Mãe Bahia, terra de
encantos, crenças e magias...
Como falar do Brasil sem mencionar a Bahia?
A Bahia é o berço da nossa história, herança africana, cultura
e costumes.
Se somos ricos em crenças religiosas, agradecemos os escravos
africanos vindos de diversas partes da África. Nossos ancestrais
trouxeram e difundiram o culto aos orixás nas senzalas e
posteriormente no Brasil. Os orixás foram criados por Olorum,
Deus do universo. São encantados por representarem os elementos
da natureza.
O culto aos orixás é muito forte e presente na Bahia. Mas a
mistura, a fusão da religião católica trazida pelos portugueses
e dos cultos africanos, tornou a Bahia o seleiro das grandes
festas religiosas. Mais conhecida como “Festas do Largo”
Essas festas rendem homenagens aos santos e orixás. Como a
festa do Divino, a festa de Iemanjá, a Lavagem do Bonfim, dentre
outras.
Sem dúvida nenhuma, o baiano é um povo encantado e de muita
crença religiosa. Alegre, cheio de vida e história. Guerreiro,
forte, vibrante. Sempre a cantar e dançar as suas origens. A
Bahia transborda toda a sua alegria, encanto e fé, na magia e
explosão do carnaval baiano.
O carnaval da Bahia é inovador e conservador ao mesmo tempo.
Inovador pela criação da “máquina de fazer alegria”. O trio
elétrico. Conservador ao trazer para o carnaval, o ritmo dos
batuques dos terreiros de candomblé e a pintura no corpo de
origem africana.
O carnaval baiano é a mistura de todas as culturas, crenças e
costumes conseqüente da riqueza de sua história. Por todos esses
motivos, descrevemos em setores a maravilhosa história de
encantos, crenças e magias da “Mãe Bahia”.
Berço da nossa história, terra de nossos ancestrais, da
miscigenação de raças e credos.
É com muita emoção, que o G.R.E.S. Acadêmicos da Abolição
levará para a avenida no carnaval 2011, essa linda história de
fé, magia e orgulho. Da terra de um povo alegre, mágico e
encantado.
“Nessa cidade todo mundo é d’oxum. Homem, menino, menina, mulher. Toda essa gente irradia a magia. Presente na água doce. Presente na água salgada e toda a cidade brilha.”
(Vevé Calazans / Gerônimo Santana)
A Bahia é conhecida como Bahia de todos os santos e orixás. É a
principal fonte histórica, berço da herança africana e das
crenças religiosas.
Sua principal cidade e também capital, é Salvador, antigamente
chamada de Bahia. Também já recebeu alguns epítetos, como o de
“Roma Negra”. Isso por ser considerada a cidade de maior
população negra fora da África.
“São Salvador, Bahia de São Salvador. A terra do branco mulato. A terra do preto doutor.
“São Salvador, Bahia de São Salvador.”
É difícil distinguir ao certo a origem dos orixás. Mas segundo
as lendas africanas, Olorum, também conhecido como Olodumaré,
criou o universo infinito, as estrelas, os planetas e toda a
vida. Desta forma ele separou o que é material do imaterial. O
imaterial seria habitado por seres sobrenaturais, as entidades.
Aí residiam os antepassados e os orixás. Olorum criou os orixás
cada um sendo representado, de forma material, pelos elementos.
Seus principais representantes e elementos são: Oxalá. Simboliza
a paz, é o pai maior na religião africana; Iansã. A Deusa
guerreira, senhora dos ventos, das tempestades e dona dos raios;
Iemanjá. Mãe sereia, senhora das águas salgadas; Oxum. Senhora
das águas doces, Deusa do Ouro; Ogum. Está ligado ao mistério
das árvores, é o Deus da guerra; Xangô. Orixá do raio e do
trovão. Dono do fogo.
O culto aos orixás é uma herança africana. O sistema de
escravidão trouxe para o Brasil, crianças, adolescentes,
mulheres e homens africanos. O tráfico estabeleceu desde os
inícios da colonização portuguesa, até o século XIX. Os escravos
vieram à força das mais diversas partes da África. A senzala
serviu de caldeirão, onde se misturaram crenças, línguas e
etnias africanas das mais diversas. Os negros escravos, desde a
senzala, tiveram na religião o espaço da resistência. Até mesmo
em pleno regime escravocrata, um modelo de culto foi-se
delineando a partir de núcleos religiosos formados por negros
libertos de origem nagô. Com o tempo, esse modelo definiu-se até
tornar-se hegemônico e o culto aos orixás, espalhou-se pela
Bahia e posteriormente para todo Brasil.
A forma mais popular de expressar a dança e os cânticos que
louvam os atributos maravilhosos dos orixás, é a capoeira. A
“camuflagem” da capoeira escrava, em dança com intenção manhosa
e maliciosa de iludir o feitor e o senhor, foi segredo da sua
existência e permissão no meio da senzala. Tem origens e raízes
africanas, mas foi criada no Brasil, no recôncavo baiano.
Cercada de malandragem e brasilidade.
“...Oi rezando uma oração. Ele é homem corpo fechado. Oi não teme ferro de matar. Ogum é seu padrinho. Oi guerreiro no céu e guarda na lua...”
A Bahia sempre foi mergulhada no sincretismo religioso, no
misticismo. Uma das maiores dádivas do povo são a miscigenação
de raças, culturas e religiões. As crenças religiosas africanas
influenciaram nos festejos católicos nos séculos XVII e XVIII.
Nas casas baianas, havia oratórios, onde os fiéis oravam ,
organizavam procissões e festas dedicadas aos santos católicos.
Com o passar do tempo, da fusão da mistura de culturas e raças,
realizavam festas em homenagem aos orixás também. Porque na
Bahia é comum as pessoas freqüentarem as igrejas e os terreiros
de candomblé ao mesmo tempo. Não é a toa que a Bahia está sempre
em festa. Essas comemorações são conhecidas como “Ciclo das
Festas do Largo”. São muitos festejos, danças, comidas, bebidas
típicas e oferendas. Mas as comemorações mais importantes são: A
festa de Iemanjá. Onde pescadores e fiéis com cortejo marítimo
conduzem flores e inúmeros presentes para a rainha das águas; A
Lavagem do Bonfim, sincretizado com Deus do panteão africano
Oxalá, Senhor do Bonfim é o santo de maior devoção popular na
Bahia; Temos também a Festa do Divino, com um fato muito
interessante; Respeitando as tradições, em Salvador, três presos
de bom comportamento são sorteados e soltos. Além da tradição,
têm desfile de cavaleiros, barraquinhas e queima de fogos, como
na festa de São João.
As Festas do Largo atravessam o ano inteiro. Só terminam com a
chegada do carnaval. Depois de tanto festejo, alegria e das
bênçãos de todos esses santos, o carnaval começa com força
total.
Ah! O carnaval baiano. Não podia ser diferente. Um povo
acostumado com tantas festas, não deixaria esse espetáculo de
fora. Já diz o ditado: “ O baiano quando não está em festa, está
ensaiando.” E assim a Bahia transforma as avenidas de Salvador
num caldeirão de alegria e folia. Mas nem sempre foi assim. No
princípio era apenas o som. Depois de Dodô e Osmar, o carnaval
começou a contar com um novo personagem. O “trio elétrico.”
Alguém imagina a maior festa popular da Bahia sem trio
elétrico?
O trio elétrico de hoje é descendente da Fóbica. Um calhambeque
com dois alto falantes criados pelo mecânico de Osmar, em 1950.
Desde então, o carnaval baiano é um dos mais conhecidos e badalados. Os trios
elétricos cada vez maiores e bonitos, são as máquinas de fazerem
alegria.
Mas a evolução não veio só dos trios. As músicas, os estilos e
as diferentes bandas e blocos também contribuíram para a
grandeza e magia do carnaval baiano. A “Axé music” tomou conta
do Brasil. Daniela Mercury, Morais Moreira e vários outros
artistas, são discípulos de Dodô e Osmar e percussores da nova
música e tendência baiana. A “Axé music” é a mistura de
diferentes ritmos dos batuques africanos, reggae e da música
brasileira. O “samba reggae”, é um desses ritmos difundido pelo
Olodum, um dos mais famosos blocos da Bahia, através do seu
criador, o maestro Neguinho do Samba. Outro representante da
herança africana com um batuque semelhante aos do candomblé e
com pinturas espalhadas pelo corpo como seu ancestrais, é a
Timbalada. São inúmeros os blocos baianos com diversos ritmos e
características. Mas o mais esperado, respeitado e diferente,
são os Filhos de Ghandy. É um dos mais antigos, fundado em 1949.
Sua grande característica é a mistura de vestes indianas com
toque africano e batuque genuinamente do candomblé. Mas mesmo
com toda tradição, não deixa de vir com seu trio elétrico e
jogando água de cheiro.
“...Atrás do trio elétrico Só não vai quem já morreu Quem já botou pra rachar Aprendeu que é do lado Do lado de lá que é lado Que é lá do lado de lá...”
Atrás do trio elétrico, da história da Bahia e desse povo
festeiro, mágico e de herança africana. Cheio de encantos e
alegrias. Uma história rica, cheia de mistérios paixão e
energia.
“Mãe Bahia. Terra de encantos, crenças e magias.”
Berço da nossa civilização, de todos os santos e orixás. O G.R.E.S. Acadêmicos da Abolição pede suas bênçãos para fazer um
carnaval 2011, alegre e contagiante. Como sua terra e sua gente.
Adriana Freitas e Marcos Oliveira
Roteiro do
desfile:
Nº |
Nome da
Fantasia |
Nome da
ala |
Descrição |
Responsável pela ala |
0 |
“Nessa cidade todo mundo é
d’oxum” |
Comissão de Frente |
Oxum é senhora das águas e dona
do ouro. Enfrenta pessoas poderosas e com sabedoria as
acalma. Assim é o povo baiano. Reluzente, não tem medo de
ninguém. Não faz distinção de cor nem posição social. Na
Bahia todos são iguais. O rico, o pobre, o preto e o branco. |
Hélder |
1° Casal de
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: “Roma Negra” A cidade de salvador já foi chamada de vários nomes. Mas o mais
interessante foi “Roma Negra”. Por ter a maior concentração de
negros fora da África. Nosso 1º casal representará a herança
africana presente na Bahia. |
1 |
Olorum |
Abolição |
Olorum, também conhecido como Olodumaré, é o criador do
universo infinito. Criou os orixás cada com seus encantos. E
são os orixás que fazem a comunicação entre o mundo material
e o imaterial. |
Maria |
2 |
Batuque
na Senzala |
Limão |
Foi no caldeirão da senzala, nas misturas de crenças,
etnias, línguas e religiões, para confundir e enganar os
feitores e os senhores, que desenvolveu-se um modelo de
culto aos orixás. |
Carla |
1ª Alegoria – “Encantos e Crenças baianas” Nossa primeira alegoria representa o encanto de todos os orixás
e as crenças e festejos religiosos que transformou a Bahia no
seleiro de crenças e culturas . Representadas na Festa do Largo. |
3 |
Capoeira |
Capoeira |
Os cânticos da capoeira louvam os atributos maravilhosos
dos orixás. O sincretismo manhoso para evitar os
preconceitos eclesiásticos, leva ao uso de nomes de santos e
trechos de orações. Especialmente das ladainhas. |
Sidney |
4 |
Lavagem
do Bonfim |
Baianas |
Senhor do Bonfim tem sincretismo com Oxalá, é santo de
maior devoção popular na Bahia. No cortejo, as baianas
carregam flores e água perfumada para lavar as escadarias da
igreja. |
Comissão
de Carnaval |
Andor – “
Oferenda a Iemanjá”
As oferendas a Iemanjá, são feitas em vários barcos por
pescadores, com presentes e flores para a rainha das águas. |
5 |
Festa de
Iemanjá |
Alegria |
É a maior manifestação religiosa pública do candomblé. São
os pescadores e peixeiros que se reúnem para organizar a
festa e homenagear a rainha do mar, no bairro do Rio
Vermelho em Salvador. Iemanjá é a rainha d’água baiana. |
Nely |
6 |
Dia de
Reis |
Piedade |
Festa tradicional de origem portuguesa. Simboliza a visita
dos Reis Magos ao menino Jesus. Sua maior comemoração é em
Lapinha, interior de Salvador. |
Jane |
7 |
Festa do
Divino |
Amigos |
Esta festa é realizada em três cidades da Bahia. Salvador,
onde a tradição da soltura de três presos é mantida. Em
Andaraí, com desfile de cavaleiros e barraquinhas. E em
Poções. Considerada a melhor dentre elas devido ao desfile
de bandeiras. |
Igor |
8 |
Viva São
João |
Paz |
É a maior festa popular do nordeste brasileiro. Na Bahia
se festeja em Poções, Senhor do Bonfim e outras cidades. É
uma festa com muitas comidas típicas, fogueiras e fogos de
artifícios. |
Rosa |
9 |
No Ritmo
do Olodum |
Bateria |
Criado em 1987, pelo maestro Neguinho do Samba, foi o
idealizador e percussor do ”samba reggae”. É um dos blocos
de maior sucesso na Bahia. Já tocou com diversos cantores internacionais e seu símbolo
tem as cores da bandeira da Jamaica. |
Claudinho
e Henrique |
10 |
Timbalada |
Passistas |
Sua maior característica é a forte influência africana.
Seja no batuque do candomblé, como nas pinturas feitas em
seus corpos. |
Ivonete |
2º Casal de Mestre-Sala e
Porta-Bandeira: “Carnaval baiano”.
O 2º casal vem representando a alegria e a magia do
carnaval baiano. A disposição e resistência desse povo
animado. Pois o “Bambu enverga mais não quebra”. |
2ª Alegoria – “A Magia do
povo baiano – O trio elétrico”
Não existe nada melhor para representar essa alegoria do
que o trio elétrico. Revolucionário e extravagante. É a peça
fundamental do carnaval baiano. A criação de Dôdo e Osmar
transformou e elevou a Bahia, um dos melhores e mais
procurados carnaval do Brasil. |
11 |
Atrás do
Trio Elétrico |
Irajá |
“Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu”.
São vários os blocos que vendem abadás para os foliões os
seguirem durante horas nos circuitos baianos. |
Sueli |
12 |
Filhos de
Ghandy |
Amizade |
Mais esperado e respeitado da Bahia, os “filhos de Ghandy”,
foi criado em 1949. Carrega milhares de seguidores com suas
águas de cheiro, perfumando as ruas de Salvador. Sempre com
turbante e muitos colares. Respeitam a tradição de suas
cores (azul e branco) e as vestes de origem indiana. |
Solange |
13 |
Meninos
do Pelourinho |
Crianças |
Os blocos baianos realizam vários ensaios no Pelourinho.
As crianças estão sempre presentes na subida e descidas de
suas ladeiras. Elas dançam, cantam e aprendem a preservar as suas raízes. É o futuro da Bahia
de olho no passado. |
Comissão
de Carnaval |
14 |
Musicalidade Baiana |
Compositores |
É visível a influência dos grandes compositores baianos na
música brasileira. De Dorival Caymmi e Moraes Moreira a
Carlinhos Brown. Todos compositores talentosos, inspirados
na beleza e magia da Bahia. |
Alexandre |
15 |
Ogãs e
Ekédes |
Velha
Guarda |
Os batuques do candomblé influenciaram no ritmo do
carnaval baiano. Alguns blocos são a extensão dos terreiros.
Tanto nas batidas dos tambores como nas danças e canto.
A velha guarda representa o passado tão presente na Bahia,
na figura dos ogâs e ekédes. |
Bete
Teixeira |
|