Envergo, mas não quebro
Não
poderia ser mais instigante e apropriado para simbolizar a resistência
que a ESTÁCIO SE SÁ vem enfrentando para superar a dificuldade, comparada
à travessia de um precipício, equilibrando-se sobre um fio, com a
ajuda da energia dos Amigos, que amam e não abandonam e de uma única
vara de bambu. Uma verdadeira demonstração de coragem e persistência
para chegar ao outro lado, sem cair no rio infestado de piranhas e
crocodilos, dependendo do trecho.
A ESTÁCIO DE SÁ é assim mesmo! Enverga, mas
não quebra, apesar de já Ter sido levada até o chão. Sentiu o cheiro
da terra, sacudiu a poeira e não quebrou. E também não será desta
vez!..
Mostraremos essa disposição e valor, ressurgindo
das cinzas, com as cabeças erguidas, corpos retos, sem curvatura,
como o bambu, resistente ao raio, fogo e erosão. Nada o subjuga, a
não ser a mão do homem para transformá-lo em belíssimos objetos de
arte e diversão, como poderá ser visto à medida que a ESTÁCIO passar.
A ESTÁCIO já está com a pipa no alto e não adianta
mandinga nem cerol...
ENVERGO,
MAS NÃO QUEBRO
Milhões de pessoas no mundo recorrem todos os
dias ao bambu, utilizando-o no trabalho, para construir habitações,
cozinhar, caçar, para fins musicais, cuidar da higiene pessoal, na
alimentação, diversão ou apenas como fonte de inspiração...
Daí, podemos avaliar a enorme importância dessa
planta, que o homem ocidental ainda hoje não conhece bem.
Abordamos o bambu sobre vários aspectos, atendendo
ao seu interesse simbólico, artístico e cultural.
Nativo da Ásia, África e América, somente no
séc. XVIII é que o bambu foi introduzido na Europa.
Ao descobrir o Brasil, os portugueses perceberam
que os nativos conheciam e utilizavam o bambu, os lusitanos trouxeram
para o Brasil, mudas de espécies exóticas de outras terras, principalmente
da Índia, que se aclimataram muito bem aqui.
Uma delas, é o bambu-gigante ou bambu balde, considerado o maior do
mundo. Quando adulto pode atingir 45m de altura. Outro bastante conhecido
é o Bambu-Brasil, originário da Índia.
O bambu é a planta que cresce mais rápido que
as demais, chegando a um metro por dia. Depois, dentro de cada espécie,
chega a viver mais de 150 anos.
Uma das maiores plantações no Brasil, encontra-se no Maranhão e se
destina a fabricação de papel do tipo cartão, especial para embalagens.
Por tudo isso, podemos descrever o bambu como
uma planta carregada de cultura, cuja utilidade e funções, se revelaram
essenciais na vida de milhões de homens, espalhados por diversos pontos
do mundo.
Na China, não eram apenas os pincéis dos calígrafos
que eram feitos de bambu, também as pequenas placas que recebiam as
tintas se obtinham da mesma planta. Os primeiros livros foram compostos
com finas placas de bambu.
No período pré-Inca, uma tribo de pescadores
usavam um tipo de embarcação chamado Cavalitos de Totora
que até hoje no Peru, na cidade de Pimentel, funciona como um tipo
alternativo para a pesca. Os Cavalitos de Totora são feitos
com fardos de bambu ou taquara.
No Japão, há mais de 2000 anos atrás, um general
amarrou-se a uma pipa e voou à noite sobre um campo militar inimigo
dizendo ser a morte e que todos deveriam fugir daquele local. Assim
venceu a batalha. Aquela pipa, como as de hoje, foi construída com
varas de bambu.
No Japão, a arte fervilha de referencias ao
bambu. No cerimonial do chá, que se desenvolveu sobretudo ao longo
do séc. XV, o bambu ocupa um lugar de maior destaque. Dele se obtém
utensílios indispensáveis à preparação da bebida, como uma espécie
de vassoura de cana fundida, em 120 lâminas, com a qual se bate o
chá. Este lento, e ritualizado cerimonial permite que os participantes
reencontrem a harmonia que une os seres vivos e os elementos; o equilíbrio
e a paz interior.
A palavra bambu tem origem no Oriente, provavelmente
no idioma falado na Malásia. Trata-se de uma riqueza vegetal nem sempre
percebida pelos menos alentos. Porém, alguns inventores puderam encontrar
nele o fio da meada para a solução de algum problema.
O americano Thomas Alva Edison, por exemplo,
conseguiu o extraordinário feito, para época, de acender a primeira
lâmpada elétrica, usando filamentos de carvão de bambu.
Outro inventor, o brasileiro Alberto Santos
Dumont, também utilizou o bambu para dar forma ao 14Bis.
Até o famoso Taj-Mahal, que um nobre indiano,
Shah Jahan mandou construir no séc. XVII, para servir de túmulo para
a mulher amada, tem parte da estrutura feita de bambu.
A Cantora, instrumentista e pesquisadora brasileira
de sons, Badi Assad, talvez inspirada na observação minuciosa do bambu,
tem incorporado ao seu trabalho muita pesquisa com instrumentos feitos
desse vegetal, como flauta, o tambor ou a maraca.
A utilização do bambu é infinita, e apenas citaremos
algumas:
- vara
de pescar
- pipas
- balaios
- cercas
- cortinas
- vara
equilibrista
- finos
acabamentos em talheres
- lanternas
- móveis
de sala
- sombrinhas
- prateleiras
- leques
- cabides
- espetos
p/ churrasco.
Uma variada gama de produtos e utensílios domésticos
é obtida do bambu devido a sua resistência e manejo fácil.
Os povos Orientais, costumam usar o broto do
bambu na culinária, como saladas ou acompanhando outros pratos, sendo
também usado como remédio.
Os Ursos Panda se alimentam quase exclusivamente
de folhas tenras e brotos de bambus. O simbolismo do bambu é muito
grande para vários povos.
Para os chineses simboliza humildade e modéstia,
juventude e velhice, uma clara referência aos caules que, novos e
velhos de vários anos, têm um aspecto totalmente idêntico.
Os vietnamitas consideram o bambu Irmão
do Homem.
No Japão, integra o grupo dos Três amigos
(ameixeira, pinheiro, bambu) presente em todas as decorações de festas
do Ano Novo. Representa, juntamente com a ameixeira, a orquídea e
o crisântemo, as 4 plantas nobres.
Na Indonésia, recorre-se ao bambu particularmente
nas cerimônias religiosas de cremação.
Nas religiões afro-brasileiras, Oyá, a Deusa
dos Ventos e Senhora dos Eguns (mortos), recebe
suas oferendas em frondosos bambuzais.
Dentre os budistas, é designado por a Benção
de Buda. O próprio Buda ao pressentir a chegada da morte, teria
se retirado para um bosque de bambus.
Pela versatilidade desta planta, faremos o enredo
do nosso carnaval, onde ela também estará presente nas armações dos
chamados Boneco do Germano ou nas armações das fantasias
de ala e em nossas festas juninas.
Nada mais justo do que esta homenagem para a
planta que existe há milhões de anos e quem sabe será o cereal do
terceiro milênio e, por isso, nos envergamos perante toda a sua simplicidade
e magnitude.
Jorge
Cunha
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