FICHA TÉCNICA 2001

 

Carnavalesco     Luiz Marques
Diretor de Carnaval    
Diretor de Harmonia    
Diretor de Evolução    
Diretor de Bateria     Salgueirinho e Ricardo
Puxador de Samba Enredo     Jardel do Cavaco
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Zé Luis & Monique Liese
Segundo Casal de M.S. e P. B.    
Resp. Comissão de Frente    
Resp. Ala das Baianas    
Resp. Ala das Crianças    

 

SINOPSE 2001

Goiá Tacá Amopi - o campo das delícias

Introdução:

          Situada às margens do rio Paraíba do Sul, hoje Campos dos Goytacazes, que foi fundada em 28 de março de 1835, é a principal cidade do norte do estado do Rio de Janeiro.
          A região do médio e do alto do rio Paraíba do Sul foi a maior produtora de café no país, durante o séc. Xix.
          Seu baixo vale constitui tradicional região açucareira.

Sinopse:

          Os primeiros habitantes da planície deltaica do Paraíba do Sul (baixada dos goytacazes), foram os índios da tribo Goitacá (ou Goytacazes como hoje são conhecidos), cuja definição quer dizer, par alguns pesquisadores : "homem ágil, que nada".
          Assim, no princípio, os índios goytacazes eram os donos naturais da fértil planície cortada de brejos e com um rio farto de peixes, numa fartura de provisões que os primeiros portugueses, quando aqui chegaram, ficaram admirados diante de tamanha abundância.
          Em função da bravura dos índios goitacá, que impossibilitavam a colonização da terra, a coroa portuguesa ordenou que a Capitania de São Tomé fosse dividida e doada, e esta foi feita a sete capitães portugueses: homens de arma, endurecidos nos combates contra índios e intrusos europeus.
          Com os "sete capitães"começou a verdadeira história da conquista de campos de goytacazes.
          Em 1677 foi fundada a vila de são salvador de campos dos goytacazes, nome dado em conseqüência da construção de uma capela em louvor ao São Salvador.
          A elevação da vila à condição de cidade, somente veio a ocorrer em 1835, recebendo então o nome de Campos de Goytacazes, dando início ao progresso da região.
          A facilidade da criação de gado, atraiu para campos muitos criadores.
          Mais tarde, uma nova atividade veio juntar-se à criação de bovinos, a cultura da cana-de-açúcar.
          A nova cultura começou a alastrar-se pela planície e foi pouco a pouco expulsando o gado e a agricultura de subsistência.
          Os colonos necessitavam baixar o custo interno de suas produções para garantir rentabilidade e bons preços no mercado externo, e como os goytacazes não se deixavam escravizar, deu-se início a caçada de negros africanos, para trabalhar forçosamente em solo brasileiro.
          A cana-de -açúcar influenciou significativamente a culinária campista, tornando os doces da cidade afamados em todo o Brasil. Por sua vez, dada a fama da goiabada cascão, produzida na região, o campista passou a ser conhecido como "papa-goiaba".
          A terra propícia ao plantio da cana-de-açúcar, fez com que campos dos goytacazes se especializasse na doceria, onde se destacam : baba de moça, fios de ovos, papo de anjo, rapadura, quindim, bom-bocado, melado, goiabada e chuvisco, certamente o mais famoso dos doces dessa região que se espalhou pelo mundo.
          Campos dos Goitacazes é considerada a segunda cidade do brasil em arquitetura eclética. Além do eclético, outros estilos marcam a arquitetura campista, principalmente o neo-clássico e o art-noveaux.
          A arquitetura religiosa barroca, também se destaca, exibindo ainda em perfeito estado vários exemplares.
          Campos é uma cidade abençoada pelo gigantesco número de filhos famosos e ilustres que ilustram as páginas da história do nosso país.
          Relacioná-los, é um trabalho dos mais difíceis em função desses nobres campistas estarem envolvidos nos mais variados tipos de luta pelo melhor para o país. Entre eles destacaram-se desde nobres políticos a memoráveis jogadores de futebol, não podendo deixar de lembrar grandes atores, cantores e compositores. Ligados as letras, ciências, artes plásticas e mais uma inumerável quantidade de áreas profissionais que enchem de orgulho a vaidosa terra de seus queridos filhos, contamos ainda com dois dos maiores nomes da história do Brasil: Nilo Peçanha e José do Patrocínio.

Nilo Peçanha:

          Eleito Vice-Presidente em 1906, assumiu a presidência da republica em 1909 por morte do presidente Afonso Pena, a primeira magistratura do país.

José do Patrocínio

          Grande vulto da história, conhecido como o "Tigre da Abolição". Acadêmico, jornalista, orador e romancista, foi membro da Academia Brasileira de Letras e um dos mais vibrantes defensores da abolição da escravatura no Brasil.

Luz elétrica

          No ano de 1833, foi inaugurada uma usina termelétrica, geradora de luz elétrica para a cidade, sendo esta a primeira cidade da América do Sul e terceira do mundo a contar com tal melhoria.

Abolição da escravatura

          Durante a década de 80 do ano de 1800, Campos dos Goytacazes possuiu um magnífico grupo libertário de abolicionistas, liderando amplas massas populares.
          Foram homens provados na luta, fiéis ao seu povo e a causa que abraçaram, capazes de mobilizar milhares de pessoas num simples anúncio de jornal.
          A luta prosseguiu, com apoio de muitos abolicionistas de campos dos goytacazes, entre os quais josé do patrocínio, o paladino da libertação.

Andando nos trilhos

          A partir do ano de 1880, os campistas formaram a mais importante Rede ferroviária da América do Sul, com usinas possuindo linhas férreas próprias, locomotivas importadas, oficina de reparos, técnicos e operários especializados.
          O impacto das ferrovias na vida dos campistas foi imenso, o comércio desenvolveu-se e a cidade começou a modernizar-se.

Mudança de governo

          Ansiando pela mudança de forma de governo, o povo campista também deu grande contribuição a esta iniciativa. E a luta foi iniciada com Nilo Peçanha, o inesquecível estadista que Campos dos Goytacazes deu ao Brasil.
          Sendo uma região marcada pela aristocracia rural durante muito tempo, campos é rica em seu folclore, o qual destacamos as seguintes manifestações:

  • boi-pintadinho
  • caboclinhos
  • cavalhada
  • folia de reis
  • lenda do urarau da lapa
  • jongo
  • mana-chica
  • quadrilha da roça

          Em 1974 foi descoberto óleo  na bacia de Campos.
          O campo de Garoupa foi a primeira descoberta, e se tornou a maior província petrolífera do país e um ponto de aplicação para as tecnologias mais avançadas do mundo para a extração de petróleo no mar. As plataformas petrolíferas da bacia de campos iniciaram a produção em 1977 e hoje somam mais de 90 em produção e prospeção.

Luiz Marques

Relação de Alegorias por ordem de entrada

carro abre-alas: A tribo goitacá e a invasão portuguesa a chegada dos sete capitães
carro 01: Casa Grande cultivo da cana de açúcar moenda de cana da açúcar culinária campista derivados da cana( açúcar, rapadura, cachaça etc..)
Carro 02: Desenvolvimento( crescimento da cidade, ferrovias etc...), Política (Nilo Peçanha), energia elétrica, abolição(José do Patrocínio), ilustres campistas
carro 03: lendas, folclores, arte barroca
carro 04: o encontro do rio Paraíba do Sul com o mar, bacia de Campos, plataforma petrolífera

2001 – Em Cima da Hora
Goiá Tacá Amopi – O Campo das Delícias

Os Índios Goitacá

Os primeiros habitantes da planície deltaica do Paraíba do Sul (baixada dos Goytacazes), foram os índios Goytacazes (como hoje são conhecidos), cuja definição quer dizer, para alguns pesquisadores, “homem ágil, que nada”, pois esses silvícolas eram de fato grandes nadadores e bravos guerreiros. além de serem altos! robustos e bastante inteligentes
Tinham o hábito de raspar a parte frontal da cabeça, para que tivessem maior agilidade sob a água.
Eram grandes pescadores de tubarões, e o faziam atacando o peixe de frente, em grandes profundidades, armados de zagais (uma espécie de lança curta e pontiaguda).
Assim, no principio, os índios Goytacazes eram os donos naturais da fértil planície, cortada de brejos e com um rio farto de peixes, numa fartura de provisões que os primeiros portugueses – quando aqui chegaram – ficaram admirados diante de tamanha abundância.
Procurando baratear suas produções, os colonos tentam se utilizar da mão de obra de indígenas escravizados, método adotado em outras capitanias e regiões, contudo os Goytacazes resistem, e apenas uma minoria se deixa escravizar
Os índios cativos são eficientes na extração do pau-brasil, mas não na atividade agrícola. Para ela, sobretudo nas plantações e nos engenhos de açúcar, a solução são os escravos negros.
Com a invasão de suas terras, e sem deixarem ser escravizados ou catequizados, os Goytacazes foram dizimados pelas doenças contraídas dos europeus e em batalhas travadas na planície.
Outras tribos indígenas habitaram, primitivamente os campos e as florestas da região, como os índios Guanhães. Guarulhos, Tamorés, Pruris, Tupinambás, Ovaitaguases, Coropos, Eucatazes, Ganhões e alguns Aimorés fugidos de tribos que viviam onde hoje é o Espírito Santo.

A Fundação

O Município de Campos dos Goytacazes, situado ao norte do Estado do Rio de Janeiro, foi fundado em 28 de março de 1835, mas sua história pode ser contada desde meados do século XVI, mais precisamente quando a então Capitania de São Tomé foi doada a Pero Góis da Silveira em 28 de janeiro de 1536 pala Carta Régia assinada por Dom João III, expedida em 25 de fevereiro de 1536.
Com a chegada dos portugueses a região, começou-se a luta com grupos indígenas da espécie goitacá.
Em 1619, a Capitania de São Tomé é abandonada em conseqüência da renúncia de Gil de Góis, esta motivada por brigas com os índios
Por ordem da Coroa Portuguesa, a Capitania de São Tomé foi dividida em glebas, e estas doadas pelo Governador Geral Martim Sá em 1° de agosto de 1627, a sete capitães portugueses: homens de armas, endurecidos nos combates contra índios e intrusos europeus, alguns deles donos de engenho na região da Guanabara.
Com os “Sete Capitães” começou a verdadeira história da conquista de Campos dos Goytacazes.
Sabendo da existência da planície dos Goytacazes, o general lusitano Salvador Correia de Sá e Benevides abusa de seu poder e posição, e em 1648 consegue a doação da Capitania de São Tomé para seus filhos, passando para trás os descendentes dos “Sete Capitães”.
Ficaram assim donos da capitania: Martim Correia de Sá e Benevides (1° Visconde de Asseca) e seu irmão João Correia de Sá e Benevides.
Em 29 de maio de 1677 o Visconde de Asseca funda a vila de São Salvador de Campos dos Goytacazes, nome dado em conseqüência da construção de uma capela em louvor ao SS. Salvador.
Em 1752, incorporada pelo rei, a Capitania de São Tomé passa a se chamar Capitania de Paraíba do Sul.
Em 1633 foi criada a Comarca de Campos.
A elevação da vila a condição de cidade somente veio a ocorrer em 28 de março de 1835, recebendo então o nome de Campos dos Goytacazes, dando início ao progresso na região

Força negra sobre verdes campos

Necessitando os colonos terem baixo custo interno em sua produções para garantir rentabilidade e bons preços no mercado externo, dá-se início a caçada de negros africanos, para trabalhar escravizadamente em solo brasileiro.
Trazidos da África para o Brasil a partir de 1530, eles são vendidos em escala crescente por traficantes portugueses.
Eles são originários de várias regiões do continente africano, principalmente de Guiné, Costa da Mina, Benin, Congo, Angola e Moçambique.
No Brasil, os negros africanos são usados como escravos na lavoura, nos serviços domésticos e em diversos trabalhos artesanais e comerciais.
Negros e mulatos são tratados como subalternos, submetidos a trabalhos excessivos e castigos cruéis, mas com toda humilhação e sofrimento, deixam em solo campista uma gigantesca herança cultural que pode ser vista e vivida na forma de construções edificadas com sangue negro, na cultura folclórica reinante até os dias atuais ou na culinária rica em paladares e aromas seculares.
Até os dias atuais, muitos são os negros campistas que colaboram para o crescimento e desenvolvimento do solo não só campista, mas de toda a nação.

Paraíba do Sul – Um rio rumo ao mar

O rio Paraíba do Sul, é formado pela união dos rios Paraibuna e Paraitinga, que nascem respectivamente nas serras do Mar e da Bocaina, em São Paulo; em Guararema (SP), inverte a direção de seu curso e corre para o Estado do Rio de Janeiro, onde deságua no Oceano Atlântico.
Com 1019 Km, suas águas são aproveitadas pelas usinas hidrelétricas de Nilo Peçanha e Fontes, de Salto do Funil e da Ilha dos Pombos.
O rio Paraíba do Sul, corta grandes áreas industriais da região Sudeste (São José dos Campos, Taubaté, Volta Redonda...)
A região do médio e do alto vales do Paraíba do Sul foi a maior produção de café no país, durante o séc, XIX.
Seu baixo vale constitui tradicional região açucareira.
O Rio Paraíba do Sul é um destaque na vista panorâmica da cidade de Campos dos Goytacazes.
Ele margeia os dois lados de Campos, banhando de um lado, a área central: considerado o lado financeiro, e do outro, a grande Guarus, basicamente composta de dois bairros residenciais.
Ao longo de sua extensão o rio, que é responsável direto pelo assentamento da população na planicie goitacá, conta com 48 ilhas arborizadas.

Uma terra feita de açúcar

A facilidade da criação de gado, atraiu para Campos muitos criadores.
A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, crescia continuamente e exigia sempre mais carne bovina. Às vezes, eram enviadas boiadas com mais de quatro mil cabeças de gado
Mais tarde; uma nova atividade veio juntar-se à criação de bovinos: a cultura da cana-de-açúcar.

O ciclo do açúcar em Campos

A partir de 1750, a expansão da cana-de-açúcar se faz possível em função da divisão dos grandes latifúndios.
A nova cultura começou a alastrar-se pela planície e foi pouco a pouco expulsando o gado e a agricultura de subsistência
Em 1826 verificou-se a instalação do primeiro engenho a vapor; substituindo os bois, burros e águas que movimentavam os engenhos da época.
A partir de então, os bangüês, engenhos e sovacos começam a ser engolidos pelas modernas usinas, e em pouco tempo, as 700 fabriquetas de 1828 se concentrarão em apenas algumas grandes usinas movimentadas a vapor, moendas de ferro, turbinas, processo a vácuo: todas bastante modernas para a época.
A evolução do que modernamente se conhece como agroindústria do açúcar, é resultado de um consórcio extremamente feliz entre o plantio da cana-de-açúcar e as favoráveis condições de solo, água e temperaturas.

O modelo açucareiro e sua evolução

A palavra engenho é típica do nordeste, e corresponde a uma área plantada com cana e uma fábrica para o fabrico do açúcar.
No sudeste brasileiro engenho tornou-se usina e a propriedade agrícola, denominou-se fazenda.
A 1ª fase do desenvolvimento açucareiro nos Campos dos Goytacazes, vai dos fins do Século XVII até meados do século XIX, e foi formalizado através das engenhocas.
As engenhocas surgem na região quando nossos historiadores dão por encerrado o chamado Ciclo do Açúcar no Brasil.
Mas os Campos dos Goytacazes, florescem com velocidade, pois o Rio de Janeiro era uma praça de consumo cada vez mais exigente.
Dois ou três cilindros de madeira, na vertical, movidos por animais ou escravos, prensavam a cana extraindo o caldo, que era fervido e engrossado até o ponto de virar açúcar. Escorriam o mel para fazer aguardente e secavam o açúcar ao sol modelando com as mãos o que se consagrou como “pão de açúcar”. Encaixotava-se e enviava-se em mulas: duas caixas por animal até seu destino.
Se no começo do séc. XVIII eram mais de 50 engenhocas, nos meados do séc. XIX passavam de 700.
A terra chegava a produzir mais de 300 toneladas de cana em um hectare.
Muitos foram os fatores da transformação e do aumento da riqueza instalada.
De alguns milhares de arrobas de açúcar no final do séc. XVIII e começo do séc. XIX, chegou-se a produção de 1 544 458 arrobas em 1884.
Fatores como; aumento de consumo devido á ampliação de produção do café, a Guerra do Paraguai, preços melhores, intensidade do uso do braço escravo, concorrem para o progresso e desenvolvimento da atividade.
Na década de 70 do séc. XIX, surge a idéia do modelo dos Engenhos Centrais de Açúcar financiados pelo Governo Imperial.
Um Engenho Central: era um grande engenho de açúcar sem lavouras próprias e dependendo dos chamados fornecedores.
Na mesma época: um grupo de franceses introduziu em Campos dos Goytacazes, um tipo bem menor de Engenho Central com maior capacidade de produção que eles chamavam de Usine, e que prontamente foi abrasileirado para Usina.
Em 1665, existiam em Campos do Goytacazes cerca de 07 Engenhos Centrais e 08 Usinas de Açúcar.
Vários fatores concorreram para o desaparecimento dos Engenhos Centrais e o predomínio das Usinas. Entre eles o problema do rendimento, isto é, a quantidade de açúcar produzido em relação a tonelagem de cana moída.
As Usinas vão tomando conta do cenário açucareiro de Campos dos Goytacazes e ao longo do século XX apenas variam na quantidade.
A produção é sempre crescente e a agroindústria vai enfrentando crises e momentos de riqueza.
As duas guerras mundiais muito concorreram para o progresso do Parque Açucareiro campista. De uma produção de aguardente no começo deste século foi-se gradativamente passando a produção para o álcool, pois a gasolina era importada e já existiam automóveis após a Primeira Grande Guerra e que necessitavam de abastecimento.
Em 1929 era atingida a produção de 2 milhões de sacos de açúcar de 60 kg fabricados em 24 usinas.
O novo parque industrial, tem capacidade para produzir até 25 milhões de sacos de açúcar e mais de 200 milhões de litros de álcool.


A Culinária do Açúcar – Doces delícias

A cana-de-açúcar determinou significativamente a culinária campista, tornando os doces da cidade afamados em todo o Brasil, e o campista conhecido como Papa-Goiaba, dada à fama da goiabada cascão produzida na região.
Sem dúvida, os doces típicos são a maior virtude turística do município e o grande fator de desenvolvimento econômico
A terra propicia ao plantio de cana-de-açúcar, associada à colonização portuguesa, e mais forte, à Colônia Árabe fez com que Campos dos Goytacazes se especializasse na doceria, onde destacam-se: babas-de-moça, fios-de-ovos, papos-de-anjos, rapaduras, quindins, bom-bocados, melados, goiabadas, e chuviscos, certamente o mais famoso dos doces, que de Campos dos Goytacazes se espalhou pelo mundo
O chuvisco é um doce confeccionado à base de gema de ovo e sua origem é portuguesa, sendo fabricado em Campos do Goytacazes a mais de 150 anos.

Patrimônio cultural

Campos dos Goytacazes é considerada a segunda cidade do Brasil em arquitetura eclética, tendo a frente o Rio de Janeiro, mas possui a vantagem de possuir um conjunto compacto.
Além do eclético, outros estilos marcam a arquitetura campista, principalmente o neoclássico e o art-noveau.
A arquitetura religiosa barroca, também se destaca, exibindo ainda em perfeito estado vários exemplares como:
Igreja de Nossa Senhora cio Rosário – Foi construída no século XVIII, aproximadamente entre os anos de 1720 e 1740.
Igreja de Nossa Senhora da Lapa — Sua construção foi iniciada em 1740 e concluída em 1748, sendo também construído um casarão contíguo que serviu para um seminário.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo – Foi erigida em 1752, em estilo barroco, e em sua fachada estão anotadas as datas de 1797 e 1835, que recordam épocas de conclusão de obras e reformas.
Igreja de São Francisco – Possui grande acervo de arte sacra e se destaca por ter sido originalmente a capela em homenagem ao Santíssimo Salvador. Ao seu redor surgiu a Vila de São Salvador dos Campos dos Goytacazes. No local onde hoje se encontra a igreja, foi celebrada a 1ª missa em Campos dos Goytacazes, no ano de 1652, portanto. antes da criação da vila. Construída em 1788, em estilo barroco simples, principalmente nas partes internas, sendo a fachada do terceiro período da influência rococó, ornamentada com motivos brasileiros, como caju e abacaxi. Sua atual torre data ele 1875, e o relógio nela instalado de 1900.
Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte – Sua construção foi iniciada em 1736 e concluída em 17 de agosto de 1846.
Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens – Inaugurada em 25 de julho de 1790, junto a esta igreja havia sido estabelecido um hospital, com seu compromisso aprovado pela rainha de Portugal, Dona Maria I, em 1791.
Igreja de Santa Efigênia – Sua construção data de 1853. Ela foi a primeira igreja construída na localidade, depois de Campos dos Goytacazes ser elevada a categoria de cidade em 1835.
Igreja de Santo Antônio de Guarus – Esta é uma das mais antigas igrejas da cidade, datando de 1796.

Solares tombados pelo IPHAN (Instituo do Patrimônio Histórico Artístico Nacional):
Airises – sobrado centenário, de perfeito equilíbrio de formas em suas fachadas de 45 mts.
Asilo N. Sra. do Carmo – antiga casa do engenho Santo Antônio ou Casa de Fazenda Grande do Beco. Sua construção deve datar do séc XIX. É uma das mais belas construções de Campos no gênero.
Baronesa – casarão em estilo barroco construído em 1840, hoje pertencendo a ABL (Academia Brasileira de Letras) está completamente restaurado e respeitando as linhas arquitetônicas da época, quando predominavam a austera aristocracia rural, num passado rico e histórico.
Capela de N. Sª do Rosário – pertencia a antiga fazenda do Visconde. Em estilo colonial, é a única testemunha da existência do solar do princípio do séc. XVIII.
Colégio – o Solar do Colégio, situado na fazenda de mesmo nome, foi fundado por padres jesuítas. O solar teve sua construção terminada em finais do séc. XVI.

Lendas e folclores

Sendo uma região marcada pela aristocracia rural durante muito tempo, Campos é rica em seu folclore, o qual destacamos as seguintes manifestações:

Boi Pintadinho

Manifestação folclórica exclusiva da região norte fluminense, com o passar dos tempos passou a se conhecida também como Boi de Samba, sendo um dos pontos altos do carnaval campista.

Caboclinhos

Grupos que durante o carnaval, simulam tribos indígenas para percorrerem ruas em forma de bloco.
Compõem-se esses grupos, de figuras de índios que ostentam vistosos cocares, tufos de penas na cintura e nos tornozelos, colares de dentes de animais, contas nas vestes, espelhos nos peitorais e na cabeça...
Executam um bailado primário, ao som de flautas, pífaros e instrumentos de percussão.

Cavalhada

No mês de janeiro época que marca o término da safra e o início da plantação de cana-de-açúcar, realiza-se em Santo Amaro. 3° distrito de Campos, uma tradicional festa em homenagem ao Santo padroeiro. No dia 15 de janeiro (dia de Santo Amaro) acontece o ponto culminante da festa
A grande atração é a Cavalhada, um conjunto de manobras de origem ibérica, que remota à Idade Média, e que dramatiza as históricas lutas entre os soldados cristãos de Carlos Magno e os soldados mouros do sultão de Constantinopla. São formados dois grupos de cavaleiros, com calças brancas, botas pretas e túnicas de cetim azul ou vermelho Os cavalos também recebem seus paramentos. Turistas de todas as partes do Brasil visitam Santo Amaro, todos os anos; para ver de perto o espetáculo da Cavalhada.

Folia de Reis

Festa originaria de Portugal, onde rapazes levando cavaquinhos, pandeiros, violões, flautas e bumbos, cantam a porta das casas pedindo esmolas para a festa de Reis Magos (dia 6 de janeiro).

Lenda do Ururau da Lapa

Contam que por volta de 1700, habitou a curva da Lapa, no Rio Paraíba, bem em frente a Igreja, um Ururau (gigantesco jacaré de papo amarelo).
Era bicho bravio e matreiro que durante muito tempo conseguiu escapar dos trabucos e das redes dos pescadores, espantando canoeiros e prancheiros.
Diz-se do animal que “era um bícho papão imenso: encoruscado, que media uns 7 metros da cabo a rabo”.
Com o tempo, o jacaré desapareceu, mas ficou-lhe a lenda, que persiste até hoje, de que o animal ainda habita o local, escondido em um velho sino, que iria para a igreja em frente, afundado no naufrágio do barco que o trazia de Portugal.
A lenda informa que o jacaré seria um jovem travestido no bicho, desde que jogado no fundo do rio pelo pai de uma jovem ricaça que não aceitava o namoro do rapaz com a moça.

Jongo

Dança, batuque e canto, e às vezes luta de vira-pau.
O jongo nasceu na época da escravidão como forma de divertimento e de lamento do negro escravo. Há repentes e a participação do público.
Tipo de dança executada até hoje na planície goitacá.

Mana-Chica

A dança mais popular e típica do Norte do Estado do Rio de Janeiro: com constantes execuções em Campos (Mana Chica do Caboio).

Quadrilha da Roça

Dança e canto relembrando o sertão bem distante.
O tempo da Sinhazinha ou a forma de festejar o resultado de uma boa colheita
Folclore oriundo dos famosos saraus franceses.

Uma terra de filhos ilustres

Nilo Peçanha

Nobre filho de Campos, Nilo Peçanha foi, um dos mais ilustres estadistas brasileiro, Foi presidente do Estado do Rio de Janeiro de 1903 à 1904.
Elegendo-se vice presidente da república em 1906, assumiu o cargo em 1909 por morte do presidente Afonso Pena, a primeira magistratura da Nação.

José do Patrocínio

Grande vulto da história. conhecido como o “Tigre da Abolição”. Acadêmico, jornalista, orador e romancista. Filho do padre João Carlos Monteiro e da quitandeira Justina Maria do Espírito Santo.
Foi membro da Academia Brasileira de Letras e um dos mais vibrantes defensores da Abolição da Escravatura no Brasil.

Outros nomes:

•            Anthony Matheus Garotinho (atual governador do estado do Rio)
•           Zozé Motta (atriz e cantora)
•           Tonico Pereira (ator)
•           Odivan (jogador de futebol)
•           Didi (jogador de futebol)

Importância histórica

Luz elétrica

Já sendo considerada durante o 2° Reinado, como uma das principais cidades brasileiras (sendo comparada a capitais como Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), Campos dos Goytacazes exerce grande influência no desenvolvimento sócio-político-econômico do país.
A primeira visita do Imperador D. Pedro II à Campos dos Goytacazes, se deu em 24 de março de 1847.
Mas sua última visita à cidade foi a de maior importância, tendo ocorrido em 24 de junho de 1882.
Naquela data, era inaugurada uma usina termelétrica de 52 KW. geradora de luz elétrica para a cidade, sendo esta a primeira da América do Sul e terceira do mundo a contar com tal melhoramento.

Abolição da escravatura

Importante, também, foi a contribuição de Campos dos Goytacazes à libertação dos escravos
Durante a década de 80 de 1800, Campos dos Goytacazes possui magnífico grupo libertário, de abolicionistas, liderando amplas massas populares
São homens provados na luta, fiéis ao seu povo e à causa que abraçaram, capazes de mobilizar milhares de pessoas num simples anúncio de jornal.
A campanha abolicionista de Campos dos Goytacazes, teve início em 17 de junho de 1881: quando foi fundada a referida sociedade, que propagava a luta pela emancipação dos escravos.
A luta prosseguia, com o apoio de muitos abolicionistas de Campos dos Goytacazes, entre os quais José do Patrocínio, o paladino da libertação. Por antecipação, muitos fazendeiros foram libertando seus escravos.

Mudança de governo – Império/República

Ansiando pela mudança de forma de governo, o povo Campista também deu grande contribuição à esta iniciativa. E a luta foi iniciada com Nilo Peçanha, o inesquecível estadista que Campos dos Goytacazes deu ao Brasil.
Nilo, que foi presidente do Estado do Rio de Janeiro, vice-presidente e presidente da República, lançou em 04 de abril de 1888, num memorável dia, um manifesto ao povo, convidando-o para uma reunião no salão do Grande Hotel Gaspar.
Era, portanto, o primeiro passo para a fundação do Partido Republicano de Campos, com enorme projeção na campanha pela Proclamação da República. Esta concretizada em 15 de novembro de 1889.

O Petróleo é Nosso!! – A saga petrolífera na bacia de Campos

O petróleo é nosso.

Mais que o bordão de uma campanha nacionalista, o petróleo é hoje uma fonte inestimável de riquezas do Brasil.
Num desfile de escola de samba, aliás, tem derivado de petróleo para tudo que é lado
No contexto industrial e de alta tecnologia, a Plataforma Continental da Bacia de Campos tem papel de destaque. Conta com uma reserva de petróleo e gás natural destinado ao município, à capital e aos Estados de MG, ES e SP.
O gás também se constitui em alternativa de alimentação da Usina Termoelétrica Roberto Silveira, e ainda para o parque cerâmico e a industria geral.
As plataformas petrolíferas da Bacia de Campos iniciaram a produção em 1977 e hoje, somam mais de 90 em produção e prospecção.
Segundo os dados da Petrobrás, a produção média diária é de retirada de 620 mil barris de petróleo e 13 mil metros cúbicos/dia de gás.
A Bacia de Campos tem ainda grande importância na área social garantindo cerca de 10.000 empregos diretos na região.
Do total de royalties que a Petrobrás desembolsou em 1999, resultante da compensação financeira sobre a produção de petróleo e gás, cerca de 40 milhões foram do município de Campos, que hoje concentra mais de 50% do petróleo da plataforma continental do RJ (Bacia de Campos).

Capitanias Hereditárias

Primeira estrutura de governo colonial – extremamente descentralizada – implantada pela metrópole para funcionar em todo o território brasileiro.
Em 1532, Dom João III anuncia sua intenção de dividir a colônia em 15 amplas faixas de terra e entregá-las a nobres do reino, os capitães donatários, para povoá-las, explorá-las com recursos próprios e governá-las em nome da Coroa.
Essas faixas são de largura bastante diversa; podendo variar de 150 a 600 km. e estendem-se do litoral para o interior até a linha imaginária de Tordesilhas.
Entre 1534 e 1536, Dom João III implanta 14 capitanias, concedidas a 12 donatários, que se vieram somar àquela doada em 1504 a Fernão de Noronha pelo rei Dom Manuel.

Direitos e deveres

Nas Cartas de Doação é fixado o caráter perpétuo e hereditário das concessões. Em troca do compromisso com o povoamento, a defesa, o bom aproveitamento das riquezas naturais e a propagação da fé católica em suas terras, o rei atribui aos donatários inúmeros direitos e isenções.
Cabe aos donatários distribuir sesmarias – terras incultas ou abandonadas – aos colonos, fundar vilas com suas respectivas Câmaras Municipais e órgãos de justiça, além do direito de aprisionar índios.
São também isentos do pagamento de tributos sobre a venda de Pau-Brasil e de escravos.
O sistema de capitanias implantado no Brasil não é original. Baseia-se em experiências anteriores de concessão de direitos reais à nobreza para engajá-la nos empreendimentos do Estado português na Índias, na África, nas ilhas do Atlântico e no próprio reino.

Falência do sistema

Na sua maior parte, as capitanias brasileiras não conseguem desenvolver-se por falta de recursos ou por desinteresse de seus donatários.
No final do século XVI, apenas as capitanias de Pernambuco (de Duarte Coelho) e de São Vicente (de Martim Afonso de Souza) alcançam certa prosperidade com o cultivo da cana-de-açúcar. É esse quadro pouco animador que leva a Coroa portuguesa a instituir um governo mais centralizado e capaz de uma ação mais direta, o Governo Geral estabelecido em 1548.
No século XVII, outras capitanias são criadas para ocupar a região.

 

SAMBA ENREDO                                                2001
Enredo     Goiá Tacá Amopi, o Campo das Deliciais
Compositores     Felizardo Manhães, Toninho Shita, Paulo Cigano e Ricardo de Mendonça

Quando aqui chegaram os portugueses
e aos Sete Capitães, legaram
a Planície Goiacá, ainda então
Capitania de São Thomé
os índios eles não escravizaram
"iau, ua, anrê, anrê"
mas com a fé no Salvador
Campos dos Coitacases começou a se erguer.

No terreirão da casa grande, "olha o doce sinhá"
O batuque a noite inteira, era o negro á cantar
Sinhozinho mandou buscar lá no engenho
Cachaça boa pra deliciar

Ah... a cidade cresceu
Veio o progresso sobre os trilhos
Na luz elétrica, a pioneira
Com a produção do açúcar e goiabada caseira
Campos dos grandes heróis
Benta pereira, José do patrocínio e outros mais
Nilo Peçanha, o republicano
Não esqueceram jamais
Terra de mitos e lendas, folclore popular
Arquitetura eclética e barroco singular
Às margens do Paraíba, no seu curso rumo ao mar
Para orgulho do Estado, oh Brasil
tem negro à jorrar, à jorrar

Em Cima da Hora, eu vou
Goiá Tacá Amopi
Campo das Delícias, amor
Têm Goitacases na Sapucaí