Deu pra ti alto astral! Tô
com Porto Alegre, trilegal!
Em
pleno verão, o sol brilhava no horizonte, transformando em ouro
o leito do rio Guaíba. Maravilhado por essa visão paradisíaca, encontrava-se
um jovem absorvido por pensamentos e várias indagações, aparentemente
sem respostas.
Este
jovem era descendente de antigas tribos Guaranis que habitaram a
região, mas miscigenado com o europeu, numa típica mistura que faz
parte da condição de ser brasileiro, mas que aqui deu origem ao
povo gaúcho...
O
pôr do sol, nas margens do Guaíba emoldurava uma visão do próprio
paraíso...
Presenciando
esse cenário, o jovem começa a se perguntar o que teria passado
nessas terras até se formar a GRANDE PORTO ALEGRE. Decide, então,
em busca das respostas, acompanhar as atividades cívicas programadas
pelos grupos escolares para a semana que antecede a festa comemorativa
dos 230 anos de fundação da cidade. Como um verdadeiro pesquisador,
inicia um mergulho nos registros da história, com a colaboração
dos mestres que o ajudarão nessa tarefa.
O
ponto de partida são as tribos Guaranis que habitaram a região muito
antes que qualquer colono açoriano, alemão, polonês ou italiano
sonhasse vir para cá. Grande número desses índios foram dizimados
pelos portugueses e espanhóis, deixando as terras pouco povoadas,
até os idos de 1735, quando um aventureiro português decidiu fixar-se
por aqui com sua família.
O
jovem gaúcho achou curioso o primeiro nome dado a essas terras...
VIAMÃO... Depois, Porto dos Casais. Em 1772, com o crescimento da
cidade, houve então a separação de Viamão, tornando-se município
chamado de Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre, um nome
de santa, seguindo a tradição católica portuguesa. Para depois,
se tornar Porto Alegre.
Depois
de relembrar todos esses nomes e as suas origens, procurou saber
até que ponto a cidade esteve envolvida com a Guerra dos Farrapos.
Verdadeiramente, não aconteceram batalhas importantes na região
de Porto Alegre, que era a capital e se manteve leal ao governo
central recebendo o título de "MUI LEAL E VALOROSA".
Essas
artimanhas políticas, característica de um povo extremamente politizado,
fascinava o jovem. Sentiu orgulho desse povo ao relembrar que, por
aqui, a escravidão foi abolida antes mesmo que o resto do Brasil
tomasse essa decisão histórica. TRILEGAL PORTO ALEGRE!
Continuando a admirar esses fatos políticos, é tomado por fortes
emoções, ao lembrar que Getúlio Vargas partiu daqui, em 1930, disposto
a preparar o país para ingressar na era industrial. É por isso que
o gaúcho tem fama de homem forte, decidido. Quantas coisas aconteceram
aqui, e não faz muito tempo...
Invadido
por esses pensamentos, fica orgulhoso em ver como a cidade, apesar
do passar dos anos, preserva seus costumes através dos centros de
tradições gaúchas. É assim mesmo! Temos que valorizar nossos costumes...
É importante valorizar o chimarrão, os trajes típicos, como a bombacha,
as crendices, as lindas e sedutoras prendas, as histórias, as lendas,
as danças, pois, afinal, são costumes que devem ser lembrados, preferencialmente
enquanto se saboreia o tradicional churrasco...
Dirigindo-se,
então, a uma das Escolas, encontra uma exposição de murais com obras
do poeta Mário Quintana, destacando-se poemas dedicados à cidade
de Porto Alegre. Impressionado como tamanha declaração de amor,
o jovem viaja na suavidade das poesias.
Numa
outra sala, foi montada uma aparelhagem de som para executar músicas
de vários e importantes cantores, músicos e compositores gaúchos,
e as mais executadas foram as sentimentais músicas de Lupicínio
Rodrigues, da inesquecível Elis Regina e o regionalismo da música
de Teixeirinha. Nossa como Porto Alegre enriquece a cultura brasileira
com suas figuras importantes! Lamentavelmente,
os citados não estão mais aqui, mas as suas obras continuam eternas...
Uma
aula prática de visitação aos principais pontos turísticos da cidade,
foi realizada para todos poderem admirar as belezas que a capital
gaúcha conserva, entre ruas e modernas Avenidas, Praças, Museus,
Igrejas, Centros Culturais, enfim, todo o requinte da arquitetura
e belezas naturais, podendo-se citar, ainda, a gostosa agitação
do Brique da Redenção, a badalação do Bom Fim, e a variada programação
cultural na Usina do Gasômetro.
O
melhor e mais romântico do passeio foi deixado para o entardecer,
quando o sol começa a se pôr no horizonte, e sem nenhum bairrismo,
o jovem pergunta silenciosamente: Existirá no mundo pôr do sol mais
lindo do que esse visto do Guaíba?
Comparativamente
com o Laçador, símbolo do gaúcho, que também se encontra na cidade,
sem sombra de dúvida, o pôr do sol no Guaíba é um dos cartões postais
de Porto Alegre e sem sombra de duvida o seu símbolo maior.
Encerrando
essa aula prática, passando pelos estádios do BEIRA RIO, propriedade
do Internacional e do Olímpico que é do Grêmio, presencia uma calorosa
discussão sobre quem é o melhor ou o maior no futebol gaúcho. Todos
demonstravam forte emoção. Olhos brilhantes de uns, defendendo o
vermelho do Internacional, e outros o azul do Grêmio. É curiosa
essa questão da paixão popular. Não tem limites nem fronteiras.
Acaba descobrindo, então, que o Carnaval também instiga o imaginário
do povo, representado pelo vermelho dos Imperadores do Samba, e
o azul, dos Bambas da Orgia. O vermelho e o azul representam, aqui,
duas das mais tradicionais Escolas de Samba da Cidade, que possui
um carnaval de grande animação desde a época em que se podia viajar
nos bondes de tração animal, e o sucesso e a empolgação ficavam
por conta das grandes sociedades, com destaque para ESMERALDA e
VENEZIANOS.
O
jovem fica imaginando, então, se além dessas, existiria outra razão
capaz de motivar pessoas com paixões diferentes para abandonarem
as suas rivalidades e passarem a ter o mesmo sentimento, e achou
a resposta rapidamente: A paixão em comum por Nossa Senhora dos
Navegantes.
No dia 02 de fevereiro de cada ano, independentemente das correntes
e paixões, todos se unem e, irmanados, participam de sua procissão
terrestre-fluvial, fazendo toda Porto Alegre se unir na mesma fé
diante da sua Santa de devoção.
Todos
esses fatos explicam porque desde muito cedo o jovem começou a amar
a sua cidade, mas nunca imaginou que ela pudesse ter tantas coisas
maravilhosas como essas que presenciou e lembrou. Hoje ela está
preste a completar "230 anos" e o que ela está realizando
para continuar sendo uma região de atração no Brasil? Hoje, Porto
Alegre lembra Adriana Calcanhoto, Kleiton e Kledir, João Gilberto
Noll, Luis Fernando Veríssimo, Caio Fernandes Abreu, expoentes da
cultura nacional, sem esquecer a beleza da internacional Ieda Maria
Vargas.
Atualmente,
Porto Alegre, na área econômica, é o principal centro do comércio
com relação ao MERCOSUL. Na área cultural é um importante pólo de
teatro, cinema, literatura e música.
Porto Alegre encanta quanto mais você a conhece, e enche de orgulho
os seus cidadãos, especialmente o jovem gaúcho que não imaginava
que o motivo do seu amor tinha razão de ser.
Ficamos felizes pelo que você é, Porto Alegre! E declaramos de todo
coração: O Sul é nossa terra e esta é a cidade que amamos. Parabéns
Porto Alegre!
Deu
pra ti alto astral! Tô com Porto Alegre, trilegal!
Este enredo foi desenvolvido
por: Jaime Cezário (Carnavalesco)
E contou com a colaboração dos pesquisadores gaúchos: Sergio Peixoto
e Guaraci Feijó