FICHA TÉCNICA 2004

 

Carnavalesco     Mauro Quintaes e Gilberto Muniz
Diretor de Carnaval     ..............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     Mestre Birinha
Puxador de Samba Enredo     Roosevelt Martins Gomes da Cunha (Pixulé)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Raphael Rodrigues & Bárbara Leir
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     Jussara Pádua
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 2004
Insone planeta insano

Apresentação:

          Foi com base nas novidades com as quais o GRES Leão De Nova Iguaçu emoldurou-se para o próximo carnaval, que buscamos associar à chegada de uma diretoria nova, uma ideologia nova e conseqüentemente a uma abordagem no mínimo inusitada. Seja tanto no sentido estético, quanto no otimismo coletivo que certamente nos move rumo à vitória.
          Pedimos especial atenção as bases e aos contornos desse, que garantimos ser o carnaval da grande guinada ansiosamente aguardada por toda comunidade de Nova Iguaçu.
          Entendemos que o nosso tempo, sobre tudo, o nosso carnaval carece de um “olhar” mais contemporâneo e por isso mesmo menos previsível – Acreditamos que aí resida o novo, por esse motivo não é nosso objetivo abordamos os focos Históricos – Acadêmicos. Temos aqui por opção elegermos a diferença que garanta a assinatura de todos nós.  Desde já contamos com a cumplicidade, apoio e participação de todos vocês.

Breve história de Copacabana

          Segundo uma antiga lenda uma dupla de baleias teria encalhado nas águas de Copa, atraindo assim uma multidão de curiosos, dentre os quais, o Imperador Pedro II. Para desapontamento de tantos expectadores, sabe-se que as tais baleias não mais lá se encontravam. A fim de não perderem a viagem essa mesma multidão permaneceu na praia para promover um piquenique que teria durado 3 dias e 3 noites – Inaugurando a partir desse evento o envolvimento da população carioca com a “futura princesinha do mar”.
          É sabido que nos meados do século XVIII, uma imagem da Virgem Maria foi mandada para o Rio e Janeiro (Presente do povo de Copacabana – Cidade Porto Boliviano), cultuada no atual posto 6 acabou por dar nome ao “Bairro”. É verdade que essa região (Copa) só foi reconhecida como bairro da cidade a partir da abertura do túnel da Real Grandeza (atual túnel velho) a 6 de julho de 1892, mas é só no início do século XX que Copacabana é presenteada com os primeiros bondes movidos à eletricidade. Dali por diante o então Prefeito Pereira Passos inicia a construção da Av. Atlântica (1906), ornada com a instalação do mais famoso calçadão em Mosaico, preto e branco, constituído por pedras vindas de Portugal, com desenhos alusivos as ondas do mar.
          Em 1910 o bairro já abrigava 20.000 moradores que exigiram da prefeitura a construção de escolas, sanatórios, praças... Enfim, o embrião da metrópole que mais tarde viria a se transformar na monstruosa BABEL.

Ai de ti, Copacabana

Rubem Braga

  1. Ai de ti, Copacabana, porque eu já fiz o sinal bem claro de que é chegada a véspera de teu dia, e tu não viste; porém minha voz te abalará até as entranhas.

  2. Ai de ti, Copacabana, porque a ti chamaram Princesa do Mar, e cingiram tua fonte com uma coroa de mentiras; e deste risadas ébrias e vãs no seio da noite.

  3. Já movi o mar de uma parte e de outra parte, e suas ondas tomaram o Leme ao Arpoador, e tu não viste este sinal; estás perdida e cega no meio de tuas iniqüidades e de tua malícia.

  4. Sem Leme, quem te governará? Foste iníqua perante o oceano, e o oceano mandará sobre ti a multidão de suas ondas.

  5. Grandes são teus edifícios de cimento, e eles se postam diante do mar qual alta muralha desafiando o mar; mas eles se abaterão.

  6. E os escuros peixes nadarão nas tuas ruas e a vasa fétida das marés cobrirá tua face; e o setentrião lançará as ondas sobre ti num referver de espumas qual um banho de carneiros em pânico, até morder a aba de teus morros; e todas as muralhas ruirão.

  7. E os polvos habitarão os teus porões e negras jamantas as tuas lojas de decorações; e os meros se entocarão em tuas galerias, desde Menescal até Alaska.

  8. Então quem especulará sobre o metro quadrado de teu terreno? Pois na verdade não haverá terreno algum.

  9. Ai daqueles que dormem em leitos de pau-marfim nas câmaras refrigeradas e desprezam o vento e o ar do Senhor, e não obedecem á lei do verão.

  10. Ai daqueles que passam em seus cadilaques buzinando alto, pois não terão tanta pressa quando virem pela frente a hora da provocação.

  11. Tuas donzelas se estendem na areia e passam no corpo óleos odoríferos para tostar a tez, e teus mancebos fazem das lambretas instrumentos de concupiscência.

  12. Uivai, mancebos, e clamai, mocinhos, e rebolai-vos na cinza, porque já se cumpriram vossos dias, e eu vos quebrantarei.

  13. Ai de ti, Copacabana, porque os badejos e as garoupas estarão nos poços de teus elevadores, e os meninos do morro, quando for chegado o tempo das tainhas, jogarão tarrafas no Canal do Cantagalo; ou lançarão suas linhas dos altos do Babilônia.

  14. E os pequenos peixes que habitam o pequeno aquário de vidro serão libertados para o número de suas gerações.

  15. Por que rezais em vossos templos, fariseus de Copacabana, e levais flores para Iemanjá no meio da noite? Acaso eu não conheço a multidão de vossos pecados?

  16. Antes de te perder eu agravarei a tua demência – ai de ti, Copacabana! Os gentios de teus morros descerão uivando sobre ti, e os canhões de teu próprio Forte se voltarão contra teu corpo, e troarão; mas a água salgada levará milênios para levar os teus pecados de um só verão.

  17. E tu, Oscar, filho de Ornstein, ouve a minha ordem: reserva para Iemanjá os mais espaçosos aposentos de teu palácio, porque ali, entre algas, ela habitará.

  18. E no Petit Club os siris comerão cabeças de homens fritas na casca; e Sacha, o homem-rã, tocará piano submarino para fantasmas de mulheres silenciosas e verdes, cujos nomes passaram muitos anos nas colunas dos cronistas, no tempo em que havia colunas e cronistas.

  19. Pois grande foi a tua vaidade, Copacabana, e fundo foram as tuas mazelas; já se incendiou, o Vogue, e não viste o sinal, e já mandei tragar as areias do leme e ainda não vês o sinal. Pois o fogo e a água te consumirão.

  20. A rapina de teus mercadores e a libação de teus perdidos; e a ostentação da hetaira do Posto Cinco, em cujos diamantes se coagularam as lágrimas de mil meninas miseráveis – tudo passará.

  21. Assim qual escuro alfanje a nadadeira dos imensos cações passará ao lado de tuas antenas de televisão; porém muitos peixes morrerão por se banharem no uísque falsificado de teus bares.

  22. Pinta-te qual mulher pública e colocar todas as tuas jóias, e aviva o verniz de tuas unhas e canta a tua última canção pecaminosa, pois em verdade é tarde para a prece; e que estremeça o teu corpo fino e cheio de máculas, desde o Edifício Olinda até a sede dos Marimbas porque eis que sobre ele vai a minha fúria, e o destruirá. Canta a tua última canção, Copacabana!

Rio, janeiro, 1958

Conceituação

          Se o no entendimento geral da população terrestre, Copacabana nasceu e cresceu dentro dos moldes de um bairro convencional; dentro do nosso enredo, procuramos focar, de forma “alegoria”, o seu crescimento desordenado, o seu involuntário descontrole pluralizado.
          A fim atender aos mais diversos tipos humanos abrigados por este “bairro”, defendemos que Copa se flagra transfigurada “BABEL” – onde encontramos um sem número de tribos urbanas, uma fauna humana de multiplicação alem de acelerada.
          Dentro da mistura do que percebemos ser belo e ao mesmo tempo caótico, reconhecemos no “BABÉLICO”, o surgimento de uma enfermidade contraída pelo, até então, “bairro”: “A INSÔNIA” que no decorrer do tempo “rouba” desse território a sua “SANIDADE”.
          Do ponto de vista do paradoxo é reconhecido que ali – em Copacabana – a vida é auto-suficiente, uma vez que nesse lugar a existência é independente, é autônoma. Servida de todos os recursos e facilidades que fazem com que vejamos-na em forma de “PLANETA”.  Planeta este que perdeu a capacidade de “DORMIR” e por essa mesma razão acabou por ENLOUQUECER.
Respaldados nesse “fenômeno” apresentamos:
Insone planeta insano

Sinopse:

          Segundo conta a fantasia sabe-se que uma esfinge (leão) protegia com ameaçador enigma, uma nova Babel (Copacabana). Ai daquele que não o decifre; imediatamente será devorado pela cidade transfigurada em PLANETA que se constitui adotando as mais diversas contradições.
          Tida como o 10º PLANETA do sistema solar, essa Babel, foi festejada por todos os componentes do espaço sideral (asteróides, estrelas, meteoritos...).
          De vida independente, sabe-se que essa Babel acaba por enlouquecer pelo fato de ser portadora de insônia crônica. Não dormindo passa a viver em eterno eclipse, abrigando em si um múltiplo painel de tipos humanos, das tribos, mais antagônicas: população bizarra, excêntrica, zoológica, alternativa, jovem, velha, rica, pobre, operário do comércio de ilusões etc...
          Tratando das inúmeras faces desse planeta, não é de se estranhar que neste mesmo lugar, no dia 31 de dezembro assiste-se saindo do mar um préstito de sereias e tritões anunciando uma das mais reverenciadas festas do universo – A passagem do Ano Novo –onde a mais diversa fauna marinha se confunde com fiéis em reverencia a Iemanjá.

Setores:

  1. Babel contemporânea (transfigurada em Planeta)
    Leão esfinge (decifra-me ou te devoro)
    Sistema solar em festa, com surgimento do 10º PANETA
    (O insano que não dorme).

  2. A Beleza e o Caos contrastes estéticos

  3. A Fauna Humana,
    Tribos Urbanas Antagônicas,
    Sob o eterno Eclipse

  4. Prazer, comércio e clandestinidade.

  5. Festa de Iemanjá
    (Préstito de Tritões e Sereias).

Mauro Quintaes e Gilberto Muniz

 

SAMBA ENREDO                                                2004
Enredo     Insone planeta insano
Compositores     Jadir Mendes, Ratinho, Belinha e Manga

Venham ver
A festa já vai começar
A Babel virou planeta
Os anjos vem, comemorar
Decifra-me ou te devoro
Sedução e fantasia
Onde o luxo e a nobreza
Se misturam à pobreza
Num delírio da magia

Gira o dia e gira a noite, loucura
Essa selva gira em profusão
São as tribos que embalam, as ruas
Comprando e vendendo ilusão

Uma miscigenação de povos
Num cenário que encanta
De vida independente
Um eterno despertar se agiganta
Vejam só no reveillon 
A procissão que vem do mar
São seres marinhos num divino ritual
Cortejando Iemanjá

Nova Iguaçu chegou
Vem mergulhar nessa folia
Na Sapucaí tem show,
Com o suingue e da bateria

Meu Rio é festa,
Leão o astral

Copacabana é nosso carnaval