Chico
Mendes, o arauto da natureza
A
escola irá mostrar inicialmente a Amazônia. A exuberância e a beleza
da floresta com seu verde de diversas tonalidades. Arvores milenares,
a enorme variedade dc orquídeas, as inúmeras espécies de samambaias.
Uma deslumbrante fauna. Pássaros de coloridas e ricas plumagens. Onças,
jacarés, tatus, tamanduás, macacos. Alguns animais possuindo pele de
rara beleza.
Finalmente,
o homem. Representado pelas várias tribos indígenas, o caboclo perfeitamente
integrado na vida da floresta, tirando o seu sustento da colheita da
castanha e da extração do látex. Extraindo da Amazônia apenas o necessário
para a sua subsistência. Atividades como a pesca, sem agressões à natureza.
Enfim, um lugar que teria tudo para ser o Paraíso Terrestre.
Se
não tivessem ido para lá garimpeiros profissionais, imensas serrarias,
hidrelétricas represando rios que deslizavam tranqüilos e submergindo,
cada vez mais, longos trechos de matas, destruindo seus animais. Sem
falar nos caçadores atraídos pela riqueza que a pele e a plumagem dos
animais lhes proporcionam. E ainda a chegada dos fazendeiros dizimando
com suas queimadas toda a espécie de vida animal e vegetal. O que provoca
também o empobrecimento do solo e até alterando o clima e as estações.
E assim os nativos vão sendo expulsos de suas terras. Ou passam a ser
verdadeiros escravos dos aproveitadores e destruidores de uma região
tão rica.
Mas,
de repente, em Xapuri, no Acre, um grito ecoa bem alto. Chico Mendes,
seringueiro humilde, corre em defesa da natureza, do fraco companheiro
dos seringais, do desprotegido índio. Seu espírito de defesa da região
corre o mundo. Reconhecido internacionalmente, Chico Mendes é premiado
pela ONU e recebe uma medalha na Inglaterra.
Por
sua luta, torna-se o porta-voz de todos os seus explorados companheiros.
Com seu espírito de liderança transforma-se num verdadeiro arauto, O
Arauto da Natureza.
Até
que numa noite de dezembro de 1988 a voz de Chico Mendes foi calada
por um pistoleiro, certamente a mando de pessoa incomodada pelo seu
grito que o mundo se propunha a atender. Mas seu brado foi mais alto
e o mundo não o esqueceu.
E
um grito de guerra foi ouvido por toda a floresta. A gente indígena
se pôs em posição de luta. A Mãe D’Água foi também acordada por aquele
grito de fúria. E foi ver o que ocorria em seus domínios. Mas, ela não
vem sozinha para atender aquele chamado. Traz consigo Cobra Norato que
se agita e acorda todos os habitantes do fundo do Rio. E os mais estranhos
seres vão despertando tudo que vive ou se esconde por rios, igarapés,
fontes, grutas e cavernas. E todos estão juntos na briga contra os invasores.
Todos os habitantes encantados da floresta buscam reforço na natureza
e revoltados se unem. E que agora Chico Mendes vive através deles. E
a luta não pode parar. Então, sonhos e anseios de Chico Mendes começam
a se tornar reais. E uma luz brilha na floresta. É O Arauto da Natureza
que não abandonou seus companheiros.