Os Canhões de Guararapes
Os Canhões
de Guararapes é o tema enredo para o Carnaval do ano 2000, em que
vamos celebrar o Brasil e seus 500 anos, seu povo, suas culturas e
tradições e sua trajetória e, Pernambuco, é o estado mais rico culturalmente.
Recife viveu
uma grande epopéia. Começou como capitania por Duarte Coelho em 1535,
terminou com a expulsão dos holandeses em 1654. Quantas páginas heróicas
escrevemos nessas terras!
Pernambuco
sempre esteve presente na história dessa nação. ( O ciclo da cana
de açúcar).
Falar de
Pernambuco é falar do esforço admirável desses homens que comandados
por André Vidal de Negreiros organizaram um movimento para combater
os holandeses, que ficou conhecido como Insurreição Pernambucana,
que aproximou as três raças, branca, negra, indígena contribuindo
para a formação do primeiro sentimento de brasilidade.
Pretendemos
homenagear neste enredo todos os povos que lá estiveram, mostrar sua
alegria e espontaneidade, suas festas e tradições. Através de seu
folclore contaremos o enredo, num cenário de palmeiras e coqueiros,
Recife (Veneza brasileira) e Olinda (Patrimônio da Humanidade). Igrejas,
monumentos, canhões de Guararapes... Para tal traremos componentes
que revelarão a história deste Estado num grandioso festejo dos 500
anos do Brasil dada a importância que Pernambuco teve neste contexto
histórico.
Sylvio Cunha
Palmares
As paisagens
de coqueiros que decoram as praias baixas e a foz dos rios, características
do nordeste do Brasil. Reunidas à margem dos rios, as palmeiras parecem
mirar-se no lençol espelhante das águas.
Essas regiões,
braços do mar, enseadas tranqüilas, refrescadas sempre pela branda
aragem marítima oferecem um quadro de paz, nas noites em que o claro
luar se infiltra através do palmeiral, a beleza desse quadro, magnífica
miragem de sonho, de sombra e prata.
Os Grandes Índios
Amigos
Nos primeiros
tempos da conquista, os brancos são bem recebidos pelos naturais que
vêem no conquistador, no claro de sua pele, no colorido de seu vestiário,
na grandeza e magnificência de suas caravelas, o caraíba (saído do
mar).
Os tabajaras,
de que nos fala Alencar campeavam nas planícies do Nordeste, a sombra
de coqueiros. À sua tribo pertenceu Iracema, que o grande escritor
tornou célebre. E à essa tribo pertenceu também Tabira, conhecido
como exemplo de altivez e valor. Quando Duarte Coelho desembarcou
com sua gente em Pernambuco, teve que enfrentar a oposição dos bugres
que puseram em ruínas muitas tentativas de colonizar o Brasil.
Duarte Coelho
teve porém, a boa sorte de conhecer o índio Tabira, e unir-se por
aliança à sua gente. Tabira era o bravo chefe de uma tribo de bravos.
As Riquezas do
Açúcar
A cana de
açúcar, um dos fetiches comerciais da época, já havia sido experimentada
no solo de Pernambuco. Sendo o solo favorável foi fundado o primeiro
engenho a fim de dilatar a cultura da cana na América.
O açúcar
trouxe prosperidade e abundância aos que souberam tirar partido da
fertilidade do solo de Pernambuco e atraiu novos elementos de trabalho
e riqueza.
Cresceu o
número de engenhos, aumentou-se a produção. O negro considerado superior
ao índio no trabalhos foi trazido da África.
A Capitania de
Pernambuco
Foi em recompensa
de seus trabalhos na Ásia e África que Duarte Coelho foi feito por
D. João III donatário de uma capitania no Brasil. Soube recebê-la,
era tenaz e poderoso. Suas terras foram as mais prósperas.
Ele foi o
pai de Pernambuco, onde chegou em 1535.
Contam que
Pernambuco quer dizer mar em furo, em referência a uma
pedra furada onde o mar entra ou por causa do porto, o qual entra
pela roca de um recife estreito. Duarte Coelho ali chegou e ergueu
a primeira igreja (Cosme e Damião). Um pouco mais longe descobriu
uma colina. Era tão aprazível que resolveu povoá-la. Era tão formosa
que a chamaram de Olinda. Das palavras do capitão donatário nasceu
Olinda, que tendo perdido a sua hegemonia com o crescimento e progresso
de Recife, baseado no porto do mar, manteve no entanto, a categoria
de cidade importante ainda que paredes-meias da Veneza brasileira.
Tem aquelas
terras cicatrizes recebidas, umas vezes dos índios capetés e outras
de holandeses.
O Brasil Holandês
(Maurício de Nassau)
Graças à
traição de Calabar, puderam os holandeses manterem-se em Pernambuco
na primeira fase da conquista, e a vinda, em 1637, do conde Maurício
de Nassau, pertencente a uma das mais ilustres famílias da Europa,
firmou o domínio dos seus compatriotas no Nordeste.
Maurício
de Nassau deve a sua administração em Pernambuco brilho especial,
que os historiadores reconhecem e louvam. Chamou a seu convívio homem
de mérito, cientistas, literatos, artistas, etc., os quais vivendo
sob o amparo paternal do grande estadista lhes prestavam preciosa
colaboração. Um dos seus primeiros cuidados foi embelezar a cidade,
cuja população crescia com rapidez. Criou-se o bairro na ilha de Antônio
Vaz, ali plantaram centenas de palmeiras, laranjeiras.
Construiu-se
em Pernambuco:
- O primeiro Observatório Astronômico
(de toda a América);
- Levantou o seu palácio de verão
(Palácio Boa Vista);
- Construiu uma ponte ligando as duas
partes da cidade (por onde fez um boi voar);
- Fundou um museu de história natural;
- Fundou o primeiro corpo de bombeiros;
- Fundou a primeira academia de ciências
e letras.
- Como administrador, permite que
grupos demográficos se façam representar (primeiro parlamento
do novo mundo);
- Moderado em questões de fé, permitiu
que os judeus se instalassem no Recife;
- Impulsionou a arquitetura;
- Recebeu o Rei do Congo (visita das
embaixadas Africanas).
A Visita do Rei
do Congo
Consta nas
velhas crônicas que um pomposo e solene séquito africano foi recebido
por Maurício de Nassau em 1642. Consta que o conde Maurício de Nassau
recebeu emissários africanos, deles recebendo importantes presentes,
uma bacia de ouro, um colar, diamantes e 200 negros.
A embaixada,
usando sempre trajes suntuosos da sua terra de origem, propôs ao conde
a formação de uma frente anti-portuguesa, comprometendo-se a dar apoio
para o desembarque dos holandeses na África em troca de armas de fogo.
De acordo
com as documentações existentes, foi uma festiva ocasião. Utilizando
toda pompa e esplendor da época, o conde Maurício de Nassau recebeu
o rei do Congo e a princesa, irmã da rainha Nginga, com seus empregados
elegantes, de boa aparência, não faltando as aclamações jubilosas
do povo com o fausto e magnificência da corte de Nassau.
Os negros
deslumbraram a corte de Nassau pela sua riqueza e ostentação de ouro,
marfim e diamantes. Neste dia ouvia-se sinos. Foram recebidos por
enorme multidão, muita curiosidade e festejos populares ao som de
clarins e rufar de tambores aclamados num grande espetáculo. Sempre
com a presença marcante do hospitaleiro povo de Recife.
Sem o conde
Maurício de Nassau pode-se afirmar que os holandeses não se teriam
conservado tantos anos no Brasil. As grandes qualidades deste homem
chegaram a impor-se a uma boa parte das próprias populações dominadas.
A Batalha dos
Guararapes
Com o regresso
de Nassau à Holanda, voltou o regime de perseguições.
Esse mal estar e o fato de Portugal se haver separado da Espanha deram
lugar a uma explosão de ódios há muito abafados, que levantou contra
os opressores, pretos, índios e brancos. Essas três raças temperaram
com o seu sangue o aço que havia de forjar a unidade da pátria.
- Henrique Dias Negro
- Antônio Felipe Camarão Índio
- Vidal de Negreiros Branco
Foram os
chefes valorosos que defenderam com tenacidade o solo brasileiro contra
os holandeses. Aqueles três homens juntaram-se aos portugueses Francisco
Barreto de Menezes e João Fernandes Neira, contra um inimigo numerosamente
mais forte e melhor armado. Como a causa era justa, Deus estava com
eles. Na manhã de 19 de abril de 1648, nos outeiros dos Guararapes,
há poucos quilômetros de Recife, feriram batalha sangrenta que terminou
com a completa derrota do inimigo.
A vitória
foi tão grande, devido a desproporção das forças, que não bastou o
heroísmo dos soldados para justificar. Atribuíram-lhe intervenção
divina para consagrar ainda mais justiça à causa. Foi Nossa Senhora
dos Prazeres, diz o povo, quem fez o milagre. O fato é que saímos
vencedores e Nossa Senhora dos Prazeres ganhou mais essa igreja, construída
oito anos depois no próprio local onde se travou a batalha e tornada
monumento nacional.
Festa e Folclores
Mestre Vitalino
molda em barro a história e o destino do povo: retirantes, casa de
farinha, terno de zabumba, batizado, casamento, vaquejada, pastoril,
Lampião e Maria Bonita. Molda seu povo, seu trabalho, suas tristezas
e alegrias.
Literatura de Cordel nas feiras são comuns as bancas que vendem
pequenos livros.
São histórias
escritas em prosa e verso, contando aventuras e romances, pendurados
em barbantes e suspensos em corda.
Pregoeiros os vendedores de rua já se tornaram pela raridade
tipos folclóricos com seus pregões anunciando as mercadorias que vendem.
Festas Juninas
os foguetes espocam pelos quatro cantos da cidade com a fartura
de alimentos que nascem da terra.
As Nações
do Maracatu no Recife, no Carnaval, desfilam clubes, blocos,
frevos, caboclinhos e o maracatu com suas nações. O Elefante, fundado
no século XIX, de origem africana, trás certos animais africanos:
o elefante e o leão.
"Meu Maracatu é da coroa imperial ele é de Pernambuco ele é da casa real
O frevo é
filho legítimo da capoeira. O capoeirista sai no carnaval dançando
o frevo à frente dos cordões. O frevo ficou com o guarda-chuva do
maracatu, uma espécie de palho, símbolo da realeza.
O terno de
Zabumba alegra sempre as festas nordestinas.
Boa noite Seu
Rufino boa noite eu venho dar quero que o senhor dê licença em seu terreiro brincar.
Pernambuco e
os 500 Anos
Vamos festejar
os 500 anos no Brasil com Guararapes. A nossa história começou com
a insurreição pernambucana, que aproximou as três raças (branca, negra
e indígena) que contribuiu para a formação do primeiro sentimento
de brasilidade. Vamos festejar Pernambuco Leão do Norte.
Que venham
os Maracatus, que rufem os tambores das Nações, que toquem os clarins
dos frevos para festejar junto com o nosso povo. Esse povo alegre
de Pernambuco, com sua música vibrante, danças, festanças, festaria
nordestina. Esse povo que trabalha para o progresso da Nação, lutando
pela vida no sertão ou na cidade grande. Assim é o Nordeste, assim
é Pernambuco, forte, sincero, livre, rebelde, profundamente brasileiro.
Já podemos festejar, porque Pernambuco é orgulho da Nossa Nação.
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