FICHA TÉCNICA 2002

 

Carnavalesco     Guilherme Alexandre
Diretor de Carnaval     Jorge Justino
Diretor de Harmonia     Mamute
Diretor de Evolução     Mamute
Diretor de Bateria     Mestre Elias
Puxador de Samba Enredo     Jackson Nogueira
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Ubirajara & Marluce
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     Del
Resp. Ala das Baianas     Maria Luiza
Resp. Ala das Crianças     Cristina

 

SINOPSE 2002

Vossa Excelência: Feijão com Arroz

Apresentação:

              O dinamismo do presente enredo encanta, uma vez que o feijão com arroz é uma instituição nacional, assim como o futebol e o carnaval, o que, por si só, arrebatará o público presente ao Sambódromo, que verá seu dia-a-dia retratado em fantasias e alegorias, ao ritmo do genuíno samba, lembrando desde sua infância, o “um, dois,.. .feijão com arroz;...” até a responsabilidade de pôr o feijão com arroz na mesa da família, sempre com a preocupação com a carestia, que assola o país. A perfeita comunicação com o esse público será inevitável.

Estruturação:

              “Vossa excelência: feijão com arroz”, está estruturado nos quadros.

  • História dos Grãos: Onde serão mostradas as origens do feijão e arroz, retratadas nos povos indígenas, mexicanos, egípcios, indianos, chineses, árabes, africanos e portugueses, e o encontro destas culturas, através dos europeus, índios e escravos, que culminaria com a criação da unanimidade nacional: o bom feijão com arroz.

  • Plantio e Colheita: Mostraremos as plantações destas culturas, o perfeito habitat natural das mesmas, seus valores nutritivos, bem como todo o maquinário indispensável ao plantio e colheita dos diversos tipos destes produtos.

  • Religião e Crendices: Representará a alimentação dos deuses para a boa venturança de uma pessoa ou comunidade, como oferecer arroz cru a Buda ou arroz de huassá a Oxalá, ou como oferecer feijão fradinho a Oxum, para conquistar um grande amor Dizem que sem chuva de arroz nos noivos, o casamento não vinga, e outras estórias curiosas...

  • Artes e Educação: Mostrará que o feijão com arroz não só inspirou artistas nas artes plásticas, música e literatura, como também foi defesa de tese para o ensino pré-escolar.

  • Culinária e Dia-a-Dia: Mostrará vários tipos de pratos com feijão e arroz por este país afora, e a melhor forma de acompanhar a deliciosa feijoada, síntese do dia-a-dia do povo brasileiro, que luta e quer ser feliz, apesar de tudo.

Sinopse:

              Minha origem deu-se como à do povo brasileiro. Sou resultado da miscigenação entre brancos (o arroz, asiático, foi trazido pelos portugueses- assim Caminha relatou), índios (o feijão, americano do sul, já existia por estas bandas, chamado de "cumandá" ou "comandá" pelos nossos tupinambá), e negros (responsáveis pela colheita e todo o trabalho pesado). Neste encontro de culturas e troca de sabores, fui finalmente apresentado à mesa do brasileiro, e quando sou servido, paira no ar uma dose de cultura. Nas mais diferentes versões, estou presente em todos os costumes brasileiros, do dia- a- dia: no folclore, religião, educação, artes, política, saúde e beleza, culinária...
              Virei instituição nacional. Assim como o Brasil é chamado de "país do futebol" e "país do carnaval", também deve ser chamado de "país do feijão com arroz".
              Minhas proteínas são de boa qualidade, e como mistura, complemento meus aminoácidos, tornando meu povo forte e sadio (quando pode comer).
              Assim como a alma brasileira, sou de natureza supersticiosa, assimilando as culturas dos povos miscigenadores, entre elas as crendices, que acabaram por fazer parte de nosso rico folclore.               Dentre essas crendices, estou presente em muitas ligadas à fartura e à fertilidade.
              Por extensão, penetrei no mundo religioso, servindo de alimento a muitos deuses, em troca de paz, amor, saúde, prosperidade e proteção.
              Freqüento o ensino pré- escolar, onde ensino "algumas" crianças a contarem até dez (um, dois,... feijão com arroz; três, quatro... feijão no prato). Infelizmente, por puro descaso, desleixo, ou sei lá o "quê", não posso ensinar à todas as crianças esta aula tão gostosa, apesar da propaganda governamental insistir no sucesso do programa "Toda criança na escola". Aliás, Carlos Pinkusfeld apelidou nossa administração econômica e social de "feijão com arroz", ou seja, o abandono dos objetivos maiores de médio e longo prazo, pelo "apaga incêndio" caracterizado pelas famosas Medidas provisórias. Em outras palavras, é a saída dos preços (pretensa extinção da inflação), para as quantidades, mais especificamente, até onde o rabo pode balançar o cachorro.
              Como artista, sou arteiro, não podia deixar de estar presente nas artes deste Brasil varonil, desde na Literatura, passando pela Música ("Construção"- de Chico Buarque, "A marcha de um povo doido"- de Gonzaguinha, e outros), Artes Plásticas ("Trabalhadores Rurais"- de Cândido Portinari), Circo e até a arte de superfaturar (olha eu aí, envolvido no escândalo das quentinhas dos presidiários), onde me intitulei "Feijão e arroz, com Coelho- entenda como quiser!
              Mas, também, cuido da saúde e beleza: se o médico atesta colesterol alto, obesidade, apresento logo minha versão "diet": feijão azuki e arroz integral. Sou tiro e queda, ateste no espelho!
Chego, afinal, à culinária, porque nenhum país do mundo se dedica, com tanto amor, ao meu culto.               Aceito todas as variantes, de norte a sul do Brasil.
              Mas, nada como o meu estilo: a feijoada!
              Prato coletivo, convocativo, ecumênico, comensal, nos dizeres de Guilherme Figueiredo, a feijoada só admite alguns ruídos, de talheres e o quero mais. Prato típico? Instituição nacional? Ritual alimentício? Sou tudo isso e muito mais, até atiço o pecado capital da gula... Fazer o quê? Sou excelência, por natureza!
              No mais, sou o preto no branco, sou feijão com arroz, sou povo mulato, sou povo brasileiro, esperto e maneiro...
              Por tudo isso, serei apresentado neste Carnaval de 2002 pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Educativa Império da Tijuca como "Vossa Excelência: Feijão com arroz", pois sou dinâmico e, com os contatos cotidianos, nossa comunicação será inevitável.
              Viva Eu!
              Viva meu G.R.E.S.E. IMPÉRIO DA TIJUCA!

Guilherme Alexandre

 

SAMBA ENREDO                                                2002
Enredo     Vossa Excelência: Feijão com Arroz
Compositores     Gago, Marcos Glorioso e Jorge Nascimentho

Prepare a mesa que hoje eu quero recordar,
Poder contar
Que povos de além-mar, trouxeram de lá
A cultura do arroz que os brasileiros
Juntaram ao gostoso feijão
Que o índio não é bobo já comia
O sol desperta a natureza
Fertilizando a terra com gotas do céu

Esse bom cheiro no ar, desperta o meu paladar
Vem que eu vou...
Esse desejo danado. Ah!  Que vontade que dá
Amor assim vou me amarrar

Oxalá... Tem feijão pros orixás
Fartura, saúde, paz e proteção
Só a fé faz alcançar
Um prato cheio todo dia em cada lar
Educação e alegria pra criança ao despertar
Na música, na arte, na poesia que beleza!
Azuki com integral é natural
Sai corrupção da minha mesa
No fogo à lenha, a feijoada tá aí, pode provar
É a preferência nacional

Nesse banquete imperial, amor, amor
Quem quiser pode chegar, vou me acabar
Tá de dar água na boca
Meu Império da Tijuca neste carnaval