FICHA TÉCNICA 1993

 

Carnavalesco     Luiz Fernando Reis
Diretor de Carnaval     ..............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     ................................................................
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 1993

Não existe pecado no lado de cá do túnel Rebouças

Sinopse:

          Esse enredo é, antes de mais nada, uma caprichosa, alegre e descontraída brincadeira, que busca explicitar uma já clara e visível rivalidade entre a Zona Sul e a Zona Norte do Rio de Janeiro, isto é, entre o lado de cá e o lado de lá do Túnel Rebouças. Ninguém quer brigas, polêmicas ou provocações. O intuito é retratar em cores e fantasias o lado de cá - a nossa Zona Norte, nosso subúrbio, seus modos, modas e costumes, suas festas, seu jeito simples e brejeiro de ser. Assim, lembramos os quintais das casas suburbanas, os almoços aos domingos na casa da sogra, com direito a cunhados, sobrinhos, primos e vizinhos. Ouviremos o trem passar e o galo cantar, sentiremos o cheiro de mato e da carne assada, bem temperada, e ainda o churrasquinho de gato na entrada de uma escola de samba, que só na Zona Norte floresceram. Lembraremos com orgulho o nosso querido subúrbio, seu bucolismo e sua tradição, de forma alegre, satírica, sacana e debochada, como bons suburbanos que somos.
          O suburbano é, sem dúvida, um bicho festeiro: casamento, batizado, quinze anos, tudo é pretexto para comemorar - na verdade, bebemorar. Em junho ou julho são as festas juninas; em setembro, os doces de Cosme e Damião; em outubro, a festa da penha. Em qualquer mês, os já raros festivais de chope, cada qual trazendo seu caneco, guardado com carinho na cristaleira, móvel que ainda sobrevive no subúrbio.
          Subúrbio tem quintal, uma velha mangueira florida, outra mangueira, velha, enrolada num aro de fusca, uma bicicleta velha, um cachorro sempre faminto, um gato assustado, um galinheiro mal acabado, uma bacia e um varal cheio de roupas. Este é o cenário perfeito para o encontro da família, aos domingos, onde rola sempre um churrasco, um pagode com batuque e cerveja gelada. Diferente daquele outro em que se ouvem cânticos, lamentos, pedidos e obrigações: os terreiros de umbanda, candomblé, os centro espíritas, comuns do lado de cá do Rebouças.
          Esquecendo o mundo dos adultos, lembramos as crianças do subúrbio. Naquele terreno baldio, não tão longe daqui, certamente será erguido um “Gran Circo” qualquer, daqueles mambembes que, com seus palhaços, malabaristas, mágicos e animais amestrados, deixam a petizada eufórica. A mesma petizada que, nas horas de folga, brinca de pipa, bola-de-gude, pião, pique-esconde, pique-bandeira, atiradeira. E se diverte nos mafuás, com seu carrossel, roda-gigante, autopista, tobogã e, os mais sofisticados, trens-fantasma.
          Balões e baloeiros, com suas lanterninhas, fogos e cangalhas - só por essas bandas aparecem, armando suas “obras-de-arte” nos campos de pelada, uma das grandes áreas de lazer da Zona Norte. Da pelada ao Maracanã é um pulo, um patrimônio que, apesar de estar caindo aos pedaços, ninguém nos tira. Ali, bem perto, outras áreas de lazer no fim-de-semana - a quinta da boa vista, com o museu nacional, o jardim zoológico, a diversão ao ar livre, junto do verde. Ao falarmos de descanso e sossego, nada mais apropriado do que lembrarmos nossas praças de subúrbio, seus balanços, escorregas, gangorras, bancos onde se juntam aposentados para divertidos jogos de sueca, damas ou dominó.
          Mas chega o carnaval e lá se vai a tranqüilidade - o correto, antes esquecido, é agora decorado em cores, máscaras e sonhos. Com a folia virão morcegos, caveiras, clóvis, mascarados de todo o tipo. O carnaval suburbano é ainda muito vivo, alegre e forte. Talvez porque 90% das nossas escolas de samba estão nos subúrbios, assim como o próprio sambódromo, por onde elas desfilam.
          Enfim, exaltamos, cantamos e bailamos ao som suburbano. É nossa terra, nossa raiz, nosso habitat. Com esse sol quente, essa lua de arrepiar, nesse fim-de-semana, por mais suburbanos que sejamos, vamos virar farofeiros e nos juntar a tantos outros numa praia da Zona Sul, do outro lado do Rebouças - afinal, ninguém é de ferro. Mas no fim de tarde, suados, exaustos, mas felizes, voltamos pro nosso subúrbio. Afinal... Não existe pecado no lado de cá do Túnel Rebouças!

Luiz Fernando Reis

 

SAMBA ENREDO                                                1993
Enredo     Não existe pecado no lado de cá do túnel Rebouças
Compositores     Marco Lessa, Tico do Gato, Carlos Ortiz, Luizito e Karlinho's de Madureira
Vem pro lado de cá
Vem se acabar na minha aldeia
Vem do Túnel pra cá
Pecado não há e nem areia
Sou suburbano
Sou caprichoso, assumido e orgulhoso
É isso aí, operário marmiteiro
E muambeiro lá de Acari

É de carona que eu vou, é de carona
Nesse vai e vem, no vai e vem
Tem surfista diferente
Tirando onda em cima do trem

Aqui ô ô, à sombra da tamarineira
Pagode, risos, brincadeiras
A praça é criança pé no chão
E bate forte, bate norte o coração
Um velho fusca é minha curtição
Sou baloeiro, eu sou
Sou peladeiro, eu sou
Eu sou o mengo no Maracanã
Bato macumba bem rezada na avenida
Pra ver a minha escola campeã

Eu vou daqui pra lá
De frango e saravá
E no burguês farofafá