O
primeiro concurso entre escolas de samba ocorreu no dia 20 de janeiro
de 1929, dia de São Sebastião (Oxóssi), um domingo,
na casa do Sr. José Gomes da Costa, Zé Espinguela, na
antiga Rua Engenho de Dentro, hoje Adolfo Bergamini.
Zé
Espinguela, mulato, festeiro e macumbeiro, era um conhecido sambista
da Mangueira tendo sido presidente do Bloco dos Arengueiros e fundador
do G.R.E.S. Mangueira. O concurso foi uma competição de
samba entre as escolas.
Segundo
Cláudio Bernardo da Costa e Antônio Rufino, fundadores
da G.R.E.S. Portela, já falecidos, concorreram três escolas
de samba: Conjunto Oswaldo Cruz (Posteriormente chamada de Quem Nos
Faz é o Capricho, depois chamada de Vai Como Pode e, finalmente
de Portela), a Mangueira e o Estácio. O saudoso Juvenal Lopes,
fundador da G.R.E.S. Mangueira, diz que também a Favela participou.
Há quem também inclua a Unidos da Tijuca. Cada escola
podia concorrer com um máximo de duas composições.
O
Conjunto Oswaldo Cruz foi representado por Heitor dos Prazeres e Antônio
Caetano; a Mangueira, por Cartola e Arturzinho; e a Estácio,
por Ismael Silva.
O
vencedor do concurso foi o samba de Heitor dos Prazeres. Entretanto,
o resultado não foi bem recebido, e houve protestos e tumultos
no dia das apresentações. A idéia de Zé
Espinguela era promover uma grande festa para a entrega das premiações.
Entretanto, começaram a surgir rumores de que haveria pancadarias
e violências, pois o pessoal da Mangueira e do Estácio
não se conformava com os resultados, principalmente os últimos,
revoltados com a desclassificação do samba de Ismael Silva,
por ter se apresentado com um conjunto musical onde havia instrumento
de sopro (a flauta de Benedito Lacerda).
Foi
então resolvido que os prêmios individuais seriam substituídos
por homenagens às escolas de samba participantes, com taças
iguais diferençadas apenas por fitas coloridas.
As
cores escolhidas para as fitas simbolizavam as tendências já
existentes entre as agremiações. Assim a taça do
Conjunto Oswaldo Cruz levou as fitas azul e branca por causa de N.S.
da Conceição, madrinha da escola; a Mangueira ficou com
as fitas verde e rosa, cores sugeridas à Escola por Cartola,
por causa do Rancho dos Arrepiados do qual fazia parte; e a do Estácio
com fitas vermelho e branco, devido à identificação
da escola com o clube de Futebol América. Alguns autores consideram
o episódio como o verdadeiro fixador das cores das Escolas de
Samba. A festa ocorreu no dia 10 de fevereiro de 1930, domingo de carnaval,
nas escadarias da Escola Benjamim Constant, na Praça Onze.
O
vencedor do concurso, Heitor dos Prazeres, embora não tivesse
levado o prêmio, tirou proveito do fato assumindo a liderança,
até então contestada em Oswaldo Cruz. De imediato, determinou
a troca do nome "Conjunto Oswaldo Cruz" para "Quem nos
Faz é o Capricho", tendo também criado uma bandeira
para a agremiação. A iniciativa, que teve o apoio de Paulo
da Portela sofreu restrições de outros sambistas da área
como Antônio Caetano, Rufino e Manuel Bam-Bam-Bam. Nos anos de
1929 e 1930 a escola de samba de Oswaldo Cruz saiu com aquele nome.
Em 1931, Heitor dos Prazeres foi afastado, sendo substituído
o nome que ele deu, por "Vai Como Pode".
O
primeiro encontro entre as nascentes escola de samba condicionou o clima
de animosidade que durante muitos anos prevaleceu na disputa.
A
divisão em grupos, das Escolas - e as variantes - só aconteceu
a partir de 1952. Aqui estaremos procurando contar a cronologia dos
desfiles, as comissões julgadoras, os quesitos julgados e as
principais alterações nos regulamentos em cada ano.
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