“Da terra brotei, negro sou e ouro virei”
A
Caprichosos de Pilares apresentará o enredo “Da terra brotei, negro
sou e ouro virei”, que vai contar um pouco da história do petróleo.
Na primeira parte, mostraremos a origem do petróleo, de acordo com
a teoria científica, e os ensinamentos bíblicos que registram a existência
do petróleo, desde os tempos de Noé. Assim, segundo a ciência. grandes
quantidades de organismos mortos, como caramujos, conchas, crustáceos,
carcaças de animais marinhos e restos de plantas e algas, acumulados
no leito dos mares e lagos, durante milhões de anos, sob intenso calor
e pressão das camadas rochosas, foram se transformando num óleo pegajoso,
formado pela combinação de moléculas de carbono e hidrogênio, proveniente
da decomposição destes organismos e matérias. Com o passar do tempo,
este composto escapou dos depósitos alcançando a terra firme e aflorando
em vários pontos do Planeta, daí ser conhecido o petróleo como “O
suor da Terra”. Já pela leitura do Gêneses, verifica-se que o petróleo
já existia antes mesmo do Dilúvio, porque a Arca de Noé (segundo o
mais antigo e valioso dos Livros), foi inteiramente calafetada com betume.
Graças a Arca. Noé, sua família e casais de animais se salvaram e
preservaram as espécies. Nas duas teorias percebe-se a importância
do elemento água, que também estará presente no enredo.
A título de curiosidade, vale acrescentar que, desde a antiguidade,
o seu emprego medicinal já era conhecido, chegando a ser usado até
mesmo como laxativo, segundo Heródoto, considerado o Pai da História.
Para efeito de representação das civilizações antigas, elegemos dois
povos:
Os Incas (que eram extremamente desenvolvidos, construtores de templos
cujas ruínas hoje são fantásticas atrações turísticas) e os Árabes.
As pesquisas feitas sobre os POVOS pré-colombianos comprovam que os
Incas já empregavam o petróleo ao pavimentarem suas estradas com o
betume. E não se poderia deixar de falar sobre os Árabes, detentores
das maiores reservas de petróleo. O asfalto ou betume era usado como
material de liga, tendo servido corno tal na construção das muralhas
da Babilônia.
A seqüência de fatos que originaram a história do petróleo no Brasil,
até a criação da Petrobrás, poderia ser contada, hoje, de forma diferente,
caso a determinação do escritor Monteiro Lobato não alterasse seu
curso, realizando testes que comprovaram, afinal, a existência do
petróleo no território brasileiro, cm escala comercial. Lobato tinha
essa convicção e queria que o Governo colocasse esse incalculável
tesouro à disposição da Nação, tornando todos os brasileiros nascidos
e por nascer, suficientemente assistidos em suas necessidades básicas
para o bem-estar geral. O seu sonho tornou-se uma cruzada, apesar
dos pessimistas que ridicularizavam a causa, chamando-o de louco aventureiro.
Mas valeu o esforço e hoje, para lembrá-lo, existe uma localidade
na Bahia chamada Lobato, onde jorrou petróleo pela primeira vez no
Brasil. Essa fonte de energia, em algum momento da história, teria
que participar de cada estágio do progresso brasileiro. Por isso criou-se
a Petrobrás, em 1953. A partir de 1954, quando iniciou as suas operações,
tornou-se um gigante industrial, recordista com a marca de 1.500 metros
de profundidade para a exploração do petróleo. Também possui a maior,
mais moderna e aparelhada plataforma marítima, capaz de refinar o
petróleo por ela mesma extraído.
A história contemporânea mostra que o petróleo pode ser considerado
o mais valioso e cobiçado mineral. O seu valor é incalculável, superior
ao ouro. A humanidade só progrediu com o petróleo. Os demais tesouros
serviram apenas para adornos. O “Ouro Negro”, no entanto, alterou
a escala do progresso e, cm pouco mais de um século de aproveitamento
industrial e científico modificou os costumes dos povos. O seu emprego,
nunca é demais lembrar, deve estar sempre a serviço do Homem, nunca
o Homem a seu serviço ou conveniências. Essas e outras questões apesar
da seriedade, serão focalizadas na nossa apresentação no próximo carnaval. Não terá caráter de advertência
ou ensinamento, mas apenas por se tratar de uma questão atual, que
faz parte do nosso dia-a-dia,
como o uso da chupeta, no princípio, e as velas, no fim de tudo. E
uma constante em nossas vidas. O truque é tirar o melhor proveito,
até mesmo para o Carnaval.
Na maior festa popular, a sua presença pode ser sentida principalmente
nos desfiles das escolas de samba. Curiosamente, as agremiações convivem
com ele, sem perceber sua importância. No caso da Caprichosos, tem
sido o mais importante componente. Sempre participou de todos os Carnavais
e também desfilará neste, em 1995, como fundamental elemento do nosso
tema, ocupando lugar destacado no visual da Escola, através dos inúmeros
produtos derivados de suas matérias-primas, como o mais simples tecido,
até a mais valiosa resina. Estará presente nas alegorias, e fantasias
de nylon, isopor, plástico, borracha sintética, tintas, etc. . Enfim,
estará representado pela concepção artística para a montagem do nosso
Carnaval, elaboração literária, passando pelo mais belo material empregado
nas luxuosas fantasias até o de menor valor utilizado nas alegorias.
Graças a existência do petróleo, a humanidade conseguiu progressos
espantosos, em todas as áreas. O homem jamais teria chegado à Lua,
pela falta do querosene, um dos principais combustíveis para a propulsão
de foguetes espaciais.
Para finalizar, gostaríamos de deixar claro que nossa proposta de
enredo não será propriamente histórica ou de ficção. Ela traz um assunto
de grande interesse (o petróleo), contando sua origem, as aplicações
surpreendentes que povos antigos faziam do produto e sua importância
para o progresso dá humanidade. Exposto de forma- despretensiosa,
o tema certamente empolgará, não só os componentes, como a todos que
assistirem ao desfile da Caprichosos. Nossa Escola vai mostrar que
um produto, surgido há milhões de anos, indicou ao homem o meio de
transpor a porta do futuro e caminhar pela estrada do progresso, até
atingir os espaços distantes, onde só cabe refletir e questionar.