FICHA TÉCNICA 1979

 

Carnavalesco     Jorge Fontoura
Diretor de Carnaval     ..............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     ................................................................
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 1979

Ceia aos Orixás

          Em alegria e quase em apoteose mística, a Escola de Samba Foliões de Botafogo, homenageia Olorum e os seus Orixás, oferecendo uma ceia, acompanhada em adobás, em preces rítmicas, dançando e sambando aos sons de ingomas, invocando antes, Pomba-Gira, como se abrindo terreiro na grande Avenida em festa.
          Quando falamos em “Ceia aos Orixás”, procuramos render uma sincera homenagem aos Orixás, esforçando para alcançar o elo que liga os rituais africanos à religião, que inegavelmente e comprovado por todos os recenseadores havidos no Brasil e admitido até pelos líderes católicos e protestantes, como o de maior número de adeptos.
          O presente enredo é baseado em profundos conhecedores do folclore brasileiro, como Câmara Cascudo, Edson Carneiro, Guerreiro Ramos e outros estudiosos no assunto.
          A contribuição da Umbanda, do Nagô, do Gege, do Omolokô na vida social de nossa terra é fator preponderante como influência em nossa cultura, nossa religiosidade e porque não dizer para o nosso progresso social, artístico e étnico.
          O candomblé tem como suas entidades ligação entre os homens e a divindade suprema ou seja Olorum, entidades secundárias denominadas Orixás, para transmitir-lhes às preces, os pedidos e as necessidades materiais ou espirituais.
          Os Orixás residem na África e são atraídos à terra, pelos cânticos (pontos) pelo ritmo dos instrumentos próprios (atabaques, tambores, adejás, agogôs, maracas, etc, ), que incorporam seres humanos denominados “cavalos”, médiuns, preparados para esta função, falando e tomando o aspecto que tiveram em vida.
          Olorum, também chamado o pai dos Deuses, não é representado por nenhuma figura, é a divindade suprema para a qual se dirigem às divindades secundárias.
          Cada Orixá tem os seus ritmos e cantos próprios, bem como cores e vestes peculiares a cada um deles, conforme a predominância da nação ou mesmo da especialidade que se lhe atribui.
          Salve os Orixás: Oxalá, Xangô, Ogum, Oxóssi, Omulu, Exu, Yemanjá, Iansã, Oxum, Anamburuku, Oxumaré, Iocô, Ifá, Beji. Salve Mutum-bá ou Mucaiu e Ossanha.
          Oxalá é o chefe, o comandante, o primeiro Orixá. Simboliza as forças produtivas da natureza. Também chamado Orixalá. Tem um caráter bissexual. Simboliza a riqueza e a fecundidade. Sua cor é branca. Sua insígnia é um cajado enfeitado com sininhos.
          Xangô, é o raio, o relâmpago, o trovão. É um dos mais conhecidos e prestigiados Orixás dos candomblés. Rei Nagô é a divindade das tempestades, raios e trovoadas, descargas elétricas da atmosfera.
          Sua insígnia ou fetiche é a pedra, a lança e a machadinha de duas faces. Suas cores são o vermelho e o branco.
          Ogum é a luta, a guerra, a demanda. Sua cor, o azul profundo. Seu amuleto um pedaço de ferro qualquer. Conhecido também como Deleh, é filho de Yemanjá.
          Oxossi, é a mata, a casa e a tranqüilidade, a luta pela sobrevivência. Sua insígnia ou fetiche é o arco e a flecha, rabo de boi e o polvarinho. Suas cores são o verde e o amarelo.
          Omulu, é a peste, a doença e protege seus filhos dela. Conhecido ainda como o Orixá da varíola. Na Bahia, chamam-no também de Obaluayê.
          Veste–se de palha e o seu amuleto é uma vassoura enfeitada de búzios. Suas cores são o vermelho e o preto.
          Exu representa potências contrárias no homem. Pratica o bem e usa malefícios. É o homem das encruzilhadas. Seu fetiche é uma massa de barro em que os negros modelam uma cabeça onde incrustam conchas para representar os olhos e a boca e ainda fragmentos de ferro e outros ornamentos. Suas cores são o vermelho e o preto.
          Yemanjá domina os mares, a água salgada. e o oceano (Olokum). Mãe d’água. É a mais prestigiada entidade feminina do candomblé. Também chamada Janaina. É a mãe de todos os Orixás. Quem vive do mar e precisa de seus produtos é o devoto de Yemanjá. Protege também os amorosos. Seu fetiche é a concha do mar, a pedra marinha e traz também um leque. Suas cores rituais são vermelho, azul escuro e cor de rosa.
          Yansã uma das mulheres de Xangô, domina os ventos e as tempestades. Deusa do rio e das águas doces. Também chamada de Oiá. Suas cores são o vermelho e branco.
          Oxum, Orixá dos rios e das fontes, filha de Yemanjá; o seu fetiche é uma pedra marinha ou um leque de latão, chamado de abedê, com uma estrela branca no centro. Sua cor é o amarelo ouro.
          Anamburuku é o mais velho dos três Orixás da água. O mesmo que Nanaburuku, Nanã, Oua, Ouanã. Seu fetiche é uma espada e pequena vassoura de palha enfeitada de búzios. É o Orixá da chuva. Cores branco e azul escuro.
          Oxum-Maré, Oxu Mauré, Ochumaré, é o Orixá do arco-íris, ocupado em levar água da terra para o palácio de Xangô. Cores verde e alaranjado.
          Ossanha, também chamada Ossãe, Ossanhi e Ossain é uma Orixá; é uma deusa, é um Orixá feminino, deusa das folhas, da flora universal. Basta nos lembrarmos que depois de consultar, sobre determinado filho de fé que se o deseja fazer, temos que apelar para Ossanha e ver que plantas e que folhas devem entrar no ariaxé e no amaci ou bori do filho que se quer iniciar.
          Passemos em revista as plantas a serem empregadas a um filho que tem deficiência de eliminação renal, que tem o aparelho digestivo retardado nas suas atividades funcionais, o sistema nervoso alterado, levando-o a irritações fáceis; o coração deficiente na impulsão e recolhimento do sangue que banha o organismo e que volta a ser revitalizado.
          Passados estas circunstancias pela nossa mente, reflitamos: quem nos indica ou intui esta serie interminável de folhas que curam ? Nos primórdios dos tempos da infância dos Candomblés em que livros aprendiam os Babalaô a eficácia dos diuréticos Cabelo de milho, raiz de sapê, quebra-pedra, parietaria? E os estimuladores do fluxo biliar como o gervão-roxo; erva–tostão, boldo e caferana que foram aprovados pela Medicina? Que espécie de terapêutica estranha que há séculos nos enviava a aplicação da flor da colônia ou cardamono como excepcional nos males do estômago? E a flor do sabugueiro aplicada na cura do sarampo, desde o inicio de seu ciclo evolutivo? Não. Convençamos-nos que a. deusa da flora não pode ficar a margem sob pena de termos que baixar a cabeça a um número sem conta de invenções de onde podem surgir e levar-nos a tristezas infindas.
          De qualquer modo, queiram ou não queiram, Ossanha como dominadora da flora, da folhagem é quem nos permite chegar ao poder curativo das plantas que conhecemos por indicação dela; a eficácia medicamentosa e a aplicação dessas plantas não somente nas enfermidades mas também para dar-nos o suco, o sumo de que precisa o nosso corpo,na adaptação das células mediúnicas para a facilidade de comunicação de Orixás e entidades outras.
          O fetiche de Ossanha é composto de sete setas de ferro com as pontas para o ar. No centro tem um pássaro deitado.

Observações: É importante não se citarem os nomes pelos quais os Orixás são conhecidos. O que se pode admitir, desde que não seja possível de outra forma é que se use a interjeição correspondente a cada entidade.

          Olurum, pode ser saudado como “Oba-Oyô”. Oxalá, tem por saudação “0i babá” ou “onibabá”. Xangô pode ser invocado por “caô cabi encide”, podendo-se dizer só “Caô”. Ogum, “guarú ninfá”. Oxossi , como “Oke”. Omulu, por “Eleguá”. Yemanjá, como “adô ou adofiaba”. Yansã, como “Oiá”. Oxum, como “Alodê ou Oia”. Ananburucu, “Salúba ou bubú”. Keto-Angola – Gege–Nagô. Igexá-Nações de cultos africanos ou melhor nações de Candomblé. Adobás – Cumprimentos que se fazem dentro dos rituais. Ingomas – tambor para alguns, atabaques para outros, nomenclatura variáve1 de acordo com as Nações. Mucuin – Benção (Angola). Mutumbá - Benção (Keto).
          Deixamos para finalizar em linhas gerais, os dias da semana consagrados aos Orixás:

          Domingo – Todos os Orixás;
          Segunda – Exú e Obaluaiê (Omulu);
          Terça – Nanã e Oxum Maré;
          Quarta – Xangô e Yansã
          Quinta – Ogum e Oxossi;
          Sexta – Oxalá
          Sábado – Yemanjá e Oxum.

          Todos os ritmos africanos se enquadram dentro do ritmo sincopado, binário do samba.

Jorge Fontoura

 

SAMBA ENREDO                                                1979
Enredo     A ceia dos orixás
Compositores     ???
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