FICHA TÉCNICA 2000

 

Carnavalesco     Sylvio Cunha
Diretor de Carnaval     Vera Lúcia Corrêa de Souza
Diretor de Harmonia     Roberto dos Santos Maciel
Diretor de Evolução     Vera Lucia
Diretor de Bateria     Antônio Carlos Soares Araújo (Macarrão)
Puxador de Samba Enredo     Jorge Alves
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Claudio Marcio Domicina Cid (Claudinho) e Janaina de Jesus Pereira Mendes
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Charles Elcir e Fabiana Cid da Silva
Resp. Comissão de Frente     Sidney Verneck dos Santos
Resp. Ala das Baianas     Iara da Silva Vilella
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 2000

Os Canhões de Guararapes

           Os Canhões de Guararapes é o tema enredo para o Carnaval do ano 2000, em que vamos celebrar o Brasil e seus 500 anos, seu povo, suas culturas e tradições e sua trajetória e, Pernambuco, é o estado mais rico culturalmente.
           Recife viveu uma grande epopéia. Começou como capitania por Duarte Coelho em 1535, terminou com a expulsão dos holandeses em 1654. Quantas páginas heróicas escrevemos nessas terras!
           Pernambuco sempre esteve presente na história dessa nação. ( O ciclo da cana de açúcar).
           Falar de Pernambuco é falar do esforço admirável desses homens que comandados por André Vidal de Negreiros organizaram um movimento para combater os holandeses, que ficou conhecido como Insurreição Pernambucana, que aproximou as três raças, branca, negra, indígena contribuindo para a formação do primeiro sentimento de brasilidade.
           Pretendemos homenagear neste enredo todos os povos que lá estiveram, mostrar sua alegria e espontaneidade, suas festas e tradições. Através de seu folclore contaremos o enredo, num cenário de palmeiras e coqueiros, Recife (Veneza brasileira) e Olinda (Patrimônio da Humanidade). Igrejas, monumentos, canhões de Guararapes... Para tal traremos componentes que revelarão a história deste Estado num grandioso festejo dos 500 anos do Brasil dada a importância que Pernambuco teve neste contexto histórico.

Sylvio Cunha

Palmares

           As paisagens de coqueiros que decoram as praias baixas e a foz dos rios, características do nordeste do Brasil. Reunidas à margem dos rios, as palmeiras parecem mirar-se no lençol espelhante das águas.
           Essas regiões, braços do mar, enseadas tranqüilas, refrescadas sempre pela branda aragem marítima oferecem um quadro de paz, nas noites em que o claro luar se infiltra através do palmeiral, a beleza desse quadro, magnífica miragem de sonho, de sombra e prata.

Os Grandes Índios Amigos

           Nos primeiros tempos da conquista, os brancos são bem recebidos pelos naturais que vêem no conquistador, no claro de sua pele, no colorido de seu vestiário, na grandeza e magnificência de suas caravelas, o caraíba (saído do mar).
           Os tabajaras, de que nos fala Alencar campeavam nas planícies do Nordeste, a sombra de coqueiros. À sua tribo pertenceu Iracema, que o grande escritor tornou célebre. E à essa tribo pertenceu também Tabira, conhecido como exemplo de altivez e valor. Quando Duarte Coelho desembarcou com sua gente em Pernambuco, teve que enfrentar a oposição dos bugres que puseram em ruínas muitas tentativas de colonizar o Brasil.
           Duarte Coelho teve porém, a boa sorte de conhecer o índio Tabira, e unir-se por aliança à sua gente. Tabira era o bravo chefe de uma tribo de bravos.

As Riquezas do Açúcar

           A cana de açúcar, um dos fetiches comerciais da época, já havia sido experimentada no solo de Pernambuco. Sendo o solo favorável foi fundado o primeiro engenho a fim de dilatar a cultura da cana na América.
           O açúcar trouxe prosperidade e abundância aos que souberam tirar partido da fertilidade do solo de Pernambuco e atraiu novos elementos de trabalho e riqueza.
           Cresceu o número de engenhos, aumentou-se a produção. O negro considerado superior ao índio no trabalhos foi trazido da África.

A Capitania de Pernambuco

           Foi em recompensa de seus trabalhos na Ásia e África que Duarte Coelho foi feito por D. João III donatário de uma capitania no Brasil. Soube recebê-la, era tenaz e poderoso. Suas terras foram as mais prósperas.
           Ele foi o pai de Pernambuco, onde chegou em 1535.
           Contam que Pernambuco quer dizer “mar em furo”, em referência a uma pedra furada onde o mar entra ou por causa do porto, o qual entra pela roca de um recife estreito. Duarte Coelho ali chegou e ergueu a primeira igreja (Cosme e Damião). Um pouco mais longe descobriu uma colina. Era tão aprazível que resolveu povoá-la. Era tão formosa que a chamaram de Olinda. Das palavras do capitão donatário nasceu Olinda, que tendo perdido a sua hegemonia com o crescimento e progresso de Recife, baseado no porto do mar, manteve no entanto, a categoria de cidade importante ainda que paredes-meias da Veneza brasileira.
           Tem aquelas terras cicatrizes recebidas, umas vezes dos índios capetés e outras de holandeses.

O Brasil Holandês (Maurício de Nassau)

           Graças à traição de Calabar, puderam os holandeses manterem-se em Pernambuco na primeira fase da conquista, e a vinda, em 1637, do conde Maurício de Nassau, pertencente a uma das mais ilustres famílias da Europa, firmou o domínio dos seus compatriotas no Nordeste.
           Maurício de Nassau deve a sua administração em Pernambuco brilho especial, que os historiadores reconhecem e louvam. Chamou a seu convívio homem de mérito, cientistas, literatos, artistas, etc., os quais vivendo sob o amparo paternal do grande estadista lhes prestavam preciosa colaboração. Um dos seus primeiros cuidados foi embelezar a cidade, cuja população crescia com rapidez. Criou-se o bairro na ilha de Antônio Vaz, ali plantaram centenas de palmeiras, laranjeiras.
           Construiu-se em Pernambuco:

  • O primeiro Observatório Astronômico (de toda a América);
  • Levantou o seu palácio de verão (Palácio Boa Vista);
  • Construiu uma ponte ligando as duas partes da cidade (por onde fez um boi voar);
  • Fundou um museu de história natural;
  • Fundou o primeiro corpo de bombeiros;
  • Fundou a primeira academia de ciências e letras.
  • Como administrador, permite que grupos demográficos se façam representar (primeiro parlamento do novo mundo);
  • Moderado em questões de fé, permitiu que os judeus se instalassem no Recife;
  • Impulsionou a arquitetura;
  • Recebeu o Rei do Congo (visita das embaixadas Africanas).

A Visita do Rei do Congo

           Consta nas velhas crônicas que um pomposo e solene séquito africano foi recebido por Maurício de Nassau em 1642. Consta que o conde Maurício de Nassau recebeu emissários africanos, deles recebendo importantes presentes, uma bacia de ouro, um colar, diamantes e 200 negros.
           A embaixada, usando sempre trajes suntuosos da sua terra de origem, propôs ao conde a formação de uma frente anti-portuguesa, comprometendo-se a dar apoio para o desembarque dos holandeses na África em troca de armas de fogo.
           De acordo com as documentações existentes, foi uma festiva ocasião. Utilizando toda pompa e esplendor da época, o conde Maurício de Nassau recebeu o rei do Congo e a princesa, irmã da rainha Nginga, com seus empregados elegantes, de boa aparência, não faltando as aclamações jubilosas do povo com o fausto e magnificência da corte de Nassau.
           Os negros deslumbraram a corte de Nassau pela sua riqueza e ostentação de ouro, marfim e diamantes. Neste dia ouvia-se sinos. Foram recebidos por enorme multidão, muita curiosidade e festejos populares ao som de clarins e rufar de tambores aclamados num grande espetáculo. Sempre com a presença marcante do hospitaleiro povo de Recife.
           Sem o conde Maurício de Nassau pode-se afirmar que os holandeses não se teriam conservado tantos anos no Brasil. As grandes qualidades deste homem chegaram a impor-se a uma boa parte das próprias populações dominadas.

A Batalha dos Guararapes

           Com o regresso de Nassau à Holanda, voltou o regime de perseguições.
Esse mal estar e o fato de Portugal se haver separado da Espanha deram lugar a uma explosão de ódios há muito abafados, que levantou contra os opressores, pretos, índios e brancos. Essas três raças temperaram com o seu sangue o aço que havia de forjar a unidade da pátria.

  • Henrique Dias – Negro
  • Antônio Felipe Camarão – Índio
  • Vidal de Negreiros – Branco

           Foram os chefes valorosos que defenderam com tenacidade o solo brasileiro contra os holandeses. Aqueles três homens juntaram-se aos portugueses Francisco Barreto de Menezes e João Fernandes Neira, contra um inimigo numerosamente mais forte e melhor armado. Como a causa era justa, Deus estava com eles. Na manhã de 19 de abril de 1648, nos outeiros dos Guararapes, há poucos quilômetros de Recife, feriram batalha sangrenta que terminou com a completa derrota do inimigo.
           A vitória foi tão grande, devido a desproporção das forças, que não bastou o heroísmo dos soldados para justificar. Atribuíram-lhe intervenção divina para consagrar ainda mais justiça à causa. Foi Nossa Senhora dos Prazeres, diz o povo, quem fez o milagre. O fato é que saímos vencedores e Nossa Senhora dos Prazeres ganhou mais essa igreja, construída oito anos depois no próprio local onde se travou a batalha e tornada monumento nacional.

Festa e Folclores

           Mestre Vitalino molda em barro a história e o destino do povo: retirantes, casa de farinha, terno de zabumba, batizado, casamento, vaquejada, pastoril, Lampião e Maria Bonita. Molda seu povo, seu trabalho, suas tristezas e alegrias.
Literatura de Cordel – nas feiras são comuns as bancas que vendem pequenos livros. 
           São histórias escritas em prosa e verso, contando aventuras e romances, pendurados em barbantes e suspensos em corda.
Pregoeiros – os vendedores de rua já se tornaram pela raridade tipos folclóricos com seus pregões anunciando as mercadorias que vendem.
           Festas Juninas – os foguetes espocam pelos quatro cantos da cidade com a fartura de alimentos que nascem da terra.
           As Nações do Maracatu – no Recife, no Carnaval, desfilam clubes, blocos, frevos, caboclinhos e o maracatu com suas nações. O Elefante, fundado no século XIX, de origem africana, trás certos animais africanos: o elefante e o leão.

"Meu Maracatu
é da coroa imperial
ele é de Pernambuco
ele é da casa real”

           O frevo é filho legítimo da capoeira. O capoeirista sai no carnaval dançando o frevo à frente dos cordões. O frevo ficou com o guarda-chuva do maracatu, uma espécie de palho, símbolo da realeza.
           O terno de Zabumba alegra sempre as festas nordestinas.

“Boa noite Seu Rufino
boa noite eu venho dar
quero que o senhor dê licença
em seu terreiro brincar.”

Pernambuco e os 500 Anos

           Vamos festejar os 500 anos no Brasil com Guararapes. A nossa história começou com a insurreição pernambucana, que aproximou as três raças (branca, negra e indígena) que contribuiu para a formação do primeiro sentimento de brasilidade. Vamos festejar Pernambuco Leão do Norte.
           Que venham os Maracatus, que rufem os tambores das Nações, que toquem os clarins dos frevos para festejar junto com o nosso povo. Esse povo alegre de Pernambuco, com sua música vibrante, danças, festanças, festaria nordestina. Esse povo que trabalha para o progresso da Nação, lutando pela vida no sertão ou na cidade grande. Assim é o Nordeste, assim é Pernambuco, forte, sincero, livre, rebelde, profundamente brasileiro. Já podemos festejar, porque Pernambuco é orgulho da Nossa Nação.

 

SAMBA ENREDO                                                2000
Enredo     Os Canhões de Guararapes
Compositores     Paulinho Manahu, Marco Cabeça Branca e Zé Ferreira

Minha terra tem palmeiras
Onde o sabia sempre cantou
E o caraíba
Vindo de terra distante
Tupinambás lá encontrou

A cana-de-acúcar enriqueceu a região
Da nossa maior capitania
E foi entregue a Cosme e Damião
A proteção do novo estado que surgia

Linda, Olinda
Recanto de beleza natural
Na dominação dos holandeses
Pernambuco é transformado
Em grande centro cultural

Rei Congo, e Rei Congo
Deslumbra a corte de Maurício de Nassau
Guararapes, palco da insurreição
Uniu as raças em defesa da nação

Vitalino molda em barro sua gente
Hoje tem frevo, repente
E cordel na Avenida

E se o Maracatu e da Corora Imperial
Sou Pernambuco neste carnaval

Eh Nordeste
Cabra da peste com orgulho eu sou
E a nação imperiana
vem cantar em seu louvor