FICHA TÉCNICA 2012

 

Carnavalesco     Fabianno Santana
Diretor de Carnaval     Rafael Marques
Diretor de Harmonia     Tatu, Catia Macedo, Oneri, Walmir Braga
Diretor de Evolução     Tatu, Catia Macedo, Oneri, Walmir Braga)
Diretor de Bateria     Rodrigo Antunes (Mestre Chopp)
Puxador de Samba Enredo     Ademir Ribeiro e Neném Gavião
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Carlos Eduardo e Rosilane da Costa Queiroz
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Edmar Bonifácio e Elisângela Alves
Resp. Comissão de Frente     Cláudio Andrade
Resp. Ala das Baianas     Dilceia
Resp. Ala das Crianças     Patrícia Valle
Resp. Galeria de Velha Guarda     Georgina Rodrigues (Dona Gina)

 

SINOPSE 2012

Tupã, o soberano Guarani e a encantadora floresta da magia

Justificativa:

           Tudo o que permeia a história e cultura do nosso jovem Brasil, nos remete ao sonho, ao místico, as coincidências e inspirações extraordinárias, e nela, abre-se um campo de suposições e até mesmo nos transporta ao imaginário.
           Tupã é uma divindade que transborda mistério e magia e a floresta torna-se encantada quando contada com os olhos de pajés.
           Temos às vezes a impressão de que em parte ele, Tupã, é fruto do inconsciente e que rouba pra si, todo um universo de sonhos, mitos, lendas e fatos que convergiram para o coração do povo brasileiro, para compor uma epopeia de um Deus tipicamente brasileiro revelando segredos da pré-história de nossa pátria.
           Tupã nos desafia e nos encanta à medida que nos afastamos de sua imagem humana e nos aproximamos do divino. Ele até pode ser uma obra do homem, porém ele é certamente o resultado de inspirações e credos de tribos indígenas que faz com que nosso imaginário mergulhe em profundo devaneio.
           Em tempos em que se enaltece a preservação do meio-ambiente como nunca antes, além de uma homenagem, um alerta sobre o risco que corremos sem a preservação da fauna e da flora e nesse mundo imaginário, fazemos conhecer-se Anhangá, divindade tal qual o diabo dos cristãos, que segundo nossa lenda é o principal motivador do espírito de destruição que vive no ser humano e faz com que estes destruam descontroladamente a floresta. Assim, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Sossego tem o orgulho de apresentar para a Intendente Magalhães e o povo carioca apaixonado por samba e carnaval o seu enredo que retratará as divindades que povoam séculos de existência de um país rico em cultura e sabedoria. Por sua importância para o Brasil e o mundo, por sua peculiar história, de imaginações, de visões e por ser ele, uma criatura imortal capaz de unir Sonho à realidade, empresta sua beleza transforma-se em porta-voz de um pedido de clemência aos seres humanos para com a mãe natureza e na composição dessa obra, que é uma verdadeira mensagem; enfeitar o samba.

Sinopse:

Tupã e a criação da floresta

          Tudo começou num tempo muito antigo quando contavam os mais antigos pajés de recônditas tribos indígenas da floresta amazônica que em uma era muito remota, no princípio de tudo, na mais profunda escuridão, ao longe do horizonte, no firmamento onde retumbavam trovões e raios que recortaram o céu nasceu a vida. E lá, por dentro das nuvens, existia um imenso palácio onde morava o grande Tupã, realizador de toda criação, que com o ressoar de trovoadas deu vida a tudo que habitava nas florestas da Terra. Cada folha, cada flor, as água, cada animal e seus espíritos por Ele foi criado. Fez germinar as belas carnaubeiras, chamadas de árvores da vida e soprou fôlego divino em cada ser vivente que rastejava pelo solo, que corria pelo chão, que nadava nas águas, que subia nas árvores e voava pelo ar.
          Os mais belos animais, de plumas exuberantes, anfíbios de múltiplas cores e insetos de indescritível beleza se originaram do grande Tupã que inundou os afluentes, as florestas, as montanhas, os vales e tudo mais que se podia enxergar com lendárias criaturas que protegiam o mundo recém criado. Povoou as matas e iluminou o vasto céu de estrelas nas alturas celestes, onde permanece seu reino, protegido por Tainacam, deusa das constelações. Naquela época seres fabulosos coexistiam com os Índios e os elementos naturais se traduziam em mágicas manifestações espirituais que tornavam as florestas em encantadoras e repletas de magia.
          Para concluir sua obra Tupã veio ao mundo e fez o primeiro homem que se chamava Rupave e deu-lhe como companheira a primeira mulher que se chamava Syvape e logo eles se multiplicaram e encheram toda a Terra. O poderoso deus ensinou-lhes a arte de tirar do seio do solo seu alimento, a trabalhar com barro e argila e do ferro, fazerem as mais fortes lanças e armas de guerra. Depois transmitiu aos homens todo o conhecimento sobre os remédios para todas as doenças. Finalmente, ensinou-lhes as artes que tornaram a vida mais suave a amena no culto à Mãe Natureza... A vida estava criada.

Seres encantados

          De seu palácio no alto dos céus sentado em seu trono, Tupã criou milhares de criaturas celestiais que satisfaziam suas ordens e o louvavam. E entre as histórias de deuses e deusas e seres encantados, surgem às escondidas, nas matas, misteriosos entes para proteger e guardar a floresta que se encobria em encantos e magia.
          No começo havia a penumbra, Tupã então criou o sol, kwara'sy. Um dia o sol ficou cansado e precisou dormir. Quando fechou os olhos tudo ficou escuro e para iluminar a escuridão enquanto ele dormia, Tupã então criou a lua, îasy e os dois se apaixonaram mas, quando o sol abria os olhos para admirar a lua, tudo se iluminava e ela desaparecia, e jamais podiam se encontrar. Tupã criou também muitas estrelas, para que fizessem companhia a lua enquanto o sol dormia. Assim nasceu a fábula do céu e todas as coisas que vivem lá. Sendo a natureza iluminada pela luz do sol durante o dia e encantada pela magia da lua à noite.
          Os rios, lagos e mares passaram a ser vigiados com misteriosas divindades... Nasceu então o Caboclo D’água que junto de sete espíritos protegia os peixes dos pescadores maldosos. E protegendo os belos rios que cortavam as florestas, nasceu a mais bela deusa das águas. Y-îara, senhora dos peixes, que com magia banhava-se nos rios, cantando uma melodia irresistível onde homens que a viam não conseguiam resistir a seus fascínios e enfeitiçados pulavam nas águas e ela então os levava para o fundo e quase nunca voltavam vivos... E para esconder tais lendas dos rios, surgiu Nampé a Vitória-Régia que era a rainha dos lagos que desabrochava em uma grande flor que flutuava em águas calmas, e que ao luar soltava um inebriante perfume mantendo os rios velados em seus fascínios noturnos...
          Tupã criou então a terra fértil e que produzia árvores frutíferas que os homens precisariam... Naqueles tempos os mistérios e magias já estavam alastrados pela floresta, mas o mato precisava de um místico rei e então Tupã deu vida ao Uirapuru cujo canto seria tão belo que faria esquecer-se a própria tristeza e o sofrimento. A mata inteira emudeceria ao teu cantar cuja melodia subiria aos céus numa sentida harmonia em forma de graciosa canção que alegrava o Deus Tupã. Os seres mágicos povoavam as florestas.

Anhangá e a mata sombria

          Alegres viviam os homens, felizes cresciam as crianças, mas o mal também residia na floresta que tinha lugares sombrios, escuros e tenebrosos. Tupã formou um lugar de delícias para os bons, mas existia um lugar infernal governado pelo tenebroso Anhangá.
          Então começaram os homens a serem dominados por grande ambição e a ameaçadora deusa Sumá (inimiga dos homens), envolvida em negra manta, feita de cipó chumbo, vagou pela terra, espalhando ódio e discórdia. Deste modo os maus sentimentos ganharam o mundo e os mortais tiveram o conhecimento do mal, da injustiça e amaram mais a maldade do que as belas virtudes.
          Eis que um dia, Anhangá, cheio de inveja, enviou Uacauã, um demônio de agouro e azar, que cantava feitiço que se transformou numa ave negra e soprou no ouvido dos homens a crueldade e ainda que os outros deuses protetores vagassem em torno deles para ajudá-los, nada conseguiram, os homens estavam corrompidos pela ganância e deixariam de proteger a mata.
          Neste lugar vagavam os espectros sem vida e os espíritos negros. Para lá iam almas inglórias ou fugidas das tribos, os maus caçadores e aqueles que destruíam a floresta. Tupã, após uma batalha, lançou para este lugar sombrio, seu temível e poderoso inimigo Anhangá, Deus dos Infernos, chamando estes lugares de regiões infernais, a floresta sombria. Juntamente com este impiedoso Deus, a este mundo subterrâneo também forma dirigidos o Jurupari que ficou conhecido como mensageiro deste deus cruel; Xandoré, o deus do ódio; as Tiriricas, deusas da raiva e o Pirarucú, deus das águas escuras e perigosas dos rios. Grande quantidade de espíritos do mal formou o reino do pavor, do ódio, da dor e da vingança. O homem estava amaldiçoado.
          Mas do céu Tupã guardava os homens de bem e a maldade somente reinava naqueles que não respeitavam e zelavam da vida criada por Ele. E assim seguiu o destino dos homens que optam pelo bem ou pelo mal na preservação ou destruição da encantadora floresta da magia.

Fabianno Santana

Roteiro do Desfile:

Nome da Fantasia Nome da ala Descrição Responsável pela ala
Comissão de Frente: Pajés Místicos
           Os seres divinos das aldeias indígenas e que foram os porta-vozes das lendas guaranis por séculos e quem contam as histórias que envolvem Tupã e os seres encantados da Floresta
1° Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Espíritos da Natureza
           Representam a encarnação da mãe natureza, segundo os indígenas, como o grande espírito onipresente da natureza
1 Anciões da mata Velha-Guarda Representam os ancestrais da floresta propagadores da sabedoria e conhecimento milenar  

1ª Alegoria: Tupã e a encantadora floresta da magia
           Representa o reino de Tupã, ou seja, a floresta encantada, exuberante e repleta de mistérios

2 Espíritos das folhas   Representa o espírito da floresta, das árvores, do espaço aberto; por extensão que governa o tempo
Representa o espírito da floresta, das árvores, do espaço aberto; por extensão que governa o tempo em seus múltiplos aspectos. Divindade das Folhas litúrgicas e medicinais que os índios utilizavam em seus múltiplos aspectos.
Divindade das folhas litúrgicas e medicinais que os índios utilizavam
 
3 Espírito das flores   Representa o espírito das flores que manifesta a exuberância da flora silvestre tão apreciada pelos índios que mantêm o equilíbrio da natureza  
4 Espírito das águas   Representa o espírito das águas que materializam os rios, alagados, cachoeiras e mares sobre os mistérios submersos da floresta  
5 Espírito dos animais   Representa o espírito bravio da fauna que reúne todos os animais viventes, aqueles que rastejam, voam ou nadam  
6 Rupave e Sypave   Os humanos originais criados por Tupã eram Rupave e Sypave, nomes que significam "Pai dos povos" e "Mãe dos povos", respectivamente.  
7 Jaci deusa da Lua Baianas Representação da deusa da Lua, protetora dos amantes e da reprodução para os tupi-guarani.  
8 Kwara'sy, o sol   Guaraci ou Quaraci (do tupi kwara'sy "sol") na mitologia tupi-guarani a representação ou divindade do Sol  

Rainha e Madrinha de Bateria: Mistério das caboclas encantadas
           Representam a feminilidade das índias que residem na floresta e a poção feminina da criação de Tupã

9 Caboclo D'agua Bateria Representa um ser mítico, defensor dos rios, que assombra os pescadores e navegantes, chegando mesmo a virar e afundar embarcações.  
10 Nampé, o segredo dos lagos Passistas Representa uma deusa que ao despontar a noite, florescia nos lagos e beijava e enchia de luz as mais belas virgens índias. A vitória Régia  
11 Uirapuru, rei místico   Representa o pássaro Uirapuru como um místico rei cujo canto seria tão belo que faria esquecer-se a própria tristeza  

2ª Alegoria: Anhangá e a mata sombria
           Representa a parte obscura da floresta onde reside o principal rival de Tupã, Anhangá, o grande demônio da destruição

12 Suma   Representa a ameaçadora deusa Sumá (inimiga dos homens), envolvida em negra manta, feita de cipó chumbo  
13 Uacauã   Representa um demônio de agouro e azar, que cantava feitiço que se transformou numa ave negra e soprou no ouvido dos homens a crueldade  

2° Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Angoéras, fantasmas do mato
           Representam os espíritos malignos que residem na floresta

14 Jurupari   Representa um demônio que servia como mensageiro de Anhangá  
15 Xandoré   Representa um demônio do ódio e da perdição humana  
16 Pirarucu   Representa um demônio das águas profundas dos rios  

 

SAMBA ENREDO                                                2012
Enredo     Tupã, o soberano Guarani e a encantadora floresta da magia
Compositores     Felipe Filosofo, Joca, Ademir Ribeiro, Celso Tropical, Ginha, Ivan D'Wanda, Wilson King, Angelo, Marcio e Mario da Vila Progresso

Os místicos pajés elevam Minh'alma ao firmamento
Revelam o tempo quando reinava a escuridão
A imensidão do infinito clareou
A inspiração nas bênçãos do Trovão
Eu fechei os olhos... Respirei a vida
Mergulhei na magia, encontrei a paz,
Em prantos de felicidade
Abracei a verdade em Tupã Deus Pai
Ele criou, povoou de beleza,
A floresta encantada sob constelações,
E nos concedeu a missão de guarda-las em nossos corações

A saudade estrelas cintilantes levarão
Ah quem sabe um dia reviver essa paixão
A lua enamorada irradia poesia pra nos consolar
E o astro rei emana energia, para nos iluminar.

Nas águas cristalinas Yara seduz no olhar
Canta, acalanta, anuncia o naufrágio do amor a eternizar
Vai exalar o perfume da ilusão, O Uirapuru irá reger,
A sinfonia em forma de oração
Mas de um lugar da floresta veio ambição e crueldade
As forças do mal dominaram a razão na maldição de Anhangá
Em versos eu peço aos homens de bem, pra esperança semear.

Sossego hoje o povo canta e a bateria faz a gente feliz
É encantadora a floresta da magia, Oh soberano guarani!