FICHA TÉCNICA 2003

 

Carnavalesco     Ernesto Nascimento
Diretor de Carnaval     Elizeu
Diretor de Harmonia     Roberto dos Santos Maciel
Diretor de Evolução     Roberto dos Santos Maciel
Diretor de Bateria     Átila dos Santos Gomes (Mestre Átila)
Puxador de Samba Enredo     Wantuir
Primeiro Casal de M.S. e P. B.    Claudio Marcio Domicina Cid (Claudinho) e Fabiana Cid da Silva
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Charles Eucy da Silva Campos e Patrícia
Resp. Comissão de Frente     ..........................................................
Resp. Ala das Baianas     ..........................................................
Resp. Ala das Crianças     ..........................................................

 

SINOPSE 2003

E onde houver trevas que se faça a luz

Sinopse:

          O GRES Império Serrano, buscando encontrar uma forma harmoniosa que viesse a iluminar seus novos rumos, já que vem enfrentando no seu dia-a-dia inúmeras dificuldades para retomar seu glorioso destino, foi buscar nas diversas "Gênesis" o tema para o Carnaval em 2003: " E ONDE HOUVER TREVAS QUE SE FAÇA A LUZ"
          Assim, buscou na luz que é o princípio de tudo, o primeiro gesto divino em direção à vida, o mote onde desenvolverá seu enredo. No imenso caos das trevas a luz traz o universo para um plano tangível, real... ela é o contraponto do mal, da escuridão, da noite das incertezas. É o calor que induz, que traz movimentos, que reproduz, que gera, que é fogo presente de Prometeu roubado aos deuses, da carruagem do Sol e levado para a terra em um talo de erva-doce, para a glória dos homens. A luz dos astros é um milagre pontilhado exibindo o sorriso das estrelas, um caminho possível para a beleza, a grandeza do plano de Deus.
          Luz não é apenas sabedoria. É o próprio saber, torna as mentes claras, mais produtivas, almas raras, exemplo da grandeza humana, enchendo de luz a civilização. A Luz, é transformadora, tem interminável energia, possui a grandeza da ação da produção, da reprodução, é beleza noturna nas grandes cidades, lampiões e letreiros, nos campos e nas águas de uma escuridão com pontos de luz, insetos e peixes iluminados. Luz é paz, é face da criança, o sonho impossível, o bem, o amanhã, é o retorno ao paraíso, ao colo do criador, é esperança, é vida, é ressureição.
          Vamos viajar pelo Olimpo dos Deuses, conhece-los em sua pirâmide divina, exaltar suas qualidades humanas e vê-los, assim, dotados de maiores poderes, de mais beleza e perfeição e, sobretudo, imortais.
          Ao exaltarmos a criação, vamos ao encontro de Deus criando todas as coisas e expomos também uma versão tupiniquim do Gênesis.
          Dando seguimento vamos encontrar a luz como elemento essencial da vida: uma terra prenha crescendo e se multiplicando, dando a vida a todos os seres.
          E aí, um marco da humanidade se registra: a luz da nova aliança. Veremos o brilho da estrela de Belém, a visita dos pastores e dos Reis Magos, um novo tempo, e eis que a vida era a luz dos homens, a luz que para sempre resplandeceu nas trevas.
          Em seqüência, nos guiaremos pela luz da razão: é o iluminismo, que indica um movimento intelectual que se desenvolveu no século XVIII, cujo objetivo era a difusão da razão, a "luz" para dirigir o progresso da vida em todos os aspectos. Mais que um conjunto de idéias, foi uma nova mentalidade que influenciou grande parte da sociedade da época.
          Ao final, falaremos da luz como espetáculo; de ponto em ponto, de foco em foco, o G.R.E.S. Império Serrano tece o seu enredo que iluminará seus novos rumos em busca da alegria, porque o futuro está aqui e agora, bem a nossa frente, visualizá-lo e olhar o seu desempenho é lançar um olhar à frente do nosso tempo.

Ernesto Nascimento

1º Setor: Abre-alas - Coroa Imperial com elementos do enredo
2º Setor: O Olimpo dos Deuses (Prometeu - O fogo)
3º Setor: A Criação do Mundo
4º Setor: A Luz como elemento da vida - A Terra Prenha
5º Setor: A luz da nova Aliança
     a.A estrela de Belém
     b.Os Reis Magos
6º Setor: O Iluminismo (As Grandes Invenções)
7º Setor: A luz como espetáculo

Sinopse Completa

1) Introdução

          O G.R.E.S. Império Serrano, buscando encontrar uma forma harmoniosa que viesse a iluminar seus novos rumos, já que vem enfrentando no seu dia-a-dia inúmeras dificuldades para retornar seu glorioso destino, foi buscar nas diversas "Ciências" o tema para o Carnaval em 2003: "E onde houver Trevas... que se faça a Luz!"
          Assim, buscou na luz que é o princípio de tudo, o primeiro gesto divino em direção à vida, o mote onde desenvolverá seu enredo. No imenso caos das trevas a luz traz o universo para um plano tangível, real... ela é o contraponto do mal, da escuridão, da noite das incertezas. É o calor que induz, que traz movimento, que reproduz, que gera, que é fogo presente de Prometeu roubado aos deuses, da carruagem do Sol e levado para a terra em um talo de erva-doce, para a glória dos homens. A luz dos astros é um milagre pontilhado exibindo o sorriso das estrelas, um caminho possível para a beleza, a grandeza do plano de Deus.
          Luz não é apenas sabedoria. É o próprio saber, torna as mentes claras, mais produtivas, almas raras, exemplo da grandeza humana, enchendo de luz a civilização. A Luz é transformadora, tem interminável energia, possui a grandeza da ação da produção, da reprodução, é beleza noturna nas grandes cidades, lampiões e letreiros, nos campos e nas águas de uma escuridão com pontos de luz, insetos e peixes iluminados. Luz é paz, é a face da criança, o sonho impossível, o bem, o amanhã, é o retorno ao paraíso, ao colo do criador, é esperança, é vida, é ressurreição.

Alma gêmea de minha vida
Flor de luz da minha vida
Sublime estrela caída
Das estrelas da amplidão.
Quando eu errava no mundo...
Triste e só no meu caminho,
Chegaste, devagarinho,
E encheste-me o coração.

Vinhas na bênção das flores
Da divina claridade,
Tecer-me a felicidade
Em sorrisos de esplendor !!!
És meu tesouro infinito.

Juro-te eterna aliança
Porque sou tua esperança,
Como és todo meu amor !!
Alma gêmea de minha alma
Se eu te perder algum dia...
Serei tua eterna agonia,
Da saudade nos seus véus...

Se um dia me abandonares
Luz terna dos meus amores,
Hei de esperar-te, entre as flores
Da claridade dos céus

Emmanuel, do livro "Há 2000 Anos", psicografado por Chico Xavier

2) O Olimpo dos Deuses

          Já ninguém queria fazer mais nada no Olimpo, o monte sagrado da Grécia. Os deuses já não desciam à terra para ajudar ou atrapalhar os mortais, já não tramavam para vencer os rivais, já não queriam mais nem saborear a deliciosa ambrosia, seu famoso manjar. Todos os olhares, todos os gestos, todos os suspiros eram para Afrodite, para seus cabelos dourados, sua graça realmente divina, sua beleza fascinante.
          Mas as deusas não a viam do mesmo modo. Hera, por exemplo, cujo mau gênio era famoso no Olimpo e na Terra, não estava gostando nada dos olhares suplicantes que seu marido Zeus lançava sobre a recém-chegada. Atena, com toda a sua sabedoria, não conseguia tampouco dominar a sua irritação com aquele assédio a Afrodite.
          Então Éris, a Discórdia, aproveitou a oportunidade para semear a briga. Propôs a Hera e Atena que, juntamente com Afrodite, fossem à Terra e pedissem à Páris, filho do rei de Tróia, que elegesse a mais bela das três. Assim fizeram as deusas. Chegando à Páris, Hera prometeu-lhe um vasto império na Ásia. Atena, garantiu-lhe a vitória em todas as guerras. Afrodite, que nada tinha, ofereceu-lhe o amor. E ganhou o certame.
          Essas atitudes muito humanas – de ciúme , inveja, despeito, amor – eram constantes nas divindades gregas, pois os deuses do Olimpo se comportavam como as criaturas humanas. Só que eram dotados de maiores poderes, de mais beleza e perfeição, e eram imortais. Mas estavam expostos a sofrimentos físicos e morais, padeciam angústias e sentiam alegrias, amavam e odiavam, comiam e bebiam, tocavam a lira e faziam festas.
          Além de refletirem todas as qualidades dos homens, tanto as positivas como as negativas, os deuses gregos serviam ainda de explicação para os fatos misteriosos do universo e para as fortes paixões humanas.
          Para explicar a formação do Cosmo, por exemplo, os gregos contavam a história de Géia, a mãe-terra, e de Urano, o céu. Eles surgiram quando o que havia era o caos, a obscura confusão do nada. Casaram-se e tiveram muitos filhos, um dos quais Cronos, teve com Réia, sua irmã, seis filhos: Zeus, Poseidon, Hades, Hera, Héstia e Deméter. Mas, temendo a rivalidade deles, Cronos devorou-os. Zeus conseguiu escapar ao estranho banquete paterno, porque Réia o escondeu numa caverna. Quando Zeus atingiu a idade adulta, submeteu seu pai e obrigou-o a devolver a vida a seus irmãos. Tornou-se então senhor dos homens e também do Olimpo.
          Para obter as boas graças dessas criaturas poderosas, os gregos homenageavam-nas com ritos, festas, oferendas. E, conforme a necessidade, invocavam uma divindade diferente, pois havia um deus para cada coisa: para a guerra, para a colheita, para o amor, e assim por diante.
Os ritos e as oferendas eram realizados pelo próprio indivíduo que solicitava as graças, num santuário adequado.
          Quando alguém desejava saber se ia ser feliz numa empresa, se ia vencer uma batalha, se ia conquistar o amor de seu amado, recorria aos adivinhos – as pitonisas – que tinham a especial faculdade de conversar com os deuses e por eles saber o futuro.
Ao morrer, um grego não ia nem para o céu nem para o inferno, pois não havia recompensa nem castigo. Ia para um lugar chamado Inferno, mas que não se assemelhava, de modo algum, à concepção cristã de inferno. Era apenas um lugar para os mortos, sem sofrimento nem prazeres. Alguns mortos, dos quais os deuses gostavam, iam para os Campos Elísios, o outro reino aos espíritos. Mas iam só porque haviam conquistado as boas graças de um deus, e não por terem sido bons.

A Sociedade dos Deuses

          No topo da pirâmide divina situava-se o pai dos deuses: Zeus. Logo em seguida vinham Poseidon, Hefesto, Hermes, Ares, Apolo, Hera, Atena, Artemis, Héstia, Afrodite e Deméter.
Em escalas mais baixa, situavam-se as divindades subalternas, que tinham a função de servir àqueles deuses mais importantes. Têmis era encarregada de manter a ordem, dirigir os cerimoniais, e preparar os festins. Ganimedes servia aos comensais dos banquetes olímpicos. E as Horas presidiam as estações do ano, além de providenciarem o bom cumprimento das leis. Hélios, personificação do Sol, Selene, deusa da Lua e Éos, a que trazia a aurora, eram divindades siderais e meteóricas, situadas em posição inferior à das divindades subalternas.
          Pelos ventos respondia Eolo, enquanto Quimera e as Harpias cuidavam da fúria das tempestades.
          O mar era o reino das Nereidas, de Tritão, de Glauco, de Fórsis que governava as ondas, de Proteu, velho deus marinho. Nas águas doces comandavam os Rios e as Ninfas. E acima de todas as divindades das águas regiam Pontos e Oceano.
          Para fecundar os campos, estava a postos Deméter. E para fazer os frutos amadurecerem viçosos e belos, Dionísio trabalhava. Ambos sob os olhares vigilantes de Réia, a deusa da terra.
A grega que ia dar à luz um filho pedia ajuda à deusa Ilítia. Asclépio, deus da medicina, era bom para manter a saúde ou afastar as doenças. E se os dois não eram bem sucedidos, os mortos iam descansar sob as vistas de Hades, guardião do Inferno.
          A religião grega era basicamente uma exaltação das qualidades humanas. Os gregos criaram deuses à sua imagem e semelhança.

Os deuses de Roma

          A população divina de Roma não era homogênea quanto a do Olimpo. Enquanto os deuses gregos, em sua grande maioria, eram originais da própria Grécia, os deuses romanos representavam uma agremiação de divindades etruscas, gregas, egípcias e também itálicas.
          Bem nos primórdios do Império Romano, os deuses – itálicos – eram invocados só para afastar um perigo e oferecer proteção. Representavam a força vital, a energia, o poder da ação. Havia numerosas forças, ou numina, cada qual se encarrega de uma determinada função: um numen tomava a terra fértil, outro fazia uma criança alimentar-se, outro amadurecia os frutos.
          E como o antigo romano era geralmente agricultor, suas divindades eram invocadas para proteger os trabalhos do campo. Com elas o romano fazia seus acordos: por uma boa colheita oferecia ao deus uma jarra de vinho. Era uma troca. Se o deus não cumprisse a sua parte, nada recebia.
Os deuses romanos existiam apenas para servir ao homem. Não tinham o caráter explicativo nem as características dos deuses gregos. E também não eram, muito distintos uns dos outros. Seus nomes figuravam num catalogo, Indigitamento, juntamente com os poderes de cada qual, e os ritos que deviam ser praticados em sua homenagem para conquistar-lhes as graças.
          Mas quando Roma se tornou a sede de poderoso império, no primeiro século antes da era cristã, levou para seu solo muitos deuses dos povos vencidos. E essas novas divindades também passaram a figurar no velho catálogo, prontas para atenderem aos chamados humanos.
          Os deuses itálicos, originários da península Itálica, dividiam-se em duas grandes classes: os que eram encarregados de velar pelo Estado, e aqueles que zelavam pela família ( os "lares").
          E de modo geral, Roma alimentou o culto aos deuses, naturais ou importados, cujo encargo fundamental era proteger o Estado. A religião, portanto, era estatal e baseava-se na lealdade do cidadão ao Império.
          Dentre os deuses conquistados por Roma, os gregos foram os mais importantes. Ao serem incorporados na Assembléia Divina de Roma, as divindades gregas fizeram os romanos reformular sua concepção das forças sobrenaturais. Estas perderam seu aspecto meramente utilitário e assumiram características humanas. Os deuses itálicos perderam a primazia, ou tiveram suas atribuições acrescidas. Introduziram-se novos cultos, e divindades secundárias passaram a plano superior, ao serem identificadas com as gregas da mesma função.
          Algumas entidades romanas após a helenização, desapareceram do convívio divino. Foi o que aconteceu com Jano, deus da manhã e do primeiro mês do ano (daí Janeiro), protetor das casas, dos templos e das cidades, e representado com duas caras: uma para a frente protegendo a entrada e outra para trás protegendo a saída.
          Outras deidades identificaram-se com os deuses, e, conforme o caso, passaram a ocupar um posto de maior importância. Assim, Júpiter, que tinha várias atribuições (era o deus da cidade, do raio, do trovão ) e diferentes nomes, segundo as funções, identificou-se com Zeus, pai dos deuses e senhor supremo do mundo, vigilante da ordem do universo. Marte, deus da agricultura e da guerra, confundiu-se com o Ares grego, corajoso e cruel filho de Zeus e Hera. Com Hera, a ciumenta mulher do pai dos deuses, identificou-se a junto romana, protetora das mulheres e dos partos. Vesta, deusa do lar, conservadora da paz doméstica, fundiu-se com Héstia, que, entre os gregos representava o fogo da lareira, o fogo central da Terra, a protetora da família e da castidade. O fogo também era o elemento de Vulcano, identificado com o Hefesto grego. Este filho de Zeus e Hera, casado com a bela Afrodite, trabalhava com maestria os metais, e teve a honra – mesmo para um deus – de confeccionar a armadura do herói Aquiles, e de fazer o cetro com a égide de Zeus.
          Outro filho de Zeus era Hermes, fiel mensageiro do Olimpo grego. Cabia a ele o cuidado dos pastores e dos rebanhos, dos comerciantes e dos jogos de azar. Ao ser levado para Roma, assumiu o nome de Mercúrio.
          O nome de Apolo ou Febo não se alterou na transferência da Grécia para Roma. O belo filho de Zeus, deus do Sol e também das vinganças, criador da poesia e da música, do canto e da lira, personagem fascinante de mil histórias de amor, conservou suas antigas carcterísticas olímpicas ao mudar-se para a Itália.
          Atena, a que nasceu da cabeça de Zeus, e que por isso era sábia e corajosa – deusa das artes, da inteligência, protetora das cidades, dos arquitetos, dos tecelões e dos ourives -, ao ser conquistada pelos romanos identificou-se como Minerva.
          A irmã de Apolo, a casta Artemis, deusa da caça e das flores, da Lua e da morte súbita, era chamada Diana entre os romanos e tinha a função de guiar à noite os viajantes, e de dia caçar os animais dos bosques. Como Héstia e Atena, Artemis também se conservou casta. E foi essa casta trindade olímpica a única derrota de Afrodite, as únicas criaturas – entre deuses e mortais – que a bela protetora do amor jamais conseguiu conquistar.
          A tia de Artemis, Deméter, protegia os campos e as colheitas. Os romanos a adotaram, identificando-a como Ceres.
          E por fim, Afrodite, que Páris elegeu a mais bela do Olimpo, a que não desejava a guerra, mas o amor, foi venerada em Roma com o nome de Vênus. A ela gregos e romanos iam pedir a sorte no amor, os segredos do fascínio, a conservação da juventude. Nela se inspiraram escultores, músicos, poetas, pintores. Seu nascimento das águas, brotando das espumas como uma flor, inspirou o pintor renascentista Botticelli a criar um de seus mais belos quadros – pois, como aconteceu a Páris em seu julgamento, ninguém jamais conseguiu escapar aos fascinantes encantos de Afrodite ou Vênus.

Fogo é luz – O dom do Fogo

          Quando o grande Zeus derrubou seu pai, Cronos – como este, por sua vez, tinha derrubado seu pai, Urano -, ele voltou-se contra a humanidade. Pretendia destruir a raça humana e começar tudo novamente. Mas foi despistado pelo esperto Prometeu.
          O nome Prometeu significa "premeditação" e, de todos os Titãs imortais, ele era o mais esperto. Foi por isso que ficou do lado de Zeus contra o brutal Cronos e os outros Titãs. Apesar de Prometeu ser imortal, foi um herói da humanidade – alguns até dizem que ele criou os homens a partir da argila e água.
          Prometeu deu aos seres humanos o dom precioso do pensamento e ensinou ao povo muitas artes e habilidades, tal como estudar as estrelas em suas órbitas, e como usá-las para navegar pelos mares.
          Essa defesa da humanidade enraiveceu Zeus, e sua raiva chegou ao ápice quando Prometeu enganou os deuses para favorecer a humanidade. Prometeu abateu um boi, e o dividiu em duas partes, enroladas em couro. A porção maior continha apenas gordura e ossos, a menor tinha a carne. Prometeu designou a porção menor aos deuses, mas Zeus se queixou.
          Prometeu sorriu e disse: "Zeus, mais glorioso dos deuses, escolha o que quiser". E claro que Zeus escolheu a porção maior. Quando viu que tinha sido enganado, tirou o fogo da humanidade. "Deixe que comam carne crua’, gritou.
          Mas Prometeu o enganou. Entrou no Olimpo, o lar dos deuses, roubou o fogo da carruagem dos sol, e o levou para a terra, dentro de um talo de erva-doce. Então ele ensinou a humanidade como usar o fogo para cozinhar e manter o calor. Quando Zeus olhou para a terra e viu o brilho das fogueiras, caiu numa fúria terrível.
          Zeus vingou-se de maneira terrível de Prometeu e da humanidade por terem roubado o dom do fogo. Ele ordenou ao ferreiro coxo, Hefesto, que fizesse uma mulher de argila com a beleza de uma deusa imortal, mas que trouxesse azar para a humanidade. Todos os deuses lhe deram presentes, e a chamaram de Pandora, que quer dizer "cheia de dons". Zeus mandou Pandora de presente, não para o esperto Prometeu, mas para seu irmão idiota, Epimeteu, cujo nome significa "reflexão tardia".           Prometeu tinha avisado seu irmão que não aceitasse nenhum presente de Zeus. Mas Epimeteu ficou tão encantado com a beleza de Pandora que a tomou como esposa.
          Epimeteu tinha ajudado seu irmão a distribuir muitos dons para a humanidade , e em sua casa tinha um vaso selado que continha os males da doença, velhice e vícios. Prometeu e Epimeteu tinham pupado a humanidade disso.
          Pandora não conseguia parar de imaginar o que havia naquele vaso, e um dia sua curiosidade foi demais. Ela abriu o selo. Do vaso sairam as maldições da humanidade, que enchem nossas vidas com sofrimento e infortúnio.
          Quando Pandora, em pânico, recolocou a tampa do vaso, uma coisa ainda ficou presa no fundo: Esperança, que a chamou. Pandora ouviu o choro triste e débil e soltou a Esperança no mundo para confortar a humanidade.
          Enquanto isso, Zeus planejava uma vingança ainda mais cruel para Prometeu. Zeus o condenou a ser amarrado em um rochedo nas montanhas, para sofrer com o sol escaldante e o frio gelado. E mais ainda, a cada dia uma águia com grandes asas ia bicar o seu fígado.
Seu fígado crescia à noite, de forma que o tormento nunca acabava.
          Mas Prometeu não desistia, apesar de devastado de agonia, zombou de Zeus, dizendo: "Sou o único deus que sabe o segredo que vai lança-lo no esquecimento, como a seu pai antes de você. Terá de me soltar se quiser salvar-se".
          Pois Prometeu sabia que se Zeus fizesse amor com a ninfa marinha Tétis, como pretendia, ele teria um filho mais forte que o pai, e o reino de Zeus terminaria. Para descobrir esse segredo, Zeus permitiu que o seu próprio filho, Hércules, libertasse Prometeu. Como retribuição pela liberdade, Prometeu avisou a Zeus sobre Tétis, e ela acabou casando-se com um mortal, o Rei Peleu. O filho deles foi Aquiles, um herói da Guerra de Tróia.

As Idades do Mundo

          Estando, assim, povoado o mundo, seus primeiros tempos constituíram uma era de inocência e ventura, chamada a Idade de Ouro. Reinavam a verdade e a justiça, embora não impostas pela lei, e não havia juizes para ameaçar ou punir. As florestas ainda não tinham sido despojadas de suas árvores para fornecer madeira aos navios, nem os homens haviam construído fortificações em torno de suas cidades. Espadas, lanças ou elmos eram objetos desconhecidos. A terra produzia tudo necessário para o homem, sem que esse se desse o trabalho de lavrar ou colher. Vicejava uma primavera perpétua, as flores cresciam sem sementes, as torrentes dos rios eram de leite e de vinho, o mel.           Seguiu-se a Idade de Prata, inferior á de Ouro, porém melhor do que a de Cobre. Júpiter reduziu a primavera e dividiu o ano em estações. Pela primeira vez o homem teve que sofrer os rigores do calor e do frio, e tornaram-se necessárias as casas. As primeiras moradas foram as cavernas, os abrigos das árvores frondosas e cabanas feitas de hastes. Tornou-se necessário plantar para colher. O agricultou teve de semear e de arar a terra com ajuda do boi.
          Veio, em seguida, a Idade de Bronze, já mais agitada e sob ameaça das armas, mas ainda não inteiramente má. A pior foi a Idade do Ferro. O crime irrompeu, como uma inundação; a modéstia, a verdade e a honra fugiram, deixando em seus lugares a fraude e a astúcia, a violência e a insaciável cobiça. Os marinheiros estenderam as velas ao vento e as árvores foram derrubadas nas montanhas para servir de quilhas dos navios e ultraja! a face do oceano. A terra, que até então fora cultivada em comum, começou a ser dividida entre os possuidores. Os homens não se contentaram com o que produzia a superfície escavou-se a terra e tirou-se do seu seio os minérios e metais. Produziu-se o danoso ferro e o ainda mais danoso ouro. Surgiu a guerra, utilizando-se de um e de outro como armas o hóspede não se sentia em segurança em casa de seu amigo; os genros e sogros, os irmãos e irmãs, os maridos e mulheres não podiam confiar uns nos outros. Os filhos desejavam a morte dos pais, a fim de lhe herdarem a riqueza; o amor familiar caiu prostrado. A terra ficou úmida de sangue, e os deuses a abandonaram, um a um, até que ficou somente Astréia (Deusa da inocência e da pureza. Depois de sair da terra, foi colocada entre as estrelas, onde se transformou na constelação Virgo. Era filha de Têmis - Justiça, representada com uma balança em que pesa as alegações das partes adversárias.), que, finalmente, acabou também partindo.
          Vendo aquele estado de coisas, Júpiter indignou-se e convocou os deuses para um conselho. Todos obedeceram à convocação e tomaram o caminho do palácio do céu, e é chamado a Via Láctea. Ao longo dele ficam os palácios dos deuses ilustres; a plebe celestial vive à parte, de um lado ou de outro.
          Dirigindo-se à assembléia, Júpiter expôs as terríveis condições que reinavam na terra e encerrou as suas palavras anunciando a intenção de destruir todos os seus habitantes e fazer surgir uma nova raça, diferente da primeira, que seria mais digna de viver e saberia melhor cultuar os deuses. Assim dizendo, apoderou-se de um raio e já estava prestes a atirá-lo contra o mundo, destruindo-o pelo fogo, quando atentou para o perigo que o incêndio poderia acarretar para o próprio céu. Mudou, então, de idéias, e resolveu inundar a terra. O vento norte, que espalha as nuvens, foi encadeado; o vento sul foi solto e em breve cobriu todo o céu com escuridão profunda. As nuvens, empurradas em bloco romperam-se com fragor; torrentes de chuva caíram; as plantações inundaram-se; o trabalho de um ano do lavrador pereceu em uma hora. Não satisfeito com suas próprias águas, Júpiter pediu a ajuda de seu irmão Netuno. Este soltou os rios e lançou-os sobre a terra. Ao mesmo tempo, sacudiu-a com um terremoto e lançou o refluxo do oceano sobre as praias. Rebanhos, animais, homens e casas foram engolidos e os templos, com seus recintos sacros, profanados. Todo edifício que permanecera de pé foi submergido e suas torres ficaram abaixo das águas. Tudo se transformou em mar, num mar sem praias. Aqui e ali, um indivíduo refugia-se num cume e alguns poucos, em barcos, apóiam o remo no mesmo solo que ainda há pouco o arado sulcara. Os peixes nadam sobre os galhos de árvores; a âncora se prende num jardim. Onde recentemente os cordeirinhos brincavam as focas cabriolam desajeitadamente. O lobo nada entre as ovelhas, os fulvos leões e os tigres lutam nas águas. A força do javali de nada lhe serve, nem a ligeireza do cervo. As aves tombam, cansadas, na água, não tendo encontrado terra onde pousar. Os seres vivos que a água poupara caem como presas da fome.
          De todas as montanhas, apenas o Parnaso ultrapassa as águas. Ali, Deucalião e sua esposa Pirra, da raça de Prometeu, encontram refúgio – ele é um homem justo ela uma devota fiel dos deuses. Vendo que não havia outro vivente além desse casal e lembrando-se de sua vida inofensiva e de sua conduta piedosa, Júpiter ordenou aos ventos do norte que afastassem as nuvens e mostrassem o céu à terra e a terra ao céu. Também Netuno ordenou a Tritão que soasse sua concha determinado a retirada das águas. As águas obedeceram; o mar voltou às suas costas e os rios aos seus leitos. Deucalião assim se dirigiu, então, a Pirra: "minha esposa, única mulher sobrevivente, unida a mim primeiramente pelos laços do parentesco e do casamento, e agora por um perigo comum, pudéssemos nós possuir o poder de nosso antepassado Prometeu e renovar a raça, como ele fez, pela primeira vez ! Como não podemos, porém, dirijamo-nos àquele templo e indaguemos dos deuses o que nos resta a fazer".           Entraram num templo coberto de lama e aproximaram-se do altar, onde nenhum fogo crepitava. Prostraram-se na terra e rogaram à deusa que os esclarecesse sobre a maneira de se comportar naquela situação miserável. "Saí do templo com a cabeça coberta e as vestes desatadas e atirai para trás os ossos de vossa mãe" – respondeu o oráculo. Estas palavras foram ouvidas com assombro. Pirra foi a primeira a romper o silêncio: "Não podemos obedecer; não vamos nos atrever a profanar os restos de nossos pais". Seguiram pela fraca sombra do bosque, refletindo sobre o oráculo. Afinal, Deucalião falou: " Se minha sagacidade não me ilude, poderemos obedecer a ordem sem cometermos qualquer impiedade. A Terra é a mãe comum de nós todos; as pedras são seus ossos; poderemos lançá-las para trás de nós; e creio ser isto que o oráculo quis dizer. Pelo menos, não fará mal tentar." Os dois velaram o rosto, afrouxaram as vestes apanharam as pedras e atiraram-nas para trás. As pedras (maravilha das maravilhas!) amoleceram e começaram a tomar forma. Pouco a pouco, foram assumindo uma grosseira semelhança com a forma humana, como um bloco ainda mal acabado nas mãos de um escultor. A umidade e o Iodo que havia sobre elas transformaram-se em carne; e a parte pétrea transformou-se nos ossos; as veias ou veios da pedra continuaram veias conservando seu nome e apenas mudando sua utilidade. As pedras lançadas pelas mãos do homem tornaram-se homens, as lançadas pela mulher tornaram-se mulheres. Era uma raça forte e bem disposta para o trabalho como até hoje somos, mostrando bem a nossa origem.

Suplício e Libertação do homem

          Júpiter revelou-se cruel para com Prometeu e, a fim de puni-lo por ter dado o fogo aos homens, agrilhoou-o ao Cáucaso. Uma águia lhe dilacerava constantemente o fígado, e a sua carne renascia imediatamente para que o suplício se renovasse todos os dias. A luta de Júpiter contra Prometeu foi interpretada de maneira assaz diferentes, mas segundo os trágicos seria possível ver nela uma vaga recordação de uma mudança de crenças. Na Antigüidade, Prometeu ficou como tipo de justiça esmagada pela força, da consciência humana protestando contra um poder inexorável.
          O suplício de Prometeu teria, no entanto, fim. Hércules, o matador dos monstros e grande reparador de erros, livrou o Titã matando a águia que o roía. Prometeu, que conhecia o futuro, predissera que quem desposasse a Nereida Tétis, teria um filho mais poderoso que o pai, e o rei dos deuses, sabendo de tal profecia, renunciou ao projeto de unir-se a Tétis. Como recordação desse serviço, Júpiter não obstaculou a libertação de Prometeu; mas já que afirmara que o suplício duraria milhares de anos e que um deus não deve mentir, excogitou-se um subterfúgio. De um dos elos da cadeia que agrilhoava o Titã se fez um anel, no qual se introduziu um pedacinho do rochedo; desse modo, Prometeu continuava sempre preso ao Cáucaso.
          Um interessante sarcófago no museu Capitolino fixa em várias cenas toda lenda de Prometeu.

3) A Criação do Mundo

Gênesis

          No primeiro, Deus criou os céus e a terra. A terra era informe e vazia. As trevas abriam o abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas.
          Deus disse: " Faça-se a luz". E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Deus chamou dia à luz e às trevas noite.
          Assim surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o primeiro dia.
          Deus disse: "Haja um firmamento entre as águas para as manter separadas uma das outras".           Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam sob o firmamento. E assim aconteceu.           Deus chamou céus ao firmamento.
          Deus disse: "Reunam-se as águas que estão debaixo dos céus em um único lugar, a fim de aparecer a terra seca". E assim aconteceu. Deus à parte sólida chamou terra, e mar ao conjunto das águas; e Deus viu que isto era bom.
          Deus disse: "Que a terra produzia verdura, erva com semente, árvores frutíferas que dêem fruto sobre a terra, segundo as suas espécies, e contendo semente". E assim aconteceu. A terra produziu verdura, erva com semente, segundo a sua espécie, e árvores de fruto, segundo as suas espécies, com a respectiva semente. Deus viu que isto era bom.
          Deus disse: "Haja luzeiros no firmamento dos céus para diferençarem o dia da noite e servirem de sinais, determinando as estações, os dias e os anos; servirão também de luzeiros no firmamento dos céus para iluminarem a terra". E assim aconteceu. Deus fez dois grandes luzeiros: o maior para presidir o dia, e o menor para presidir a noite: fez também as estrelas. Deus colocou-os no firmamento dos céus para iluminarem a terra, para presidirem ao dia e à noite, e para separarem a luz das trevas. E           Deus viu que isto era bom.
          Deus disse: "Que as águas sejam povoadas de inúmeros seres vivos, e que na terra voem aves, sob o firmamento dos céus". Deus criou, segundo as suas espécies, os monstros marinhos e todos os seres vivos que se movem nas águas, e todas as aves aladas, segundo as suas espécies. E Deus viu que isto era bom. Deus abençoou-os dizendo: "Crescei e multiplicai-vos e enchei as águas do mar e multipliquem-se as aves sobre a terra".
          Deus disse: "Que a terra produza seres vivos, segundo as suas espécies, animais domésticos, répteis e animais ferozes, segundo as suas espécies". E assim aconteceu. Deus fez os animais ferozes, segundo as suas espécies". E assim aconteceu. Deus fez os animais ferozes, segundo as suas espécies; os animais domésticos, segundo as suas espécies; e todos os répteis da terra, segundo as suas espécies. E Deus viu que isto era bom.
          Deus, a seguir, disse: "Façamos o homem à Nossa imagem, à Nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre todos os répteis que rastejam pela terra". Deus criou o homem à Sua imagem, criou-o à imagem de Deus. Ele os criou homem e mulher.           Abençoando-os Deus disse-lhes: "Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se movem sobre a terra". Deus disse: "Também vos dou todas as ervas com semente que existem à superfície da terra, assim como todas as árvores de fruto com semente, para que vos sirvam de alimento. E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus e a todos os seres vivos que sobre a terra existem e se movem, igualmente dou por alimento toda a erva verde que a terra produzir". E assim aconteceu. Deus, vendo toda a Sua obra, considerou-a muito boa.
          Foram assim terminados os céus e a terra e todo o seu conjunto. Concluía, no sétimo dia, toda a obra que havia feito, Deus repousou, no sétimo dia, de todo o trabalho por Ele realizado. Abençoou o sétimo dia e santificou-o, visto ser nesse dia que Deus repousou de toda a obra da criação. Essa é a origem e a história da criação dos céus e da terra.

Gênesis Tupiniquim

          Conta a velha lenda que quando o homem ainda vivia disperso em pequenos grupos e famílias pela Terra, e nem mesmo tinha desenvolvido toda as características que como as que conhecemos atualmente, surge dentre eles SUMÉ (1). À medida que foi crescendo, e desde muito cedo, Sumé se destacou em inteligência e sabedoria. Tornou-se o PAI (ou o primeiro) de todos os Payés. Era possuidor de uma grande capacidade de reunir em torno de si os homens e ensiná-los sobre todas as coisas.
          Aproveitando que os homens já começavam a perceber a importância da luz, já começavam a observar os efeitos desta através do Sol, das estrelas cadentes, dos raios, e etc. Sumé ensinou que na cruz estava a essência, a emanação de um Poder que iluminava tudo.
          Por associação e observação dos fenômenos naturais como estrelas cadentes começaram a imitar com a garganta sons, tais como: tyi, tsiil, tshiio, associando-os as estrelas: ran, pan, ão, associando-os ao trovão e raios. Esses eram tidos como a Voz de um Senhor do Céu. Surgia assim o primeiro vocábulo TUPAN pela contração dessas duas sonâncias que foi o primeiro nome de Deus.
          Sumé desvendou ainda o mistério da Cruz associando-se a um culto – CURUÇA o Culto da Cruz Sagrada – e à contemplação do Cruzeiro do Sul, ensinando que nele estava toda a essência. Esses ensinamentos de Sumé ficaram conhecidos como: Tuyabaé-cuaá (Sabedoria dos Velhos Payés). Onde se ensinava que TUPAN, divindade máxima, se manifestava através da Luz, pelo Cruzeiro do Sul, pelo Sol e era representado pela CRUZ, reproduzida através do TEMBETÁ – amuleto em forma de T, que também designava um culto masculino (vedado às mulheres) para perpetuar os "sagrados mistérios da cruz". Esse amuleto era ligado diretamente ao Sol – Guaracy representando o Poder Criador, o Princípio Espiritual, o Princípio Fecundante viril, do fogo, da luz, do calor: o Eterno Masculino de todas as coisas...
          Os payés tinham o conhecimento dos mistérios ou ritos, solares pela trilogia de Guaracy – Yacy – Rudá ou Perudá.
          Guaracy – o Sol – representava o poder vital, mãe-pai dos viventes, no sentido da vida física; Yacy – era a Lua – representando a criação do reino vegetal, na Natureza; Rudá ou Perudá – era o deus ou a deusa do amor e da reprodução que promovia a união do Sol, da Luz, do Princípio masculino com o feminino, do Princípio Espiritual, com o Princípio Material, gerando o mundo da forma, ou seja, o mundo em que vivemos e conhecemos hoje.

1 SUMÉ significa: aquele que vinha lembrar e estabelecer a Lei e ensinar o segredo de todas as coisas

4) A Luz Como Elemento da Vida – a Terra prenha

          Um dia, a vida surgiu na terra. A terra tinha como a vida um cordão umbilical. A vida e a terra. A terra era grande e a vida pequena. Inicial. A vida foi crescendo e a terra ficand menor, não pequena. Cercada, a terra virou sorte de alguns e a desgraça de tantos. Na história foi tema de revoltas, revoluções, transformações. A terra e a cerca.
          Muitas reformas se fizeram para dividir a terra, para torná-la de muitos e, quem sabe, até de todas as pessoas. Mas isso não aconteceu em todos os lugares. A democracia esbarrou na cerca e se feriu nos seus arames farpados. O mundo está evidentemente atrasado. Onde se fez a reforma, o progresso chegou. Mas a verdade é que até agora a cerca venceu, o que nasceu para todas as pessoas, em poucas mãos ainda está.
          No Brasil a terra, também cercada, está no centro da história. Os pedaços que foram democratizados custaram muito sangue, dor e sofrimento. Virou poder de Portugal, dos coronéis, dos grandes grupos, virou privilégio, poder político, base da exclusão, força de apartheid. Nas cidades, virou mansões, favelas. Virou absurdo sem limites, tabu. Mas é tanta, é tão grande e tão produtiva, que a cerca treme, os limites se rompem, a história muda e ao longo do tempo, o momento chega para pensar diferente: a terra é bem planetário, não pode ser privilégio de ninguém, é bem social e não privado, é patrimônio da humanidade, e não arma de egoísmo particular de ninguém. É para produzir, gerar alimentos, empregos, viver. É bem de todos para todos. Esse é o único destino possível para a terra.
          Como nunca antes na história o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que comprometer-nos a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.
          Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável a nível local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que aprender da continuada busca da verdade e da sabedoria.
          A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Porém, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade têm um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresa é essencial para uma governabilidade efetiva.
          Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra junto com um instrumento internacional legalmente vinculante com referência ao ambiente e ao desenvolvimento.
          Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, por um compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, pela rápida luta pela justiça e pela paz e pela alegre celebração da Vida.

"Só tem direito à terra
Quem é capaz de regá-la com o seu próprio suor
Quem é capaz de amá-la e protegê-la
E defendê-la com a própria vida."

5) A Luz da Nova Aliança – a Estrela de Belém e os 3 Reis Magos

          Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Sua Mãe, desposada com José, antes de coabitarem, achou-se que tinha concebido, por virtude do Espírito Santo. José, seu marido, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente. Andando ele a pensar nisto, eis que uma anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, e lhe disse: "José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho pôr-Lhe-ás o nome de Jesus; porque ele salvará o povo dos seus pecados".
          Tudo isto sucedeu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor e anunciado pelo profeta:
          "Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho; e chamá-lo-ão Emanuel, que quer dizer: Deus conosco". Despertando José do sono, fez como ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua mulher. E, sem que a tivesse conhecido, ela deu à luz um filho, ao qual ele pôs o nome de Jesus.
          Por aqueles dias saiu um édito da parte de César Augusto para ser recenseada toda a terra.           Este recenseamento foi o primeiro que se fez, sendo Quirino governador da Síria. E iam todos recensear-se cada qual à sua própria cidade. Também José, deixando a cidade de Nazaré na Galileia subiu até à Judeía, à cidade de David chamada Belém por ser da casa e linhagem de David a fim de recensear-se com Maria, sua mulher que se encontrava grávida. E quando eles ali se encontravam completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho primogênito que envolveu em panos e recostou numa manjedoura por não haver para eles lugar na hospedaria. Na mesma região encontravam-se uns pastores que pernoitavam nos campos guardando os seus rebanhos durante a noite. O anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu em volta deles, e tiveram muito medo. Disse-lhes o anjo: "Não temais, pois vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador que é o Messias, Senhor. Isto vos servirá de sinal para o identificardes: Encontrareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura". De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exérciot celeste louvando a Deus e dizendo:
          "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do Seu agrado".
          Quando os anjos se afastaram deles em direção ao Céu, os pastores disseram uns aos outros:           "Vamos então até Belém e vejamos o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer".           Foram apressadamente e encontraram Maria, José e o Menino, deitado na manjedoura. E, quando os viram, começaram a espalhar o que lhes tinham dito a respeito daquele Menino. Todos os que ouviram se admiraram do que lhes disseram os pastores. Quanto a Maria. Conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração. E os pastores voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora anunciado.
          Eis a luz da Nova Aliança a fim de iluminar aqueles que se encontram nas trevas e na sombra da morte, e guiar os nossos passos no caminho da paz.
          Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente. "Onde está o rei dos Judeus que acaba de nascer?" – perguntavam. "Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adora-lo". Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes pertubou-se e toda a Jerusalém com ele. E, reunindo todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo, perguntou-lhes onde deveria nascer o Messias. Eles responderam: "Em Belém da Judéia, pois assim foi escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, não és de nenhum modo a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o Príncipe que apascentará meu povo Israel".
          Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e pediu-lhes informações exatas sobre a data em que a estrela lhes havia aparecido. E enviando-os a Belém, disse-lhes: "Ide e informai-vos cuidadosamente acerca do menino, e, depois de O encontrardes, vinde comunicar-mo, para que eu também vá adorá-lo". Após as palavras do rei, puseram-se a caminho. E a estrela que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o Menino, parou. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria e entrando na casa viram o menino no colo de sua mãe. Prostaram-se, adorando-o e abriram os cofres oferecendo-lhes presentes: ouro, incensos, mirra.
          Avisados em sonho a não voltarem para junto de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.

E eis que a vida era a luz dos homens.
A luz que resplandeceu nas trevas
Mas as trevas não a admitiram
Surgiu então um homem enviado por Deus
seu nome era João
Veio como testemunha, para dar testemunho da luz
O verbo era a luz verdadeira que, vindo ao mundo todo o homem ilumina

6) O Iluminismo – As Grandes Invenções

          O Iluminismo indica um movimento intelectual que se desenvolveu no século XVIII, cujo objetivo era a difusão da razão, a "luz", para dirigir o progresso da vida em todos os aspectos. Daí o nome iluminismo, tradução da palavra alemã "aufklarung", que significa aclaração, esclarecimento, iluminação.
          O iluminismo, mais do que um conjunto de idéias, foi uma nova mentalidade que influenciou grande parte da sociedade da época, de modo particular os intelectuais, a burguesia e mesmo alguns nobres e reis. Os iluministas eram aqueles que em tudo se deixavam guiar pelas luzes da razão e que escreviam e agiam para dar sua contribuição ao progresso intelectual, social e moral e para criticar toda forma de autoritarismo, fosse ela de ordem política, religiosa ou moral.
          Esse modo de pensar e de agir difundiu-se em muitos países da Europa, no século XVIII, o "século das luzes". Suas primeiras manifestações ocorreram, no século XVIII, na Inglaterra e na Holanda, com a contribuição do pensamento de Descartes, Newton, Spinoza e Locke. Mas o Iluminismo tornou-se um movimento especialmente forte na França, onde a crise do governo absolutista levou os filósofos a um debate profundo sobre a política e a sociedade de um modo geral.
          Os iluministas franceses questionavam a divisão da sociedade em "estados" ou "ordens", que privilegiava a aristocracia, em detrimento da burguesia e do povo em geral. No campo da política, criticavam a teoria do "direito divino" e da "soberania absoluta" dos governantes, defendendo a idéia de que o Estado e o poder monárquico eram resultado, não da vontade pessoal, mas de um contrato entre governantes e governados.
          A crítica ao absolutismo, formulada em fins do século XVIII pelo inglês Locke, foi aprofundada, no decorrer desse século, pelos franceses Montesquieu, Voltaire, Rousseau e pelos enciclopedistas. Das idéias de Locke e dos iluministas franceses surgiu a doutrina do Liberalismo.

Montesquieu e a divisão de poderes

          Montesquieu 1689/1755, foi um dos mais influentes iluministas franceses do século XVIII. Em 1721 publicou "Cartas Persas", onde satirizava a sociedade francesa, suas leis e seus costumes, através do diálogo entre dois turistas persas.
          Viveu um período na Inglaterra, passando a admirar suas instituições. Em 1748, escreveu sua principal obra: O Espírito das Leis, na qual procurava explicar as leis que regem os costumes e as relações entre os homens a partir da análise dos fatos sociais, excluindo qualquer perspectiva religiosa ou moral.
          Segundo Mostesquieu, as leis revelam a racional idade de um governo, devendo estar submetido a elas, inclusive a liberdade, que afirmava ser " o direito de fazer tudo quanto as leis permitem". Para se evitar o despotismo, o arbítrio, e manter a liberdade política, é necessário separar as funções principais do governo: legislar, executar e julgar. Montesquieu mostrava que, na Inglaterra, a divisão dos poderes impedia que o rei se tornasse um déspota. " Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou a mesma corporação dos príncipes, dos nobres ou do povo exercesse três poderes: o de fazer as leis, e de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as desavenças particulares".
          A forma de governo ideal para Montesquieu era a monarquia parlamentar, sendo contrário à participação popular. Ele buscou também uma explicação para a existência de tantas leis diferentes, nos diversos países, concluindo que três fatores condicionavam a multiplicidade delas: os físicos, como o clima; os religiosos e os sócio-econômicos.

Voltaire; contra o absolutismo e a Igreja

          O escritor e filósofo francês François Marie Arouet (1694-1778) pseudônimo Voltaire, foi mais um defensor das liberdades civis do que um reformador político. Viveu isolado por três anos na Inglaterra, onde foi influenciado pelas idéias de John Locke e de Newton. Ao regressar à França, publicou Cartas Filosóficas (1734) onde louvava os costumes e as instituições inglesas e atacava o despotismo da monarquia francesa, sendo perseguido por isso.
          Voltaire criticava as prisões arbitrárias, a tortura, a pena de morte e defendia a liberdade de expressão de pensamento. Era inimigo da Igreja Católica que chamava de "a infame" e defensor da religião natural, igual para todos os homens, sem doutrinas e os dogmas da religião cristã. Deísta, acreditava em Deus apenas como criador do universo, do qual é a causa e o princípio.
          Expulso de Paris, viveu na região da Lorraine, em Berlim e em Genebra, na Suíça. Em 1755, instalou-se em sua propriedade de Fernay, junto à fronteira da Suíça, onde morou até morrer, produzindo numerosos livros, peças teatrais, panfletos e cartas. Sua obra mais conhecida é "Candide", fábula filosófica sobre a natureza do bem e do mal.

Rousseau e o Contrato Social

          Jean Jacques Rousseau (1712-1778) era natural de Genebra, na Suíça, filho de artesãos e lutou muito contra a miséria. Um dos mais importantes escritores do Iluminismo francês, suas teorias provocaram grande impacto na educação, na literatura e na política. Suas principais obras foram:

  • "Discurso sobre as Ciências e as Artes" e Discurso sobre a "Origem da desigualdade entre os homens" 1755, nos quais afirmava que o homem nasce naturalmente bom, a sociedade é que o corrompe e defende a tese de que os homens, quando viviam no Estado de natureza, eram felizes, livres e iguais em direitos porque a propriedade não existia. A desigualdade surgiu quando o primeiro homem cercou um terreno e disse "isto é meu" e os outros aceitaram; a partir desse momento, "surgiram os crimes, as guerras e as injustiças".
  • " A Nova Heloísa" (1761), romance onde exalta a vida familiar a moralidade e critica a sociedade francesa cortesã, de sua época.

  • "Emílio" (1761), obra de pedagogia que coloca como objetivos da educação o desenvolvimento das potencialidades naturais da criança, dentro dos interesses próprios dela; a educação deve ser livre, sem a imposição de livros e regras. Para Rousseau, tanto os processos educativos, quanto as relações sociais devem partir de um princípio básico: a liberdade como direito e dever.
  • "O Contrato Social" (1762), obra de teoria política onde Rousseau expressa suas opiniões sobre o governo e os direitos dos cidadãos. Segundo do ele, ao deixarem o estado de natureza, os homens estabeleceram entre si um contrato ou pacto, através do qual todos seriam iguais perante às leis. O Estado (isto é, a comunidade politicamente organizada) e o governo (isto é, o agente executivo do Estado que deve realizar a vontade geral), nascidos do contrato entre os homens, estavam submetidos as leis que deveriam ser aprovadas pelo voto direto da maioria dos cidadãos. O soberano, constituído pelo contrato social, é o povo unido ditando a vontade geral, cuja expressão é a lei. Afirmava Rousseau: " Toda lei que o povo em pessoa não tenha ratificado é nula; não é uma, lei".

          Seus livros mais divulgados foram "Emílio" que teve 22 edições e "A Nova Heloísa" com 50 edições. Exerceu também influência sobre os revolucionários franceses de 1789, principalmente durante o "governo jacobino" (1793/94), sobretudo por meio de suas idéias sobre a igualdade, a bondade do povo, a soberania e a supremacia da maioria.

Enciclopedistas

          Dentre os filósofos franceses do Iluminismo, sobressaíram-se Denis Diderot (1713/1784) e Jean D’ Alembert (1717/1783), organizadores da "Enciclopédia ou Dictionnaire Raisonné des Siences, des Arts e des Métiers" (Enciclopédia ou Dicionário Racional das Ciências, das Artes e das Profissões), obra em 28 volumes que pretendia ser uma síntese completa aos conhecimentos filosóficos e científicos da época.
          Entre seus colaboradores, contavam-se destacados filósofos, matemáticos, físicos e economistas, que concordavam com o racionalismo e o liberalismo. Os dois primeiros volumes foram publicados em 1751, exprimindo concepções políticas revolucionárias um sentimento anti-religioso.

Os sub-literatos

          Durante o século XVIII, existiram na França, à margem dos grandes pensadores iluministas, numerosos escritores que, por não conseguirem destaque para as suas obras, viviam no submundo, misturados a vigaristas, espiões da polícia. Em suas obras, mostravam um monarca indolente, cercado por auxiliares medíocres e corruptos. Suas denúncias apontavam para a podridão do regime, desmoralizando a monarquia diante dos súditos.
          Livros como "Memoire sur la Bastilhe " de Linguet, e "Letres de chachet e prisons d’État", de Mirabeau, denunciavam como os prisioneiros eram tratados, revistados e atirados em cubículos fétidos, sem direito a julgamento, dormindo em colchões comidos por traças, enfrentando carcereiros violentos e tendo uma péssima alimentação. Esses livros, mesmo não tendo um programa de reforma para o Estado francês, denunciavam o poder ilimitado das autoridades que podiam meter na cadeia qualquer cidadão, sem julgamento, com uma simples "lettre de chachet". Ao denunciarem as arbitrariedades, o desperdício, o parasitismo da corte, que custavam enormes somas ao Estado e mais impostos sobre a população, os sub-literatos tornavam as instituições do Antigo Regime desacreditadas, enfraquecendo os mitos de justiça e de equilíbrio que legitimavam o Monarca aos olhos do povo.

Os fisiocratas e o laissez faire

          A crítica dos iluministas ao Absolutismo atingiu também a política econômica desse regime: as práticas mercantilistas e a intervenção do Estado na economia eram combatidos, na França, pelos adeptos da escola econômica fisiocrática.
          Os fisiocratas (de fisio, natureza; crato, governo, portanto governo da natureza) afirmavam que a verdadeira fonte de riqueza de uma nação era a terra, sendo a agricultura a principal atividade econômica. A indústria e o comércio apenas transferiam riquezas já existentes de uma pessoa para outra.
          Assim como o universo e o corpo humano eram regidos por leis naturais, a economia também o era, tornando-se pois desnecessária qualquer regulamentação feita pelo Estado. O lema dos fisiocratas era: laissez faire, laissez passer, le monde va de lui-même. Seus principais representantes foram François Quesnay, fundador da Escola fisiocrata e Turgot, ministro das finanças de Luiz XVI entre 1774 e 1776.
          Como ministro, Turgot procurou diminuir a ação do Estado na economia, aperfeiçoando o sistema de arrecadação, abolindo algumas corvéias e facilitando o comércio de cereais. Nessa época, existiam barreiras alfandegárias entre as diversas regiões do país, que dificultavam a comercialização e a circulação de mercadorias. O ministro decretou: " que livre a todas as pessoas (...) exercer a espécie de comércio e as profissões artesanais que queiram ...".
          Turgot tentou fazer uma reforma fiscal para que a aristocracia pagasse impostos, assim como os demais franceses. Mas enfrentou uma forte oposição das classes privilegiadas, sendo demitido em 1776 e suas medidas revogadas, agravando a crise financeira da monarquia.

O deísmo

          A religião mais tipicamente iluminista é o deísmo: reconhece-se a existência de uma esfera sobrenatural e, especialmente, a existência de um deus pessoal e criador do universo, conceito ao qual se chega racionalmente, a partir da observação da harmonia que reina no universo, mas não se reconhece nenhum outro atributo de Deus e, menos ainda, não se admitem cultos, ritos, dogmas, etc.
          A religião se torna um modo de sentir, um íntimo sentimento de comunhão com Deus, que decorre da adesão sentimental à harmonia da natureza.

Reforma ou Revolução

          O pensamento dos "phillosophes", como eram conhecidos os iluministas, não tinha como propósito conduzir a uma revolução. Os iluministas propunham a reforma do Estado, submetendo as monarquias absolutistas às restrições emanadas das leis aprovadas pelos parlamentos ou assembléias de representantes do povo. Eles consideravam necessário educar " os monarcas, a fim de que estes pudessem preservar os direitos do cidadão e a liberdade do indivíduo".
          Do ponto de vista econômico, os iluministas criticavam os monopólios, as restrições à produção de mercadorias por corporações de ofício, as leis de proteção a determinado número de indústrias e a intervenção do Estado na economia, considerada desnecessária.
          O modelo da reforma era a Inglaterra, que após a Revolução Gloriosa de 1689 manteve a Monarquia, porém com o poder controlado pelo Parlamento, formado por nobres e burgueses preocupados na defesa de seus interesses, tais como a propriedade, a liberdade de opinião e o poder de legislar.
          As idéias liberais dos iluministas tiveram grande penetração na França, onde um Estado falido e uma aristocracia apegada a seus privilégios tentavam, de todos os modos, opor-se às mudanças exigidas pela burguesia e pelo povo . Na Revolução Francesa de 1789 os princípios iluministas surgiram resumidos no lema revolucionário: "LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE". No continente americano, as idéias liberais serviram para orientar os movimentos pela independência política das colônias.

7) A Luz como Espetáculo

          A Luz é amplamente empregada nas artes cênicas. Não se compreende um grande espetáculo sem um grande projeto de luz. Ela é também utilizada para realçar grandes monumentos, e enfeitar as ruas das grandes cidades.

Percebendo as cores

          Os órgãos dos sentidos são os canais que ligam os seres vivos ao ambiente em que vivem. Para o ser humano as sensações sonoras, luminosas, olfativas, gustativas e táteis fornecem as informações sobre o mundo.
          Se há falta de um órgão, o mundo parece-nos apresentar-se incompleto.
          Mas, é através dos olhos que recebemos a maior quantidade de informações.
          As sensações visuais são produzidas quando a luz refletida pelos objetos atinge nossos olhos.           Portanto, a luz é o agente da visão.
          Vemos um objeto porque ele envia luz para nossos olhos.
          Em completa escuridão, nada vemos no interior de um ambiente. Mas, havendo uma fonte de luz, podemos enxergar os objetos nele existentes.

O olho humano e as cores

          O olho humano pode ver 7.000.000 de cores.
          Pesquisas recentes indicam que o mecanismo de percepção das cores por nossos olhos é mais complexo do que até então se supunha. Podemos dizer que a luz refletida difusamente pelo objeto, ao alcançar nossos olhos, determina a cor desse objeto.
          A teoria mais aceita admite que, na retina do olho humano, há três tipos de células sensíveis às cores: as sensíveis à luz vermelha, as sensíveis à luz azul e as sensíveis à luz verde.
          Observa-se dessa forma que há células receptoras apenas para as luzes correspondentes às cores primárias. Assim, quando contemplamos um objeto, conforme as luzes recebidas pelos nossos olhos, são excitadas apenas as células receptoras correspondentes a elas.
          Estes sinais são, então, enviados ao cérebro, que se incumbe de juntá-las, produzindo a sensação de cor do objeto.

Cores puras e tonalidades de cores

          Não existe um corpo absolutamente branco que não absorva nenhuma parcela da luz que o atinge. Analogamente, não há um corpo absolutamente negro que nada reflita.
          Um objeto é considerado branco quando reflete acima de 85% da luz incidente, e considerado negro quando absorve mais de 85% da luz. Todo objeto brando ou preto apresenta uma gama muito grande de tonalidades de cinza. Assim, se um objeto refletir 50% da luz branca que o atinge ( os outros 50% são absorvidos), ele se apresenta cinzento. A tonalidade do cinza será mais ou menos clara de acordo com a porcentagem da luz refletida. Então, se um objeto reflete 70% da luz, ele se mostra cinza-claro, mas se reflete apenas 30% da luz, ele será cinza-escuro. O mesmo ocorre com os objetos coloridos. Raros são os objetos que apresentam cores puras, refletindo 100% da luz de determinada cor e absorvendo 100% das demais. Por isso ocorrem diferentes tonalidades de cores. Os corpos absorvem e remetem porcentagens variadas das luzes coloridas que compõem a luz branca. Assim, vários objetos azuis, podem apresentar diversas tonalidades, dependendo da maior ou menor parcela da luz que estão refletindo ou absorvendo.

Bibliografia:

Enciclopédia "Conhecer" - Abril Cultural
Grande Enciclopédia Larousse Cultural - Nova Cultural
CAMPOS, Raymundo. Estudos de História - Moderna e Contemporânea. Atual Editora.
Bíblia Sagrada

Cronograma de Desfile

a.. Comissão de Frente
b.. Alegoria 1 - Abra-Alas - Coroa Imperial com elementos do enredo
     1 - Uma nova luz p/ o Império Serrano
     2 - Os iluminados do Samba
     3 - A luz da Inspiração
     4 - Império: minha luz eh você
c.. Alegoria 2 - O Olimpo dos Deuses
    5 - A Criação do Homem (barro)
    6 - O Fogo: a glória dos Homens
    7 - Prometeu Acorrentado
    8 - Guardiões do Olimpo
d.. Alegoria 3 - A Criação do Mundo
    9 - A Luz do Sol
   10 - A Luz das Estrelas
   11- A Luz da Lua
   12 - O Milagre da Vida
e.. Alegoria 4 - A Terra Prenha
   13 - Terra como elemento da Vida
   14 - Os donos da terra (lavradores)
   15 - Vaga-lumes
   16 - Peixes (c/ luz própria)
f.. Alegoria 5 - A Luz da Nova Aliança
   17 - Os pastores de Belém
   18 - O brilho da estrela de Belém
   19 - Os soldados de Herodes
   20 - Os anunciadores da nova aliança
g.. Alegoria 6 - O Iluminismo
   21 - A Revolução Industrial
   22 - As engrenagens da vida
   23 - A Luz das Idéias
   24 - A Luz da Ciência
   25 - A Luz da Injustiça ( Igualdade - Liberdade - Fraternidade)
   26 - A Luz da Paixão
h.. Alegoria 7 - A Luz como espetáculo
   27 - Luzes da Ribalta ( Cinema)
   28 - Romeu e Julieta ( Teatro - Não jures pela luz da lua, que é inconstantes)
   29 - A Luz do Talento ( Carmem Miranda)
   30 - O espetáculo não pode acabar

Total 30 alas e sete alegorias. Até o presente momento este é o roteiro, sujeito a alterações.

Ernesto Nascimento

 

SAMBA ENREDO                                                2003
Enredo     E Onde Houver Trevas que se Faça a Luz
Compositores     Aluísio Machado, Arlindinho Cruz, Maurição, Carlos Sena e Elmo Caetano
Luz, magia
Que faz a mente do poeta delirar
Estrela guia
Faz meu Império brilhar
É bom amar (amar) e ser amado
Se dar e receber
Eu quero um mundo de inspiração
Pra clarear de vez a escuridão

Prometeu roubou do Sol o fogo
Trouxe a Luz pra iluminar o povo
O que vem do coração ooo clareia
Clareia igual a Lua cheia

E a paz, desejo da Humanidade
Se faz com liberdade e igualdade
Feliz, muito feliz
"Uma criança" vai nascer
Se o homem conseguir usar a luz da razão
A Terra então vai florescer e vai...
Vai meu irmão!
Tens a chave do Céu!
A energia no ar
Vem da ribalta da vida
Serrinha é o show nessa avenida

Uma prova de amor...perdão
Uma grande paixão..amor
A esperança é quem me conduz
Onde houver trevas que se faça a Luz