Governador Leonel Brizola (1990-1993), é criado o projeto Quadra da Cultura para a reutilização de parte dos sobrados da área da avenida Mem de Sá para atividades culturais, sendo contempladas as seguintes instituições: Centro Teatro do Oprimido (Augusto Boal), Grupo de Teatro Tá na Rua (Amir Haddad), Grupo Hombu de Teatro, Instituto Palmares/Casa Brasil-Nigéria e Federação dos Blocos Afros e Afoxés do Rio de Janeiro .
          O Projeto Quadra da Cultura ajudou a sinalizar a área como local em vias de recuperação: estabeleceu-se um circuito que incluía espetáculos, bailes e festas no Circo Voador, na Fundição Progresso, nas casas da Quadra de Cultura, e no Asa Branca (atual Pizzaria Guanabara); posteriormente, surgiu uma nova área de atividades boêmias composta por restaurantes e bares do trecho inicial da rua Joaquim Silva, da rua Visconde de Maranguape e do Largo da Lapa.
          Em fins dos anos 90, um grupo de sambistas liderados por Marquinhos de Oswaldo Cruz, Ivan Milanês e outros inicia uma roda de samba sob os Arcos e surgem os primeiros bares com música ao vivo, tornando as noites ali muito concorridas e com ampla cobertura na imprensa , que noticia o “renascimento” da Lapa. Centenas de ambulantes que se instalam no calçadão junto aos prédios, na praça em frente aos Arcos e na própria pista de rolamento da rua Joaquim Silva, exibem uma organização que desafia a fiscalização e garantem a divisão espacial da área, servindo bebidas, churrasquinhos e cachorros quentes.
          Essa movimentação junto aos Arcos expandiu-se em direção à rua do Riachuelo e à avenida Mem de Sá. Lá foram abertas casas de música como o Carioca da Gema, o Café Cultural Sacrilégio, a Estrela da Lapa, o Teatro Odisséia, enquanto outros espaços continuaram a atrair grupos mais alternativos. Também foram redescobertos o Clube dos Democráticos e a rua do Lavradio – esta, após grande obra de reurbanização, foi incorporada à nova atividade boêmia, com seus antiquários-bares, com a programação musical de samba, choro e mpb.
          Em 2000, foi criado, através de decreto estadual, o Distrito Cultural da Lapa que pretendia ampliar a idéia do projeto Quadra da Cultura, englobando as seguintes ruas: avenida Mem de Sá, rua do Riachuelo, avenida Gomes Freire, Largo da Lapa, rua do Lavradio, rua dos Arcos, rua Joaquim Silva, travessa do Mosqueira, rua do Resende, rua da Relação e rua Visconde de Maranguape.
          Além dessa iniciativa pública, destaque-se a atuação dos empresários na área gastronômica e do setor da construção civil, com empreendimentos imobiliários residenciais, com extraordinário sucesso de vendas.
          Hoje, com novas propostas de requalificação sócio-econômico-cultural, a Lapa mostra-se cada vez mais jovem e renovada.
          Com toda a certeza é a face mais diversificada e cosmopolita do Rio de Janeiro contemporâneo. Reúne o tradicional e o moderno; o sofisticado e o popular.
          Estrela da vida carioca, inteira.

19 Memória Cultural Velha Guarda A Lapa, em sua diversidade, é um acervo cultural e histórico de suma importância para o Rio de Janeiro e para o Brasil. A Velha Guarda da Lins Imperial representa com garbo esta primazia. Rita
20 Damas Departamento Feminino As moças de família também freqüentavam as vesperais e bailes do Automóvel Club do Brasil, mas, sobretudo, faziam o “footing” antes e depois das missas. Tia Dilma
21 Partideiros e cabrochas: ressurgimento das rodas de samba   Depois de um longo período de degradação e esquecimento, a despeito das iniciativas oficiais tímidas de requalificação do bairro, espontaneamente, sambistas do subúrbio realizam suas rodas de samba sob os Arcos, que ficaram famosas e começaram, no boca-a-boca, a correr a cidade. O carioca retorna à Lapa. Geovana

2° Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Ressurgir das cinzas

22 Turistas: quem é você no mundo do samba?   Turistas e “novos sambistas e malandros” lotam os bares, casas de samba e ruas da Lapa. Para muitos entendidos, turista e novo sambista são a mesma coisa. E enchem a Lapa de alegria. Rosemary
23 Do chopp à gastronomia   O bairro boêmio recebe com velocidade espantosa, novos bares e restaurantes, tornando-o um verdadeiro e diversificado centro gastronômico. William

Casais de Mestre Sala e Porta Bandeira Mirins: Fundição Progresso

24 Rua do Lavradio – sebos e bares-antiquários   Esta rua, reformada nos anos 2000, possui diversos antiquários e sebos que se transformam em casas de samba à noite. Sempre no primeiro sábado de cada mês, é realizada uma grande feira cultural. S.R.E.S. Lins Imperial
25 Baleiros e malabares – O circo chegou! Crianças Os projetos sociais de inclusão de crianças que ficavam pelos sinais vendendo balas ou pedindo dinheiro aos motoristas revelam que ser malabarista não significa expor-se ao perigo e à humilhação. Malabares é a arte da habilidade. O Circo Voador e outras instituições mostram isso, abrindo suas dependências para que as crianças vivam sonhos de criança mesmo. A Lapa é um circo sem lona. Tia Lúcia
4ª Alegoria: A Lapa de todas as tribos, a verdadeira cidade da música

          A verdadeira cidade da música, do agito, dos encontros sociais, amorosos e lazer. Como uma fênix a Lapa ressurge das cinzas.

Representação Artística:
          Contando com mais de 30 bares e casas de samba, abrigando a Sala Cecília Meireles, a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Fundição Progresso e o Circo Voador, a Lapa, hoje, é a verdadeira Cidade da Música. Todos os ritmos são ouvidos no bairro e pessoas de todas as faixas etárias, de todo os lugares, circulam pela região, sempre prontas para apreciar desde o erudito até a música eletrônica, passando, obviamente, pelo samba.

Representação Específica:
          Grandes caixas de som, tulipas e as fachadas da Fundição Progresso e da Sala Cecília Meireles compõem o carro, centro musical e gastronômico diverso, ressurgindo a vocação boêmia do bairro. Composições no lado direito do carro representam a musicalidade e do lado esquerdo, os ritmos. Sobre o surdo, os sambistas que ajudaram no “ressurgimento” da Lapa, na década de 80.

Destaque Central Alto: Ednelson
Destaque Central Baixo:
Fantasia: Noites Musicais
Representa todos os ritmos tocados nas noites da Lapa.
Principais destaques: Ednelson representando “Noites musicais”

26 Ritmos da noite   Samba, rock, funk, rap, afoxé, choro, música erudita, tecno: todos os ritmos convivem e fazem a festa desta verdadeira “Cidade da Música” de todos as tribos. S.R.E.S. Lins Imperial

Bibliografia:

  • Dicionário do Folclore Brasileiro - CASCUDO, Luís da Câmara. - Global - 2000
  • As Escolas de Samba do Rio de Janeiro - CABRAL, Sérgio. - Lumiar - 1986
  • Lapa do desterro e do desvairio – uma antologia - LUSTOSA, Isabel (org) - Casa da Palavra - 2001
  • Manuel Bandeira – visão geral de sua obra - PONTIERO, Giovani Pontiero. - José Olympio - 1986
  • Obra Completa - BANDEIRA, Manuel. - Nova Aguilar - 1986
  • Tia Ciata e a pequena África no Rio de Janeiro - MOURA, Roberto M. - Funarte - 1985

 

SAMBA ENREDO                                                2009
Enredo     Lapa: estrela da vida inteira
Compositores     Altair, Condonga, Giovana Dias, Cleiton Ferreira, Meireles e Fernando de Lima
Em sua aurora encantava artistas
Moldura de uma lenda amorosa
Foi lagoa, aqueduto, tem folia
Muitas festas nesta Lapa glamourosa
Chega a família real
Os negros estão no Rio de Janeiro
O que tem no tabuleiro da baiana?
Tem quitutes para quem chegar primeiro

É malandro, capoeira, paranauê
Tem polícia, que zoeira pode correr
Cabarés, damas da noite, não tem vez pra solidão
Tô bebum de tanta emoção

Arlequins, pierrôs apaixonados
Quanta nostalgia! Os anos dourados
O bonde levando e deixando saudade
Manuel Bandeira o olhar de uma cidade
Nossa Montmatre carioca
Pichada, maldita, corredor cultural
Fênix das cinzas ressurge tão linda
Fundição Progresso, orgulho nacional
Pagode sob os Arcos, genial

Malandra, boêmia, abrigo de bambas
É rap, é funk, é samba
A Lapa é a estrela do meu carnaval
Poetiza a Lins Imperial