Ewe, a
cura vem da floresta
Justificativa:
Pensando
na preservação do verde o Grêmio Recreativo Escola de Samba Inocentes de
Belford Roxo trás como tema Ewe, a cura vem da floresta.
Desde muitos anos atrás povos africanos acreditavam na
força das folhas para curar seus males e cultuavam através de danças,
rezas e oferendas Ossaim o protetor do poder de curar.
No Brasil o negro e o índio fizeram à
união e usaram a sabedoria da utilização das ervas para curar as doenças
da humanidade. Mas é preciso que o homem viva em harmonia com a floresta
semeando-a e preservando-a acreditando que da floresta vem à cura.
Sinopse:
A Floresta, fonte inesgotável de sabedoria e mistérios. Nela escondem-se cultos ancestrais originários de povos de culturas milenares, a crença nas ervas e na essência de plantas e flores. Tudo na mata trem vida e respira e nos faz respirar, desde o chão, rico em nutrientes orgânicos que alimenta fortes e frondosas árvores que abrigam espíritos protetores do mundo, e curiosos seres que sugam e alimentam-se de plantas, tanto animais famintos e ferozes quanto nós, seres humanos que necessitam da floresta para respirar, nos alimentar e proteger.
Nesta grande nave verde, temos a certeza de que há milênios os negros, com grande sabedoria e resistência, cultivam rituais religiosos acreditando na cura de seu povo, através de banhos, ungüentos, caldos e magias para confortar a todos, com folhas maceradas, piladas ou embebidas em álcool natural e água límpida das nascentes, preparavam banhos e bebidas para adquirirem a cura, folhas reservadas somente aos grandes curandeiros, que recebiam nomes como Elesijé, Babá Ewe ou YaOsaim, sacerdotes responsáveis pela sabedoria das ervas e seu significado, para que servia cada uma das folhas, nesta cultura criaram mitos e ritos surgindo divindades mágicas em seus cultos, com a fé, crença e respeito. Surgiam na África em diferentes regiões, Orixás com diferentes nomes para com eles reverenciarem o pai da floresta:
Osain vindo de Irão Cátende cindo da Angola Ágüe divindade DaHomeana Elesijé o curandeiro de Jêje Aburo vindo do Alaketu Abudá vindo de Ilejsa
Com a crença cada vez mais forte na religião das folhas, os negros não perderam a fé nem quando num dos momentos mais terríveis de suas vidas, a travessia África/Brasil, não esmoreceram e nem se deixaram abater, chegando em nosso continente e implantando sua sabedoria e costumes religiosos, unindo ainda mais a sua força.
Ao chegarem, deparam-se com o desconhecido amedrontador, mas algo lhe era familiar, o infinito mundo verde de folhas, caules e flores, cascas e sementes, o colorido da floresta brasileira que acolhia com canto, dança e indumentária natural tribal e culta entre os gritos dos animais e o coaxar das águas, protegidas por divindades caboclas, seres indígenas com grande sabedoria, desnudas e destemidas, sem o medo do novo e não se deixando escravizar. Uniram-se culturas, misturaram rituais, e nessa mágica oriunda coordenada por Deus, os povos negros passaram a conhecer novos Deuses e seres encantados, que caminhavam da mesma fé e crença no poder das ervas, embrenhando-se mata adentro, conheceram pajés e caciques responsáveis dos cultos e segredos nativos, pajelanças e rituais fúnebres ou de nascimento, folhas sagradas para afastar espíritos maus ou aproximação de energia boa, folhas que curavam mordidas de animais ou beberagem que curavam inflamações ou mal súbito; incensos e defumadores para purificação de ocas e rituais festivos dos Deuses brasileiros.
Com cascas medicinais e sementes, garrafadas para todos os tipos de doenças assim negros e índios criaram religiões tipicamente brasileiras, plantando futuro da nação.
E o tempo passou... A escravidão acabou... Os índios quase dizimados... Mas a herança firme e rica no seu propósito resiste e vive nas almas de poderosas velhas negras que simbolizam que simbolizam a imagem do folclore nacional. As vovós persistentes e descendentes das guerreiras africanas implantam seu culto e respeitadas, são procuradas por todos para a cura através das folhas em rezas, de quebranto, mau olhado, espinhela caída e tantas crendices.
Com chás e rezas, banhos e fumaças, as doenças vão se dissolvendo e conhecimento se firmando e aumentando o interesse de povos evoluídos em acreditar a cura de novas doenças está nas ervas e mais propriamente falando, nas folhas milagrosas da floresta amazônica. Com milhares de exemplos, a novalgina, alcachofra, folhas sensitivas e anestesias em comprimido para dores e antiinflamatórios, xaropes de folhas, cremes e pomadas a base folha, e flores, sabonetes e perfumes.
A indústria farmacêutica explora em busca da cura do câncer quase finalizada, a cura para doenças degenerativas, contagiosas e alérgicas, e a tão sonhada cura da AIDS, que hoje parece ser a pior das doenças que assombra a humanidade e é por acreditar em tudo isso que escrevi e transformei esse sonho em realidade, para que através do carnaval, festa de veículos mundial, sirva de alerta e incentivo para que governantes, empresários e o poder público se interessem no investimento de preservação ambiental de florestas, desde canteiros de praças ou frentes de rua até grandes recantos do descanso da vida verde, para que o mais rápido possível possamos viver em paz e harmonia, homem e floresta.
Por isso hoje, a terceira escola de maior importância da baixada fluminense a escola de samba de maior importância do distrito de Belford Roxo, situada em área de cultivo e ambientação sócio cultural e com grande área de pólo agrícola, se importando com a questão de moradia, educação e reeducação cultural de religião, alfabetização e diminuição do índice de pobreza e violência, abraça este enredo muito mais do que somente a parte folclórica e carnavalesca, mas sim de apelo e grito popular para todos que virem, ouvirem ou lerem sobre este tema, se sensibilizem e se encorajem, para juntos, tomarmos medidas sérias e cabíveis com a natureza. É preciso preservar e semear para que em um futuro próximo, possamos fazer enredos que falem de um passado tão distante de tantas coisas ruins que não nos pertencerão mais.
É com fé e muito respeito, que o Grêmio Recreativo Escola de Samba inocentes de Belford Roxo, traz para este carnaval, sabedoria de negros, índios, orixás e caboclos, curandeiros e pajés, médicos e bioquímicos e o povo da baixada, o enredo: "Ewe a Cura vem da Floresta".
Para alegria e satisfação de todos, certos de que faremos um bom trabalho e confiantes na vitória, pedimos a licença à imprensa escrita, falada e televisada e informatizada, para a passagem da Inocentes de Belford Roxo.
Com muito carinho e respeito, venho defender as cores azul vermelho e branco da escola e agradecer a confiança em meu trabalho, para mais uma vez escrever meu nome nas páginas mágicas de um livro chamado carnaval...
Jorge Caribé

Roteiro do Desfile:
1º Setor:África, berço dos Orixás |
Nº |
Nome da Fantasia |
Nome da ala |
Descrição |
Responsável pela ala |
|
Elesijé |
Comissão de Frente |
O guardião da floresta, o curandeiro. |
Vivian Borges |
1º Destaque – Essência da Floresta (Sula do Carmo) |
1 |
Povos Ewe |
Fuscão Preto |
Cultivo da folhas |
Zorro |
1ª Alegoria: Floresta Africana
África Continente mãe, assim chegou a cresça e uniu sabedoria Ewew Osain
Principais destaques:
Destaque central – Folhas, o milagre verde (Cristiano) |
2 |
Folhas de cura |
Sulete |
Balaio dos negros |
Betty |
3 |
Banho espiritual |
Santa Amélia |
O Abo |
Aroldo |
4 |
Incensando o mal |
Reginaldinos |
Folhas secas |
Naninha |
5 |
Folhas dos Santos |
Atitude |
Fé e crença |
Mercedes |
6 |
Orixá das folhas |
Poderosa |
Ossain o detentor |
Jurema |
2º Setor: Nobre terra de Tupan |
2º Casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira: Nobre plantas da terra de Tupan |
2ª Alegoria: O Pajé
Brasil rico em ervas, os índios usam e praticam a cura.
Principais destaques:
Destaque central – Deus Tupã (Carlinhos) |
7 |
Seres Amazônicos |
Alegria |
O chamado - Espírito dos curandeiros |
Vivian Souza |
8 |
Semeando a floresta |
Baianas |
Os pássaros espalham sementes |
Marina Miranda |
9 |
Beberagens |
Dimas Filho |
O sumo das ervas curam |
Billy |
1º Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Harmonia da natureza, a cura vem da floresta |
Rainha da Bateria: Tatiana Pagung – Talismã indígena |
10 |
Os índios |
Bateria |
Guardiões da floresta |
Marcelo André |
11 |
Índios nativos |
Passistas |
Habitantes da terra |
Patrícia |
12 |
As árvores |
Beleza |
Guardião espírito da mata |
Sheila |
3º Setor:
Chá e Banhos de Ervas |
13 |
O chá |
Chatuba |
Cura males |
Rose |
3ª Alegoria: A cura da vovó
Crendices e sabedoria, santo chazinho |
14 |
Banho de descarrego |
Piam |
Contra o olho grande e mau olhado |
Tiago e Eliana |
15 |
Banho para o amor |
Vilar Novo |
Simpatias |
Willian |
16 |
Ervas |
Amigos |
Surgem os remédios |
Senna |
4º Setor:
A natureza conjugada a ciência |
3º Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: A industrialização das folhas |
17 |
Cremes e pomadas |
Crianças |
Feitos de folhas |
Katinha |
4ª Alegoria: A cura vem da floresta
Mãe natureza e o homem se juntam para a cura da humanidade – A indústria farmacêutica.
Principais destaques:
Destaques centrais–Orquídeas, as flores também curam (Maria da Penha)
A industrialização dos remédios (Célia)
A sobrevivência dos animais na floresta (Cristiane) |
18 |
A indústria |
Samba show |
Busca da cura para doenças |
Icaro |
19 |
Eterna Juventude |
Velha Guarda |
Beleza |
Plínio Athaide |

Bibliografia:
-
VERGER , Pierre
Fatumbi – O uso das plantas na sociedade iorubá, 1995 – Odebrecht/Cia
das Letras;
-
CHAIB, Lídia e
RODRIGUES, Elisabeth – Ogum o rei de muitas faces e outras histórias
de Orixás, 2000, Cia das Letras;
-
www.pierreverge.org/br
Outras fontes de
consulta:
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