Afoxé é Cortejo, é
Ritual, é Festa, Afoxé é Carnaval
(reedição do Samba-Enredo de 1979)
Justificativa:
No carnaval em que celebra seu jubileu de ouro, o G.R.E.S. Acadêmicos do Cubango, reafirmando suas origens e tradições afro-brasileiras, presta justa e merecida homenagem à cultura e religiosidade presentes no trecho ocidental do continente africano, recuperando a temática dos afoxés e reeditando o samba de enredo com os quais a escola dos Morros São Luiz, Mangueirinha, Abacaxi, Serrão e Rala-Côco, sagrou-se pentacampeã do carnaval niteroiense no ano de 1979.
Pretende desta maneira, reverenciar e reapresentar ao grande público manifestação inspirada em festejos lúdico-religiosos originários de Lagos, antiga capital da Nigéria, manifestação esta popularizada no Brasil a partir de finais do século XIX, expandida para outras regiões tendo como referência a cidade de Salvador.
Os afoxés representam um dos traços de resistência das camadas populares da sociedade brasileira que, através da lapidação espontânea do caldo de cultura, preservam e a todos brindam com parte do vastíssimo legado gestado no continente também chamado de “Berço da Humanidade”.
Que este mágico momento para a agremiação do bairro do Cubango e para os afoxés, homenageados nesta ocasião por intermédio da sexagenária “Associação Cultural Recreativa e Carnavalesca Filhos de Gandhy”, possa ser inscrito na história dos desfiles da Marquês de Sapucaí com a marca da alegria, da inventividade e da convivência pacífica, tão características dos grupos étnicos de matriz africana que, decisivamente contribuíram para a formação do povo da terra Brasil.
Sinopse:
Presentes no carnaval brasileiro em diversas cidades (Recife, Olinda, Ribeirão Preto, São Paulo, Rio de Janeiro, Juiz de Fora, Belo Horizonte, entre outras, além de Salvador), os afoxés têm sua provável origem na festa “Domurixá”, acontecida em passado remoto no reino Iorubá. Esta celebração homenageava Oxum, Deusa da nação Ijexá. Ruas, praças e palácios da cidade nigeriana de Lagos, eram ocupadas pela população nos dois primeiros meses de cada ano. Janeiro era reservado aos preceitos litúrgicos e o mês seguinte, já dispensados os aspectos formais concernentes à religião, representava o momento profano do rito, também chamado de “Festa da Rainha”. Assim, súditos e fiéis extravasavam alegria e festejavam a “Dona das Águas”, “Deusa da Riqueza e do Amor”, “Senhora da Fertilidade e da Maternidade”. Por conta de sua beleza, Oxum também é tida como a “Deusa da Vaidade”, mirando-se em seus espelhos e abanando-se com seu abebê.
“Oxum, mãe da clareza Graça clara Mãe da clareza Enfeita filho com bronze Fabrica fortuna na água Cria crianças no rio Brinca com seus braceletes Colhe e acolhe segredos Cava e encova cobres na areia Fêmea força que não se afronta Fêmea de quem macho foge Na água funda se assenta profunda Na fundura da água que corre Oxum do seio cheio Ora Ieiê, me proteja És o que tenho - Me receba”
Oriki de Oxum, traduzido do Iorubá pelo Antropólogo Antonio Risério
Nestes cortejos, alegre profusão de cores, cantos e danças. À frente de cada um, o porta-estandarte seguido por dois príncipes impecavelmente trajados. A guarda de honra uniformizada em estilo mouro, pouco avançada em relação ao carro que conduzia o rei (este, sempre ladeado por duas virgens). À frente da charanga, composta pelos que produziam o ritmo, o “quimboto” e seu jogo de búzios. Há registros de que este adivinhador também integrava o préstito fazendo “zoada” com um “maracá”.
A cidade iorubá, tomada por completo pelo entusiasmo, acompanhava o cortejo cantando e dançando durante todo o trajeto, numa alegria indescritível, reverenciando a “Deusa Mãe da Clareza”...
Diversos elementos constituintes do rito africano, arraigados na alma daquela gente, acabam por atravessar o Atlântico...
Em um período que durou cerca de 300 anos (mais ou menos de 1550 a 1850), aproximadamente 3,5 milhões de cativos do continente africano desembarcaram no Brasil. A história de dor e sofrimento vivida por esse imenso contingente humano teve seus momentos de luta e resistência, de organização e conquistas. Em terras desde sempre habitadas por populações indígenas e colonizadas pelos europeus, a presença negra imprimiu marcas definitivas nos mais variados aspectos...
Apenas sete anos após a “abolição da escravatura”, portanto 1895, a primeira capital do Brasil (chamada de “São Salvador da Baía de Todos os Santos”) e atual capital do estado da Bahia, revelou o primeiro grupo de afoxé: “Pândegos da Folia”. Dois anos depois surgem os “Pândegos da África”. Diversos grupos foram se formando e ganhavam as ruas soteropolitanas a cada período momesco: “Embaixada Africana”, “Papai da Folia”, “Filhos de Obá”, “Filhos de Gandhy”, “Mercadores de Bagdá” e “Cavaleiros de Bagdá”... As dinâmicas características dos processos sociais acabam por proporcionar a assimilação de novos valores. Neste contexto, surgem os “afoxés de caboclo” e “afoxés de índio”. Variados seriam os nomes que batizariam estas agremiações. As mesmas, porém, não deixavam de se basear em características dos afoxés “africanos”.
“Omo Orunmilá” (Ribeirão Preto), “Iyá Ominibú” (São Paulo), “Ilê Okan Odara Oyá” (Juiz de Fora), “Filhos de Gandhi” (Rio de Janeiro), “Oyá Alaxé” (Recife) são alguns exemplos de frutos que a milenar tradição afro gerou, a partir da Bahia, Brasil afora.
“Aonde vai papai ojô ? Vou depressa por aí Vou fazer minha folia Com os Filhos de Gandhy A nossa turma é alinhada Sai do meu bloco pra fazer a patuscada É mori moriô babá Babá ô kiloxê jocô”
“Patuscada de Gandhy”, composição de Arivaldo Fagundes Varela, o “Carequinha”, fundador do Afoxé Filhos de Gandhy, gravada por Gilberto Gil no disco “Refavela” (1977)
Compondo a ritualística que precede a saída de um afoxé, ensaios nas mesmas “roças”, “terreiros” ou “barracões” onde têm lugar as cerimônias candomblecistas. O cortejo, aparentemente profano, mas que integra um processo religioso, só ganha o espaço da rua após a prática do método divinatório (jogo de búzios), sob a responsabilidade de uma Ialorixá ou Babalorixá (sacerdotes do candomblé). Com o consentimento dos Orixás, uma outra obrigação a ser cumprida: despachar o “Padê de Exu”, para que esta divindade não interrompa as festividades.
Desta forma, os iniciados nas mais variadas casas de candomblé, ganham as ruas com suas cantigas em dialetos e línguas africanas (nagô, iorubá, kêto...). As temáticas giram em torno da paz, do amor e da fraternidade. Seus trajes retratam cores dos diversos Deuses africanos. Alabês portando e tocando instrumentos de percussão (atabaques, agogôs, afoxés e xequerês) ditam o ritmo Ijexá, característico destas agremiações. Nas mais tradicionais, as danças são integralmente inspiradas nas que acontecem nos espaços privados, que são as casas de culto. O cortejo prossegue até que se alcancem residências de pessoas amigas e outros “ilês”. Nestes momentos são entoados cânticos de licença para entrar e melodias de despedida ao se retirarem...
Da mesma forma que em África, o afoxé possui um estandarte e apenas alguém iniciado nos preceitos da religião pode carregá-lo. A hierarquia existente nas casas de culto é extensiva, pois os que ocupam cargos elevados, são respeitados e acatados como se estivessem dentro das próprias “roças”.
O elemento fundamental no desfile de um afoxé é o “Babalotim”. Trata-se de um boneco negro, com articulações nas pernas e braços, carregado por uma criança do sexo masculino ricamente paramentada. O menino que o conduz deve ser capaz de dançar, executando os complicados passos da coreografia que o reverencia. O “Babalotim” é muito mais do que a principal figura no cortejo. É seu mais importante símbolo religioso. É o seu fundamento em forma de totem, considerado uma representação do espírito ancestral ali presente. Garante proteção a todos, pois seu interior é composto por diversos elementos e mistérios (“axés”) para o bom andamento do préstito festivo.
Dois reis africanos compõem o desfile com especial destaque. O primeiro é “Lobossi”, que vem acompanhado de seus ministros Auá, Omã e Abato e também de dois outros importantes integrantes da comitiva: Barborim e Rodá. O segundo soberano é “Obá Alaké”, décimo Alakê (Rei) de Egbaland.
A presença da divindade feminina Oloxum (associada ao mar) tem relação com a geografia do trecho do continente africano inspirador dos afoxés: a segunda maior cidade do continente, Lagos, é um porto localizado no Golfo da Guiné, sendo a atual Nigéria banhada pelas águas do Atlântico. Reza a lenda que nessas mesmas águas, ainda que seja dia, é possível, eventualmente, avistar Oloxum no reflexo do sol sobre o mar. A luz dourada do astro rei se reflete em seus cabelos de prata, proporcionando uma espetacular e mágica visão...
No que diz respeito à presença árabe no continente, estudiosos indicam que se iniciou pelo Egito ainda no século VII, mais precisamente no ano de 639. Deste país, esta influência expande-se até o trecho ocidental, quando da fundação do “Califado Sokoto”, ocorrida durante a “Jihad Fulani”, em 1809. A cultura islamizada, advinda dos países do Oriente Médio perde um pouco de força no início do século XX em função das pressões do colonialismo europeu, porém mantém-se viva até os dias de hoje, bastando lembrar que o “Sultão de Sokoto” constitui-se na principal liderança religiosa dos muçulmanos nigerianos, que são parte considerável da população daquele país.
Certa vez, Mãe Menininha do Gantois, das Ialorixás mais conhecidas e respeitadas do Brasil, afirmou que são três os Orixás cavaleiros: Ogum, Oxóssi e Xangô, sendo que este último prefere o camelo ao cavalo. Lembramos que o principal símbolo do Afoxé Filhos de Gandhy é o animal característico de países situados na Ásia central, norte da África e Oriente Médio.
A mensagem fundamental deixada a cada ano por estes grupos que, pacificamente ocupam ruas e ladeiras das mais variadas cidades brasileiras é uma só: que os Orixás, energias da natureza cultuadas milenarmente em solo africano, possam prover a todos com bênçãos e tempos de paz e harmonia. Seja com seus trajes coloridos cujas cores remetem aos Deuses africanos, seja com suas danças variadas, com a beleza de seus cantos nagô, iorubá ou kêto, ou ainda com o som produzido pelo couro percutido de seus instrumentos musicais...
Desejando valorizar ainda mais este especial desfile, registramos três momentos mágicos, repletos de significados para a cultura do carnaval e para capacidade inventiva de nosso povo.
O primeiro, diz respeito ao aniversário de 30 anos do enredo “AFOXÉ” ora recriado, que foi apresentado no carnaval niteroiense de 1979, quando o G.R.E.S Acadêmicos do Cubango sagrou-se pentacampeão na avenida Amaral Peixoto, região central da “Cidade Sorriso”. Como segundo momento, envolto pelo característico e suave olor de alfazema, a celebração que envolve o mais popular dos afoxés: a sexagenária “Associação Cultural Recreativa e Carnavalesca FILHOS DE GANDHY”, fundada em 18/2/1949 na capital soteropolitana, verdadeira prova de resistência e vigor artístico-cultural-religioso brasileiros. Finalizando esta “tríade festiva”, o histórico jubileu de ouro da gloriosa agremiação originária dos Morros São Luiz, Mangueirinha, Abacaxi, Serrão e Rala-Côco, o “Grêmio Recreativo Escola de Samba ACADÊMICOS DO CUBANGO”, fundado em 17/12/1959. Típica escola de samba com fortes laços comunitários, a Cubango, em efusiva celebração, afetuosamente convida a todos a participar de seus festejos.
AFOXÉ!
Glossário:
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Afoxé¹: manifestação lúdico- religiosa também chamada de “Candomblé de Rua”; encenação ritual; cortejo que ocupa espaços públicos e privados durante o carnaval. Seus membros-foliões estão vinculados a um terreiro de candomblé, unidos por códigos, danças e idiomas/dialetos; espécie de auto. Teatraliza, no decorrer de sua evolução, uma série de rituais do candomblé, pedindo desculpas aos Orixás pela utilização de trajes, cânticos e instrumentos musicais sagrados do culto numa festa como o carnaval.
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Afoxé²: ritmo do candomblé que, dependendo do lugar também é chamado de “Ijexá”. Sua batida característica se dá com o toque e a marcação do agogô (instrumento metálico de percussão). O Afoxé Filhos de Gandhy contribuiu muito para sua divulgação, além de renomados intérpretes da música popular brasileira.
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Afoxé³: instrumento musical composto por uma cabaça pequena ou outros materiais como plástico e madeira. Em qualquer um dos casos, o corpo do instrumento é recoberto por uma rede de miçangas, contas ou bolinhas de plástico. Parece com um xequerê, mas é menor. O som é produzido quando se gira a rede de miçangas em um sentido e a extremidade do instrumento (um cabo), no sentido oposto. Embora fosse comum apenas em espaços onde se praticam os cultos afro e também no samba, atualmente é visto em grupos de “reggae”, axé e na música “pop”.
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Afoxé4: palavra de origem iorubá (Afosè): afoxé é “enunciação que faz (algo) acontecer”; “fala mágica”; “a fala que faz”; “palavra operante”; “palavra eficaz”; “recurso mágico que concede ao usuário o poder da palavra, poder este concretizado através da fala, de tal modo que uma ordem verbal não poderá ser desobedecida”; “palavra de comando”.
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Abebê: leque em formato circular. Quando usado por Oxum é feito de latão ou tem a cor dourada. Alguns podem trazer um espelho no centro e desenhos simbólicos de corações. Se é Iemanjá quem o traz na mão, é prateado e pode ter desenhos de peixes.
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Agogô: também chamado de “gã”, é um instrumento musical formado pela união de duas peças de metal (campânulas), onde uma é maior do que a outra. Estão unidas através de um arco. Quem percute o agogô, o segura pelo arco e com uma baqueta de metal ou madeira, toca nas duas peças fazendo combinações rítmicas de timbres grave (campânula maior) e agudo (campânula menor). Utilizado no candomblé, no samba, na capoeira e no forró.
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Alabê: em uma casa de culto, é responsável pelos toques rituais, conservação e preservação dos instrumentos musicais sagrados. Nos afoxés, tocam os diversos instrumentos de percussão no ritmo Ijexá.
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Atabaques: nome de origem árabe. Tambores de madeira cilíndricos ou ligeiramente cônicos com uma de suas bocas cobertas por couro animal, são instrumentos musicais de percussão tocados com baquetas ou com as mãos. No candomblé, considerados objetos sagrados, são basicamente três. Do grave para o agudo: Rum, Rumpi e Lé.
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Axé: do iorubá, “Àse”. Energia mágica e universal; energia sagrada do orixá; força advinda da natureza manipulada e dirigida pelos humanos através dos orixás e seus elementos-símbolos; poder.
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Califa: título de soberano muçulmano.
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Califado: tempo durante o qual um califa governa; dignidade ou jurisdição de um califa; território governado por um califa.
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Encovar: meter em cova; enterrar; esconder; ocultar; armazenar.
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Ijexá: nação do candomblé formada por escravos vindos de Ilesha, cidade do estado de Osun, sudoeste da Nigéria; ritmo musical presente no candomblé, na capoeira e nos afoxés.
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Ilê: roça; terreiro; casa onde são realizadas as cerimônias do candomblé.
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Iorubá: idioma falado há muitos séculos pelo grupo étnico africano de mesmo nome, que habita a Nigéria e países como Benin (ex-Daomé), Togo e Serra Leoa.
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Islã: islamismo; o mundo do muçulmano; o conjunto dos povos de civilização islâmica que professam o islamismo.
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Jihad: luta travada para defender o islã. A idéia de jihad como uma guerra violenta foi criada pelo ocidente. Não tem a ver com “guerra santa”. De acordo com alguns especialistas, o fenômeno do fundamentalismo islâmico é uma forma de oportunismo político de alguns grupos que se aproveitam da noção de jihad, desvirtuando o islão para torná-lo um fator de ação política em proveito próprio.
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Kêto: segmento populacional que veio para o estado da Bahia proveniente da grande área iorubá que compreende parte do Benin (ex-Daomé), do Togo e da Nigéria; uma das nações do candomblé, ramificada da cultura nagô.
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Lobossi: soberano do reino do Barotse, região do alto Zambeze, rio africano onde se encontram as cataratas de Vitória (“Victoria Falls”), dentro do território da Zâmbia.
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Maracá: instrumento musical assemelhado a um chocalho, presente em manifestações culturais brasileiras a exemplo do carimbó, e em algumas cerimônias das religiões afro.
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Momesco: relativo ou consagrado a Momo ou ao carnaval; carnavalesco.
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Muçulmano: seguidor do profeta Maomé.
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Nagô: originário da África ocidental que fala a língua iorubá.
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Obá Alaké: nascido em 1854, rei de Egba, nação iorubá da parte ocidental da Nigéria. Muitos egbas viveram em Abeokutá, capital de Ogun, estado integrante do mesmo país.
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Ora Ieiê: saudação a Oxum.
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Oriki: versos, frases ou poemas compostos para saudar um Orixá, referindo-se à sua origem, suas qualidades e sua ancestralidade. Podem também revelar grandes feitos atribuídos ao mesmo. É possível encontrar orikis dedicados a indivíduos que, em passado recente ou remoto, foram importantes e benquistos por uma comunidade ou povo.
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Padê de Exu: oferenda destinada ao Orixá Exu composta por farofa amarela, branca, dendê e uma quartinha contendo água.
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Préstito: agrupamento de numerosas pessoas em marcha; cortejo; procissão.
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Quartinha: copo de barro ou louça, com tampa, utilizado nos cultos e oferendas das religiões afro.
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Quimboto: personagem dotado de poderes mágicos presente em manifestações da cultura popular brasileira como a “congada”, o “reisado” e o “cucumbi”; feiticeiro e também o dono da varíola e das doenças.
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Totem: animal, vegetal ou qualquer objeto considerado como ancestral ou símbolo de uma coletividade (tribo, clã...), sendo por isso protetor dela e objeto de tabus e deveres particulares; a representação desse animal, vegetal ou objeto.
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Tríade: conjunto de três pessoas ou três coisas; trindade; trilogia.
-
Zoada: barulheira; barulho.

Roteiro do
desfile:
1° Setor: Abrindo o portão imaginário a Cubango traz para o cenário,
Afoxé.
Um pouco de toda a suntuosidade da cultura africana, mas precisamente da Nigéria , país onde originou-se o cortejo do Afoxé, será aqui representada. Os reinos africanos com suas cortes, palácios, seus costumes e tradições. |
N° |
Nome da Fantasia |
Nome da ala |
descrição |
Responsável pela ala |
|
A Corte Africana
|
Comissão
de Frente |
Rei e Rainha Africanos, acompanhados de Cortesãs e protegidos por seus Guerreiros. |
Vivian Borges |
1º Casal
de Mestre Sala e Porta Bandeira: As Belezas da África
Exuberância, grandiosidade, diversidade e riqueza de detalhes. Características do continente africano, inspiradoras da criação que veste, com magnitude e leveza os dançarinos que conduzem o pavilhão verde e branco da agremiação prestes a completar meio século de vida! |
2° Setor
Em Lagos na Nigéria, no primeiro do mês do ano,
realizava-se a festa de Domurixá, uma celebração para
Oxum, a Deusa da Nação Ijexá. Neste setor mostraremos
esta festividade, sua pompa , rituais e a alegria de
seus súditos em celebrar a vida. |
1ª Alegoria: África de mistérios, magia e muito axé!
A tradição representada pelos traços arquitetônicos dos
palácios e praças, cenários da grande festa nigeriana de Domurixá. A arte africana ganha o mundo por meio de
esculturas em metais, as quais retratam o cotidiano de
reis, guerreiros e do povo local.
Principais destaques:
Destaque Central – Kassaranguangê – Fantasia :
Esplendor da Arte Negra
Destaque Lateral Direito – Fantasia : Guerreiros de
Tradições Africanas
Destaque Lateral Esquerdo – Fantasia : Guerreiros de
Tradições Africanas |
1 |
O Cortejo |
Primeiros
passos |
Materiais
e tonalidades empregados nesta ala remetem aos préstitos
que ocupavam as ruas de Lagos, inspiração primeira para
a festividade recriada em solo pátrio. |
Wagner |
2 |
Reis e
Rainhas Africanos |
Da Saúde |
Presentes
no cortejo, os soberanos também festejavam a “Mãe da
Clareza”, sob olhares reverentes de seus súditos. |
Didi |
3 |
Guerreiros
Africanos |
Esperança |
Guardavam
com zelo e reverência a corte real, acompanhada com
encanto pelo povo iorubano. |
Wlamir |
4 |
Máscaras e
Totens |
Guerreiros
da Cubango |
A
representação dos elos entre força divinal, mistérios e
fundamentos para com o elemento humano. |
Oldair |
5 |
Babalotim -
Crianças |
Crianças |
Pelas
mãos da crianças, é apresentado o mais importante
símbolo religioso do afoxé. Representa a presença
ancestral que garantirá proteção e axé a todos os
participantes. |
Iris |
6 |
Soberanos
Orientais |
Amigos de
Icaraí |
O Oriente
Médio e sua milenar cultura, presença que marcaria
definitivamente o trecho setentrional do continente
“Berço da Humanidade”. |
Luís |
7 |
Oxum, Deusa
da Nação Ijexá |
Baianas |
Segurando
seu abebê, a jovem Deusa, apaixonada e coquete,
impressiona a visão por sua rara beleza e vestimentas,
onde os tons de metais amarelos e do bronze são efusivo
convite ao encantamento. |
Dona Preta |
2ª Alegoria:
Oxum, Deusa da nação Ijexá
“Dona das Águas”, “Deusa da Riqueza e do Amor”, “Senhora da Fertilidade e da Maternidade”. A grande homenageada está presente e, nas águas, celebra junto aos Orixás a vida e a prosperidade.
Principais destaques:
Destaque Central Inferior - Glória – Fantasia : Oxum
Destaque Central Superior - Pedro – Fantasia : O Pássaro de Oxum |
8 |
A Pompa da
Celebração |
Emoção Verde
e Branco |
Numa
atmosfera de alegria e mistério, a festa invita todos a
celebrar, com gala e riqueza, a Mãe Graciosa.
|
Leonardo
Andrade e Leonardo Rodrigues |
9 |
Oferendas
para Rainha Oxum |
Celebridade |
Colares e
espelhos, flores e abebês, braceletes e pentes:
“Ora Ieiê, me proteja. És o que tenho. Me receba”. |
Fernanda |
10 |
Homenagem
aos Orixás |
Amigos de
Paracambi |
Por sobre
a cabeça, a pomba branca de Oxalá. “Derramados” a partir
dos ombros, os símbolos representativos de cada Orixá. O
colorido integrado que representa energias e forças da
natureza. |
Valéria |
11 |
Ferramentas
Místicas |
Turma da
Barra |
A energia
dos metais, palhas, búzios, panos e marfins. Elementos
constitutivos dos assentamentos, representam o axé e o
segredo das divindades. |
Saad |
12 |
Ritmo – Rum,
Rumpi e Lê, Ilus e Cabaças |
Bateria |
O couro
percurtido é sinal de invocação das divindades que
constituem o Panteão de Deuses e Deusas africanos,
louvados e reverenciados nos espaços privados de culto,
mas também pelas ruas, praças e ladeiras das cidades.
Fazendo reverberar internamente a energia pulsante do
desfile. |
Gilmar |
13 |
Guardiões do
Ritmo |
Passistas |
A magia a
sensualidade do ritmo contagiam e se através da dança de
nossos passistas. |
Denid e
Vaninha |
14 |
Com Licença
de Exu |
Força e Fé |
A palha.
O preto. O vermelho. O guardião e mensageiro se faz
presente. A festa, o rito já podem acontecer.
Laroiê, Exu! |
Ana Paula |
3ª Alegoria:
O Jogo de Búzios
O adivinho e seu jogo sagrado – Este preceito divinatório acontece antes da saída dos cortejos dos Afoxés, por meio das mãos sagradas que, através dos Búzios, revelarão as mensagens divinas.
Principais destaques:
Destaque Central Inferior Frontal – Fantasia : Exu
Destaque Central Superior – Fantasia : Jogo de Búzios |
15 |
Xangô |
Só Emoções |
Ao longe
se avista seu machado de dois gumes. É o Senhor da
justiça, Deus do trovão. Proverá de força e respeito
seus filhos. |
Didi |
16 |
Liturgia a
Yorubá |
Real |
O mistério e
o axé contido em cada elemento da natureza, nos objetos
criados pela mão humana e pelos ritos e celebrações
dedicados aos Orixás. Reverência, beleza e plasticidade
na busca pelo divino e pela energia vital. |
Alexandre |
17 |
Candomblé de
Rua |
Universitários |
Predomínio de branco, cor representante da paz e da
pureza. O rito religioso fundamentado nas tradições
africanas ganha o espaço público, convidando todos a
participar. Que as bênçãos dos Orixás se façam
presentes. |
Neuza Moysés |
2º Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: A dança dos
Orixás
Em África, Oxum
mora no rio que leva seu nome. Orixá da fertilidade e da
maternidade, é protetora das crianças desde o momento da
concepção. Nesta fantasia, novamente o predomínio dos
tons de metais amarelos. Com ela, dança o filho de
Oxalufan, jovem guerreiro, cheio de energia e disposição
para o trabalho. A leveza da roupa do “Senhor do tudo ou
nada”, é marcada pelos tons de branco e azul real. |
Projeto Mestre Sala e Porta Bandeira Mirim:
Guardiões da Rainha Oxum
Quatro
casais do Projeto Mirim de nossa agremiação ladearão o
segundo casal, reverenciando-os e os protegendo. |
3° Setor
Ao desembarcar no Brasil, o afoxé com seus ritmos e
danças contagiou a todos, criando fortes raízes, tendo
uma grande participação nas manifestações carnavalescas,
principalmente na Bahia, e depois espalhando-se por
alguns estados do país. O cortejo que possui uma linha
tênue que separa o sagrado da religiões africanas e o
profano dos cortejos de carnaval. |
18 |
Bahia de
Todos os Santos |
União
Familiar |
Capital
primeira do Brasil, que já se chamou “São Salvador da
Baía de Todos os Santos”, é também conhecida por “Roma
Negra” por ser a metrópole de maior contingente
populacional afro fora do continente “Berço do Mundo”.
Neste sagrado solo, o encontro de diversas culturas, a
forte presença sincrética e toda uma gama de
manifestações culturais que caracterizam a culinária, a
música, as roupas e modos de expressão. |
Magnólia |
19 |
O Sagrado e
o Profano |
Somos Amigos |
Síntese
da própria festa inspiradora dos afoxés: Domurixá era,
no primeiro mês de cada anão, manifestação religiosa em
louvor à Deusa Oxum. Já em fevereiro, o momento era
caracterizado pela ludicidade e pela alegria festiva que
contagiava a população de Lagos. Em terras brasileiras,
primeiro se cumprem as obrigações restritas aos
iniciados no candomblé. Atendida esta etapa, resta ao
povo ganhar as ruas, expressar e celebrar a vida.
|
Marcelinho e
Fabinho |
20 |
Filhos de
Gandhy da Cubango |
Da Madeira |
Homenageia a sexagenária agremiação carnavalesca que
mais visibilidade deu aos afoxés: em meio ao suave olor
de alfazema surgem, com seus colares, fitas, turbantes e
indumentária os Filhos de Gandhy.
Tomamos a liberdade de transportar para a indumentária
as cores verde e branco de nosso pavilhão, e trazemos
para a avenida, nossos “Filhos de Gandhy Cubangense”. |
Júlio e
Patricia |
4ª Alegoria:
É festa, é ritual , é Carnaval!
Síntese da homenagem e celebração de 30 anos do enredo “Afoxé”, 50 anos do G.R.E.S. Acadêmicos do Cubango e 60 anos da Associação Cultural Recreativa e Carnavalesca Filhos de Gandhy.
Principais destaques:
Destaque Central – Fantasia : Coroação da Folia Momesca
Destaque Lateral Direito – Fantasia : Discípulos da Folia Momesca
Destaque Lateral Esquerdo – Fantasia : Discípulos da Folia Momesca |
4º Setor
Celebrando o jubileu de ouro de nossa agremiação,
prestaremos uma justa homenagem a nossa aguerrida Velha
Guarda, fundadores e depositários da história de nossa
escola, como também aos 30 anos de exibição no carnaval
da cidade de Niterói do enredo Afoxé. E fechando essa
trilogia de homenagens, comemoramos também os 60 anos de
fundação do Afoxé Filhos de Gandhy. |
21 |
Meu Sangue é
Verde e Branco |
Brilhos Nos
Olhos |
Descendentes de figuras importantes da história de nossa
comunidade, formam grupo de resistência na luta pela
preservação do amor ao pavilhão verde e branco. |
Pool – Ala
Show |
22 |
Velha Guarda |
Velha Guarda |
Depositários de conhecimento e sabedoria, muitos
testemunharam o desfile pentacampeão da escola em 1979.
Pisando manso, com a sutileza dos que trilharam muito do
“chão da vida”, uma das alas fundamentais de qualquer
escola de samba, finda com garbo, elegância e orgulho
por vestir verde e branco, o memorável desfile do
Acadêmicos do Cubango em seu aniversário de 50 anos. |
Valdenice |
23 |
O Cortejo do
Afoxé |
Compositores |
Afoxés Convidados -Trazemos para avenida uma pequena parcela da grande massa humana que acompanha o cortejo carnavalesco do Afoxé Filhos de Gandhy em suas diversas apresentações. |
|

Bibliografia:
- Sinopse do enredo “Afoxé”, G.R.E.S. Acadêmicos do Cubango, 1979
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- “Como atravessei África”, Alexandre Alberto da Rocha Serpa Pinto, 1881
- “Kitábu – O Livro do Saber e do Espírito Negro-Africano”, Nei Lopes, editora Senac Rio, 2005
- “Histórias Africanas para Contar e Recontar”, Rogério Andrade Barbosa, editora do Brasil, SP, 2001
- “Contos Africanos para Crianças Brasileiras”, Rogério Andrade Barbosa, Edições Paulinas, SP, 2004
- “ABC do Continente Africano”, Larousse, SP, 2007
- “...Dar Rum ao Orixá... Ritmo e Rito nos Candomblés Ketu-Nagô”, Edilberto José de Macedo Fonseca, Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, volume 3, nº 1, 2006
- Dicionário de Cultos Afro-Brasileiros, Olga Cacciatore, Forense Universitária, RJ, 1988
- Dicionário Aurélio Escolar da Língua Portuguesa, 1ª edição, editora Nova Fronteira, 1988
- Folheto informativo, Associação Cultural Recreativa e Carnavalesca Filhos de Gandhy, BA
- Folheto informativo, Grêmio Comunitário Cultural e Carnavalesco Filhas de Olorum, BA, 2008
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