FICHA TÉCNICA 1994

 

Carnavalesco     Alexandre Louzada
Diretor de Carnaval     ..............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     Dominguinhos do Estácio
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................
Resp. Galeria de Velha Guarda     ................................................................

 

SINOPSE 1994

S.A.A.R.A. ... A Estácio chegou no lêlêlê de “Alalaô”

Introdução:

          Num passeio pelo burburinho do centro histórico do Rio, encontramos um lugar pitoresco desta Cidade Maravilhosa.
          Falamos da S.A.A.R.A.¹, uma reunião de ruas comerciais. Um pedaço do mundo árabe, encravado no coração da Cidade do Rio de Janeiro.
          S.A.A.R.A. que hoje completa 100 anos. Suas ruas estreitas contam histórias. Caminhando entre suas lojas, parece que nos transportamos para os mercados de mascates dos contos das mil-e-uma noites.
          É neste clima de encantamento que a Estácio – Berço do Samba, embala a nossa fantasia e, como mãe, colhe e acolhe os personagens deste conto que agora vamos contar; uma colcha de retalhos como um mosaico multicor, revelando esta Arábia tão carioca, numa só mistura: - O SAMBA.

Sinopse:

          Qual miragem no passado... Um século atrás no tempo. No tapete mágico do samba, o sonho passeia no vento. Buscando no delírio das mil-e-uma noites o encanto, para dizer um conto neste canto e fazer toda a cidade cantar.
          Um dia, do mar, veio o Oriente, em caravana, a cultura milenar. E desembarcou trazendo sonhos e esperanças, vindos de lá, de muito longe, das terras mágicas de Alah.
          E o Rio se fez Canaã – Terra Prometida – imaginada, deixando na saudade os Cedros dos Montes Libaneses, plantando neste chão a paz tão sonhada.
          E a Arábia se fez morada, invadindo as ruas, dominando o chão. E o Sacramento da Freguesia² se fez S.A.A.R.A., deserto de preconceitos e diferenças, formando uma só nação.
          Assim, um após outro, geração após geração, mercadores do tempo ancestral, qual Fenícios, Persas, Assírios, conquistando praças: mala na mão!
          Hoje a Estácio é mascate nesta rua, na Damasco Carioca, desfilando bugigangas; Babel do comércio a céu aberto. Alfândega, porto, rua, Rio de Janeiro longe e perto; tem de tudo, tem o mundo. É a S.A.A.R.A. do dia a dia, sol a sol, calor ardente: de gente.
          De gosto exótico, sabor da terra distante, iguarias vindas de longe, bem prá lá de Bagdá, cruzaram a linha do horizonte pra este povo degustar: tâmaras e tantos grãos, de trigo, de bico e gergelim. Vira, mexe, tempera, amassa e a massa vira esfiha, quibe e pão. Mistura, enrola, erva, folha, óleo e sabor, sabor de thaine, taboule, tá bom! Tá na mão.
          De tudo um pouco, das tralhas e quinquilharias. Nuances, matizes e cores, tudo e toda mercadoria. Mão, contramão, esbarrão; burburinho, loucura de gente, no vaivém do tempo quente. Chova ou faça sol de repente; seja bem-vindo; conte com a gente.
          Travessas, travessias, travessuras, brinquedos, vasilhas, presentes. Entra e sai, compra e vende. Tabuleiro, formas e formas, várias formas. Mais barato é com a gente.
          S.A.A.R.A. que faz a festa. É bala e bolo, bola e balão. É fita, é fantasia, doce alegria, é criança que brinca, presente na mão. Castelos de sonhos de céu de algodão, brincando com a vida, vivendo ilusão. Mergulho encantado em lagos de mel onde bailam palhaços no mundo enfeitado com doce e papel.
          Dos armarinhos, da agulha, linha e botão. Fios, retroses, novelos, meadas. Dúzias, grosas, milheiro, milhão. Tece, costura, entra, prende, zigue-zague, vem e vai. Abre e fecha, enviesa, arma, corta, chuleia, acaba, sai. Cortina, cordão, pingente, tecido, retalhos pra toda gente. Estampados, texturas, bordados, beleza. Tem pro banho, cama e mesa.
          Embriagada de tantos perfumes, odor que traz à lembrança essência de flores, o cheiro do amor. S.A.A.R.A., requinte de raros aromas, de águas-de-cheiro, de tantas colônias...
          Inebriante de ervas, madeiras, a se espalhar no ar pela rua inteira.
          Vaidade pura, jóia rara, bilha como ouro e prata, colore, enfeita, adorna, faz beleza. Balangandãs, contas, correntes; pendura, enlaça, balança. Conchas, búzios, pérolas, deusas, rainhas, magia.
          S.A.A.R.A. que contagia, do falso brilhante que encanta, engana e seduz, que une, aliança, casa lembrança que o amor traduz.
          Dos relógios que contam horas, ponteiros mil que marcam horas, horas marcadas. Todas as marcas, conserta, acerta, desperta na hora certa.
          Da dança dos números, de sonho dourado, na bola da vez. Milhares, centenas, milhares de sonhos, palpites, querendo a riqueza, riqueza talvez.
          Girando, no globo da sorte, batendo mais forte o coração do freguês. A aposta desta gente disposta a enriquecer. E não há quem não goste. Se der leão, não se importe, é meu dia de sorte. Manda pra cá o que é meu.
          S.A.A.R.A. também das igrejas, das preces de tantos fiéis. De tantos altares, promessas de cânticos, relíquia que leva ao passado de um Rio barroco, tradição sem igual.
          Morada de anjos, adornos e santos; do templo de São Jorge, Guerreiro, das velas acesas, desfiando rosários numa eterna oração.
          Que reza a paz, pelo mundo, de um só povo, um só Deus, que abençoa esta grande união.
          Afinal, que fantasia você eu, todos nós nesta noite da folia, do brilho da magia, do luxo, da ilusão!
          S.A.A.R.A que mascara os blocos de rua e que enfeita o salão. Que traz o barulho do samba como se fosse o seu coração; que embala o sonho da Estácio de ser outra vez, mais uma vez, campeã.
          Enfim, que nos leva no “lê-lê-lê” deste samba. E neste embalo quente eu vou saudando Alah, Alalaô; sambando, suando... Mas... Que calor!
          Vislumbrando miragem, o Jardim que “há lá”, no Lê, Lê, Ô. E do burburinho então me desfaço, e na sombra relaxo do vaivém deste dia. No Campo de Santana eu esqueço todo o calor e cansaço, deste S.A.A.R.A. agitado.
          E neste oásis me despeço, já com saudades, confesso, ao ver pregoeiros dizendo:
- “Volte sempre, obrigado!”

Notas:

¹  S.A.A.R.A. – Sociedade dos Amigos e Adjacentes da Rua da Alfândega.
²  Sacramento da Freguesia – Nome do Bairro onde hoje está a S.A.A.R.A.

Alexandre Louzada

Roteiro do Desfile:

1° Setor – Bem pra lá de Bagdá

  • Comissão de Frente: Os mercadores do oriente

  • Alegoria 1: Magia das mil e uma noites

  • Ala n° 1 - Ala das Cabrochinhas I: Princesas Dançarinas

  • Ala n° 2 – Ala dos Malandrinhos: Escravos

  • Destaque de chão: Paulo Varelli – Alladin

  • Ala n° 3 – Ala dos Fanáticos: Príncipes e Princesas I

  • Ala n° 4 – Ala Vem de Lá: Príncipes e Princesas II

  • Ala n° 5 – Ala Vem Quem Tem: Príncipes e Princesas III

  • Alegoria 2: Caravana dos Mascates

  • Ala n° 6 – Ala O Morro Canta I: Líbano

  • Grupo Especial: Mascates

  • Ala n° 7 – Ala O Morro Canta II: Síria

  • Alegoria 3: A Chegada

2° Setor – As Iguarias

  • Ala n° 8 – Ala das Cabrochinhas II: Esfiha

  • Ala n° 9 – Ala das Cabrochinhas III: Lentilha

  • Ala n° 10 – Ala Sol e Alegria: Grão de Bico

  • Ala n° 11 – Ala Abundante Folia: Pão Árabe

  • Ala n° 12 – Ala 1001 Utilidades: Quibe

  • Alegoria 4: Iguarias de Lã

3° Setor – De Tudo um Pouco

  • Ala n° 13 – Ala Sementes e Raízes: Utensílios Plásticos

  • Ala n° 14 – Ala Contic Nervoso: Tintas

  • Ala n° 15 – Ala dos Independentes: Guarda-Chuvas

  • Ala n° 16 – Ala Apenas Diferente: Balas

  • Ala n° 17 – Ala das Crianças: Brinquedos

  • Ala n° 18 – Ala Amar É: Doces e Balões

  • Alegoria 5 – “S.A.A.R.A. Faz a festa”
    Ala n° 19 – Ala 100 Compromisso: Material Elétrico

  • Ala n° 20 – Ala Surpresa: Couro

  • Ala n° 21 – Ala Folia: Material Esportivo

  • Velha Guarda (1ª Parte): Guarda de Honra

  • 1° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

  • Velha Guarda (2ª Parte): Guarda de Honra

  • Bateria – Lê-lê-lê na S.A.A.R.A.

  • Ala de Passistas

4° Setor – Os aviamentos

  • Ala n° 22 – Ala Badalo Forte: Agulhas e Linhas

  • Ala n° 23 – Ala Tropicália: Fitas métricas

  • Ala n° 24 – Ala Casa Nova: Fechos éclair

  • Alegoria 6 – Aviamentos

5° Setor - Os perfumes

  • Ala n° 25 – Ala Xodó do Estácio: Água de Cheiro

  • Ala n° 26 – Ala Veneno: Alfazema

  • Ala n° 27 – Ala Corsários do Rei: Lavanda

  • 2° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

  • Alegoria 7: Perfumes

6° Setor – As jóias e Bijuterias

  • Ala n° 28 – Ala Amar É Viver: Relógios

  • Ala n° 29 – Ala dos Incríveis: Anéis e Braceletes

  • Ala n° 30 – Ala Coisa Nossa: Pulseiras e colares

  • Alegoria 8 - Jóias e bijuterias

7° Setor – As Casas Lotéricas

  • Ala n° 31 – Ala 100 Nome: Casas Lotéricas

  • Ala n° 32 – Ala Esplendor da Barra: Casas Lotéricas II

  • Ala n° 33 – Ala da Escola: A dança dos números

  • Alegoria 9: Casas Lotéricas

8° Setor – As igrejas

  • Ala n° 34 – Ala Vip: Anjos Barrocos

  • Ala n° 35 – Ala das Baianas I: Igrejas

  • Ala n° 36 – Ala Emoção: São Jorge

  • Alegoria 10: As Igrejas

9° Setor – Os artigos de Carnaval

  • Ala n° 37 – Ala Me Engana Que Eu Gosto: Colombinas

  • Ala n° 38 – Ala dos Desiludidos I: Arlequins

  • Ala n° 39 – Ala dos Desiludidos II: Folia

  • Alegoria 11 – O Carnaval

10° Setor – O Campo de Santana

  • Ala n° 40-A – Ala dos Cadetes (1ª Parte): Árvores

  • Ala n° 41 – Ala das Baianas II: Cisnes

  • Ala n° 40-B – Ala dos Cadetes (2ª Parte): Árvores

  • Alegoria 12 – Campo de Santana

 

SAMBA ENREDO                                                1994
Enredo     S.A.A.R.A. ... A Estácio chegou no lê lê lê de "alalaô"
Compositores     Fininho, Pereira, Edmilson e Marinho
Tem balangandã
E jóia rara
Nesse canaã
Que é o SAARA

Paraíso que um dia encontrei
No coração desta cidade
Vim, venci, fiquei
São cem anos de idade
Hoje a Estácio de Sá
Tem história pra contar
Bem pra lá de Bagdá
É leilão, é leiloeiro
É pregão, é pregoeiro
A promoção vai começar

Carrega, vamos moço
Quem paga um leva três
Eu perco tudo
Mas não preço o freguês

Babel
Do comércio de sonhos
Um pedaço do céu
Pedi a São Jorge guerreiro
Pra nos ajudar
Achei nesse canto
Um recanto, para descansar

Sonhei, acordei
Na minha visão
Na cabeça dá leão