Um banho da Natureza. Cachoeiras de Macacu
Estácio
de Sá e a cidade fluminense de Cachoeiras de Macacu reservam muitas
surpresas para você no Carnaval 2003. Como seu próprio nome aponta,
o município de 52 mil habitantes é um espetáculo de rios, riachos, corredeiras
e quedas dágua, além de grandes reservas de Mata Atlântica, que cobrem
35% de sua área. Um espetáculo natural distante apenas 100 quilômetros
do município do Rio.
Grandes
jequitibás, ipês, bromélias, orquídeas, tucanos, ariranhas, veados campeiros,
jaguatiricas e até micos-leões e onças-pintadas são os hóspedes das
belezas naturais de Cachoeiras de Macacu. Município ainda pouco explorado
turisticamente, é uma ótima opção para os apreciadores do ecoturismo
e dos esportes ecológicos.
Localizado
numa região de declive, no começo da serra dos Órgãos, Cachoeiras de
Macacu possui um clima considerado ameno para a área, caracterizada
pelas baixas temperaturas no inverno, e altitudes que variam de 30 a
2.100 metros nas sete serras do município.
Desmembrado do antigo município de Santo Antônio de Sá, fundado em 5
de agosto de 1697, Cachoeiras de Macacu guardou pouco das relíquias
históricas da antiga ocupação. Em 1875, a velha sede urbana foi anexada
a Itaboraí, sendo o restante denominado inicialmente de Santana de Macacu,
e depois Santana de Japuíba. O atual nome só surgiu em 1929, com a elevação
da Vila de Cachoeiras de Macacu à categoria de cidade.
Ainda restaram alguns monumentos históricos, como as ruínas das igrejas
Velha de Papucaia e de São José da Boa Morte, assim como a sede da Fazenda
do Carmo, onde existia um convento da Ordem das Carmelitas, informa
o biólogo Jamerson Jacintho de Carvalho, funcionário da Fundação Municipal
de Turismo de Cachoeiras de Macacu (Macatur). "Mas a sede urbana e os
prédios mais antigos acabaram ficando mesmo em Itaboraí", acrescenta.
Essa ocupação mais recente acaba sendo mais um atrativo para os amantes
da natureza, pela boa preservação dos ecossistemas locais. Com 1.055
quilômetros quadrados, o município está dividido em três distritos:
Cachoeiras, Japuíba e Subaio (antiga São José da Boa Morte).
Sinfonia das águas
Cachoeiras
de Macacu é caracterizada pela riqueza de cursos dágua, piscinas naturais,
fontes de água mineral e, claro, cachoeiras de todos os tamanhos. Ao
passear pela cidade, o visitante pode ouvir o gostoso barulho típico
de correnteza e quedas dágua em diversos pontos. "Seja na mata ou na
área urbana, é freqüente deparar-se com rios e riachos", comenta o guia
turístico e folclórico morador da cidade, Jorge Elpídio Medina, mas
conhecido como "Passarinho".
Junto com os irmãos, Carlos Fernando e Carla Roberta Lessa Chaves, Passarinho
fundou a Eco Vida Promoções Turísticas, com o objetivo de divulgar e
explorar racionalmente a exuberante natureza local através da promoção
do ecoturismo na região. O grupo oferece variadas opções ecológicas
em 12 roteiros de caminhadas e por inúmeros pontos turísticos, como
a imponente Pedra do Colégio, símbolo da cidade
Passarinho é um pesquisador apaixonado pelas belezas naturais da região.
"Há muitas maravilhas ecológicas ainda pouco conhecidas em Cachoeiras
que merecem um trabalho de divulgação e preservação maior, e uma exploração
através do ecoturismo que crie renda, empregos para a população, mas
que não prejudique a natureza", destaca.
Para o turista, são muitas as opções, desde os pequenos rios e corredeiras
embrenhadas na mata até o grande e navegável rio Macacu. "Temos uma
grande variedade de rios, desde o que dá nome à cidade que atinge até
50 m de largura, assim como dezenas de afluentes que formam pequenas
piscinas e cascatas", aponta Carlos Fernando.
Mas o grande atrativo são as mais de 30 grandes cachoeiras, já catalogadas,
que se espalham na região. Elas variam de 5 m de altura até os 150 m
da Grande Cachoeira, que fica localizada na divisa com Nova Friburgo.
São mais de 15 poços naturais formados em rios como o Macacu, Valério
e Guapiassu, que permitem bons mergulhos ou simples banhos de rio.
Tenebroso (15 m), Sete Quedas (35 m), Três Desejos (70 m) e Santo Amaro
(70 m), com o maior volume de água, são alguns exemplos de grandes cachoeiras
à disposição do ecoturista. Espalhadas por todo o município, algumas
são de fácil acesso, outras precisam de boas caminhadas para serem atingidas.
"Mas não há nada mais belo do que após duas horas de caminhada você
se aproximar e se deparar com uma maravilha como Santo Amaro", indica
Passarinho.
Belezas e Lendas
Os roteiros
ecológicos locais não levam apenas a florestas, rios e cachoeiras. Outras
atrações naturais são as formações geológicas, como a pedra do Colégio,
com seus 310 metros de altura, localizada a 640 m do nível do mar. Outras
formações de destaque são a pedra do Oratório, a do Corcovado e da Visão,
assim como o pico do Ninho dos Pássaros, com uma rampa natural de vôo
livre, a 720 m de altura.
"O nome de pedra do Colégio surgiu da lenda que ao pé dela teria acontecido
o início da catequização dos índios Surussus e Puris pelos jesuítas,
algo que não corresponde aos documentos históricos. Mas a lenda ficou
e a pedra hoje é o principal cartão-postal da cidade", explica Carla
Roberta. Foi no alto da pedra que foi realizado um dos primeiros campeonatos
de vôo livre do Brasil em 1980. ”Tivemos que escalar por mais
de duas horas a encosta com as asas desmontadas e amarradas nas costas.
Mas a visão da paisagem e o vôo dos 38 competidores foram fantásticos",
emociona-se Passarinho.
Outro “presente” da natureza que está envolto em lendas
é um grande jequitibá, com 11 metros de circunferência e mais de 30
metros de altura, localizado em Boca do Mato. A árvore impressiona pelo
tamanho. São necessárias seis pessoas de mãos dadas para envolvê-la.
Há quem acredite que o jequitibá possua muita energia, transmitindo
fluidos salutares para quem o toca.
Moradores da região também comentam que a colmeia instalada a cinco
metros da árvore, repleta de abelhas-cachorra, proteja o jequitibá.
"É como se elas exigissem respeito, obrigando o visitante a falar sempre
baixo, para não ser atacado pelos insetos", comenta um comerciante da
área.
Uma localidade que também guarda muitas histórias é Mundo Novo, situado
no Alto da Serra de São João. “No local, há quatro enormes rochedos
que formam uma grande elevação geológica com um pico de 1.719 metros.
Logo atrás, numa extensa depressão de uma garganta existe uma área natural
ainda virgem que chamamos de Mundo Novo, com uma vegetação estranha
e correntes fortíssimas de ar. Por ser de difícil acesso, permanece
quase inexplorada", afirma Passarinho.
Esportes Ecológicos
Cachoeiras
de Macacu oferece também boas condições para os praticantes de esportes
ecológicos. Uma pista de quatro quilômetros de mountain bike dentro
da mata e outras duas para pouso e decolagem de ultraleves garantem
espaço para os praticantes dessas modalidades.
No pico conhecido como Ninho dos Pássaros, uma rampa natural e outra
escavada permitem o vôo livre e o parapente sobre o verde e o silêncio
das matas de Macacu. Escalar rochedos, pescar, cavalgar na floresta,
passear de bicicleta, além da boa e velha caminhada, completam o "cardápio"
esportivo.
Um passeio de barco ou canoa é outro programa certo. "Há pouco tempo
foi reinaugurada a navegabilidade do rio Guapiaçu, que tinha sido abandonada
há mais de 100 anos", enfatiza Passarinho. Uma das opções é descer o
Guapiaçu até o Macacu e navegar em suas águas até atingir a baía de
Guanabara. São três horas e meia descendo e depois subindo os rios,
permitindo uma completa comunhão com a natureza, desfrutando de belas
paisagens e de diversão garantida, com pescarias e mergulhos.