FICHA TÉCNICA 1984

 

Carnavalesco     Potiguar M. Aguiar (Poty) e René Amaral
Diretor de Carnaval     ...............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     ................................................................
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................
Resp. Galeria de Velha Guarda     ................................................................

 

SINOPSE 1984

Só vale quem tem dinheiro

Sinopse:

          Embora o dinheiro representado por moedas só viesse a aparecer milhões de anos mais tarde, ele passou a existir, praticamente, desde o momento em que o homem começou a agrupar-se em tribos e comunidades.
          Sua forma era um tanto vaga: poderia ser a disposição que o homem tinha para o trabalho, a coragem para a luta, a agilidade para a caça ou, mesmo, a capacidade que demonstrava para guiar seus companheiros a terras melhores e mais hospitaleiras.
          Dentro desse conceito, as primeiras riquezas foram se formando, pois, àqueles que se destacavam nas comunidades, os bens acorriam com maior facilidade, começando, assim, a divisão de classes de acordo com as posses de cada um e, consequentemente,  a cobiça, que nunca abandonou o homem desde a primeira vez que alguém desejou algo que não lhe pertencia.
          A evolução foi lenta. Como moeda corrente começaram a ser usados animais, frutos, peles, armas e até mulheres e filhos – estes últimos tendo alcançado valores incalculáveis pelo que representavam em satisfação pessoal e na capacidade de aumentar a força de trabalho de seus possuidores.
          Paralelamente, foi se desenvolvendo o conceito oposto – o da “dureza” -,  em que o homem ao invés de ser respeitado pelo que tem é desprezado pelo que não tem, o que tornou eterna a luta – não mais pela sobrevivência, mas pela necessidade quase atávica de sobreviver em melhores condições que o próximo.

1ª Parte: A História

          Se nossa finalidade fosse falar sobre o dinheiro como símbolo universal do poder, não poderíamos deixar de mencionar os fenícios que, criando o comércio, deram ao dinheiro seu verdadeiro sentido; os chineses, tidos como os criadores das primeiras moedas; nem os judeus, criadores do mito financeiro e tradicionais acumuladores de riqueza.
          Mas o objetivo é outro. É dar uma idéia do papel que representa o dinheiro na obtenção diária do alimento e das facilidades da vida. É registrar sua influência na vida e na felicidade das pessoas, quando é pouco, ou nenhum, ou quando é tanto que distorce mentes e caracteres. É raciocinar sobre o que o homem é capaz de fazer em sua busca e, também, anotar o desprendimento de uns poucos, incapazes de reter consigo um só centavo, já que distribuíram em benefício de terceiros tudo o que possuíam.
          Erva, grana, capim, vento, arame, bronze, tutu, alcatra, algum, não importa como ele é chamado, carinhosamente ou desdenhosamente. Para o malandro, o importante é que ele esteja no “buraco de pano”, isto é, no bolso; para o aventureiro, é necessário que ele esteja sempre à mão, escondido no colchão ou costurado à roupa; para o cuidadoso é fundamental que esteja depositado num sólido banco; para o esperançoso, seu destino é, tranquilamente, a caderneta de poupança, para o empreendedor, certamente, ele estará girando incessantemente nas bolsas de valores e, para o aventureiro, inevitavelmente ele estará correndo à frente, sempre um passo adiante e, quando apanhado, não esquenta lugar nem mora muito tempo em sua companhia.
          São vários os comportamentos e atitudes em relação a este monstro que regula a vida do universo, que determina guerra e paz, que provoca desgraças e alegrias, que tanto pode curar como adoecer, que faz rir na mesma medida em que faz chorar e que, protegendo o amor, também pode levar à traição.

2ª Parte:  O Trabalho

          Dizem que quem trabalha muito não tem tempo para guardar dinheiro. Poder, mas a verdade é que, desde tempos imemoriais, este é o principal caminho para quem quer botar a mão na “massa”, mesmo que esta só seja suficiente para uma sobrevivência nem sempre das mais folgadas. E é assim desde muito tempo antes da pataca e do mil-réis, moedas cantadas em prosa e verso pelos saudosistas que viam nelas um poder de compra muito superior ao do pobre cruzeiro, que, com isso, sofre mais uma injustiça, pois, no tempo daquelas, o povo já chorava de saudades do patacão.
          Essa insuficiência, essa eterna dificuldade de ganhar dinheiro aguça o espírito criativo do homem, sempre disposto a bolar novas idéias para consegui-lo com menos trabalho e mais malícia, nem que seja com prejuízo de terceiros. E apareceram, então, os amigos do alheio, que vão desde o punguista, não faz cerimônia para meter a mão no bolso de alguém, aos que metem, da mesma maneira, mas com sofisticação, como os filipetas e os “carnês fartura”.
          Aliás, o conto do vigário, o conto do paco, o golpe do bilhete premiado, passaram a ser  uma instituição à parte, aprimorada e defendida por uma certa “classe” de profissionais que, de tanta sabedoria, poderiam – se honestos fossem – ganhar muito mais em muito menos tempo, com muito menos trabalho e sem qualquer risco. Não é à toa que a voz do povo proclama que a maior malandragem é ser honesto.

3ª Parte: O Sonho

          A Loto e a Loteca mataram todas as outras fontes de sonhos dos brasileiros. Hoje em dia, cada um é milionário entre terça e domingo, até que os resultados semanais das loterias sejam conhecidos. A antiga e tão desejada “sorte grande” representada por um bilhete de Loteria Federal, tomou outra concepção. E o bilhete, hoje em dia, não está com nada. Ultimamente, os caprichos da fortuna têm acolhido caminhos nunca dantes trilhados por outras espécies de loteria. E criaturas pobres, perdidas em longínquas cidades do interior, têm ganho importâncias de cuja existência elas nem sequer desconfiavam. Compreende-se; enquanto, antigamente, quem podia comprar um bilhete inteiro já era relativamente bem situado na vida, hoje, com apenas setenta cruzeiros já se pode comprar uma semana de esperanças, muitas delas tornadas realidade ao cair das bolinhas e ao correr dos gols pelo Brasil afora.
          E é então que as mais mirabolantes fantasias são realizadas pelos felizes ganhadores. Carrões, iates, mansões, enfim, tudo quanto o dinheiro possa comprar, passa a fazer parte do dia-a-dia de quem, antes, sonhava apenas em ter um pouco de feijão e arroz para matar a própria fome e a da família.
          Mas, não raro, o sonho acaba cedo e o dinheiro, caprichoso e instável, vai embora da noite para o dia. A pobreza, então, antes, uma velha conhecida, torna-se uma situação estranha e insuportável e não têm sido poucos os milionários da sorte que enlouqueceram ou acabaram com a vida, não sem antes terem provado a sensação de ter tido o mundo, não a seus pés, mas subindo-lhes às cabeças e transformando-lhes a existência, para sempre.
          Como disse Brigitte Bardot, dinheiro não traz felicidade; mas é melhor ser infeliz num Mercedes do que num trem da Central às seis da tarde.

Potiguar M. Aguiar (Poty) e René Amaral

Roteiro do Desfile:

1ª Parte: A História

Alas:

  • 01 fenícios

  • 02 chineses

  • 03  judeus

  • 04  aventureiros

  • 05 ciganos

  • 06 mercadores

  • 07 mascates

  • 08 ourives

  • 09 garimpeiros

  • 10 alquimistas

Destaques:

  • 01 Ouro

  • 02 Prata

  • 03 Cobre

  • 04 Níquel

  • 05 A Moeda

Componentes:

  • Comissão de Frente

  • Bateria

  • Ala dos Compositores

  • Diretoria

  • 1° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

2ª Parte:  O Trabalho

Alas:

  • 11 estudantes

  • 12 agricultores

  • 13 comerciantes

  • 14 operários

  • 15 camelôs

  • 16 meninos vendedores

  • 17 vendedoras de ilusões

  • 18 tostões

  • 19 vinténs

  • 20 banqueiros

Destaques:

  • 06 O Cruzeiro

  • 07 O Mil-Réis

  • 08 A Pataca

  • 09 O Cabral

  • 10 O Barão

Componentes:

  • Passistas

  • Baianas Estilizadas

  • Nobres

  • Damas

  • 2° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

3ª Parte: O Sonho

Alas:

  • 21 jogadores

  • 22 croupiêrs

  • 23 coristas

  • 24 cartas de baralho

  • 25 joquetas

  • 26 futebolistas

  • 27 corretoras zoológicas

  • 28 zebrinhas

  • 29 trevos

  • 30 milionários

Destaques:

  • 11 O Jogo

  • 12 Rei de Ouros

  • 13 A Fortuna

  • 14 A Sorte

  • 15 O Azar

Componentes:

  • Aderecistas

  • Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Infantil

  • Conjunto e Puxador

  • Baianas Tradicionais

  • Velha Guarda.

 

SAMBA ENREDO                                                1984
Enredo     Só vale quem tem dinheiro
Compositores     Antero, João Banana e Edivaldo Sargento
Dinheiro, oh dinheiro
A mola do mundo
Engrenagem de ambições
Fabricante de verdades
Causador de ilusões
Símbolo de bons e maus costumes
Facão de dois gumes, de tanto valor
Que dita, que provoca grito
Que gera conflito e o desamor

Só vale quem tem
Quem não tem morre de fome
Esse monstro me fascina
Esse monstro me consome

Vou procurar um meio do dinheiro conquistar
Quero sair da pobreza
E na riqueza viver sem reclamar
No trabalho, mão grande ou baralho
Eu vou tentar
Na loto, na loteca ou loteria
Pois sei que meu dia
Não tarda a chegar

Quando ele chegar, ô ô ô ô
Vou navegar no esplendor
Eu vou comprar este mundo pra mim
Vou abraçar o espaço, enfim
Eu vou me realizar
Por favor, não me acordem
Me deixem sonhar