FICHA TÉCNICA 1986

 

Carnavalesco     Luiz Fernando Reis
Diretor de Carnaval     Fernando Leandro
Diretor de Harmonia     Jorge Teixeira da Silva
Diretor de Evolução     Jorge Teixeira da Silva e Wilson Ferreira
Diretor de Bateria     Paulo José Botelho (Mestre Paulinho) e Hélio Antonio G. Nobre
Puxador de Samba Enredo     Carlinhos de Pilares
Primeiro Casal de M.S. e P. B.      Sebastião de Jesus da Silva e Patrícia Gomes da Silva
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     Paulo Maurício Gomes
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 1986

Brazil Não Seremos Jamais (Ou Seremos)?

            Por ser uma escola popular, não podíamos deixar de registrar nesse momento histórico de transição politico-democrática, o renascimento do pensamento brasileiro em busca de sua liberdade, seus ideais e sua conscientização política.
            Não podemos admitir que nossas crianças, nossos jovens e adolescentes sejam seduzidos e explorados pelos interesses do capitalismo estrangeiro, que nos impõem enlatados, valores e pacotes culturais contra nossos interesses e bem estar do povo brasileiro.
            A nossa imagem, a nossa cultura e os nossos costumes, estão sendo ultrajados pelos padrões sócios-econômicos e culturais em benefícios dos interesses estrangeiros, principalmente americanos.
            Vamos conquistar com nossos próprios caminhos, imbuídos de sentimentalismo brasileiro a nossa soberania, nossa liberdade e nossa independência econômica e cultural. E gritar bem alto para o mundo inteiro ouvir. BRASIL PARA OS BRASILEIROS!

1.0 - Preâmbulo

            A 21 de Abril de 1985 todo um povo chorou, chorou de dor, tristeza e desespero por seu líder maior, chorou como há muito não fazia, e chorou de verdade como por vinte e poucos anos nem saberia e nem poderia. Morrera Tancredo Neves, presidente eleito e aclamado, e com ele morrera um pouco de cada um de nós, um pouco da fé e da esperança que ele tão bem nos ensinara. Mas ele se foi e do pranto que por ele derramamos brotou uma semente viva de amor, de luta e tenacidade e uma lição de fibra da mais pura liberdade e avivou-se em nossa mente um novo ideal, uma nova verdade e com ela uma forte vontade de gritar bem alto para o mundo inteiro ouvir - BRASIL.
            E de cada braço que se erguia tremulava uma nova bandeira, a mesma de sempre, só que agora verdadeira.
            E se entoava um novo hino, o mesmo de sempre, só que agora verdadeiro.
            E o povo era o mesmo, e a terra era a mesma, mas o ar era outro, era um ar novo soprando numa acolhedora brisa de abril, e nascera um novo tempo, e nascera um novo pais, e nascera um novo BRASIL, vinte e poucos anos depois.
            E nós, CAPRICHOSOS, acreditamos que somos responsáveis por uma parcela, pequeníssima que seja, na luta por esse novo caminhar democrático, por essa nova república desse nosso gigante, antes adormecido, e hoje mais vivo que nunca - BRASIL. E assim envolvidos, conscientemente, nesse renascer patriótico, nesse puro e singelo sentimento de brasilidade, continuaremos com nossa critica irreverente e colorida, com nosso humor leve e descontraído, com nossa humilde, sincera e contagiante alegria, com nossa forma ingênua, talvez, de cantar, sambar e fazer sorrir.

Caprichosamente - Nova Mente Popular

            Por tudo isso e com a consciência e a responsabilidade nesse novo tempo declaramos:

2.0 - “O que é Brazil não seremos jamais (ou seremos?)”?

            A 22 de Abril de 1500, há 488 anos atrás era descoberta uma ilha que denominou-se Vera Cruz, era grande demais para ser uma ilha e tornou-se terra denominada Santa Cruz e era rica em terras, minerais, animais e vegetais e era abundante uma árvore de tronco avermelhado de onde se extraia uma tintura nobre e cobiçada - o pau-brasil, e ai a terra deixou de ser de Santa Cruz e tomou o nome de sua maior riqueza - BRASIL.
            E foi essa mesma árvore que nos deu o nome que acirrou a cobiça por nossa terra, a começar pelos portugueses, descobridores, donos e exploradores que se fizeram seguir por outros invasores, e vieram: franceses, holandeses, ingleses e espanhóis, cada qual a um tempo e cada, qual a sua; maneira, ou seja, espoliando-nos as riquezas nativas. Mas éramos ainda colônia e vice-reinado cultural e financeiramente dependentes da coroa portuguesa e em quase nada nos prejudicaram essas expedições estrangeiras.
            Vem o império e com ele os primeiros sentimentos nativistas e independentes, vem a independência e com ela o despreparo de toda jovem nação e vem a dependência, culturalmente à França e economicamente à Inglaterra e politicamente, ainda, à Portugal. - Será que houve mesmo independência? Bom, isso é um outro enredo.
            E veio a república, idéias liberais e democráticas e a divida crescendo e a dependência se mantendo, e veio 1922 e com ele a semana de arte moderna, marco cultural da jovem república onde primeiro se falou e se discutiu cultura brasileira. E a coisa ia caminhando não tão bem mas se ia levando, porém, veio a 2ª grande guerra, e com ela um poderio econômico e militar inesperado - Os Estados Unidos da América.
            Finda a guerra são vitoriosos os aliados, entre eles nós, os brasileiros, e desponta uma “exemplar” nação, o modelo de vida americano se espalha pelo mundo e o padrão consumista de um capitalismo bem sucedido se torna invejável, até mesmo para nós, despreparados brasileiros, que endividados pela guerra trocamos de donos financeiros e já não dependíamos tanto dos ingleses economicamente e nem tão pouco da cultura francesa, estávamos irremediavelmente americanizando-nos. Até que o tio Sam se apercebeu disso e prorrogou empréstimos e prazos de pagamentos de dividas e cedeu novos empréstimos e nos enviou gratuitamente pacotes culturais e enlatados para o progresso e fizemos pactos de aliança mútua e eles sempre bondosamente nos cedendo mais empréstimos a juros mais baixos e com prazos mais dilatados. “Americano é tão bonzinho”.
            E veio a revolução, golpe militar para nós outros, e em nome da paz democrática ocidental nos unimos e nos ajudamos mais e mais, eles é claro, nos ajudando muito mais ou nós mais a eles?
            E veio a nova república e esse “bondoso” apadrinhamento americano não pode mais continuar, já não podemos admitir que nossas crianças, nossos jovens e adolescentes sejam massacrados por esse resíduo cultural tão alheio ao nosso patrimônio de cultura, nem podemos aceitar que nossa massa trabalhadora pague o ônus desse errôneo e irresponsável endividamento, que nossos ouvidos continuem sendo poluídos por músicas de péssima qualidade, que nossos olhos sejam diariamente alvejados por medíocres enlatados promocionais, e que, de uma vez por todas, entendamos que é nossa soberania que está em jogo, que são os nossos ideais de liberdade que estão sendo alijados por esse aculturamento consumista e selvagem, calculista e inescrupuloso. Por isso nos unamos e gritemos bem alto para que eles nos ouçam.

Brazil não seremos jamais (Ou seremos?)

            Os “direitistas” e pessimistas ainda não se foram todos.

3.0 - E quem será esse tal “CANARIQUITO”?

            E NASCE O CANARIQUITO BRASILINO DA SILVA.
            Um dia um canário amarelo apaixona-se por uma bela e dengosa periquita verde, namoram-se e casam-se e têm um filho verde e amarelo e lhe dão um nome, BRASILINO DA SILVA, fraco e franzino como eles, porém audaz e destemido como ninguém. Desde criança, nos seus devaneios infantis, Brasilino assustava-se com as histórias de uma águia que todos diziam ser forte, poderosa e imbatível, que a todos dominava e amedrontava. E porque não tentar destruí-la, sozinho seria difícil, mas quem sabe unindo-se a outros canariquitos como ele, fracos e franzinos, mas que juntos, talvez tornar-se-iam fortes, fortes o bastante para derrotá-la; antes, porém, seria necessário afastar os estrelados abutres do poder que compromissados com a temível águia estrangeira os aterrorizavam e impiedosamente os dominavam pela força e pelo arbítrio. E de repente vieram canariquitos de todas as regiões, e se uniram e juntos derrotaram os estrelados abutres verde oliva e iniciou-se um novo tempo e uma nova república, e a união deve continuar, pois a luta só cessará quando a dominadora águia e seu representante e colorido Tio forem definitivamente derrotados pelos canariquitos - Sub-Heróis brasileiros, fracos como nós, mas tornados fortes pela união, como nós.

4.0 - Desenvolvimento do Enredo.

            Facilitando um melhor entendimento do enredo o dividimos em 3 quadros, a saber:
            1° quadro: aculturamento infantil.
            2° quadro: aculturamento juvenil.
            3° quadro: aculturamento adulto.

5.0 - Aculturamento infantil

nas crianças

            É já na infância que se inicia o processo cultural americanizador, seja através dos desenhos animados, aparentemente inocentes, mas já possuidores de ensinamentos consumistas e maléficos, onde o bem triunfa sobre o mal de forma altamente violenta, em prejuízo da pura e inocente mentalidade infantil, seja nas histórias em quadrinhos onde a criança é levada a conhecer a cultura e o modo de vida americano, bastante alheio e diverso da nossa maneira simples e tropical de viver. E tudo isso vai ainda em detrimento dos personagens infantis brasileiros, bem mais sintonizados com nossa realidade cultural. Senão vejamos:

OS PROMOVIDOS AMERICANOS: Mickey, Pato Donald, Tio Patinhas, Popeye, Pica-Pau, Luluzinha, Bolinha, Zé Colméia, Dom Pixote, Peanuts, Snoopy e muitos outros.

OS DESPROTEGIDOS BRASILEIROS: Mônica, Cebolinha, Cascão, Pelézinho, Saci Pêrere, Tininim, A Onça, Emília, Visconde, Narizinho, Pedrinho, Cuca, Jeca Tatu e muitos e muitos outros.

nos adolescentes

            É a fase dos super-heróis, imbatíveis senhores da força e do poder, defendendo-nos dos malfeitores da. humanidade. como se não fossemos nós mesmos, e tudo é mostrado num mundo maravilhoso sem seca e sem fome, sem subdesenvolvimento e numa ambientação de bem viver dentro do modelo cosmopolita americano, tão diferente de nossa problemática. Felizmente não temos super-heróis, talvez porque cada um de nós seja um deles. (ou somos sub-heróis?)
            EI-LOS (OS AMERICANOS, É CLARO) Batman e Robin, Super Homem, Hulk, Homem Aranha, Capitão América, Thor, Mulher Maravilha e outros tantos desagradáveis heróis.

5.1 - Comissão de frente

            E nasceu os Canariquitos, franzinos e imaturos, mas audazes e corajosos, e tão logo nascem, já desafiam a Águia dominadora e seu míssel assustador, atiradeira contra a ogiva nuclear? Quem vencerá? Aguarde e verás.

5.2 - Carro abre alas

            Eis o Brasil dominado nas cores da dependência econômica e cultural, Águia e Tio Sam, símbolos opressores, inadequados e importunos. Mas nós os destruiremos. Aguarde e verás.

5.3 - Ala Canariquito

            Fracos como nós, porém numerosos como nós, tomados fortes pela união. Dá-lhes Canariquitos

5.4 - Ala das crianças

            Inocentes e pequeninas criaturas, singelos e puros pedacinhos de gente, ainda de cucas frescas, ainda não aculturadas, é por elas que devemos lutar, é pra elas que devemos nos unir, e nos tomar fortes e assim nos livrarmos dessa incômoda dependência econômica e cultural, e se não podemos nos independer hoje que o façamos por elas - amanhã.
            E ninguém melhor que a ala das crianças para representar nossos heróis infantis:

1 - Saci Pêrere e a Onça - Numa homenagem ao brasileiríssimo Ziraldo.
2 - Mônica, Cascão, Pelézinho e Chico Bento - Num agradecimento a Maurício se Souza pelo bem que nos fazem Mônica e Cia.
3 - Emília e Visconde - A lembrança nacionalista de Monteiro Lobato.

5.5 - Carro da 1ª vitória (Carro das crianças)

            A turma da Mônica brinca de roda, Emilia sempre traquina, liga. a chave e energiza a patota do Popeye, a turma de Pêrere se diverte. Todo Yankee tem seu dia de Tupiniquini.
            E na cadeia já presos, Pateta e Mickey. (Olhar a traseira do carro).
            Talvez tenhamos sido um pouco agressivos, mas eles merecem, ou não?

5.6 - Ala Mac Bobo’s

            Insípida e sem tradição, assim é a comida americana, sanduíches e molhos, mas tanto fizeram que conseguiram nos impor o “Fast Food”.

5.7 - Ala baianinha hot dog e malandrinho

            Seria atípico e engraçado vermos nossas tradicionais baianas vendendo “Hot Dogs” e “Hamburgers”, ou pior, nos oferecendo iguarias como Cheese Vatapá., Mac Angú. num estranho e desagradável “Slncretismo” alimentar.

5.8 - Ala do super trabalhador

            E na adolescência nos chegam os super heróis, super homens de super poderes, mas poderosos heróis somos nós, trabalhadores brasileiros que nos sustentamos com tão pouco, sem garantias ou estabilidade, realmente, super heróis somos nós.

5.9 - Ala dos sub-heróis nordestinos.

            Sem capas ou poderes, sem roupas bonitas ou coloridas, porém com medo e com fome, com o pé no chão seco da “seca”, mas são eles os nossos heróis, subnutridos e subdesenvolvidos porém ainda vivos pelo poder da esperança - Nordestinos - Sub-Heróis.

5.10- Carro aculturamento infanto-juvenil

            Tênis, Patins, Skates, Surf, Chicletes, Camisetas, Juventude Inocente e já consumista, acende essa dinamite Canariquito.

5.11 - Ala dos Canariquitos

            E mais um grupo desses fracos e abusados passarinhos, uns verdes outros amarelos, porém obstinados com a liberdade, com o ser brasileiro.

6.0 - Aculturamento juvenil

            Até aqui vimos deformações sérias, porém até certo ponto aceitáveis, já que sendo promovidas em crianças ainda num processo de aprendizado não nos será difícil alterar-lhes deformações estrangeiras. Mas daqui p’ra adiante a massificação estrangeira tornar-se-á perigosa e quase irreversível, pois já. são jovens conscientes que as adquirem e nos será muito dificultoso modificá-las.
Esse aculturamento juvenil nos chega diversificadamente, então vejamos:

1 - MÚSICA - Especialmente o ROCK, ritmo alucinante e alienador, melodicamente pobre e quase sempre de letras banais e que anestesiou de tal maneira a juventude brasileira que por melhor que seja o conteúdo melódico e poético de nossas criações elas são sempre preteridas e criticadas por esse segmento majoritário de nossa sociedade - a juventude.

2 - ROUPAGEM - Normalmente excêntricas e inadequadas ao nosso tropicalismo, ou como camisetas com inscrições na língua Inglesa, quando sabemos que nosso idioma é mais belo e mais rico que o idioma inglês.

3 - COSTUMES - Nas pichações de muros e paredes com tinta spray utilizando-se verbetes ingleses sem nenhum sentido lógico.

4 - ESPORTES - Nos modismos inadequadamente importados como patins, ioiôs, skates, camisas de universidades americanas ou de equipes de futebol americano etc.

5 - ALIMENTAÇAO - Na utilização de palavras Inglesas nos cardápios das lanchonetes brasileiras, lembremos: hot dog, hamburguer, cheese, cheeseburger, ham, eggs, Malted milk, sundae, milk shake, ice cream, breakfast etc.

6 - COMPORTAMENTO - No aumento da agressividade juvenil e no considerável aumento no consumo de drogas notamos também o erro dessas irresponsáveis importações.

“E UM DIA ESSES JOVENS SERÃO ADULTOS, GOVERNO E PODER, E AÍ, CERTAMENTE TERÁ SIDO TARDE DEMAIS...”

6.1 - Ala dos roqueiros

            Afilhado menos nobre de jazz, o rock, ritmo simplório, melodicamente pobre, alucinante e alienador nos invade rotineiramente, e isso é permitido sem restrições, e pior ainda é incentivado vindo em prejuízo da bela e autêntica música popular brasileira. Até quando suportaremos isso?

6.2 - Ala do frevo

            Quantos serão os jovens que sabem o que é o frevo? Poucos, pouquíssimos. Afinal de que vale essa cultura musical? O lance é curtir um som “maneiro”, incrementado e alucinante. Frevo, Xaxado e Baião? Isso é coisa de “paraíba”. Só podemos perdoá-los, eles não sabem o que fazem, há 20 e poucos anos.

6.3 - Ala dos metaleiros

            Tudo se importa, não importando se nos servem ou não, preto e prata maldade e violência nenhuma melodia, nenhuma poesia apenas doidera juvenil. Até quando?

6.4 - Ala do Tio Samba

            Meu Sam é de sambar, Tio Samba, a autenticidade, a cor e o jeito brasileiro, sem loucuras, alienações sem desnecessárias importações.

6.5 - Carro aculturamento juvenil

            “Sam Roqueiro” metaleiros, drogas, depressão e dependência. Que juventude é essa? O que podemos esperar dela? Só o tempo dirá.

6.6 - Ala do futebol americano (Vasco e Flamengo)
6.7 - Ala do futebol americano (Fluminense e Seleção)

            Se não coibirmos já essa excessiva massificação cultural, é possível, que estejamos assistindo em breve esse grosseiro esporte “Yankee” entre nossas queridas equipes.

6.8 - Ala das bandeiras

            E derrepente nossa velha e desgastada bandeira tornou-se jovem, bonita e emocionante e se desfraldou no renascer de um novo tempo, novo governo, nova república, ainda viciada, mas reinando na fé e na esperança. Obrigado Tancredo, você nos deu a vida e um país e, estranhamente nossa bandeira ficou mais bonita, o verde deixou de ser oliva e voltou ser bandeira, o amarelo pálido ressurgir no ouro da riqueza dos novos ideais, o azul antes esmorecido, avivou-se no despertar de um novo céu, as estrelas perderam sua gema e voltaram a brilhar, e o branco iluminou-se, agora sim, ordem e progresso, democracia e liberdade.

6.9 - Tripé Canariquitos da liberdade

            Eis novamente o Cananiquito, agora fantasiado de liberdade a tocha na águia.

6.10 - Ala da brasilidade

            Nova bandeira, novo hino, nova gente de novos ideais, novo momento, novo Brasil, patriotismo espontâneo e verdadeiro, nativismo e brasilidade. Agora sim - Ame-o ou Deixe-o.

6.11 - Ala do faroeste
6.12 - Ala dos gangsters
6.13 - Carro dos enlatados
6.14 - Ala dos musicais
6.15 - Ala da ficção científica

            Durante décadas Hollywood produziu ilusões e nos impôs uma cultura multo sua, como a conquista do oeste e década de 30 com os gangsters ou a burguesia dos musicais e as projeções futuristas. Pura ilusão, fitas promocionais do aculturamento americano. Chega de importar ilusões e fantasias, chega de sermos “enlatados”, chega de resíduo cultural.

6.16 - Ala dos Canariquitos

            Mais Canariquitos, mais verde e amarelo, mais Brasil, mais liberdade.

7.0 - Aculturamento adulto

            É a fase final do pressionamento cultural estrangeiro e atinge uma camada etária madura, responsável e consciente independentemente de sua formação social, cultural, racial ou religiosa, atinge-nos indistintivamente a todos; vejamos quais suas localizações:

1 - ENLATADOS - Hollywood sempre fabricou ilusões, algumas elogiáveis pelo mundo afora, como os grandes clássicos cinematográficos, mas a maioria das produções quando não é de péssima qualidade, é de uma indesejável e inoportuna promoção americana, procuremos por exemplo, qual é, para nós, a importância cultural da conquista do oeste americano, (Beto Carrero que o diga), ou que ensinamento nos trouxeram as melodramáticas xaropadas de final feliz, (as novelas que o digam), ou a Máfia, ou os Infalíveis, imbatíveis, corajosos e destemidos soldados americanos, ou os “Kojacs” da televisão. Até que eles nos serviriam se a dose não fosse tão demasiada e repetitiva, mas ela é massificadoramente exagerada.

2 - MULTINACIONAIS - Atraídas pelo baixo nível salarial do operariado brasileiro aqui são instaladas as multinacionais - empresas estrangeiras que se instalam em outros países, que evidentemente aumenta a oferta de empregos, mas que por outro lado levam para fora do país uma grande quantidade de divisas. E assim fortalecidas passam a influenciar nos modos, nos costumes e no processo de formação cultural da gente brasileira, como as empresas fonográficas, americanas em sua maioria, que além de desprestigiarem o artista nacional ainda nos empurram “lixos” musicais a custa de escusos interesses citemos esse exemplo: num determinado dia de programação (Abril/85) de uma rádio FM do Rio de Janeiro, 67% das músicas ouvidas eram estrangeiras, 12% eram de rocks brasileiros e apenas os demais 21% eram de autêntica música popular brasileira. O nosso ritmo, por exemplo, talvez por isso seja quase completamente marginalizado nas chamadas FMs da juventude. Até quando suportaremos isso?

3 - DEPENDENCIA ECONÔMICA - Talvez o grande responsável por essa massificação cultural americana seja o nosso endividamento externo junto ao F.M.I. (leia-se City Bank), que nos compromete emocionalmente e nos torna cúmplices dessa desagradável e envolvente situação.

7.1 - Ala dos turistas

            Bobos e coloridos, Fotógrafos inveterados, turistas conhecem a “colônia”, em breve, ex-colônia. As divisas que trazem são a gorjeta por nossos irrelevantes serviços.

7.2 - Carro das multinacionais

            As bruxas estão a solta, multinacionais, cuida delas Canariquito.

7.3 - Ala da águia inescrupulosa
7.4 - Ala do Tio Sam

            A águia e seu titio colorido já se preparam para a derrota final. Falta pouco.

7.5 - Ala dos abutres

            Durante vinte e poucos anos foram os abutres estrelados os gerentes de uma terra, representantes verde oliva da inescrupulosa águia mas seu dia chegou. Obrigado Cananiquitos. Brasil nunca mais.

7.6 - Ala do F.M.I.

            Quem gosta do sangue alheio é o vampiro drácula, quem gosta do sangue e do suor do povo brasileiro é o F.M.I.

7.7 - Carro da divida externa.

            “I want my money” diz o Sam-drácula, nada ao F.M.I. lhe responde o Cananiquito. Moratória já.

7.8 - Ala do colarinho branco.

            Sunamam - Coroa - Brastel - Crime Financeiro - Halles - Auxiliar - Impunidade - INAMPS - Brasilinvest - Estelionato - Isso tem que acabar.

7.9 - Ala dos operários.

            E são eles que sofrem, pagando com a fome esse endividamento irresponsáveis e esses crimes financeiros, mas acreditemos no trabalhismo sindical, na CUT e na CONCLAT, um dia seremos a Força política desse país. Quando? Só depende de nós, com a Força de nosso voto.

7.10 - Ala da burguesia inescrupulosa

            Coniventes com o sistema e grande assimiladora desse inescrupuloso consumismo é a burguesia a grande responsável por essas imposições americanizadoras.

7.11 - Ala das baianas

            Meu “Brasil brasileiro” na jovial pureza dessas jovens senhoras, que no rodopiar de saias nos ensinam o quanto é importante preservarmos a beleza de nossa cultura, já tão corroída de estrangeirismo, o quanto é importante sermos Brasil, brasileiro, livre e verdadeiro.

7.12 - Carro da Petrobras

            E um dia alguém falou: - O Petróleo é nosso, e ninguém acreditou, mas hoje é, Petrolino que o diga dominou num só golpe as multinacionais do Petróleo. Valeu Petrolino.

7.13 - Ala da velha guarda

            E um dia fomos fundados e de lá até hoje, o caminhar não foi tão sereno nem tão cristalino como se possa imaginar, mas os obstáculos foram sendo superados com muito amor, carinho e capricho. E se hoje somos assim, melhores seremos no amanhã, tudo por vocês e graças a vocês, honrados senhores da velha guarda.

7.14 - Ala do sol da liberdade

            “Tudo bem, novamente popular um novo sol a brilhar, é isso aí vou caprichar”, e vamos caprichar, com luta, trabalho e esperança, com a fibra de Canariquito, com a tenacidade de brasileiro - “E o sol da liberdade em raios fúlgidos brilhou no céu da pátria nesse instante”

7.15 - Ala dos Canariquitos

            E tome Canariquito, quanto mais melhor, quanto mais verde e amarelo melhor.

7.16 - Carro da vitória final

            O que é isso, um peru? Um frango assado? Não. É águia depenada pelo ideal de liberdade, é o Brasil independente e soberano reassumindo seu papel de nação livre e descompromissada.
Nem Sam, nem Kremlim, apenas Brasil

8.0 – Os tripés

            Colorindo e explicando um pouco mais o enredo traremos tripés-frases, característica imprescindível nos enredos da Caprichosos de Pilares.

1 - Brasil há quem te ama. há quem te U$A
2 - Devo não nego. Pagarei quando puder
3 - Yankees go home
4 - Democracia é importante mas soberania é fundamental
5 - O povo unido
6 - E um dia esses jovens serão governo e poder e aí terá sido tarde demais.
7 - Chesse vatapá., mac angu, big feijão. Será?
8 - Ordem, Progresso e Independência
9 - E o vento levou... Nossa mente
10 - Aliança para o progresso... deles
11 - Somos do Samba Não somos do Sam.

 

SAMBA ENREDO                                                1986
Enredo     Brazil não seremos jamais... ou seremos?
Compositores     Almir de Araújo, Balinha, Marquinho Lessa, Hercules Correia e Carlinhos de Pilares
Tudo bem, novamente popular
Um novo Sol a brilhar
É isso aí vou caprichar (eu falei)
Vou caprichar
Brasil, meu Brasil
Com S fica bem mais forte
No Sul, no Centro, ou no Norte
Na voz do nosso povo
Ninguém vai me enganar de novo
Num sorriso de criança
A fé, a esperança conquistar
O que é da nossa terra
Sem essa de americanizar

Não enfia o pau
Noutra bandeira
Vai, tira, tira
E bota a nossa brasileira

Sou “canariquito”
Carioca a cantar
águia não cala meu bico
Meu ouvido não é penico
Meu Sam é de Sambar
Unindo os heróis brasileiros
Dos pagodes nos terreiros
Contra o que vem de lá
canto a liberdade
Meu hino, minha verdade
A feijoada e o vatapá

Quem comeu, comeu
Quem não comeu não come mais
Brazil com Z jamais!