Eu
acredito em você. E você? (Histórias de Superação)
Introdução:
Na manhã do dia 07 de Fevereiro de 2011 o G.R.E.S
Acadêmicos do Grande Rio viu a história de seu carnaval tomar novos
rumos. Um incêndio destruía o que estava construído para o desfile que
se aproximava, bem como, toda sua estrutura de Barracão e acervo de
vinte e três anos de história. Naquele dia, parecíamos não termos nada.
A cena era de destruição e o sentimento era o de perda. Do Barracão, só
os destroços de um carnaval transformado em cinzas, antes da
quarta-feira.
Na mesma semana havia um
ensaio na quadra da Escola. A comunidade estava triste. A Escola não
estava feliz, mas há nisso um enorme porém: ninguém naquele ensaio
deixou de cantar! Ali, entre as lágrimas e o canto da comunidade, surgia
o sentimento que serviria de inspiração para o enredo do Carnaval que
propomos agora. O povo de Caxias havia entendido antes de todos nós, o
que era preciso fazer. A comunidade ensinava aos que haviam se abatido
com o incidente, o que era necessário ser realizado: era preciso
superar!
A sinopse
que apresentamos agora é fruto do sentimento compartilhado a partir do
momento em que fomos obrigados a superar uma adversidade imposta. Ela
traduz um momento particular da Escola, mas revela também que o ato de
superar é pertinente e recorrente junto à vida do homem. Debruçados
sobre as histórias de alguns deles, descobrimos incríveis exemplos que
nos obrigam a acreditar na força em reerguesse após o adverso.
É por isso que eu
acredito em você!
E você?
Sinopse:
“A nossa maior glória não reside no fato de
nunca cairmos, mas sim, em levantarmo-nos depois de cada queda.”
(Confúcio).
Não me peça para desistir.
Acredito, sigo em frente porque só sei caminhar! Não me desanimo: caio,
levanto, a volta por cima hei de dar. A força não esta em mim: Para quem
do céu herdou a promessa, a vitória é coisa certa; a questão é esperar.
Por entre as nuvens os anjos se puseram a anunciar: “não te
desespera, não deixa o desânimo tomar conta de ti, tira os olhos das
dificuldades e coloca-os em mim.
Com a
palavra, o céu desce a terra. Das alturas, rica fonte de entusiasmo: a
direita do pai, a me guiar, aquele que ao enfrentar o adverso, foi grato
exemplo da importância de aprender a superar. Com os olhos fitos nos
céus, sinto o calor luminoso que rompe a barreira das nuvens que outrora
foram de tempestade. Me banho junto às águas de bonança que
seguem após a revolta das marés. Me conforto, ganho ânimo, e um novo
carnaval assim eu faço: tudo o que renasce com maestria, todo aquele que
enfrenta e vence o que lhe desafia, faz crescer o que imagino, para
construir um carnaval.
Na perda do amor que se
foi, faço hora para o que virá. Se a saúde fizer despedida,
espero ela voltar. Não há medo, vício, ou preconceito, que eu não
possa enfrentar. Enfrento a perda e a dor, venço o medo com
sabedoria, rimo a piada com o que não tem graça, lhe conto um conto, de
sabedoria popular: Não tema o que lhe parece “maior”, não te
desespere diante ao que lhe parece impossível. Precisamos, dia-dia,
enfrentar e derrubar nossos temidos gigantes!
Por
isso vos digo como exemplo a lhe ofertar: Se o som for sepultado em
meus ouvidos, faço melodia e canção no silêncio que habita a
imaginação. Se na escuridão meus olhos me lançarem, solto a voz
para multidões, faço do canto, luz para iluminar.
Quando a dor me
castigar, faço dela o incentivo para o entalhe mais perfeito da beleza
de um altar. Se pobre eu nascer, se a vida me bater, se a dor me
esmagar; abro sorriso ao adverso, luto de peito aberto, para as luzes da
ribalta me consagrar! Se a vida me testar, tirar-me o que julgo
precisar, se a firmeza das mãos me faltar, o dom de Deus resplandecerá e
uma orquestra surgirá.
Na busca
por superar, topo aceitar o desafio: Vou suar a camisa, correr
distancias longas, meu corpo está posto a prova; certamente, eu
chego lá! Quero um lugar no pódio, quero os louros da vitória, quero
mérito por superar. Cambaleei, enverguei, não desisti, e exemplo me
tornei!
Na luta pela conquista, sou
herói, sou atleta! Recebo sopro divino, corro em linha reta, corro
atrás de bola, um fenômeno surgirá. Alço as velas do meu barco e
lavo minhas dores nas águas do azul que tinge o mar. Em águas
cristalinas nado com a força de um tubarão, faço o mundo avançar
em braçadas. Saltando próximo as nuvens, com os pés no chão, ou sobre
rodas, o que me guia é a superação!
Na história
do homem sobre a terra, exemplos ei de dar: Quando um homem ajuda um
homem, não há dor coletiva que ele não possa curar. Avança o dia,
avança a noite. Corre o tempo, a tristeza fica pra trás. O que se
expandiu junto a uma manhã que explodiu, hoje é página virada, “rosa
desbotada,” que ninguém mais viu.
O que se destruiu, se
reconstruiu. Onde o “preto” não era “branco,” onde o “branco” não era
“preto”, levantou-se a voz da nova ordem a anunciar a união.
Dando a mão a um irmão, tijolo por tijolo, lágrima por lágrima, erguemos
um bem precioso, reconstruímos uma Nação.
O vento
sopra a bandeira verde e amarela e faz o exemplo de seus filhos
brilharem em nossos olhos. São “Joãos” “Marias,” “Silvas,” “moleques”
que correm descalços, trabalhadores do asfalto, gente que luta, gente
que vence. São mulheres que rompem as barreiras das limitações. São homens
que vencem a “seca” e o “pau de arara,”para ocupar, quem sabe, o mais
alto posto no comando da Nação. Jovens que ultrapassam os
barracos da cidade. Mães que fazem da luta prova de superação. Homens
e mulheres que levantam a poeira do chão, guerreiros que batem samba
na palma da mão; a baiana que gira, o sorriso da velha-guarda, o
passista que risca o chão, a bateria que marca o pulsar do coração,
gente que “enverga mas não quebra”, gente que vem a ser o
significado mais claro e puro para o nome SUPERAÇÃO!
Cahê Rodrigues
(Carnavalesco)
Pesquisa e texto: Leandro Vieira, Lucas Pinto e
Cahê Rodrigues
Dedico este enredo a todos
os profissionais, artistas e voluntários que juntos reconstruíram o
carnaval de 2011, levando para o Sambódromo carioca um desfile de garra,
dedicação, amor, amizade, união e superação.
Cahê
Rodrigues |