Vossa Excelência:
Feijão com Arroz
Apresentação:
O
dinamismo do presente enredo encanta, uma vez que o feijão com arroz
é uma instituição nacional, assim como o futebol e o carnaval, o que,
por si só, arrebatará o público presente ao Sambódromo, que verá seu
dia-a-dia retratado em fantasias e alegorias, ao ritmo do genuíno samba,
lembrando desde sua infância, o “um, dois,.. .feijão com arroz;...”
até a responsabilidade de pôr o feijão com arroz na mesa da família,
sempre com a preocupação com a carestia, que assola o país. A perfeita
comunicação com o esse público será inevitável.
Estruturação:
“Vossa
excelência: feijão com arroz”, está estruturado nos quadros.
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História
dos Grãos: Onde serão mostradas as origens do feijão e arroz,
retratadas nos povos indígenas, mexicanos, egípcios, indianos, chineses,
árabes, africanos e portugueses, e o encontro destas culturas, através
dos europeus, índios e escravos, que culminaria com a criação da
unanimidade nacional: o bom feijão com arroz.
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Plantio
e Colheita: Mostraremos as plantações destas culturas, o perfeito
habitat natural das mesmas, seus valores nutritivos, bem como todo
o maquinário indispensável ao plantio e colheita dos diversos tipos
destes produtos.
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Religião
e Crendices: Representará a alimentação dos deuses para a boa
venturança de uma pessoa ou comunidade, como oferecer arroz cru
a Buda ou arroz de huassá a Oxalá, ou como oferecer feijão fradinho
a Oxum, para conquistar um grande amor Dizem que sem chuva de arroz
nos noivos, o casamento não vinga, e outras estórias curiosas...
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Artes
e Educação: Mostrará que o feijão com arroz não só inspirou
artistas nas artes plásticas, música e literatura, como também foi
defesa de tese para o ensino pré-escolar.
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Culinária
e Dia-a-Dia: Mostrará vários tipos de pratos com feijão e arroz
por este país afora, e a melhor forma de acompanhar a deliciosa
feijoada, síntese do dia-a-dia do povo brasileiro, que luta e quer
ser feliz, apesar de tudo.
Sinopse:
Minha
origem deu-se como à do povo brasileiro. Sou resultado da miscigenação
entre brancos (o arroz, asiático, foi trazido pelos portugueses- assim
Caminha relatou), índios (o feijão, americano do sul, já existia por
estas bandas, chamado de "cumandá" ou "comandá"
pelos nossos tupinambá), e negros (responsáveis pela colheita e todo
o trabalho pesado). Neste encontro de culturas e troca de sabores, fui
finalmente apresentado à mesa do brasileiro, e quando sou servido, paira
no ar uma dose de cultura. Nas mais diferentes versões, estou presente
em todos os costumes brasileiros, do dia- a- dia: no folclore, religião,
educação, artes, política, saúde e beleza, culinária...
Virei
instituição nacional. Assim como o Brasil é chamado de "país do
futebol" e "país do carnaval", também deve ser chamado
de "país do feijão com arroz".
Minhas
proteínas são de boa qualidade, e como mistura, complemento meus aminoácidos,
tornando meu povo forte e sadio (quando pode comer).
Assim
como a alma brasileira, sou de natureza supersticiosa, assimilando as
culturas dos povos miscigenadores, entre elas as crendices, que acabaram
por fazer parte de nosso rico folclore. Dentre
essas crendices, estou presente em muitas ligadas à fartura e à fertilidade.
Por
extensão, penetrei no mundo religioso, servindo de alimento a muitos
deuses, em troca de paz, amor, saúde, prosperidade e proteção.
Freqüento
o ensino pré- escolar, onde ensino "algumas" crianças a contarem
até dez (um, dois,... feijão com arroz; três, quatro... feijão no prato).
Infelizmente, por puro descaso, desleixo, ou sei lá o "quê",
não posso ensinar à todas as crianças esta aula tão gostosa, apesar
da propaganda governamental insistir no sucesso do programa "Toda
criança na escola". Aliás, Carlos Pinkusfeld apelidou nossa administração
econômica e social de "feijão com arroz", ou seja, o abandono
dos objetivos maiores de médio e longo prazo, pelo "apaga incêndio"
caracterizado pelas famosas Medidas provisórias. Em outras palavras,
é a saída dos preços (pretensa extinção da inflação), para as quantidades,
mais especificamente, até onde o rabo pode balançar o cachorro.
Como
artista, sou arteiro, não podia deixar de estar presente nas artes deste
Brasil varonil, desde na Literatura, passando pela Música ("Construção"-
de Chico Buarque, "A marcha de um povo doido"- de Gonzaguinha,
e outros), Artes Plásticas ("Trabalhadores Rurais"- de Cândido
Portinari), Circo e até a arte de superfaturar (olha eu aí, envolvido
no escândalo das quentinhas dos presidiários), onde me intitulei "Feijão
e arroz, com Coelho- entenda como quiser!
Mas,
também, cuido da saúde e beleza: se o médico atesta colesterol alto,
obesidade, apresento logo minha versão "diet": feijão azuki
e arroz integral. Sou tiro e queda, ateste no espelho!
Chego, afinal, à culinária, porque nenhum país do mundo se dedica, com
tanto amor, ao meu culto. Aceito
todas as variantes, de norte a sul do Brasil.
Mas,
nada como o meu estilo: a feijoada!
Prato
coletivo, convocativo, ecumênico, comensal, nos dizeres de Guilherme
Figueiredo, a feijoada só admite alguns ruídos, de talheres e o quero
mais. Prato típico? Instituição nacional? Ritual alimentício? Sou tudo
isso e muito mais, até atiço o pecado capital da gula... Fazer o quê?
Sou excelência, por natureza!
No
mais, sou o preto no branco, sou feijão com arroz, sou povo mulato,
sou povo brasileiro, esperto e maneiro...
Por
tudo isso, serei apresentado neste Carnaval de 2002 pelo Grêmio Recreativo
Escola de Samba Educativa Império da Tijuca como "Vossa Excelência:
Feijão com arroz", pois sou dinâmico e, com os contatos cotidianos,
nossa comunicação será inevitável.
Viva
Eu!
Viva
meu G.R.E.S.E. IMPÉRIO DA TIJUCA!
Guilherme
Alexandre
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