Em abril de 2007, a Polícia Federal realizou uma operação denominada "Hurricane",
nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e no Distrito Federal
para deter envolvidos em esquemas exploração de jogo ilegal
(caça-níqueis) e crimes contra a administração pública.
Nesta operação foram presos o, então presidente da LIESA, Ailton Guimarães Jorge (o Capitão Guimarães), Aniz Abraão David (o Anísio),
ex-presidente da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis e Antônio
Petrus Kalil, conhecido como Turcão, apontado pela Polícia como um dos
mais influentes bicheiros do Rio. Também foi preso o sobrinho do Capitão
Guimarães, Júlio César Guimarães Sobreira, que coordenava os jurados da
LIESA.
Ainda em abril
de 2007, o delegado Emanuel Henrique Oliveira, da Polícia Federal,
revela que gravações feitas pela PF (Polícia Federal) durante a operação
Furacão levantaram suspeitas sobre um suposto esquema de compra de
jurados no desfile deste ano do Carnaval do Rio com o objetivo de
favorecer a escola de samba Beija-Flor, campeã de 2007.
Com
isto a Câmara de Vereadores da Cidade do Rio de Janeiro decide criar uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar esta denúncia bem
como investigar toda a organização do carnaval e os contratos realizados
entre a LIESA, as empresas prestadores de serviços e a Prefeitura da
Cidade do Rio de Janeiro.
Em
30 de maio, a Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA) realiza a
eleição para a nova diretoria. A chapa única encabeçada por Jorge
Castanheira foi eleita por aclamação para comandar a entidade nos
próximos dois anos. Vice-presidente na última gestão, Castanheira teve
os votos de todas as escolas com direito a voto as 12 do Grupo
Especial, além das quatro fundadoras da Liga que estão no Grupo de
Acesso: Estácio de Sá, Império Serrano, Caprichosos de Pilares e União
da Ilha.
O
delegado Emanuel Henrique Oliveira que levantou a suspeita sobre a
compra de votos foi convocado diversas vezes a prestar esclarecimentos
na CPI mas não compareceu. Todos os jurados que trabalharam em 2007 para
a LIESA depuseram na CPI além do atual Presidente da LIESA, Jorge
Luiz Castanheira Alexandre, o Presidente da LIESA no Carnaval de 2007,
Ailton Guimarães Jorge, o coordenador de jurados no Carnaval 2007, Júlio
César Guimarães Sobreira, a secretária pessoal de Júlio César Guimarães
Sobreira, Jacqueline da Conceição Silva, a secretária da Presidência da
LIESA, Janice Regina Prist Teixeira, o Diretor-Presidente da Riotur,
Luiz Felipe Bonilha, e o Presidente de Honra da Beija-Flor, Aniz Abrahão
David.
O relatório final da CPI foi divulgado após 180 dias do início dos
trabalhos na conclusão do relatório, a vereadora Teresa Berguer,
presidente da CPI, afirma que “se a CPI não conseguiu provar de modo
cabal (completo) a manipulação do resultado do carnaval de 2007, restou
comprovado que há falhas no processo”. Para a comissão, “A Liesa não
pode substituir o poder público”.
Apresentou, ainda, as seguintes conclusões:
-
Erros primários: A Câmara
dos Vereadores informou, ainda, que a CPI encontrou erros primários,
a maioria relacionado à Liesa. Diz o relatório: “O contrato firmado
entre a Riotur e a Liesa transfere a esta entidade poderes
absolutos, para escolher e substituir jurados, comercializar
direitos de imagem, promover merchandising, contratar sonorização,
reboques, vendas de imagem, comercialização de alimentação,
empilhadeiras, roletas eletrônicas”.
Os vereadores questionam esses poderes – no que diz respeito à
organização do desfile, incluindo a escolha dos jurados – e pedem a
revisão do contrato.
-
Cadernos de notas: Uma das
principais críticas do relatório é o fato de os jurados levarem para
casa os cadernos de notas entre as duas noites de desfile. Para a
CPI, esta medida adotada pela Liesa é preocupante.
“A fragilidade de tal guarda deixa os jurados expostos às mais
diversas situações de vulnerabilidade, como por exemplo, a violência
por que passa a nossa cidade nos dias atuais, a perda do caderno, ou
até mesmo a influências de pessoas estranhas ao julgamento”, diz um
trecho do relatório.
-
Relacionamento: Tereza
Berguer considerou antiética a relação de uma julgadora específica,
Cris Moura, com o coordenador de jurados, Júlio César Guimarães
Sobreira. Segundo a vereadora, em seus depoimentos, Cris Moura
faltou com a verdade.
“Isso caracteriza, no mínimo, um comportamento antiético e de
conflitos de interesses, nocivo à lisura tão necessária à apuração
do resultado do desfie das escolas de samba do Grupo Especial”,
afirma o relatório.
Jorge Castanheira, que assumiu a presidência da LIESA, também
assumiu a
função de coordenador do corpo de jurados, já que o
ex-coordenador Júlio César Guimarães, não pôde
participar da seleção. Ele foi um dos presos da Operação
Furacão, da Polícia Federal.
Até a escolha final dos jurados, cada escola teve direito de vetar um candidato. Do grupo que avaliou os desfiles de 2007, dez julgadores foram substituídos. Durante o curso, a LIESA fez restrições ao comportamento dos jurados. Segundo a liga, são medidas para afastar qualquer suspeita sobre o resultado do carnaval.
Em relação ao carnaval do ano passado, 13 jurados foram modificados. O
quesito alegoria e adereços sofreu alteração por completo, modificando
todos os seus quatro jurados. Os novos jurados estão grafados em negrito
na listagem acima.
O
curso de jurados da LIESA ocorreu nos dias 07, 15 e 22 de janeiro na
sede da Liga.
Em reunião plenária na Liga Independente das Escolas de Samba, os dirigentes
mantiveram a proibição de que nenhum julgador pode visitar quadra ou barracão das
doze agremiações do Grupo Especial. Ampliaram a proibição da entrega de presentes para os julgadores, que
em 2007 podiam ser ofertados desde que estivessem dentro temática do enredo da agremiação,
em 2008 qualquer tipo de presente aos jurados foi proibido.
O
sorteio dos módulos de julgamento ocorreu no dia 28 de janeiro na Cidade
do Samba.
O décimo extra que estava sendo testado desde 2006 foi rejeitado
como proposta de alteração nos critérios de julgamento.
O quesito comissão de frente serviu como o primeiro quesito de
desempate para apontar o campeão do desfile das escolas de samba do
grupo especial do Rio. Conjunto e alegorias e adereços serão segundo e
terceiro critérios para desempate. O sorteio realizado pela liga das
escolas de samba, a Liesa, foi realizado no Sambódromo.
A ordem de abertura dos envelopes na apuração foi a seguinte:
samba-enredo, harmonia, enredo, mestre-sala e porta-bandeiras,
fantasias, evolução, bateria, alegorias e adereços, conjunto e comissão
de frente.
As notas dadas podem variar de
7 a 10, com variação de décimos. Todos os quesitos excluem do julgamento
eventuais panes no sistema de som da avenida.
A
Acadêmicos do Grande Rio perdeu 0,1 ponto em razão de seu oitavo carro
alegórico, que se desacoplou. A LIESA considerou que eram dois carros,
totalizando nove alegorias - oito era o número máximo permitido.
A
São Clemente perdeu 0,5 ponto por ter apresentado uma componente com a
"genitália desnuda", segundo a comissão de impedimentos da LIESA.
Ordem do Desfile
(Domingo):
- São Clemente
- Unidos do Porto da Pedra
- Acadêmicos do Salgueiro
- Portela
- Mangueira
- Unidos do Viradouro
Ordem do Desfile (Segunda):
- Mocidade Independente
de Padre Miguel
- Unidos da Tijuca
- Imperatriz Leopoldinense
- Unidos de Vila Isabel
- Acadêmicos do
Grande Rio
- Beija-Flor
Análise das notas:
-
Beija-Flor (399,3) - Só não levou 10 em Enredo, Fantasias e Comissão
de Frente.
-
Acadêmicos do Salgueiro (398,0) - Foram cinco os quesitos que
tiveram nota 10, em unanimidade de todos os jurados: Conjunto,
Evolução, Bateria, Enredo e Samba
-
Acadêmicos do Grande Rio (396,9) - Comissão de Frente e Bateria
levaram nota 10. Enredo e Conjunto, com média de 39,5, foram pior
avaliados. O eixo do último carro quebrou final da escola,
desacoplando a alegoria. Apesar disso, o jurado localizado
ali próximo deu 9,9.
-
Portela (396,8) - Samba e Enredo foram os dois quesitos com nota 10
na escola. Já em Fantasias ficou apenas com média 39,3.
-
Unidos da Tijuca (396,5) - O quesito Alegorias só perdeu um décimo.
Já Harmonia levou 38,6 de média.
-
Imperatriz Leopoldinense (396,5) - Samba e Bateria levaram notas 10.
Comissão de frente levou 39,3, a pior média da escola.
-
Unidos do Viradouro (396,0) - Comissão de Frente e Bateria levaram
nota 10. O quesito pior avaliado foi Harmonia, 38,8.
-
Mocidade (395,1) - MS e PB perderam apenas um décimo de um dos
jurados. Samba e Bateria também foram bem avaliados, com média de
39,8. Em Alegorias, teve 38,6, sua pior
média. Mesmo com um belo samba, cantado com garra pelos
componentes, um dos jurados deu 9,8. Os demais deram 10.
-
Unidos de Vila Isabel (394,6) - Com média de 38,4, Harmonia foi o
pior quesito da escola, levando um 8,8 no quesito, a pior nota de
todas as que foram dadas dentre os 40 jurados.
Comissão de frente, com 39,8 de média, foi o melhor avaliado. O
último carro se atrasou a entrar na Avenida, abrindo um buraco até
a primeira cabine de jurados. Apesar disso, a escola levou a mesma
nota, 9,9, em Harmonia, Evolução e Conjunto.
-
Mangueira (393,9) - Apenas MS e PB tiveram notas máximas na escola.
Alegorias e Adereços foi o quesito com a pior média, 38,9.
-
Unidos do Porto da Pedra (388,2) - O melhor quesito da escola foi MS
e PB, com apenas duas notas 10, média de 39,7. A escola teve a pior
média entre os quesitos de todas as escolas. Foi em Alegorias, com
37,3.
-
São
Clemente (387,5) - Dos quarenta jurados, sendo 4 por quesito, apenas
dois deram 10 à escola. Um em Bateria e outro em Harmonia.
Os quesitos que ganharam
nota máxima:
-
Samba: Portela, Beija-Flor, Acadêmicos do Salgueiro e Imperatriz
Leopoldinense (pior média: Unidos de Vila Isabel, com 39,1)
-
Harmonia: Beija-Flor (pior média: Unidos do Porto da Pedra, com
38,0)
-
Enredo: Acadêmicos do Salgueiro e Portela (pior média: São Clemente,
com 38,5)
-
MS e
PB: Beija-Flor e Mangueira (pior média: São Clemente, com 38,9)
-
Fantasias: XXX (pior média: Unidos do Porto da Pedra, com 38,2)
-
Evolução: Beija-Flor e Acadêmicos do Salgueiro (pior média: São
Clemente, com 38,5)
-
Bateria: Acadêmicos do Salgueiro, Unidos do Viradouro, Imperatriz
Leopoldinense, Acadêmicos do Grande Rio e Beija-Flor (pior média:
Unidos do Porto da Pedra, com 39,2)
-
Alegorias: Beija-Flor (pior média: Unidos do Porto da Pedra, com
37,7)
-
Conjunto: Beija-Flor e Acadêmicos do Salgueiro (pior média: São
Clemente, com 38,8)
-
Comissão de Frente: Unidos do Viradouro e Acadêmicos do Grande Rio
(pior média: Unidos do Porto da Pedra, com 38,9)
Se na média geral a São
Clemente ficou abaixo da Unidos do Porto da Pedra, avaliando os quesitos
de forma geral, a Unidos do Porto da Pedra se saiu pior. Foi a escola
que teve mais quesitos com as piores médias, sendo cinco no total.
Enquanto que a São Clemente teve quatro, e a Unidos deVila Isabel foi a
pior em um, no samba-enredo. Mário Borrielo foi o pior carnavalesco do
Especial, por levar a pior média nos quesitos Alegorias e Fantasias.
Escolas que não ganharam nota máxima dos 4 jurados em nenhum
quesito: Unidos da Tijuca, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos
de Vila Isabel, Unidos do Porto da Pedra e São Clemente. |
