Os Sertões
Introdução:
Quando
Euclides da Cunha afirmou ser o sertanejo acima de tudo um forte, quis
dizer que o brasileiro era acima de tudo um forte, apesar de todas as
adversidades naturais a um País em formação.
Longe da
Campanha de Canudos, na ausência das suas ruínas, quando a República
dava seus primeiros passos, ainda no clima de receios da extinta Monarquia,
Antonio conselheiro seria mero episódio regional, talvez sem expressão,
não fossem os temores da época, que os boatos faziam crescer.
A luta estava
declarada. Euclides da Cunha retratou-a, através da força do seu talento.
Todos sabem disso.
Cabe, entretanto,
hoje, dizer dos esforços da Escola de Samba Em Cima da Hora
para mostrar isto: o passado, estórias detalhes, cores, melodia, poesia.
A letra do seu samba-enredo está estritamente dentro das fronteiras
da verdade e sua melodia reflete realmente o necessário estado de ânimo
daquele período.
O trabalho
foi sério e de pesquisa. Nem podia deixar de ser assim. Pela simples
razão de que o Escritor, os Acontecimentos, a grande História, foram
forjados no fogo e sangue de seus combatentes.
Relembra,
apenas, as palavras de Euclides da Cunha: “Canudos não se rendeu”.
Que a Em
Cima da Hora não se renda. E que assuma, dentro de cada um,
o entusiasmo deste exemplo.
E desfile
firme, ao som das percussões e do seu cantar e dançar e vencer.
Merecida Vitória!
Dirceu Quintanilha
Apresentação:
O
G.R.E.S. Em Cima da Hora, sente-se honrado em abrir o
desfile oficial do carnaval de 1976 na capital mundial da beleza e do
turismo e, na oportunidade em que o samba volta ao seu berço natal,
a Praça XI, enviamos as nossas homenagens especiais às autoridades Federais,
Estaduais e Municipais e em particular ao Prefeito Dr. Marcos Tamoio
e a Riotur, na pessoa do seu Presidente Dr. Vitor de Oliveira Pinheiro.
Saudamos
a Imprensa escrita, falada, filmada e televisada do Brasil e do mundo.
Saudamos
a Comissão julgadora, aos turistas, ao povo carioca e a todos os brasileiros.
Parabéns
ao novo Estado do Rio de Janeiro com o melhor carnaval do mundo.
Pedimos
passagens e apresentamos nosso enredo: “Os Sertões” do
livro de Euclides da Cunha.
Desenvolvimento:
Servimo-nos
do livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha, para extrair o enredo para
a nosso exibição neste carnaval de 1976.
Encenaremos
com aproximadamente dois mil e duzentos (2.200) figurantes, toda a odisséia
de Canudos, iniciando como no livro, com a situação da TERRA e a formação
do HOMEM, poro depois, então, entrarmos na LUTA, finalizando com a PAZ.
Nosso carnaval
divide-se em três (3) partes: A TERRA, O HOMEM e A LUTA distribuídas
em quatro setores:
1° Setor - A Terra
Mostraremos
o desolamento do sertão, o martírio da terra permanentemente castigada
por verões quentíssimos e secas periódicas, as enchentes, o sertão de
Canudos, a seca, a vegetação agreste, as árvores esqueléticas, geralmente
sem folhas e a caatinga.
2° Setor - O Homem
Lutando
contra toda a adversidade da TERRA, o homem do Nordeste brasileiro,
será realçado em toda a sua bravura enfatizando a frase do escritor
que celebrizou o drama de Canudos: “O SERTANEJO É ANTES DE TUDO UM FORTE”,
uma realidade objetiva feita de violências, vicissitudes, tragédias
e beleza. A luto do homem contra a natureza inóspita e cruel.
A formação
do homem do nordeste, a mistura das raças, o negro, o índio e o branco...
A exploração
do sertão por bandeirantes paulistas e gaúchos, através do Rio S. Francisco
de grande importância. O grande Rio erigia-se desde o princípio com
feição de um unificador étnico, longo traço de união entre as duas sociedades
que não se conheciam.
O vaqueiro
raça forte e antiga, de caracteres definidos e imutáveis mesmo nas maiores
crises.
Antonio Conselheiro – Documento vivo de atavismo
A vida de
Antonio Conselheiro é um capítulo instantâneo na vida de sua sociedade.
Viu a República
com maus olhos e pregou, coerente, a rebeldia contra os novas leis.
3°
Setor - A Luta
A
campanha de Canudos despontou da convergência espontânea de todas as
forças desvairadas, perdidos nos sertões.
Os primeiros
combates, as reações, Monte Santo, Canudos, os canhões Krup 7½.
As forças
expedicionárias em constantes combates com os ardilosos jagunços.
A Expedição
Moreira Cezar, a Coluna Savaget, o Coronel Carlos Teles, o General Artur
Oscar, bravos combatentes em prol da República e do Governo Floriano
Peixoto.
As profecias
de Antonio Conselheiro, a chegada de Dom Sebastião.
4°
Setor – A Paz
Os
jagunços lutaram até o final, esfomeados e rotos, predispunham-se o
um suicídio formidável. Moribundos, com os dedos nos gatilhos das espingardas,
combatiam Contra um exército.
Canudos
não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento
completo.
Apresentação
do Carnaval:
Setor
1:
-
Abre
Alas - É a maneira das Escolas apresentarem seus enredos. Nosso
Abre-Alas é a reprodução do livro “OS SERTÕES”, de Euclides da Cunha,
tendo em baixo relevo a efígie do grande escritor brasileiro e um
SOL com o nome da nossa Escola.
-
Comissão
de Frente - Composta de 15 rapazes vestidos à moda da época
(1902), como Euclides da Cunha se vestia. Figurino tirado de fotografias
do escritor.
-
Alegoria
de Mão - Nossa homenagem póstuma ao grande sambista NATAL no
primeiro ano ausente da passarela.
-
Alegoria
de Mão - O Sol - símbolo do nosso enredo.
-
Destaque
- Linda fantasia representando o astro REI, vestida por Jayme Santos.
-
Ala
de Abertura - Dez lindas mulatas vestidas com fantasias estilizadas,
representando o clima e a vegetação dos sertões.
1ª
Parte:
-
Alegoria
de Mão - A TERRA: A terra árida, ignota, o sertão agreste, as
caatingas as plantas típicas.
-
Alas
de Índios: A formação do homem brasileiro, sua origem, o início
do civilização.
-
Destaque
- A TERRA, linda fantasia usada por Cilinha Crespo Severino (destaque
de ouro).
-
Alas
- O luar do sertão: Várias estilizações inspirados nas noites
sertanejas. Alas inspiradas no clima e na vegetação.
-
Destaque
- A MATA: Rico figurino representado por Antônio Maria Eleutério.
-
Alas
- Figurinos inspirados no clima e vegetação.
2ª
Parte - O Homem
-
Alegoria
de Mão - Nesta fase Euclides da Cunha procurou apresentar a
formação do homem brasileiro no nordeste. Fez uma análise geral
e comparações com os povos do Sul.
-
Alas
- Apresenta o NEGRO, O ÍNDIO, O MAMELUCO ou CURIBÓCA, O CAFUZO e
o MULATO na formação do homem nordestino.
Sua célebre frase: “O SERTANEJO É ANTES DE TUDO UM FORTE”. Diz bem
o que ele achava do povo do nordeste brasileiro.
-
Alas
- Ricas fantasias inspiradas no índio, no branco e no negro.
O CANGACEIRO, tipicamente vestido.
Várias estilizações de jagunços, vaqueiros e cangaceiros.
-
Alegoria
de Mão – O SERTANEJO É ANTES DE TUDO UM FORTE.
-
Destaque
– O HOMEM: Entre duas alegorias que complementam sua fantasia, este
lindo figurino retrata fielmente a figura do CANGACEIRO, representado
por JOSÉ DOS SANTOS.
-
Alas
– INDIOS – Diversos tipos de índios brasileiros.
-
Destaque
– DOM SEBASTIÃO: Figurino de grande efeito, ricamente representado
por CLÓVIS BORNAY, símbolo do carnaval brasileiro.
-
Alas
– Bandeirantes e índios.
2°
Setor
-
Alegoria
de Mão – Painel em vime – Participação do negro na formação
da raça brasileira.
-
Alas
– Figurinos inspirados no negro, no branco e no índio, várias estilizações.
O vaqueiro nordestino. Estilizações inspirados no símbolo do nosso
carnaval - O SOL.
-
Ala
– Capoeira
-
2°
Casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira: Dentro da formação de
uma Escola, o 2° Mestre Sala e a 2ª Porta Bandeira, trazem o pavilhão
com que a Escola desfilou no ano anterior.
-
Alegoria
de Mão - CARRANCAS DO RIO SÃO FRANCISCO: A função histórica
que teve, o RIO SÃO FRANCISCO na formação dos raças, por onde os
bandeirantes alcançavam o nordeste, está representado pelas famosas
CARRANCAS usadas nos barcos.
-
Alas
– Vaqueiros do Norte e do Sul
-
Destaque:
O GAÚCHO figurino típico vestido por PAULO SENNA.
-
Alas
– Gaúchos, figurinos típicos e estilizados.
-
Destaque
– NOITE SERTANEJA, representados por Olinda e Arthur.
-
Alegoria
de Mão – (vime) – Comparação entre o homem do norte e do sul.
-
Alas
– Estilizações diversas.
-
1°
Carro Alegórico: Composição inspirada na formação da raça brasileira
onde aparecem as figuras do branco representado por um bandeirante,
do índio e do negro.
As carrancas das barcas do Rio S. Francisco e a vegetação típica
complementam esta alegoria.
-
Alas
– CONJUNTO SHOW
-
Alegoria
de Mão (vime) DAMA DA ALTA SOCIEDADE – (fins do século XIX).
-
Destaque:
Rica Dama do século XIX representada por Mora do Nascimento.
-
Alas
– Estilizações diversas de cangaceiros. Cangaceiros tipicamente
vestidos.
3ª
Parte:
-
Alegoria
de Mão (vime) – A LUTA: A guerra de Canudos, a luta fraticida,
os combates sangrentos e cruéis, a figura de ANTONIO CONSELHEIRO,
O BEATO, OS CABECINHAS e OS JAGUNÇOS.
As expedições combatentes e os briosos militares.
Canudos não se rendeu, lutou até o último combatente.
-
Destaque
– A LUTA: Linda e rica fantasia ostentada por Mariazinha Suzano
(destaque de ouro) inspirado em elementos que caracterizam a batalha
de Canudos.
-
Ala
– SOLDADOS E JAGUNÇOS
-
Alas
– Figurinos inspirados nos estragos causados pela refrega.
-
Alegoria
de Mão (vime) ANTONIO CONSELHEIRO UM MITO
-
Destaque
– ANTONIO CONSELHEIRO: Vistosa fantasia representando o líder de
Canudos, ostentada por Maurílio Mozart.
-
Ala
– ANTONIO CONSELHEIRO na fase pobre
-
Ala
de Cangaceiros.
-
Mestre-Sala
e Porta Bandeira mirins: Responsáveis pela Bandeira do Divino.
Carregam-na Augustinho e Sylvinha.
-
Alegoria
Intermediária: Dois (2) canhões KRUPP do tipo dos que foram
utilizados durante a campanha de CANUDOS.
-
Alas
– Soldados e cangaceiros, autênticas e estilizadas.
-
Destaque
– O BEATO: A segunda pessoa em importância na Campanha de Canudos,
o braço direito de Antonio Conselheiro, vestido por Geraldo Hernano
da Silva Lopes, numa réplica maravilhosa do velho cabecilha.
-
Alas
– Cangaceiros – figurinos autênticos e estilizados.
3°
Setor
-
2°
Carro Alegórico: Carro simbolizando a batalha com esculturas
do Conselheiro, soldados e jagunços. Complementa a alegoria um grande
painel onde está pintado cenas da Campanha de Canudos.
-
Alas
de soldados, jagunços, cangaceiros, alas masculinas, femininas e
mistas. Figurinos típicos e estilizados.
-
Passistas
– Alas mistas.
-
Destaque
– DAMA DA ÉPOCA: Linda fantasia inspirado nas domas da época, representada
por ELIANA PITMAN.
-
Carro
de Som – O samba será “puxado” pelos cantores NANDO e BAIANINHO,
acompanhados pelo conjunto NOSSO SAMBA.
-
Bateria:
Composta de duzentos (200) ritmistas sob o batuta dos mestres BIRA,
LÉO e ZÉ CARLOS. Reúne ritmistas de primeira qualidade que se propõem
o dar um verdadeiro show na avenida.
Vestida com figurino de jagunço estilizado, para melhor mobilização.
Acompanham a bateria a Rainha de Bateria e a ala feminina de passistas
da bateria.
-
Alas
– Figurinos de jagunços, soldados e damas dos fins do século XIX.
Figurinos típicos e estilizados.
-
Destaque
– O casal de destaques ricos apresentam as figuras do Marechal Deodoro
da Fonseca e sua esposa Dona Mariana Cecília de Souza Meireles,
representados por Hélio José Coelho e Nilza Praga de Oliveira.
-
Alas
– Vaqueiros e jagunços, estilizações diversas.
-
Destaque
– DAMA DA ALTA SOCIEDADE: Do princípio do século XX representada
por MARIA DE LOURDES.
-
1°
Casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira: Itinho e Estandília,
casal maravilhoso que leva a bandeira do nosso carnaval, cujo símbolo
é o SOL.
A bandeira é para a Porta Bandeira e Mestre Sala, como uma jóia
carregada por uma dama cortejada por um cavalheiro.
-
Alas
– Jagunços, soldados e índios. Estilizações diversas.
-
Destaque
– Rica fantasia de dama da alta sociedade do princípio do século
XX, representada por IÁRA FERNANDES RIBEIRO.
-
Alas
– Jagunços. Estilizações diversas.
4°
Setor:
-
Alegoria
de Mão
-
Alas
– Estilizações Diversas.
-
Alas
– Passistas. Figurinos próprios.
-
Alas
– Ala mista, com figurino estilizado baseado no SOL.
-
Alegoria
de Mão (vime) A PAZ
-
Alas
– Figurinos de vaqueiros nordestinos – alas masculinas, femininas
e mistas, estilizações diversas.
-
Destaques
– FLORIANO PEIXOTO e sua esposa JOSINA PEIXOTO: Representados por
Sudemário Rodrigues e Ivone Pinheiro, ricamente vestidos.
-
Alas
– Jagunços e índios – estilizações diversas.
-
Alegoria
de Mão – Monarquia e República.
-
Destaque:
Rica fantasia inspirada na Monarquia recém-extinta e na República
então proclamada. Vem muito bem representada por Mário Piquet.
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Alas
– Jagunços e cangaceiros. Alas masculinas, femininas e mistas. Estilizações
diversas.
-
3°
Carro Alegórico: Um lindo carro, simbolizando o PAZ, o fim da
batalha, a volta à normalidade.
Trazendo a figura do Conselheiro já como lenda, o jagunço voltando
à sua vida cotidiana e a pomba da PAZ.
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Alas
– JAGUNÇOS E VAQUEIROS: Alas masculinas, femininas e mistas. Estilizações
diversas.
-
Alas
– Baianas, diversas estilizações
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Alas
– Fechando o nosso desfile a ALA DAS BAIANAS RICAS (Baianas gordas,
baianas tradicionais).
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