FICHA TÉCNICA 2003

 

Carnavalesco     Jaime Cesário
Diretor de Carnaval     Paulo Maurício Gomes
Diretor de Harmonia     Chopp (Sidney Machado)
Diretor de Evolução     Chopp (Sidney Machado)
Diretor de Bateria     Paulo Renato
Puxador de Samba Enredo     Jackson Martins
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Robson Sensação & Ana Paula
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 2003

Zumbi, Rei de Palmares e herói do Brasil. A história que não foi contada

Abertura:

            No final do século XVI, na África ocidental, Impérios Tribais floresciam e impunham respeito pela força dos seus exércitos de guerreiros, o Rei (Oba) era cercado por uma guarda especial, cuja função era defender a sobrevivência do clã representado pelo monarca e garantir a sucessão ao trono. Esta sociedade era composta por generais e oficiais e exerciam o controle direto sobre o povo

1º Setor: A África Imperial e a falência das Monarquias Européias.

            No final século XV a Europa atravessa uma grave crise econômica acelerada pelo fechamento por terra do acesso às especiarias do oriente. Numa falência iminente. os reinos de Portugal e Espanha iniciam o período das Grandes Navegações, numa tentativa de descobrir pelo mar o caminho marítimo para as Índias. Era a política do "navegar é preciso". Nessa aventura náutica encontram novas terras que vieram a ser chamadas de Novo Mundo e nele o Brasil.
            Na costa da África ocidental se deparam com Impérios Tribais organizados e tremendamente belicosos. Eram os Impérios Tribais Yoruba, Gêge e Angola ou Congo que ao longo do litoral africano se subdividiam em inúmeras sociedades estabelecidas em cidades fortificadas, extremamente bem  protegidas. Portugal e Espanha após um longo namoro diplomático conseguem estabelecer entrepostos comercias para obter produtos como ouro e marfim em troca de rum, folhas de fumo, tecido e, barras de ferro europeu.
            Portugal com a colonização do Brasil, necessitava de mão de obra farta e barata para trabalhar na lavoura da cana de açúcar. Então, resolve adotar uma prática já muito conhecida dos europeus: a escravidão. Na sociedade africana a escravidão também era praticada com os derrotados em guerras tribais, mas o escravo na África tinha alguns direitos e podia se tornar até um membro da família à qual pertencia. Para o europeu os escravos eram considerados objetos e receberam inicialmente o nome de "peças da Guiné".  Os primeiros escravos a serem enviados para o Brasil foram solicitados para trabalhar no Colégio Jesuíta da Bahia.

2º Setor: O Degredo e a Diplomacia.

            O sucesso do sistema Mercantilista utilizado por Portugal e Espanha origina um novo enriquecimento dessas monarquias, conseqüência do açúcar produzido em suas colônias no Novo Mundo e pela mão de obra escrava. Com isso intensifica-se cada vez mais o tráfico. Para o Brasil viram mais de 10 milhões de negros africanos sendo transportados pelos famosos navios negreiros. Este sucesso chama a atenção de outras monarquias como Inglaterra e França, que entram nesse comércio através do uso da pirataria, negociando diretamente com reis africanos que eram vinculados ao sistema de cooperação luso-espanhol. Eles utilizam o sistema dos "Piratas Proscritos" que apesar de pertencerem a estas duas monarquias utilizavam a bandeira pirata para fazer o comercio entre África e as colônias do Novo Mundo. O namoro diplomático entre as monarquias européias e os reis africanos era devido à intimidação imposta através dos grandes exércitos de guerreiros que cada império tribal possuía para proteção de suas cidades e seu povo.

3º Setor: Dor e Liberdade!

            A liberdade se transforma em dor e sofrimento nos canaviais e senzalas. Tribos que eram inimigas na África se unem pela dor no Brasil.Os escravos eram oriundos de guerras intertribais e os perdedores eram escravizados e vendidos aos europeus para trabalharem na cultura da cana de açúcar.  O sofrimento se transforma num triste canto, onde os negros imploram aos seus deuses e orixás que enviem um Herói libertador!
            Do louvor à realidade, surge em Alagoas, na região conhecida como Serra da Barriga, o reduto sonhado: Palmares!
            Palmares era a realização do sonho do negro escravizado! Palmares era a terra da Liberdade!
            No comando estava Zumbi, que planta no coração da Colônia Portuguesa um reduto de homens livres!  Palmares abrigava além do negro, brancos perseguidos e índios massacrados. A liberdade se transformou em Zumbi, e ele faz novamente o negro sonhar!   

4º Setor: A Religião da Mãe África é preservada.

            A predestinação deste lugar e seu líder fazem preservar a cultura e a religião dos seus ancestrais. Através de seu Sumo Sacerdote Bambushê Adinomodo, preparam-se homens e mulheres e perpetuam nesta terra, as religiões da Mãe África. Os ritos Yorubá-nagô, Gêge e Angola/Congo são ensinados e fizeram de Palmares um marco na preservação da cultura religiosa africana.

5º Setor: Heróis do Povo e Marginais para a História Oficial.

            Muitos nesta terra eram a favor da causa de Zumbi e o sonho de Palmares. Assim foi Isaac Abuab da Fonseca, o primeiro Rabino do Brasil, que fez de sua sinagoga em Recife, uma verdadeira embaixada de Palmares. Sensível à causa dos negros escravizados, torna-se uma espécie de conselheiro nas questões referentes ao português colonizador.
            Outro forte pilar da causa de Zumbi era o pirata pluvial conhecido como "Cabeleira" ou "O Boto". Ele aterrorizava os entrepostos comerciais portugueses. Saqueava-os e distribuía o fruto desses saques às comunidades pobres, aldeias indígenas e quilombos. Este bravo homem lutou junto a Zumbi em inúmeros momentos contra os portugueses.

6º Setor: O Holandês dos Olhos Verdes.

            A Invasão e o domínio holandês no nordeste brasileiro (1630 a 1654), faz do fidalgo holandês Maurício de Nassau um capítulo à parte em relação a Palmares. Homem de rara inteligência e visão apaixonou-se pelo Brasil e o fruto disto, foi um momento de rara prosperidade da colônia holandesa comandada por ele. Nassau sonha em transformar o nordeste brasileiro no Império Maurício e fazer de Recife sua capital. Estabeleceu um contato diplomático com o Quilombo que ficou conhecido como Período Holandês de Palmares. Negociava abertamente com os habitantes que vendiam suas produções agrícolas para a Colônia Holandesa, e tinham livre acesso às cidades por eles dominadas.             Problemas políticos com a Holanda fizeram o fidalgo holandês pedir demissão do cargo. Sua saída acelera a venda em surdina da colônia holandesa para Portugal, por oito toneladas de ouro brasileiro.

7º Setor: Zumbi esta vivo!

            Com a retomada do controle da Capitania de Pernambuco, os portugueses começam a preparação dos planos para a destruição total de Palmares, apesar de nesse período ter-se proposto um tratado de paz entre Palmares e portugueses, que ficou conhecido como "Paz dos Brancos". Na realidade, era uma tentativa de enganar Zumbi e seus homens.
            Os portugueses dão sua cartada final sob o comando do bandeirante Domingos Jorge Velho.             Com um exército de mais de cinco mil homens fortemente armados, conseguem, após cinco anos de sítio, vencer os bravos guerreiros e destruir o último quilombo.
            Seria o final do sonho de Zumbi e seu povo?
            Com certeza não, pois o que Zumbi nos deixou como legado é muito maior do que os portugueses poderiam supor naquele momento. Zumbi nos faz entender que liberdade não é um favor e dignidade é uma condição necessária para qualquer pessoa ser chamada de Povo e um território de Nação!
            Palmares viveu na colônia portuguesa por 85 anos, um marco mundial de luta pela dignidade humana!
            Zumbi é a liderança que necessita ser resgatada para o povo brasileiro na reconquista do orgulho nacional!
            Zumbi não morrerá nunca, pois Zumbi é liberdade! E liberdade não se mata!

8ºSetor: Os frutos de Palmares!

            A mensagem deixada por Zumbi ecoou e continuará ecoando forte por nossas terras. A exemplo disso, temos o surgimento de outros movimentos que como Palmares, se basearam na luta pela liberdade: a Balaiada no Maranhão, a Revolta dos Malês na Bahia e a Confederação do Equador em Pernambuco. Esses movimentos se fortificaram a partir do legado deixado por este grande Herói Negro. Suas sementes germinaram e seus frutos continuam a serem colhidos, pois a luta pela dignidade e cidadania precisa continuar.
            O que Zumbi plantou nesta terra foi o amor e respeito ao homem simples.
            O Brasil de Zumbi ainda não se realizou, mas a lição foi bem dada por este símbolo da dignidade humana. O resto que falta, cabe a nós fazermos!
            A Caprichosos de Pilares convida o povo brasileiro para, através deste enredo, fazer uma reflexão em nome da cidadania, e com isso, espera conseguir motivar a luta pelo social, pela igualdade, pela paz e pelo amor.

Jaime Cezário

 

SAMBA ENREDO                                                2003
Enredo     Zumbi, Rei de Palmares e herói do Brasil. A história que não foi contada
Compositores     Carlos Ortiz, Cláudia Nel, Alberto Capital e Mestre Augusto

África
Dos guerreiros de Angola, de gege e yorubá
Na escravidão e agonia
Ai, como negro sofria
No destino de além–mar
O europeu no troca–troca conseguiu
Levar “peças da Guiné “para o Brasil
Nesse comércio, a pirataria surgiu

Ilu – ayê ilu – ayê, um canto triste ecoou ôô
Ilu – ayê ô, nas senzalas, sofrimento e dor

Veja, Ifá falou
Que os orixás vão enviar um libertador
Canta Pilares
Zumbi foi rei lá no Quilombo dos Palmares
Na cultura o negro se agiganta
A fé da “terra mãe“ é seu alento
Existe um grito preso na garganta
Só Oxalá segura o fio da esperança - quero ser livre!
Esse lamento ressoou na sociedade - que tem as chaves
Mas prende seus heróis na marginalidade
Vi nos olhos verdes do holandês outro país
Caiu Palmares, liberdade não se mata na raiz

No batuque bateria,sou Zumbi
Onde há paz e alegria, eu tô aí
Quero amor e muito mais dignidade
A Caprichosos luta pela igualdade