FICHA TÉCNICA 1994

 

Carnavalesco     Rosa Magalhães
Diretor de Carnaval     ................................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     Preto Jóia
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     José Francisco Neto (Chiquinho) e Maria Helena Rodrigues (Maria Helena)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     Fábio de Mello
Resp. Ala das Baianas     Direção de Carnaval
Resp. Ala das Crianças     Não possui
Resp. Galeria de Velha Guarda     ................................................................

 

SINOPSE 1994

Catarina de Médicis na corte dos Tupinanbôs e Tabajeres

Sinopse:

          Era costume na França, antigamente, organizar festas para os Reis, quando estes iam de uma cidade para outra, em visita.
          Como em 1549, o rei Henrique II e sua esposa, Catarina de Médicis, tinham visitado a cidade de Lyon, e a festa havia sido fantástica, os moradores de Ruão, a cidade a ser visitada em 1550 (somente 50 anos após a descoberta do Brasil), ficaram preocupados sem saber como fazer para superar os festejos do ano anterior.
          Sendo lá um porto, de onde já haviam saído vários navios para o Brasil, os franceses decidiram fazer um convite aos índios com quem se relacionavam amistosamente nas terras do Brasil – os Tupinambás e os Tabajaras.
          O convite foi logo aceito e cerca de 50 índios embarcaram para Ruão, onde chegaram após vinte dias de viagem, aproximadamente.
          O século XVI era o século dos carrosséis, dos certames e dos grandes desfiles para entrar nas cidades. Ruão quis apagar a ostentação de riquezas e luxos da festa de Lyon. Assim, construíram-se duas estátuas de ouro para serem oferecidas aos visitantes reais, ergueram-se obeliscos, templos e arcos do triunfo. E após terem esgotado as lembranças dos tempos pagãos, pensou-se em fazer intervir na festa, as pompas do Novo Mundo. Não foi nem dos esplendores do México ou das conquistas do Pizarro que se retirou a idéia desse episódio destinado a enfeitar a entrada real: foi dos simples habitantes das verdes florestas do Brasil.
          E assim, ficou estabelecido que, às margens do rio Sena, ofereceriam as cenas pitorescas da vida dos índios. A vida guerreira, suas alegrias, a venda de madeira, a caça e a pesca, as danças que se seguiam ao trabalho, tudo isso deveria ser pintado ao natural.
          E os índios foram, por um momento, misturar seus jogos com as maravilhas da Renascença.
          Nas margens do Sena abria-se uma pradaria naturalmente plantada e sombreada por um salgueiral e outras árvores como giestas e silvados. O tronco dessas árvores estava pintado e adornado no topo, para parecerem árvores do Brasil. Outras árvores estavam carregadas de frutos de diversas cores e espécies, imitando o natural. Cabanas foram erguidas e entre os galhos das árvores, subiam os macacos, marmotas e saguis, levados do Brasil. Na praça, se agitavam 300 homens (os 50 índios brasileiros e 250 marinheiros franceses, fingindo de índios), todos nus e enfeitados à moda dos selvagens. Alguns se divertiam em atirar com arco e flecha, outros corriam atrás dos macacos, outros se balançavam em redes finamente tecidas, outros cortavam madeira, outros ainda as colocavam em barcos. Em suma, representavam cenas do cotidiano em uma aldeia indígena.
          Houve até um simulacro de luta, com vencedor e vencido.
          A festa fez tanto sucesso que pediram bis, e, no dia seguinte, tudo foi representado novamente, para alegria da platéia.
          O relato que acabamos de fazer, a respeito dos 50 índios do Brasil tendo ido fazer uma estada momentânea num dos pontos mais frequentados da França, não ficará somente como um momento na relação dos dois países, mas o Brasil tornou-se presente na literatura do século XVI, quando Montaigne exalta a pureza de costumes do “bom selvagem”, onde a civilização dos índios do Brasil era mais compatível com a natureza do homem.
          O selvagem, com seus defeitos e virtudes, era muito mais livre e invejavelmente mais feliz. Naquela época, todo dia era dia de índio. Os anseios do povo francês são inspirados neste comportamento: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Defesa do tema:

          A festa de Ruão que homenageou os reis Henrique II e Catarina de Médicis, com a participação dos índios brasileiros, pode parecer um grande absurdo, pois poucas pessoas conhecem este fato.
          Na verdade, no século XVI, conhecido como Renascimento, os países europeus já haviam conquistado suas fronteiras; as suas festas são frequentes. A platéia era acomodada em locais especialmente construídos. Os festejos iam desde a construção de uma cenografia elaborada (a cenografia em especial, teve grande desenvolvimento no Renascimento) até a queima de fogos de artifício, os músicos e artistas também participavam desses desfiles. Os carros alegóricos eram puxados por cavalos (às vezes fantasiados e unicórnios ou onças) e evoluíam em torno de pavilhões cenográficos a que chamavam de carrossel. É neste cenário que apareceram os índios brasileiros. Fato pitoresco que marcou definitivamente a história da França.
          Estamos acostumados com as influências francesas no Brasil, mas parece que esta foi a primeira influência brasileira na França.
          Os índios, com seu comportamento familiar, com estrutura social já estabelecida, a falta de ambição, além dos conceitos de higiene, foram observados atentamente.
          E este fato influenciou a narrativa do escritor e filósofo Montaigne. Ele tomou conhecimento dos índios e de seus costumes, não só através da festa de Ruão, mas também por causa de seu mordomo, que viveu mais de 10 anos no Brasil.
          A teoria sobre o ser em seu estado mais puro, “o bom selvagem”, seria mais tarde retomada por J. J. Rousseau, indo influenciar diretamente os ideais do povo francês por Liberdade, Igualdade e Fraternidade, lema de que se orgulham até hoje.

Rosa Magalhães

Roteiro do desfile:

  • Comissão de Frente

  • Alegoria 1: “ABRE ALAS”
    Destaque – Catia Drumond

  • 1ª ALA – ABERTURA

  • 2ª ALA  – BAIANAS

  • 3ª ALA – AMAR É

  • Alegoria 2: “Rei Henrique II e seus acompanhantes”
    Destaque – Orlando

  • 4ª ALA – NOBRE

  • 5ª ALA – RESISTÊNCIA E FALCÃO

  • 6ª ALA – AXÉ

  • Alegoria 3: “As musa no séquito da Rainha Catarina de Médicis”
    Destaque - Valquíria

  • 7ª ALA – FORÇA VERDE

  • 8ª ALA – CAPRICHOSOS

  • Alegoria 4: “Alegorias marinhas nas águas do rio Sena”
    Destaques – Alan e Regina Cruz

  • 9ª ALA – VOU PRA GALERA E AMIZADE

  • 10ª ALA – GAVIÕES

  • 11ª ALA – SURGIU NO ATO

  • Alegoria 5: “Carrossel francês com as onças selvagens”
    Destaque – Jorge

  • 12ª ALA – TRÂNSITO LIVRE E TALISMÃ

  • 13ª ALA – AMIGOS DA COROA\

  • 14ª ALA – 2001

  • Alegoria 6:  “A natureza brasileira floresce no jardim francês”
    Destaques – Veronique, Paulo, João Helder

  • 15ª ALA – IMPOSSÍVEIS

  • 16ª ALA – FORÇA E UNIÃO

  • 17ª ALA – IMPERADOR

  • 18ª ALA – NORTE E VOU MUDAR DE NOME

  • Alegoria 7:  “A Corte aplaude a dança dos índios”
    Destaques – D. Regina, Rogério

  • 19ª ALA – MIRIM (masculino)

  • 20ª ALA – JURO QUE NÃO SABIA

  • 21ª ALA – APOTEOSE

  • Alegoria 8:  “O índio é acima de tudo um forte”
    Destaque – Melissa Benson

  • 22ª ALA – RAÇA

  • 23ª ALA – FORA DE SÉRIE

  • 24ª ALA – CORPO SANTO

  • Alegoria 9:  “Montaigne escreve seus ensaios e a floresta invade sua imaginação”
    Destaques: Elymar Santos, Simone, Samuel

  • 25ª ALA – BARRACÃO

  • VELHA GUARDA

Observação: A bateria não tem posição fixa no roteiro

 

SAMBA ENREDO                                                1994

Enredo     Catarina de Médicis na corte dos Tupinambôs e Tabajeres
Compositores     Márcio André, Alvinho, Aranha e Alexandre da Imperatriz
Hoje vou colorir toda a cidade
De alma pintada eu vou
Sou da Corte a fantasia
Trago o "novo mundo" de esplendor
A magia da floresta levei
Enfeitando esta festa cheguei
Puro na emoção, simples na paixão
Sonho e poesia em Ruão

Mon amour c'est si beau!
Esse jogo, essa dança
Tabajer, Tupnambôs

E lá nas margens do Sena
O Brasil a imagem
De nudez e coragem
Índios marujos, enfim
Misturavam-se assim
Na mais linda paisagem
E a platéia no bis
Com a Imperatriz a delirar
Na França o bom selvagem
Deu o tom de igualdade
Fraternité, liberté

Sou índio, sou forte
Sou filho da sorte, sou natural
Sou guerreiro
Sou a luz da liberdade, carnaval