FICHA TÉCNICA 2008

 

Carnavalesco     Jorge Caribé
Diretor de Carnaval     Jeferson Martins Lopes
Diretor de Harmonia     Osnir Alves de Oliveira
Diretor de Evolução     Osnir Alves de Oliveira
Diretor de Bateria     Mestre Celso
Puxador de Samba Enredo     Marcio Alexandre
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     José Luiz e Cida
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     Terezinha de Jesus
Resp. Ala das Crianças     Sueli, Elizangela e Jorge Henrique
Resp. Galeria de Velha Guarda     Vanderlube Bicudo

 

SINOPSE 2008

Entre pulgas e piolhos... Assim levaram nossos tesouros

          Diz-se que era um dia chuvoso em Portugal e, devido à rapidez com que se decidiu ir embora, foi também um dia confuso. Todo um aparelho burocrático vinha para a colônia: ministros, conselheiros, juízes da Corte Suprema, funcionários do Tesouro, patentes do Exército e da Marinha e membros do alto clero.
          Baús com roupas, malas, sacos e engradados seguiam junto com as riquezas da Corte, obras de arte, objetos dos museus, todo dinheiro do Tesouro Português e as jóias da coroa iam sendo colocados nos porões dos navios, bem como cavalos, bois, vacas, porcos e galinhas e mais toda sorte de alimentos. A confusão era tanta que as caixas com os livros da Biblioteca Real (mais de 60 mil exemplares) ficaram no porto, só vindo para o Brasil dois anos depois.
          Na manhã do dia 29 de novembro de 1807, a Esquadra Portuguesa finalmente partiu do porto de Lisboa com destino à colônia. A população de Lisboa assistia atônita a toda essa movimentação. Não podia acreditar que estivesse sendo abandonada pelo Príncipe Regente e demais autoridades, levando tudo que estivesse à mão, deixando-a totalmente desamparada para enfrentar o exército de Napoleão.
          Lisboa estava um caos. Junto e sua tropa, apesar de bastante desfalcada, não tiveram problema para dominar a cidade cuja população estava atordoada com o que consideravam uma fuga vergonhosa. A invasão foi conseqüência da aliança entre Portugal e Inglaterra, inimiga da França. Napoleão havia exigido dos países europeus que fizessem um bloqueio econômico aos ingleses, e Portugal rejeitou a medida.
          A viagem foi difícil. Com naus superlotadas, não havia espaço para todos se acomodarem. Muitos viajaram com a roupa do corpo, pois nem isso pôde ser embarcado, já que a capacidade dos navios há muito havia sido superada. A água e os alimentos foram racionados, a higiene era de tal forma precária que houve um surto de piolhos nos navios, obrigando as mulheres a rasparem a cabeça e a enfaixarem com bandagens, incluindo a Princesa Carlota Joaquina e as demais damas da Família Real e da Corte.
          Devido às tempestades, as esquadras se separam. A Corte primeiro desembarca na Bahia e, depois, em 7 de março de 1808, no Rio de Janeiro, com todos imundos, fedidos, com pulgas e piolhos. Assim, a população total da cidade, que era de 60 mil almas, das quais 40 mil escravos negros, recebe, só do reino, 15 mil pessoas, além de fortes comerciantes da Inglaterra e França, vários artistas da Itália, sábios naturalistas da Áustria e, da Costa da África, negros de várias compleições.
          D. João (13/05/1767 - 10/03/1827), 27° rei de Portugal, Duque de Bragança, Barcelos e Guimarães, Marquês de Viçosa, Conde de Arraiolos, é baixo, gordo, bonachão, comilão, sossegado, carola, e só foi rei porque os dois irmãos mais velhos morreram e a mãe ficou louca! Porém, apesar de aparente fraqueza, representa a visão do futuro e vem para o novo mundo, fica 13 anos, e faz o Brasil, que era colônia e vice-reino de 1500 a 1808, virar Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1808 - 1822).
          Sob pressão inglesa, em janeiro de 1808 abre os portos brasileiros às nações "amigas", num ato que é considerado o início da nossa emancipação econômica. Ainda em 1808, funda o Banco do Brasil para regular a moeda, porém, o desmando é de tal desordem esse emite tanto dinheiro que o lastro de ouro é superado, o dinheiro perde o valor e a respeitabilidade, e o banco fecha as portas em 1828.
          Mas D. João traz também sua esposa, Carlota Joaquina (25/04/1777 - 07/01/1830), filha de Carlos IV de Espanha e de Maria Luisa, era bisneta de Luís XV, tetraneta de Luís XIV, ambos reis da França, era baixa, feia, disforme, com barba e bigode, sonhava com a grandeza da Espanha e detestava o Brasil, não vendo a hora de voltar para a Europa. D. João e Carlota Joaquina tiveram nove filho, entre eles: um imperador, um rei e duas rainhas.
          Os moradores da cidade do Rio de Janeiro sofrem com o aumento do preço de tudo e ainda são obrigados a doar sempre, de alimento a tecidos, porque era preciso sustentar o dia a dia da Corte, que era de manutenção caríssima e contínua. Logo que chega, D. João começa a confiscar, sem cerimônia, propriedades particulares para a coroa, a fim de abrigar todos os transmigrados. Para dar moradia a 15 mil nobres portugueses que aqui chegaram, D. João não precisou de nenhum financiamento, simplesmente mandou que os nobres escolhessem as casas que gostassem e estas eram marcadas pelas letras P. R. (Príncipe Regente), e seus moradores tinham um prazo para sair das casas. Os brasileiros revoltados diziam que P. R. significava, na verdade, "Ponha-se na rua".
          Temendo talvez que a sua propriedade fosse confiscada sem ressarcimento, pois sua casa era grande para os padrões da época. Elias A. Lopes colocou sua Quinta à disposição de D. João, que mandou indenizá-lo e lá foi morar com sua mãe, D. Maria I, mas conhecida como D. Maria "a louca", que mandou, por exemplo, destruir os três mil teares existentes no Brasil e de monopólio da demanda nacional de tecidos da indústria inglesa e quase tornou motivo de rebelião ao tentar proibir a produção de cachaças, para que as pessoas tomassem vinhos trazidos da Europa e assim se civilizassem.
          Depois de dar casa, era preciso dar emprego a estes nobres. Para isto, D. João criou várias repartições públicas como tribunais, ministérios, a Casa da Moeda do Brasil, a Biblioteca Nacional, a Imprensa Real, o Jardim Botânico, as escolas de medicina do Rio e da Bahia, a Academia Real Militar e a Academia Real de Belas Artes. Houve, sem dúvida, um grande desenvolvimento cultural em nosso país.
          A vinda da Família Real para o Brasil mudou também a fisionomia do Rio de Janeiro. A cidade que os estrangeiros acharam suja, feia e mal cheirosa começou a se expandir e cuidar da aparência, abrindo-se às moedas européias. Nessa época, foram construídos chafarizes para o abastecimento de água, pontes e calçadas; abriram-se ruas e estradas; foi instalada iluminação pública; passaram a ser fiscalizados os mercados e matadouros, organizadas as festas públicas etc. Essas melhorias eram realizadas, muitas vezes, com a contribuição de ricos moradores que recebiam em troca benefícios materiais e títulos de nobreza do Príncipe Regente.
          A saída da Corte do Brasil, em abril de 1821, foi tumultuada como a vinda. D. João resolveu levar o dinheiro e o ouro do Banco do Brasil. Nas ruas, o povo cantava: "Olho vivo, pé ligeiro. Vamos a bordo buscar dinheiro". D. Pedro, filho de D. João, que ficou em nosso país como Príncipe Regente, ordenou as tropas que acabassem com o tumulto e impedissem as pessoas de revistarem o navio do rei. Assim, D. João foi embora levando todo o nosso dinheiro e a certeza de que a independência do Brasil era inevitável. E Carlota Joaquina, feliz da vida que ia embora, esfregava os sapatos um no outro e dizia: "Desta terra, não quero levar nem o pó!"

Jorge Caribé

Bibliografia:

  • Carlota Joaquina, princesa do Brazil

 

SAMBA ENREDO                                                2008

Enredo

    Entre pulgas e piolhos... assim levaram nossos tesouros

Compositores

    Tuil Pontes, Carlos Jr. e Lula

Avante! caravelas ao Brasil
Traz na bagagem, a coragem e muita sorte
"Em cima da hora" nosso rei partiu
De Portugal até chegar ao Brasil
No tempo confuso, no mar a tempestade
Mistérios, e magia, a desvendar
A população temia a invasão
Anunciada por Napoleão
A corte enfim ... seguiu com seu destino a capital
Com toda riqueza, um tesouro, especiarias
Primeiro desembarca na Bahia

Chega ao Rio de Janeiro, logo avistou!
Um paraíso a realeza, se encantou
Com a visão no futuro, o reino unido surgiu
Abriu portos, fez crescer o Brasil

Assim o grande estadista
Nosso país conquista
Com seus projetos sociais
Cria bancos, a gazeta, academia militar
Biblioteca nacional, um acervo cultural
E ficou, a história, na memória
"200 anos" uma parte eu conto agora

D. Pedro, cadê meu dinheiro?
D. João "olho vivo" e ligeiro
Devolva nosso capital
Que tu levaste lá pra Portugal